quarta-feira, 31 de julho de 2013

Aniversário do blogue (e já vai atrasado...)

No passado dia 18 de Julho este blogue, escrito por uma rapariga de 25 anos que um dia descobriu que adora correr, fez 1 ano.

Ainda é um blogue bebézinho. 
Um bebé com 1 ano. Ainda há pouco começou a andar. Com 1 ano ainda não corre. Tenta, tropeça e cai mas continua a tentar. Não desiste. Poderá nunca vir a ser um grande atleta mas prossegue na sua tentativa de se erguer e dar uns passitos mais acelerados. Não desiste. Irá ter de ultrapassar obstáculos, irá passar por diversas dificuldades, irá sofrer. Mas não desiste. E não desiste porque os sentimentos de alegria, orgulho, tranquilidade, satisfação, emoção, paz, entusiasmo e felicidade pura serão sempre maiores do que tudo.

Fez 1 ano que eu me sentei à frente deste mesmo computador para criar um blogue. Eu sentia-me entusiasmada com a corrida e queria partilhar isso com outras pessoas. Queria partilhar experiências, emoções e conselhos. Houve uma prova que foi fundamental para eu me decidir a criar este blogue e essa prova foi o Memorial Francisco Lázaro, a minha segunda prova de 10 km. Nessa altura não conhecia ninguém que como eu tivesse esta paixão pela corrida e nessa prova, apesar de não ter conhecido ninguém, senti que havia um grande espírito de camaradagem nas corridas. Tantas pessoas que se juntaram para correr e eu olhava para elas e via sorrisos. Durante a corrida as pessoas brincavam umas com as outras, conversavam, incentivavam-se umas às outras. Nunca me hei-de esquecer de ir a chegar à meta nessa prova e do senhor, que ia ao meu lado e não me conhecia de lado nenhum, me ter dito "Força menina!" Meio tímida sorri. Não consegui fazer o tempo que queria mas estava feliz da vida. Correr era uma festa! 

Podem ler aqui o primeiro artigo deste blogue e constatar como eu me sentia feliz e entusiasmada com a corrida.

Um ano depois muita coisa mudou e ao mesmo tempo nada mudou.
Continuo a sentir-me feliz e bem-disposta quando corro. Continuo a sentir-me entusiasmada com os treinos, com as provas, com o simples acto de correr seja onde for, a que horas for, em que piso for. Correr continua a ser desafiante, libertador, entusiasmante. Continuo apaixonada, provavelmente ainda mais apaixonada pela corrida. 

Mas muita coisa mudou. Há um ano eu não conhecia ninguém que partilhasse comigo este gosto. Graças ao blogue conheci imensa gente com esta mesma paixão que eu. Fiz muitos amigos. Bons amigos. 
Vivi imensas experiências. Diverti-me muito, ri muito. Também tive momentos mais frustrantes, mas até esses (sobretudo esses) foram fundamentais no meu crescimento como corredora. Crescimento esse que irá continuar pois estamos sempre a aprender com os erros e com as experiências que vivemos.
Há um ano atrás eu estava na dúvida se havia de me inscrever para uma meia-maratona. Um ano depois estou inscrita para uma maratona. É de loucos! Se dissessem à Isa que a 18 de Julho de 2012 criou este blogue, que ela iria correr uma maratona a 6 de Outubro de 2013 ela chamar-vos-ia LOUCOS! 
Mas quem é a louca aqui afinal? 
E onde estarei daqui a um ano?
Que experiências e loucuras me reserva o futuro?
Mal posso esperar por saber.

Só espero continuar a ter-vos como leitores deste simples blogue que relata os meus treinos e provas, as minhas emoções e experiências. Convido-vos a continuarem nesta viagem comigo. E que a vossa viagem seja tão boa ou melhor que a minha.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

E o caminho para a maratona continua

Depois dos 26 km feitos em Milfontes e mesmo com um dia de descanso na segunda-feira não foi fácil ir correr (apenas!) 5 km na terça-feira. Os gémeos ainda estavam um pouco doridos. É que na corrida de 26 km eu esqueci-me de levar as meias de compressão, o que tem o seu lado bom e o seu lado mau. 
Lado bom - Dá para perceber que com ou sem meias eu consigo correr distâncias mais longas. 
Lado mau - Mas as ditas cujas dão muito jeito pois ajudam a prevenir o aparecimento de dores nos gémeos e aceleram a recuperação dos músculos. Se não as colocarmos acontece o que aconteceu num mero treino de 5 km...

Na terça saí de casa para correr apenas 5 km. 5 km fazem-se num instante (ou fariam se uma pessoa não estivesse com os gémeos tão presos) e por isso saí sem uma "rota" traçada e fui correndo sem pensar onde me dirigia. Dei uma voltinha aqui pela zona e terminei nas hortas num filme policial. Não era mas parecia... 
Eu explico. Ia eu a correr com as pernas pesadas e a pensar como raio ia fazer longos 5 km (...) quando de repente pára um carro da polícia no meio da estrada e saem de lá 4 polícias a correr em direcção ao jardim das hortas. Não sabia o que se passava por isso resolvi ir primeiro ao bebedouro e só depois avaliar a situação para tentar perceber se podia ou não ir correr no jardim ou se tinha de dar a volta.  Quando fui avaliar a situação estavam cerca de 10 polícias meio atarantados no jardim à procura de alguém ou de alguma coisa. Avaliei a situação, percebi que apesar da forte presença policial o que quer que fosse que tenha acontecido já tinha passado, pois as pessoas passeavam pelo jardim, andavam de bicicleta e até passeavam carrinhos de bebé. Entrei no jardim. Corri a ouvir a minha musiquinha enquanto os policias andavam por ali a falar com uns miúdos, depois foram-se embora. Eu terminei o meu treino com 4 km e tal. Não aguentava mais.

No dia seguinte tinha planeado um treino de 10 km com o João.
Há uns tempos atrás tinha comentado com ele que gostava de treinar na Mata de Benfica mas que tinha algum receio de ir lá correr sozinha, então ele propôs-me juntar-se a mim. Yeah! Ando para correr na Mata de Benfica há séculos! E porquê? Porque tem umas belas dumas rampas! 
Na quarta-feira o João veio ter comigo a Benfica ao fim da tarde e lá fomos nós dar uma voltinha bastante agradável. As pernas ainda não estavam a 100%, mas estavam muito melhor e ao ritmo confortável que seguimos fez-se bem. Começámos por nos dirigir ao pequeno jardim que há junto ao mercado, depois então seguimos para a mata de Benfica. Aquilo é entrar pelos altos portões e começar logo a subir. Depois há algumas zonas planas (não muitas) e depois pode-se descer para depois se voltar a subir. Demos duas ou três voltas por lá para fazermos algumas rampas e depois concordámos que seria algo aborrecido fazer ali 10 km pois a Mata de Benfica é relativamente pequena. Uma coisa com que fiquei surpreendida foi com a quantidade de pessoas que lá andavam. Pessoas mais idosas, crianças, pessoas a passearem cães e também gatos! Afinal a mata ainda é algo povoada. Da última vez que eu lá tinha estado não tinha visto quase ninguém mas acho que era Inverno. Agora fiquei convencida a ir lá mais vezes para fazer uns bons treinos de rampas.
Saímos da mata e seguimos pela rua junto à linha de comboios até quase Sete Rios. Aí passámos por cima da linha e entrámos em Monsanto. Mais à frente saímos de Monsanto em direcção ao Califa e às hortas. Acabámos o treino com 10 km certinhos.

Na sexta-feira tive um dia em que não parei e quando cheguei a casa não me apetecia nada ir correr. É que eu já me sentia cansada e cheia de vontade de tomar um banho. Ainda tinha de ir correr? Forcei-me a ir correr, porque já sei que às vezes não apetece mas assim que começamos ficamos satisfeitos por ter ido correr. E foi o que aconteceu. Uma corrida suave mas agradável.

Sábado foi dia de BodyBalance, a minha última aula pois em Agosto não irei mais ao ginásio.

E domingo tinha 27 km para fazer.Novo recorde de distância. 
Apesar de bastante entusiasmada com a maratona e com os treinos longos eu tenho-me mantido calma. Não tenho sentido um grande nervosismo por ir correr "tanto". São 27 km? Um novo recorde de distância? Ok, tudo bem. Nas calmas há-de fazer-se. Sem stress. Tento não pensar que vou correr de Cascais a Belém e depois ainda voltar para trás até Algés. Vou apenas correndo e fazendo a coisa por etapas. 

Às 9h já estávamos os 3, eu João e Vitor, na estação de comboios de Algés. Tirámos os bilhetes e às 9h e pouco apanhávamos o comboio até Cascais. Às 10h estávamos a aquecer junto à linha que marca o ínicio da maratona.

É só estilo...Em minha defesa tenho a dizer que estava a aquecer
quando esta foto foi tirada.
Às 10h e pouco demos inicio ao treino. Primeiro por umas ruas dentro de Cascais e depois então já junto ao mar no paredão do Estoril. Os primeiros km's foram ainda a convencer a "máquina" que tinha de correr. Mas passado um pouco já ia com a passada mais solta e já me sentia mais leve. Ainda fomos brindados com chuva sensivelmente entre o 2º e 3º km e soube bastante bem. Foi nesta altura também que reparei que atrás de nós vinha um pai a correr com o seu filhote ainda pequeno. O miúdo vinha a correr alegre e com uma passada de atleta. Comentei com eles a situação e todos achámos piada ao puto. Aos poucos começaram a aproximar-se e o João virou-se para trás e incentivou o miúdo a ultrapassar-nos. Juntos e de mãos dadas pai e filho ultrapassaram-nos. Claro que o miúdo ficou todo contente. Foi quando começou a chover e aí o pai pegou no filho ao colo e correu mais depressa para se abrigarem, mas a cara do miúdo dizia tudo. Estava feliz. E era uma felicidade genuína, uma felicidade que não se vê na cara de miúdos a verem televisão ou a jogarem playstation e coisas do género. Há tempo para tudo mas cada vez mais as crianças passam mais tempo em casa do que ao ar livre. E podemos ter momentos felizes entre paredes mas os momentos de genuína felicidade são geralmente ao ar livre.

Nós corremos nas calmas. O objectivo não era o tempo mas sim os km's. Chegámos a Carcavelos bem depressa ou assim me pareceu. Três pessoas na conversa, o tempo agradável e uma vista de mar fizeram com que a distância entre Cascais e Carcavelos passasse num instante. E num instante estávamos em Oeiras, na praia de Santo Amaro, a encher as nossas garrafas de água. Duas para cada. Foram 27 km em que corremos sempre com uma garrafa de 0,5L em cada mão. Pode parecer incómodo e claro que não é cómodo, mas não é assim tão mau como isso. Aguenta-se bem e a certa altura aquele peso extra parece quase a continuação dos nosso braços. E o melhor de corrermos com algum peso extra é quando chegarmos ao dia da maratona e não tivermos este peso todo. Vamo-nos sentir tão levezinhos que até voamos para a meta! =)

Falámos sobre tudo um pouco e assim o tempo foi passando. Até que chegou aquela que foi para mim a pior parte. Entre Caxias e Algés. Aquele passeio junto ao rio é muito quente. Claro que entretanto o sol tinha aparecido e já devia passar do meio dia, mas aquela zona tem ali qualquer coisa. Eu referi que devia ser por ser tão "aberto" e exposto. O João falou nas pedras serem brancas e até o chão. Olhem, eu não sei que estranho fenómeno se passa ali mas que de facto fomo-nos um bocado abaixo e o calor parecia atacar mais, lá isso parecia! O João, ainda não completamente recuperado da semana anterior, ia mais cansado. Para o motivar relembrei-lhe do bolo que eu tinha levado e que estava no carro dele, uns dois km's à frente. Para além disso também iriamos trocar as garrafas já quase vazias por novas e fresquinhas águas.

Chegados ao carro parámos um pouco para trocarmos as águas e para comermos bolo de laranja. Eu só comi metade de uma fatia pois não estou habituada a comer bolo a meio dos treinos e não sabia se o meu próprio bolo me poderia estragar o treino. Mas os receios eram infundados pois todos comemos do bolo e não aconteceu nada. Se calhar até nos deu energia para aguentar-mos os 6 km finais. 
Agora era só seguir até Belém e depois voltar para trás. Sentia-me cansada, claro, mas bem. Foi quando o João, nem vi bem como, bateu com o pé nalguma coisa e ficou a queixar-se. Ficámos apreensivos mas ele lá conseguiu retomar a corrida. Queria que eu e o Vitor seguissemos mas nós também não o queriamos deixar. Quando chegámos perto da estação de comboios de Belém era altura do retorno. Agora era só voltarmos para trás. Piece of cake!

Na ida já tinha passado por cima do mapa em frente do Padrão dos Descobrimentos, na volta voltei a passar. Ainda ia com energia e até brinquei dizendo que já tinha corrido no Vale da Morte. 217 km fizeram-se num segundo hehehe =P

Com 25 km e picos o João lá nos convenceu a seguir e assim lá segui com o Vitor. O João seguiu mais atrás mas sempre que olhávamos para trás ele ia a correr.

Quando chegámos ao pé do carro do João iamos com 26,700km. O Vitor continuou directo ao carro dele para ir buscar umas bananas e umas bebidas energéticas. Eu voltei para trás e fui buscar o João. Acabámos os 27 km juntos e eu tinha vontade de continuar. Claro que estava cansada e isso notava-se ainda mais quando parava mas o Vitor já tinha comentado que sentia que conseguiria fazer mais 3 ou 4 km e eu sentia o mesmo. Aquele não era o meu limite. Foi o que eu senti e isso deixou-me muito satisfeita e ainda mais confiante no cruzar da meta no dia 6 de Outubro. Claro que cada dia é um dia, claro que a partir dos 30 km é que começa a maratona a sério. Mas fazer 27 km que até então nunca tinha feito e acabar com a sensação de que podia continuar é uma sensação fantástica.

Sem a companhia do João e do Vítor não tinha sido a mesma coisa. Os km's voaram!
Obrigada pela vossa companhia!

Hoje merecido descanso. 
Amanhã treininho suave de recuperação.
Mas estou já desejosa de mais treinos longos =)
Antes do treino -
Venha ele que a gente quer é correr!
Depois do treino -
Cansados mas satisfeitos
Mazelas do treino: 

  • Cara um pouco mais avermelhada que o normal. Não é queimadura mas fica a meio caminho. Coloquei protector em todo o corpo mas como estou sempre a molhar-me é possível que o protector na cara tenha escorrido mais facilmente;
  • Bolha num dedo do pé. Não me causou qualquer incómodo no treino. Só reparei nela ontem à noite.
  • Uma unha (ao lado da outra que caiu), que já não anda com boa "cara" há algum tempo, está com uma "cara" um pouco mais feia. Pelo sim pelo não já me comecei a mentalizar que também esta poderá cair.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Treino 25(6) km em Milfontes

Tinha planeado um treino de 25 km para o fim-de-semana que passou. Por questões logísticas passei o treino de domingo para sábado. O plano era ter visto um possível trajecto na net antes de ir para Milfontes e depois seguir esse trajecto lá. Como não tenho um relógio que me dê os km's e como queria fazer os 25 km mais coisa menos coisa esta era a única forma. Só que o pc pregou-me uma partida e avariou antes das férias. Mas eu sou desenrascada e pensei logo "quando chegar a Milfontes vou ao posto de turismo e peço um mapa, com certeza que deve ter lá uma escala". E assim foi. 
Da primeira vez que passei pelo posto este estava fechado, mas vi logo que havia um mapa na porta e que cada 3 cm correspondiam a 100 m. Não sei se estão a ver o filme....Quando lá voltei a passar o posto já estava aberto. Tinham um mapa, mas não era aquele que estava na porta, esse só deveria chegar mais tarde. Entretanto levei outro que não tinha escala nenhuma...Não faz mal. Uma pessoa desenrasca-se. 

Num dia a seguir ao jantar passei à porta do posto de turismo. De caneta na mão e com a tampa a fazer de régua (eu sei...sou muito criativa) lá apontei de uma forma muito primitiva as distâncias no mapa que eu tinha em minha posse. Mais tarde este trabalho todo revelou-se inútil, pois no dia seguinte o posto de turismo já tinha o tal mapa que eu queria. Na posse deste novo mapa mais completo, mas que não apanhava toda a Milfontes desenhei então um trajecto para fazer 25 km dentro da vila de Milfontes. Haviam imensas hipóteses de trajectos. Eu podia seguir por aqui, eu podia seguir por ali, eu podia ir até aqui ou até ali, etc...só que eu tinha que ser realista. Se eu desenhasse um percurso demasiado irregular digamos assim eu não iria conseguir decorá-lo. A certa altura já não me iria lembrar se tinha de seguir por esta rua ou por aquela. E depois havia também o factor segurança. Tendo em conta que eu ia começar a correr tão cedo e nos treinos anteriores já tinha reparado que muito pouca gente havia nas ruas, não achei muito seguro pôr-me a correr por ruas secundárias ou ir até ao porto que fica a alguma distância da vila e por uma estrada muito pouco (ou nada) movimentada aquela hora da manhã. 

Portanto, após estas considerações lá elaborei um plano de treinos do género circular que nas três primeiras "voltas" passava sempre junto à praia e ia seguindo pela rua principal até uma rotunda que há quase ao inicio da vila. Na quarta volta já fazia uma ligeira variação, pois já seria mais tarde, logo mais seguro e assim também variava um bocado. À quinta volta saia mesmo da vila e ia até perto das bombas de gasolina e voltava pela rua principal mas depois metendo para dentro dumas ruas mais pitorescas e mais calmas (o que a essa hora já seria desejável pois já haveria mais confusão na rua principal). Por fim, na última volta eu iria pela sexta vez junto à praia, voltaria para trás mas viraria para dentro e seguiria até ao campismo e depois retomando a rua principal e voltando a descer novamente até à praia para acabar com o mar como pano de fundo. 

Estas voltinhas todas pela observação que fiz do mapa davam os tais 25 km mais metro menos metro. Só que eu estava a depender da suposição numa determinada parte, aquela em que saio da vila. O mapa era mais central e portanto eu não tinha a certeza de quantos km's poderia estar a fazer nessa secção não presente no mapa. Mas também não precisa de ser tudo tão ao pormenor, por isso faria aquele trajecto e isso já havia de dar um treino bem longo, claramente acima de 20 km e isso é que era importante.

Sendo assim no sábado acordei às 6h30, equipei-me e desta vez comi qualquer coisa, pois uma coisa são 5 ou mesmo 13 km, agora 25 km sem nada na barriga não me pareceu uma boa ideia, por isso comi uma torrada e levei comigo marmelada e cajus para o caminho. Depois quando a minha mãe fosse à praia por volta das 9h eu passava por ela junto à praia e ela dava-me mais marmelada e cajus. Às 7 e pouco comecei a correr. 

(Desculpem lá esta conversa toda...só agora é que vou começar a relatar o treino propriamente dito....)

Até este dia o meu recorde de distância era de 24 km, se eu queria fazer 25 km sozinha tinha de correr bem devagar e simplesmente resistir. Tinha de aguentar-me. 
Estava com algum receio de correr 25 km sem unha, mas correu tudo bem. Tudo pacífico.
Logo no ínicio do treino passei por uns miúdos sentados numa esplanada dum café que ainda estava a abrir. Ouvi uns comentários, mas não prestei muita atenção. Fui sempre a ouvir música, embora levasse só um auricular que era para ouvir bem do outro ouvido.  Dei a primeira volta. Pacífico. Já só faltam mais 5...
A sensação é fantástica, tirando os putos que vêm duma noite de copos não se vê quase ninguém na rua. Nem sequer o Faneco com muita pena minha. 
Passei por outros miúdos que também vinham dos copos. Um deles quando me viu a correr às 7h e pouco da manhã soltou um "Han?!?!!Isto deve ser a gozar....Eu cá vou xonar. Xonar!". Deve ter pensado que me estava a fazer muita inveja por ir dormir enquanto eu estava ali a correr. Mas enganou-se. Eu já tinha dormido e naquele momento não queria estar a fazer mais nada a não ser correr. Claro que isto ainda foi no ínicio do treino....mais para o fim já estava a sonhar com uma toalha estendida na areia...

Quando ia na segunda volta passei novamente pelos miúdos que tinha visto sentados na esplanada. Vinham em sentido contrário ao meu. Não se via mais ninguém na rua. Quando passei por eles começaram todos na brincadeira a correr ao meu lado e todos gingões a dizerem "ah, vamos correr um bocadinho", "até onde é que vai?". Respondi que ia dar algumas voltas à vila....Continuaram a correr todos gingões. Disse-lhes que achava melhor ficarem por ali, que eu ainda ia correr um bom bocado. Continuaram todos no gozo. Disse-lhes que ia fazer 25 km. "O QUÊ??!!??!" disse um. Esse parou nesse instante de correr. Os outros seguiram-lhe as pisadas. Mas houve um resistente que não se deixou intimidar. Talvez estivesse com mais copos em cima...Ele até parecia sóbrio mas depois duma noite de copos o raciocínio já não devia estar no seu melhor. Correu comigo e perguntou-me até onde é que eu ia. Respondi que ia até à rotunda à entrada da vila. Resposta dele "Epá, mas isso ainda é longe". Se ele me estava a dizer aquilo (e reparem que eu já tinha referido que ia correr 25 km) achei que ele não estava preparado para a realidade. Eu ia até à rotunda, que segundo ele "é longe", mas eu ia até à rotunda várias vezes...Então isso deveria ser bué, búe de longe para ele. Hihihi.  Como ele achou que a rotunda era longe disse-me "Então se calhar é melhor eu virar já ali à frente." Respondi "É melhor...". E assim foi. O resistente correu comigo 300, 400 metros se tanto. 
Tenho esperança de ter deixado aquelas cabecinhas com vontade de correr mais e beber menos. Apenas esperança. Talvez daqui a uns anos.

Na terceira volta passei então pela minha mãe para reabastecimentos sólidos. Ela ia para a praia e eu ainda tinha um pouco mais de metade do treino para fazer. Na quarta volta, que era ligeiramente diferente das três primeiras mas no seu essencial era muito parecida, eu já estava a ficar um pouco aborrecida por andar ali às voltas. A paisagem é muito bonita mas passarmos 4 vezes pelo mesmo sítio pode tornar-se aborrecido. Felizmente as seguintes eram diferentes. Na penúltima volta saí da vila e segui por uma zona de terra batida junto à estrada. Nessa altura já havia mais trânsito e na vila já haviam várias pessoas na rua. Ao sair da vila passei por uns cavalos e por umas cegonhas. Ainda tive paciência para tirar uma fotografia às cegonhas.

Vá, vão lá buscar a lupa outra vez...
Uma pista: são 3 cegonhas.
Continuei a correr e fui quase quase até às bombas de gasolina e depois voltei tudo para trás. Novamente na vila, novamente na rotunda junto à Praia do Farol e agora sim ia fazer a última volta. Eu já não tinha a certeza a quantas ia, comecei a duvidar se tinha que fazer 6 ou 7 voltas. Mas eu ia com quase 3 horas de corrida e pensei para comigo que 7 voltas já era demais. Por isso pensei já que não tenho a certeza se vai dar 25 km, ao menos corro 3h20 que já são mais 5 minutos que o treino de 24 feito há 2 semanas. E assim fico com recorde de distância e de tempo a correr. A última volta já me custou bastante. O sol já ia um pouco alto, já havia muita gente nas ruas e ainda por cima fui dar uma volta que passou pelo mercado e pelo campismo e aquela hora era só gente. Demasiadas pessoas para o meu gosto. Logo de manhãzinha é que se estava bem. 
Por volta das 10h30 dou por finalizado o meu treino junto à praia já com muita gente. 

25 km (penso eu) em 3h20.

Vou só tomar um banho e trocar de roupa e sigo para a praia. Não chego a estender a toalha. Já não iria conseguir levantar-me...Vou directa à água e fico lá com as pernas de molho alguns minutos. Depois dou uns mergulhos, nado um bocadinho (não muito que estou toda partida) e sigo para a toalha onde tomo o meu segundo pequeno-almoço =).

Estou cansada mas satisfeita. Consegui! Mais uma prova superada. E é a isto tudo que eu acho piada na preparação para a maratona. É aos poucos ir superando o número de km's, ir superando o tempo a correr. Isto está a dar-me um gozo enorme. Ando mesmo entusiasmada com tudo isto. Por um lado vou desfrutando do caminho que se percorre até ao dia da maratona, por outro sinto-me ansiosa e desejosa que chegue o grande dia.


Ontem por curiosidade e para ter a certeza que fiz os 25 km tracei o percurso que fiz no Google Earth. E quantos km's me deu? 26 km!!! =D
E eu, pelo sim pelo não, a correr 3h20 e afinal não era preciso tanto. Fiquei toda contente por ter corrido 26 km. Isto só prova que às vezes não ter um relógio que dê os km's até pode ser bom. Uma pessoa pelo sim pelo não corre mais um bocado e acaba por superar-se ainda mais do que previa. Sem dúvida que foi um excelente treino que me deixou muito satisfeita. 
É muito bom ter companhia nos treinos e sem dúvida que na maioria das vezes ajuda muito e acabamos por nos ajudar uns aos outros, nem que seja com conversa para distrair. Mas correr sozinha também é óptimo, pois vamos com os nossos próprios pensamentos e acaba por ser mais zen. E conseguirmos superar-nos sozinhos é uma enorme alegria. 
Até à maratona a maioria dos treinos longos serão com o João e até com mais companheiros que se juntem a nós, mas fez-me muito bem este treino longo sozinha.

Venham os 27 km já no próximo domingo! =)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Correndo em Milfontes

Horas depois de ter feito o treino em grupo estava num autocarro a caminho de Vila Nova de Milfontes.
Já o ano passado quanto estive em Milfontes nas férias não descurei as minhas corridas. Sinceramente já não me vejo a parar de correr mesmo que só por uma semana e ainda por cima em plena preparação para a maratona. E ainda por cima tendo a possibilidade de correr em Milfontes =)
Para mim fazia mais sentido correr logo pela manhã antes de ir para a praia, porque às vezes ao fim da tarde sabe bem é estar na praia e para além disso à tarde há sempre mais confusão. Pela manhã sentia que tinha a vila toda para mim. Não se via praticamente ninguém nas ruas e ainda por cima podia  correr com vista para rio e mar. 

Podem-me chamar maluca por eu em plenas férias pôr o despertador para acordar às 7h (e às 6h30) mas a verdade é que só custa a sair da cama, depois de estarmos na rua sentimo-nos bem fresquinhos e muito bem-dispostos. Eu pelo menos senti-me.

Na terça-feira fui correr apenas 5 km. Acordei às 7h, equipei-me e nem comi nada. Fiz um breve aquecimento e comecei a correr. Estava uma manhã nublada e não se via praticamente ninguém na rua. Uma ou outra pessoa a passear o cão e pouco mais. Vi 0 pessoas a correr. Dei uma volta pela vila, passei junto à praia e apreciei a vista. Quem conhece a vila sabe que junto à praia há uma subida que vai dar a uma rotunda sem saída e tem de se voltar para trás. Corri pela estrada de frente para os carros por uma questão de segurança, mas a verdade é que não haviam carros nenhuns aquela hora. Só o camião do lixo. 5 km passam num instante e passado um pouco já estava de volta a casa para tomar banho e o pequeno-almoço e...siga para a praia.

Nesse dia o Carlos Sá estava a correr a Badwater. O João foi-me mantendo a par via sms e tal como vocês eu vibrava com as notícias. A primeira sms veio aos 144 km e dizia que o Carlos Sá ia em primeiro. Nesse momento eu estava na farmácia a perguntar à farmacêutica se era necessário fazer alguma coisa a uma unha que eu (ainda) tinha, mas que estava a cair. A senhora sorriu e disse que não era necessário fazer nada, nem sequer desinfectar, outra unha iria crescer. Mais descansada, passei o dia a olhar para a minha unha do pé e a vê-la progressivamente a deixar de estar na horizontal para passar a estar na vertical até finalmente cair já à noite. E foi assim que fiquei com apenas 4 unhas dos pés pintadas de azul esverdeado e com o dedo do meio com algo que se assemelha a uma nova unha já em crescimento. 
Esta unha estava negra já há meses, eu simplesmente não fiz nada e deixei-a estar. Não me passava pela cabeça que fosse cair mas ela resolveu pregar-me esta partidinha.

Continuando a falar sobre a Badwater. Ao longo da tarde o João foi mantendo-me a par do que se estava a passar no Vale da Morte. Eu nem estava descansada na praia à espera de notícias. Quando chegou uma mensagem a dizer "GANHOU!GANHOU!GANHOU!" eu soltei um "YES!" na praia.
Já todos sabíamos que o Carlos Sá é um atleta espectacular, único e muito humilde. Mas vencer a Badwater na sua estreia na prova é algo de ULTRA ESPECTACULAR! A Badwater!!!!! É um daqueles feitos que marcam para o resto da vida e que, sem dúvida, marcam o desporto nacional. A postura simples e humilde com que ele encarou esta vitória mostra bem o tipo de pessoa que é o Carlos Sá. E tenho adorado as reportagens que se têm seguido e nas quais ele fala sempre de um modo muito tranquilo e sempre transmitindo uma mensagem positiva e fazendo-nos acreditar que é possível ir mais além. Grande Carlos Sá! Muitos muitos parabéns! 

Nesse mesmo dia o Rui Costa venceu uma etapa da Tour de France, o que tornou este dia num dia ainda mais especial para todos os portugueses. Como portuguesa senti-me orgulhosa por ambos. Já há 1 ano atrás eu tinha aqui falado no blogue sobre o Rui Costa e em como acreditava que ele ainda ia dar muito que falar. E ele aqui está um ano depois a vencer duas etapas da Tour de France e a obter uma boa classificação geral. Parabéns Rui Costa! 

Inspirada por estes dois grandes feitos, mas principalmente pelo Carlos Sá, no dia seguinte acordei às 6h30, equipei-me e antes das 7 estava na rua para correr 13 km.
Saio com uma garrafa de água e quando necessário reabasteço numa torneira que há ao pé do Castelo.
Corro bem, sem dores, sem cansaço. Dou uma volta grande, vou até à saída da vila. Encontro apenas um café aberto. Muito poucas pessoas. É tão bom ir correndo e ver a vila a acordar. 
Mas quem é que não se sente inspirado correndo com esta paisagem?
Uma praia deserta e ainda por cima com aquela neblina matinal.
Que mais se pode pedir?
Umas ovelhas a pastar num pasto em plena vila.
Talvez seja melhor irem buscar uma lupa.
Entre as 7h30 e as 8h encontro-me com mais 4 ou 5 pessoas a correr. Entretanto quando ia com pouco mais de 1h a correr cruzei-me com um cão que tinha visto no dia anterior na praia. Na altura pensei que ele tinha dono, pois tinha um lenço ao pescoço, mas quando o avistei na rua sozinho percebi que devia estar perdido ou abandonado. Aproximei-me mas ele não tinha identificação. Fiz-lhe umas festas e segui caminho continuando a correr, mas o safadito veio atrás de mim e a correr! Não lhe dei um nome intencionalmente, simplesmente saiu-me da boca um "Faneco volta para trás". Ele não me ligou nenhuma e continuou a correr comigo. Cruzámo-nos com outro cão e ele ficou para trás a cheirá-lo. Pensei que tinha arranjado um novo amigo e que já não viria mais atrás de mim....Tá bem tá...Quando viu que eu tinha ganho um avanço considerável lançou-se num sprint para me apanhar. "Oh Faneco". Vem a correr comigo, só pára para fazer um xixizinho e é quando lhe tiro uma foto. Não me quero esquecer do meu companheiro de corridas em Milfontes. 
Apresento-vos o Sá.
Faneco Sá.
Corremos junto à praia e encontramos uma senhora a passear o seu cão. Pára para o cheirar e para brincarem um pouco. Eu sigo a subir até à rotunda. Na descida cruzo-me com ele mas desta vez ele não mostra qualquer intenção de me seguir.  Está entretido. Deixo-o estar. Espero que fique bem.
Uma hora mais tarde quando vou a caminho da praia com a minha mãe cruzamo-nos com um rapaz a correr e com ele vai....o Faneco! Pensei que tinhamos uma ligação e afinal ele corre com qualquer um =P
Apesar das suas patas curtas chego à conclusão que o Faneco tem alma de corredor e passo a referir-me a ele como Faneco Sá =)
Infelizmente essa foi a última vez que vi o Faneco. Espero que o dono o tenha encontrado ou que alguém o tenha adoptado.

Está quase tudo actualizado. Fica apenas a faltar o treino de 25 km que fiz em Milfontes.

Boas corridas pessoal!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Treino 10 km no percurso do Memorial Francisco Lázaro

O convite foi feito aqui no blogue, mas a maioria do pessoal avisou que não poderia ir. 
Eu e o João pensámos que seriamos só nós.

Depois de termos corrido 10 km no dia anterior não se pode dizer que a vontade era muita. Eu então ainda estava meio atordoada por causa do ritmo do último quilómetro da prova, por isso queriamos apenas correr a uma velocidade calma, num ritmo mais parecido ao da maratona.
Vesti a minha camisola do Memorial Francisco Lázaro do ano passado e antes da hora marcada eu e o João já nos encontrávamos junto ao Estádio do Fófó. Poucos minutos depois apareceram a Carla e o Jaime. Ah, temos companhia! =)
Não os conhecia pessoalmente, apenas o blogue deles e gostei bastante de os conhecer. Simpáticos, bem dispostos e boa companhia para correr. Eles estão mais ligados ao BTT, mas também praticam corrida. 
Aquecemos os quatro acreditando que já não apareceria ninguém, mas quando demos inicio ao treino propriamente dito apareceu o Vitor mesmo a tempo. Sendo assim seguimos os 5 no nosso treino na nossa pequena homenagem a Francisco Lázaro.

Pensei que as minhas pernas se iriam ressentir do dia anterior mas a verdade é que até me aguentei relativamente bem.
Fomos os cinco sempre na conversa, o Vitor a contar-nos as suas aventuras no Almonda e a dizer-nos que a ideia de uma maratona não lhe parecia descabida. Nós a incentivarmos =). A Carla e o Jaime a contarem-nos algumas das suas aventuras e projectos. E todos a desfrutarmos desta agradável corrida em boa companhia. A temível subida que há um ano atrás tanto me custou, agora a fazer-se relativamente bem. E no final uma foto para mais tarde recordar e a vontade de repetirmos treinos juntos.

Obrigada malta! Por terem aparecido e por serem tão boa companhia.


Corrida da Lagoa de Santo André, o dia em que igualei o meu recorde

Sim, igualei... Tal e qual, nem mais uma virgula. Mas já lá vamos.

Na semana anterior a esta prova segui com o plano de treinos. Nada de especial a salientar, exceptuando um treino de 10 km  que fiz e que me correu às mil maravilhas. Feito sempre em prazer e com zero dores nas canelas (não tenho dores nenhumas desde a Corrida das Fogueiras, mas tenho de falar baixinho não vá elas lembrarem-se....minhas queridas e fofinhas canelas, tão cutchi cutchi que vocês são). Esse treino foi feito num trajecto que já não é a primeira vez que faço e que basicamente é dirigir-me para Monsanto, depois seguir pela ciclovia junto a Monsanto até Sete Rios e depois voltar para trás mas pela Estrada de Benfica. Ia bem disposta e correr ainda me deixou mais bem-disposta. Corri sempre feliz e a cantarolar. Na zona de Sete Rios ia já muito bem disposta e nem quis saber dos carros parados nos semáforos ou das pessoas nas ruas e continuei a cantarolar. Subi uns degraus, depois desci-os. Um homem ficou parado a olhar para mim claramente com uma expressão do género "Mas donde raio saiu esta maluquinha?". Continuei felicíssima da vida. Em frente ao Jardim Zoológico estavam várias pessoas nas paragens à espera dos autocarros. Corri a distância de 4 paragens até finalmente passar um autocarro. Corri a distância de 8 até passar um que ia para a Damaia. No final ainda imaginei uma competiçãozinha entre mim e este último autocarro e como há alguns semáforos pelo meio, ainda consegui correr a distância de mais 2 paragens sem este autocarro me ter ultrapassado. Depois virei para a direita e ele seguiu em frente. Mas e se eu tivesse seguido também? Hehehe.

Após uma semana em que os treinos correram tão bem chegou o dia da Corrida da Lagoa de Santo André. Bater recordes não era de todo o meu objectivo. Aliás esta prova fazia parte do plano de treinos para a maratona e no dia seguinte logo de manhã iamos fazer mais 10 km. Não tencionava correr muito depressa. Tinha até pensado que provavelmente iria fazer acima da hora que isto de treinar para uma maratona rouba-nos um bocado a velocidade.

O João falou-me que em anos passados costumava estar uma senhora a dar melancia aos atletas. Eu adoro melancia! E disse logo ao João que se havia melancia eu tinha de parar para comê-la.

O período antecedente à prova foi muito agradável, a conviver com os restantes elementos dos 4 ao km, o casal Sandra e Nuno, Manuel Sequeira, João Cravo entre outros. A passear pela praia, a conversar e a aquecer. A vontade para correr não parecia ser muita, mas quando foi dada a partida lancei-me que nem um foguete. Não, não foi nada assim. Hihihi. Começámos nas calmas, mas é tudo estratégia (ups não era para dizer). Deixamos muita gente passar por nós e os que iam conosco seguem. Mas quando todos menos esperam eu e o João ligamos o turbo. A partir do momento que ligamos o turbo é começar a ultrapassar muita gente. O percurso era a subir no primeiro km, mas depois era plano. A certa altura vi do outro lado da estrada, já no retorno, a tal senhora ao pé de uma mesa com...melancia =). Comentei com o João que no retorno tinha de comer um bocadinho de melancia. Ele olhando para o relógio disse-me "É pena, pois estás a fazer um bom tempo." Mas eu queria lá saber, eu queria era comer melancia!

Seguia-se uma descida e o retorno. Depois vinha uma subida. Turbo ligado e dois atletas de amarelo a ultrapassarem toda a gente. Eu ia com a pica toda. E foi então que a vi. A banca da melancia =P
Corri para ela e perguntei à senhora se podia cortar um pedaço. A senhora muito simpática disse que claro que sim, que estava ali para isso. Com uma faca que estava na mesinha, cortei um pedaço de melancia, o que me roubou alguns segundos...(lembrar destes segundos mais à frente) e continuei a correr para tentar apanhar o João que entretanto se tinha distanciado um pouco. Tentava comer enquanto corria e não foi muito fácil, o que me roubou mais uns segundinhos. O João já ia mais à frente e acabei por alcançar o Nuno e a Sandra e seguir com eles. Empurrei a melancia com um golo de água, o que durante uns poucos minutos me revoltou um bocado o estômago, depois passou. A certa altura o percurso virava para dentro do pinhal e corriamos num misto de terra batida com areia. Segui sempre na peugada do casal e após voltarmos à estrada tive alguns momentos em que me apeteceu lançar a minha garrafa de água à cabeça do Nuno. Eu e a Sandra vamos ali num esforço enorme e o menino vai ao nosso lado na boa. E quando digo na boa é mesmo na boa. Ele anda (sim, leram bem! Ele vai num passo de marcha apressado ao nosso lado durante uns segundos, o que nos faz ver o quão lentas somos....), ele corre de costas (!?!), ele acelera e vai lá à frente falar com o João e depois volta tudo para trás.... Portanto enquanto nós as duas vamos a correr a toda a velocidade (ou assim nos parece), o Nuno vai apenas num agradável e nada custoso passeio.

Quando vi a placa do 9º km olhei para o meu relógio e pensei " O último km é a descer, se eu acelerar bem consigo bater o meu recorde." Não era uma coisa que me tenha passado pela cabeça antes da corrida, mas conforme as coisas se desenrolaram apercebi-me que talvez desse. E um talvez é o que basta para darmos o tudo por tudo. Liguei novamente o turbo (eu pensava que ele já estava ligado, mas se quisermos por vezes descobrimos um turbo extra) e lancei-me disposta a alcançar o João que já tinha um bom avanço. A certa altura ele olhou para trás e vendo que eu já estava tão perto acabou por abrandar para esperar por mim e depois seguimos os dois numa passada de loucos. No último km corremos a 4 e tal ao km. A meta estava lá ao fundo mas a descida ainda era longa. Eu nem conseguia falar e sentia que as pernas me iam saltar a qualquer momento. A sério! Sentia que a qualquer momento ia-me descordenar toda e espatifar-me por ali abaixo. Felizmente não aconteceu. Eu ia no meu máximo. Mais do que aquilo eu não conseguia dar. Pensei mesmo que ia dar para bater os meus 55m11s, o meu recorde pessoal aos 10 km. Mas....quando cruzámos a linha da meta e parámos o relógio ele marcava....55m11s! COMO RAIO É POSSÍVEL IGUALAR UM RECORDE? Eu teria preferido fazer 55m12s, 55m13s, pelo menos ainda estaria a uns segundos do recorde, agora igualar?!? Igualar?!? Depois de quase me terem saltado as pernas na recta final? =P
Claro que depois vem o pensamento "se eu não tivesse parado para cortar um pedaço de melancia...".
Mas sabem que mais? Eu não me arrependo. Acaba por ser uma história engraçada para mais tarde recordar. E ter comido um pouco de melancia soube bem.

Agora....eu não acredito em bruxas, mas....o meu recorde dos 10 km parece embruxado.
Em Janeiro na Luzia Dias já podia estar nos 53m. Se não tivesse havido temporal no dia anterior e por isso não tivessem encurtado o percurso...
Em Junho no Oriente talvez tivesse conseguido...se ao menos a prova tivesse mesmo os 10 km e não tivesse aquelas centenas de metros extra...
E agora em Julho em Santo André....se ao menos eu não tivesse parado para comer melancia...E se ao menos a prova tivesse mesmo 10 km certos... (sim, parece que esta também tinha mais uns 150 m, pelo menos foi o que indicaram alguns relógios dos colegas).

Após a corrida, a organização brindou os atletas e acompanhantes com uma bela jantarada onde não faltou nada. 
Haja mais dias assim.

Fotos para mais tarde recordar esses belos momentos:
Hehehe =D
Os 4 ao km  presentes.
Olhem-me só para aquela passada!
Gandas malucos! 
Obrigada a todos pela companhia.
Obrigada ao João e à Mafalda pela boleia e por serem assim como são =)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Cá estou eu de volta

Olá pessoal!

Após uma semana de ausência devido a férias mas também devido a uma avaria do computador, rapidamente resolvida pelo melhor informático do mundo ;), estou de volta para vos contar todas as aventuras e peripécias vividas na última semana. E foram tantas que vai demorar alguns dias até ficar com tudo actualizado.

Mas para vos deixar já com um cheirinho das aventuras aqui vão umas breves palavras sobre as mesmas que é para vos deixar com água na boca:

  • Treino de 10 km na semana anterior a Santo André - muito, muito bom! Corri, subi e desci escadas, cantei em plenas ruas movimentadas e corri numa ligeira competição com os autocarros;
  • Corrida Lagoa de Santo André - fica para a história, pois consegui um feito notável e que não é para todos...Precisão passou a ser o meu nome do meio...ou azarenta...Tudo devido a um pedaço de melancia. E não, não foi por me sentir mal-disposta. O meu último km duma prova mais rápido de sempre! Não sei como não me descordenei toda e não me saltaram as pernas hihihi =P;
  • Treino 10 km Francisco Lázaro - Poucos mas bons =) Um treininho muito agradável com boa companhia e que se fez bem apesar dos 10 km loucos do dia anterior;
  • Treino 5 km em Milfontes feito às 7 da manhã...;
  • Treino 13 km em Milfontes feito às 7 da manhã e com companhia na parte final. Companhia de quem perguntam vocês. Sá. Faneco Sá. Um simpático cão que se juntou a mim no último km. Chamei-lhe Faneco. Mais tarde achei que ele merecia o apelido Sá. Nunca mais o vi;
  • A espectacular vitória do Carlos Sá na Badwater. Gritei YES! no meio da praia quando soube. Nesse mesmo dia caiu-me uma unha do pé...;
  • O meu recorde de distância (25km) num treino longo feito às voltas dentro de Milfontes. Nesse dia acordei às 6h30...sim...em férias... Também tive companhia neste treino...Mas desta vez duns miúdos que vinham duma noite de copos....Correram comigo durante uns metros. Quase todos pararam imediatamente assim que eu lhes disse que tinha 25 km para fazer. Houve um resistente...não por muito tempo...

Acho que resumi tudo muito bem resumido. Agora imaginem quando eu começar a escrever sobre tudo isto. Saio daqui em 2014. Vai ter que ser uma coisa de cada vez. Portanto preparem-se para uns 3 ou 4 artigos (e bem longos) nos próximos 2/3 dias.

Boas corridas!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Treino 10 km dia 14 - percurso Memorial Francisco Lázaro

Olá a todos!

Venho por este meio convidar quem queira a juntar-se a mim e ao João Lima num treino de 10 km no próximo domingo, dia 14 de Julho.

Este treino faz parte do nosso plano para a maratona. Quando foi feito pensávamos que o Memorial Francisco Lázaro seria nesse dia, visto que o ano passado foi a 15 e é essa a data do falecimento de Francisco Lázaro. No entanto este ano só há poucas semanas anunciaram que afinal a prova seria apenas no dia 21 e com muita pena minha não poderei ir visto que não estarei em Lisboa.

Apesar disto eu e o João concordámos em manter o plano de treinos para o próximo fim-de-semana, ou seja, sábado à  noite iremos à Corrida da Lagoa de Santo André (10 km) e no domingo de manhã iremos fazer 10 km no percurso (do ano anterior) do Memorial Francisco Lázaro.

Pelo que sei nesse dia irá ser feito um treino com percurso diferente, que começa às 8h30 e cujo objectivo é recordar o atleta Francisco Lázaro. Não pretendemos "competir" com esta corrida, apenas iremos fazer o nosso treino que já estava estipulado.
Como no dia anterior já iremos correr 10 km ao fim da tarde e no Alentejo, já iremos chegar tarde a casa. Assim estamos a planear começar o treino às 11h.

O ponto de encontro será às 10h30 ao pé do Mercado de Benfica, ao pé da porta do estádio do "Fófó", na Rua Olivério Serpa. Há por ali um jardinzinho por isso podemos aquecer por ali.

Estamos a treinar para uma maratona e no dia anterior já temos uma prova de 10 km, por isso o ritmo será provavelmente um pouco lento. Mas claro que cada um corre ao seu ritmo e se alguém quiser ir mais depressa ou mais devagar está à vontade para isso.

Se quiserem saber mais sobre a altimetria e percurso que iremos fazer no nosso treino é só verem aqui.

Estão assim convidados caros leitores =) a juntarem-se a nós no próximo domingo.

IMPORTANTE: Este treino não irá ter qualquer logística. É apenas um treino. Como tal aconselha-se que cada um leve água. Sei que há um bebedouro no jardim de onde partimos e onde chegamos e também por volta do 5º ou 6º km, no entanto e tendo em conta a hora de partida acho aconselhável que cada um leve pelo menos uma garrafa consigo.

Pronto e é isto. Domingo é só aparecerem =)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Corrida das Fogueiras, única e... 24 km de treino com calor

Desculpem lá o desaparecimento, mas a moleza para escrever tem-se instalado. Já a moleza para correr não :) Já nem o calor me consegue tirar a vontade de correr. 

Vamos voltar atrás mais de uma semana.

Sábado, 29 de Junho

Corrida das Fogueiras

Tinham razão, esta prova é mesmo única. Claramente daquelas a que não quero faltar nos próximos anos.
O dia foi bastante agradável na companhia do João e Mafalda Lima e do Sequeira e da Júlia.
Pelo fim da tarde encontrámo-nos com mais pessoal e ao longo do aquecimento e afins também nos cruzámos com mais pessoal.
Vou começar pelas fotografias, depois então virá o relato.
João, Carlos, Sandra, Nuno, Isa (não conheço....), Júlia e Sequeira
João, Mafalda, Carlos, Sandra, Nuno, Isa (epá...outra vez esta gaija?) e Sequeira
E agora dança entre o João e o Eberhard.
Deve ter algum parafuso a menos...
A aquecer.
Obrigada pela foto Carla.
Quanto à prova nem sei bem como hei-de descrevê-la. Vou focar-me nos pontos positivos porque houve alguns pontos negativos. Na minha prova, não na corrida em si que essa foi um espectáculo. 
Após algum tempo a "assar" na zona da partida (o que nos valeu foi alguém nos ter entretido com a dança do Gangnam Style....hehehe...) finalmente chegaram as 21h30. Uma grande confusão é o que vos digo. Perdi toda a gente de vista, o que vale é que o João vinha atrás de mim e mais uma vez esteve comigo ao longo destes 15 km. Ia eu muito bem quando de repente as famosas dores (que andavam desaparecidas) resolveram fazer uma visita. Comecei a ficar para trás, o João para trás comigo ficou. Fomos ultrapassados por muita gente. Mesmo muita gente! Felizmente algumas das pessoas eram nossas conhecidas e animaram-nos. Houve até alguns que me fizeram sorrir. Comentei com o João que ao menos enquanto passavam por mim e me falavam eu sempre ia entretida e sorria e quase me esquecia das dores. Então o João perguntou-me se eu queria que ele me contasse umas anedotas. Eu disse que sim. Esperei alguns minutos e nada...Relembrei-o. Tinha-se esquecido...Mais uns minutos e disse-me que estava com uma branca e não se lembrava de anedotas nenhumas, mas lembrava-se de adivinhas... 

Acho que esta prova foi a mais peculiar até hoje. Coisas estranhas e diferentes se passaram e nunca me hei-de esquecer de ir a correr e ao mesmo tempo ir a responder a adivinhas do João. Fiquei muito orgulhosa de mim própria porque correr e raciocinar ao mesmo tempo não é fácil e consegui ir respondendo a todas as adivinhas. Só houve uma que outro atleta respondeu antes de mim. Hehe. Estão a imaginar a nossa figura no pelotão? O João a fazer-me adivinhas e eu a responder? Acho que não estão bem a ver a nossa figura =P
Fui respondendo mas eventualmente cheguei a uma que não conseguia desvendar. Pus-me a fazer contas de cabeça e já me estava a passar com aquilo e afinal a resposta era tão simples que nem sequer eram precisas contas. Fiquei "traumatizada" com todo este esforço mental em vão e pedi ao João para acabarmos com as adivinhas. Com isto tudo já tinham passado 5 ou 6 km. Passámos por algumas pessoas que nos davam forças mas a melhor parte ainda estava para vir.

Um pouco antes do 8º km havia uma rampa. Forças que eu tinha algures dentro de mim vieram à superfície e comecei a acelerar por ali acima com o João junto a mim. Pessoas que antes nos tinham ultrapassado ficavam agora para trás. Mas isto não durou muito. Não conseguia, nem me apetecia acelerar mais, por isso acabei por fazer o resto da prova a um ritmo bastante confortável e simplesmente a desfrutar da experiência.  Não houve cá novos recordes, houve simplesmente muitos sorrisos e muitos "hi-5". 

Antes da prova o Sequeira desafiou-me a mim e ao João a contarmos as fogueiras ao longo do percurso e assim o fiz. Quando apareceu a primeira fogueira fiquei um bocado pasmada pois não espera que fosse tão grande. Pensava que eram apenas fogueirinhas, mas nada disso. A partir da primeira fogueira fui sempre a dizer para mim mentalmente "1,1,1,1,1,1", "2,2,2,2,2,2", "3,3,3,3,3", "4,4,4,4" e por aí fora. Ia pensando isto repetidamente, desta forma ia concentrada nalguma coisa e tentava não me perder na contagem. Já lá iremos ao número de fogueiras que contei. 

A zona onde agora corríamos era muito mal iluminada. Estava mesmo escuro, só para terem noção eu não via o chão. Confesso que ia com algum medo de pôr um pé num buraco. É que não se via mesmo nada! O João ia uns metros à minha frente e por várias vezes se virava para trás e não me via. Eu acenava-lhe e dizia-lhe "estou aqui", estava a apenas 1 ou 2 metros dele mas ele não me via! Isto era o quão escuro estava. Nem as meias de compressão iluminaram o caminho! =P
As fogueiras sucediam-se e as pessoas junto delas também. Batiam palmas, encorajavam-nos com simpáticas palavras e dezenas de miúdos estendiam-nos o braço para que batessemos as nossas mãos nas deles. Era impossível passar ao lado. Era impossível não sorrir. As fogueiras surgiam no horizonte, "5,5,5,5,5" ou será "6,6,6,6,6"? Já estava perdida na contagem, já não sabia a quantas ia. Mas continuei a contar.

Uns escuteiros cantavam ao pé duma fogueira qualquer coisa como "Cresce, cresce fogueira...". Mais parecia uma bruxaria hehehe. Achei um piadão a tudo isto. Comecámos a descer, fomos apanhados por um atleta com frontal ( não era o único) e de repente vi toda a estrada à minha frente iluminada. Não gostei. Há uns km's atrás pensava para mim que falta fazia um frontal, mas a verdade é que a escuridão começou a saber-me bem e quando de repente vi aquela luz toda não gostei. Deixa-o ir. 
Mais pessoas a apoiar-nos, eu sorria e agradecia. Vários miúdos todos contentes quando lhes dávamos "mais cinco". É impossível não ficar feliz quando fazemos crianças felizes com um gesto tão simples. Um miúdo estendeu-me a mão e depois disse-me "Vá com Deus". Sorri e agradeci. Eu e o João achámos um piadão aquilo. Várias senhoras e meninas pequenitas diziam "Força senhora!" ou "Força menina" ou "Força mulheres". Foi muito bom! Já há muito tempo que não estava preocupada com o tempo que ia fazer. Fiz para aí 1h38 se não estou em erro, longissimo do recorde, mas que interessa isso quando nos estamos a divertir tanto? 

Contei 20 fogueiras, mas os meus companheiros contaram 19. Provavelmente contei uma a mais logo no ínicio.

Adorei a Corrida das Fogueiras. Houve abastecimentos suficientes, os km's estavam bem marcados, o percurso é algo sinuoso o que eu gosto, as fogueiras a iluminar de vez em quando a escuridão dão um toque mágico e as gentes de Peniche são simplesmente fantásticas. Adorei! Quem nunca foi tem mesmo de ir! E quem já foi é natural que queira repetir. Eu fui e quero continuar a ir sempre que possível.

Isto está a ficar longo e mais longo vai ficar. Ontem foi dia de mais um treino longo. 24 km num dos dias mais quentes do ano. Eu e o João tivemos a mesma ideia de ir fazer a nossa corrida pelo antigo percurso da maratona, começando e acabando no Estádio 1º de Maio. Não pode ser sempre treinos longos em rectas. 
O percurso foi muito semelhante a este, com a diferença que não chegámos a ir à beira-rio. Cortámos mais cedo em direcção à Almirante Reis, desta forma o treino não terminaria na Alameda mas sim já perto do estádio. O dia adivinhava-se muito quente, demasiado quente. Mas quer eu, quer o João apesar de não gostarmos de calor, apesar de termos muito respeito pelo calor, a verdade é que aos poucos nos sentimos um pouco mais resistentes ao mesmo. No dia anterior eu disse ao João que o treino ia correr bem, que tinha um feeling. O sexto sentido das senhoras raramente falha =)

Esta foi a fotografia que a Mafalda nos tirou antes do treino:

Sorridentes e prontos para começar apesar duma ligeira moleza natural do calor.
Esta foi a foto que a Mafalda nos tirou ao final de 24 km e 3h15 de treino:
Ainda mais sorridentes, o que só prova que por muito que custe,
a sensação final é sempre de felicidade.
Se somos malucos? Bem....um pouco...mas eu considero que somos malucos responsáveis. Foi tudo pensado ao pormenor e em especial por um casal que poderia perfeitamente ser responsável pela organização de alguma prova. Nada falha! 
A Mafalda merece uma palavra especial de agradecimento. De 5 em 5 km lá estava ela nos locais combinados à nossa espera com duas garrafas de 0,5L para cada um de nós, ou seja de 5 em 5 km eu tinha 1 L de água para beber e refrescar-me. Para além disso no final ainda tivemos direito a ice tea e pastel de nata. Quer dizer, nem há palavras. 5*! Não, minto! 6* =)

Muito obrigada Mafalda!

Vamos então ao treino propriamente dito. (Espero que estejam sentados confortavelmente à sombra porque isto ainda vai demorar)

Começámos então por volta das 9h30 já com água nas mãos, seguimos sempre pelo percurso da antiga Maratona de Lisboa e sempre que possível do lado da sombra. Ambos íamos com alguma moleza, mas irão gostar de saber que as minhas canelas portaram-se muito bem, sem nunca se queixarem. Vá-se lá perceber estas miúdas.
Aos 5 km lá estava a Mafalda com o nosso abastecimento. Com 1 L de água por cada 5 km conseguimos aguentar-nos bem. Eu bebia um pouco, molhava a cara e a cabeça. Passados 5 minutos bebia mais um pouco e voltava a molhar-me. Por vezes apetecia-me e molhava as pernas (isto soube bem, mas resultou nuns calções molhados e que davam a impressão que eu tinha feito xixi...). 
Lembram-se de eu ter brincado e dito que precisava de treinar também os braços para conseguir empurrar o muro na maratona? Bem....ontem já treinei braços. Eu e o João. Corremos sempre com uma garrafa de 0,5 L em cada mão e acreditem que não é fácil, mas é uma boa estratégia para nos esquecermos das pernas cansadas por exemplo, porque a certa altura doem-nos é os braços. Mesmo assim nunca se tornou demasiado incómodo. Aos 10 km lá estava novamente a Mafalda. Tempo para água, mas também para marmelada. Mhan, mhan, mhan.
Claro que eu e o João fomos quase sempre na conversa e por umas quantas vezes nos lembrámos dos verdadeiros heróis do dia, todos os atletas que estavam no Trail de Almonda, em especial lembrámo-nos da Rute e do Vitor. Até chegámos a enviar-lhes energia positiva =) Não sei se receberam ou não, foi mais ou menos entre as 10h30 e as 11h que vos enviámos energia, agora digam se sentiram de repente uma força extra a empurrar-vos? Éramos nós =P

Lembro-me do João ir dizendo os km's e da facilidade que chegámos aos 18 km em comparação com este treino desastroso. Ontem estava claramente mais calor, quase 40ºC, mas tinhamos muito mais água, muito mais sombra e um percurso mais interessante. Mas as pessoas pareciam achar-nos doidas. Nós bem vimos como nos olhavam, só dois homens nos disseram um "Força!", os restantes pareciam achar-nos loucos. Loucos por corrermos e ainda mais loucos por corrermos num dia tão quente como o de ontem. Mas garanto-vos que já tive muitos treinos e algumas provas que me custaram bem mais do que este. A subida da Almirante Reis não foi fácil, mas fez-se. O tempo foi passando e com ele os km's. A certa altura o João disse-me que já só faltava 1,5 km. A minha resposta "Só?". Mas quando acabámos a verdade é que senti-me aliviada, pois como é natural já ia cansada. 24 km e 3h15 depois o treino estava feito. Era 12h45.
Em Março fizemos 24 km em 2h40. É impressionante a diferença, mas claro que não se pode comparar um dia de Março em que até corri de manga comprida com um dia em que estão perto de 40ºC.

Durante os 24 km só nos cruzámos com mais um homem a correr. Domingo de manhã e só vimos uma pessoa a correr ao longo de 24 km. É impressionante.

O balanço é positivo. Ainda há muitos, muitos treinos pela frente, mas este foi muito bom. Deixou-nos satisfeitos. 

Tal como já disse anteriormente considero-me uma pessoa meio doida, mas ao mesmo tempo considero-me responsável. Sim, corri 24 km num dia de calor abrasador, mas levei boné, coloquei protector solar, corri quase sempre pela sombra, bebi água constantemente, refresquei-me constantemente e ainda comi marmelada e cajus ao longo do percurso. Acabei cansada, mas não desgastada. Senti-me aliviada quando acabei, mas também feliz e orgulhosa. E hoje estou bem =) Não estou dorida, não apanhei escaldão e sinto-me pronta para amanhã ir fazer um treininho de recuperação. 

Muitos Parabéns a todos os atletas que ontem participaram no Trail de Almonda, em especial à Rute e ao Vitor. Grande coragem, grande garra!

Muito, muito obrigada ao fabuloso casal João e Mafalda Lima que têm sido 30000* comigo =)
Vocês são "uma máquina" no que toca a organizar um treino. E a Mafalda ontem foi 5*. É como digo, não há palavras, por isso limito-me a agradecer. Obrigada.
O João, como sempre, foi um óptimo companheiro de corrida. 
Dia 6 de Outubro se estiver fresco ninguém nos agarra João, hihihi. Até voamos!