sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Nem tudo corre mal

Porque os dois treinos que tive com aquelas dores estranhas não foram apenas marcados pelo lado negativo.
Foram ambos treinos muito agradáveis (pronto, tirando a parte dos sustos com as dores, mas até haver mais desenvolvimentos não irei mais falar nisso).

Já há algum tempo que vou correr para Monsanto e apesar de não reconhecer a maioria dos corredores por quem passo, já há algumas pessoas que reconheço e que também me reconhecem a mim.
Há por exemplo um senhor que costuma por lá andar ora a correr, ora a andar e já nos cumprimentamos mutuamente sempre que nos cruzamos.
Também há um casal de idosos muito simpático que costuma andar por lá a fazer caminhadas e que vejo em quase todos os meus treinos. Ao principio cruzávamos só os olhares, mas agora já os cumprimento sempre e a senhora retribui e ainda me lança um sorriso encorajador.
Acho optimo ver pessoas já com alguma idade a passearem e a fazerem algum exercício e, principalmente, a viverem a vida.

Infelizmente a minha avó anda de canadianas já há uns bons anos, mas a médica sempre a aconselhou a não parar e a dar umas voltinhas de vez em quando.
A preguiça fala sempre mais alto e é mais cómodo passar a maior parte do tempo sentada a ver televisão.
Apesar de tudo as coisas podiam ser piores. Ela costuma sair a seguir ao almoço para ir ao café, mas o café é já ali... E de vez em quando sai a meio da tarde, mas também não vai longe.
Eu e a minha mãe de vez em quando lá a convencemos a vir dar uma volta um pouco maior conosco, mas ela também se cansa mais facilmente.

Não estou a dizer que a minha avó andasse por aí aos pulos e a correr, até porque com o problema que ela tem isso não é possível. Mas às vezes parece que ela desistiu de aproveitar a vida e de ser feliz.
E isso deixa-me triste, porque como se costuma dizer "velhos são os trapos".

Na 3ª feira vi um senhor a correr em Monsanto. Um senhor já com uma idade bastante respeitável. Arrisco dizer que devia ter para cima de 70 anos. Ia muito devagarinho, mas ainda assim ia a correr e levava vestida uma t-shirt da Corrida do Tejo de 2010.
Assim é que é!
Gostei muito de ver!

E mais, noto que as pessoas mais velhas costumam quase sempre cumprimentar-me.
Os mais novos (eu incluída) têm sempre alguma tímidez.
Eu às vezes fico na dúvida se cumprimento determinado corredor com quem me cruzo. Às vezes não olham para mim e parece que vão muito concentrados. Nesses casos acabo por também ficar calada.

Posto isto, quero dizer que um dia, quando tiver a idade daquele senhor, também quero continuar a correr ou pelo menos a fazer caminhadas.

Não podemos optar pelo caminho mais fácil. O caminho mais fácil nunca tem piada. O que dá mais gozo é ultrapassar obstáculos, vencer barreiras e olhar para trás com um sorriso na cara e orgulhosos de nós próprios, de tudo o que conseguimos alcançar.

4 comentários:

  1. Excelente artigo, Isa!

    Quanto ao problema da sua avó, é um pouco o problema da minha mãe, o que mais se complica na situação actual.

    Temos que aprender com o que vemos com os mais idosos e pensar o que queremos ser quando lá chegarmos. Ou deixamo-nos vencer ou reagimos.

    Por isso, o investimento tem que ser feito agora, com exercício que nos vicia positivamente e vai ajudar-nos a não nos deixarmos derrotar pela vida.

    Força Isa, continue sempre a tirar prazer de correr e a brindar-nos com estes óptimos textos

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    1. Obrigada pelas suas palavras tão amáveis.
      E fico sempre feliz por gostarem de ler os meus textos.
      Tento apenas transmitir aquilo que sinto.
      Força também para si e para os seus treinos.

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  2. A minha avó também tem um problema parecido, só que ela não usa canadianas. Ela tem grande dificuldade em andar, e então quando existem escadas ou degraus...
    Mesmo assim ela lá consegue fazer sempre as compras do dia, e inclusive a lida da casa.

    Quanto aos cumprimentos, tento sempre cumprimentar o pessoal todo que corre, nem que seja com uma troca de olhares ou mesmo só levantar a mão.

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    1. Pois, chega a uma idade em que a mobilidade é mais complicada. Mas gostava que as pessoas não desistissem e continuassem a viver a vida, mas infelizmente muitas pessoas idosas desistem da vida.

      Bons treinos para a maratona!

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