quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Corrida da Água + Almeirim, rolando até à maratona

Caros leitores,

Em primeiro lugar quero pedir desculpa pela ausência. Devido a problemas técnicos no meu computador tem sido bastante complicado conseguir manter-me a par dos vossos blogues, quanto mais escrever no meu.
Mas nós estamos vivos :)

Depois de Arga, como sabem, retornámos à estrada para treinos mais calmos e rolantes. Durante a semana mantivemos um esquema semelhante de treinos sendo os treinos de quarta-feira os mais longos (sem contar com os domingos) e normalmente também os mais rápidos.

No domingo 19 fomos à Corrida da Água. Para não fazermos apenas os 10 km da prova corremos um pouco antes e mais um pouco depois da prova.
Estiveram presentes 6 elementos dos 4 ao km.

Vitor, eu, Joana, João, Eberhard e Lúcia.
Selfie de equipa, só faltou aqui a Lúcia.
Iniciámos a corrida com os amigos João, Sandra e Nuno na galhofa.



Esta corrida é bonita e desafiante. Começa e termina em Monsanto e pelo caminho passa-se na ciclovia paralela à Radial de Benfica, vai-se até Sete Rios e sobe-se até Campolide. Custou mas aguentámos a subida de Campolide sempre a correr e depois entrámos no Aqueduto das Águas Livres, o ponto alto desta corrida.

Em pleno aqueduto.
Com o amarelinho João ali à frente.
A cortar a meta satisfeita ao lado do Vitor e do João.

Terminámos com 59 minutos e uns segundos.

Depois da corrida fizemos mais alguns km's, embora poucos pois as pernas já pediam para parar. E foi assim que se fez mais um treino rumo à nossa terceira maratona.

No passado domingo fomos a Almeirim para fazer a prova mais curta, 5.5 km. A correr foi a prova mais curta que fiz até hoje, mas já tínhamos todos concordado que fazer 20 km na semana anterior ao Porto podia ser arriscado. Assim, optámos por fazer os 5,5 km de Almeirim com mais uns km's extra pré e pós prova perfazendo cerca de 10 km.

Os 4 ao km presentes, só faltou aqui a Martinha.


Durante a prova entusiasmá-mo-nos, embora eu me sentisse com alguma moleza, e acabámos por correr a uma média de 5 e pouco, completando os 5,6 km em 30 minutos e 29 segundos, passando aos 5 km com 27 segundos e pouco.
Após o curto treino e já de banho tomado esperámos pelos companheiros que foram aos 20 km e fomos ao óptimo convívio final de prova com a sopa da pedra como ex-libris. 

E a cereja no topo do bolo foi...



O grande atleta Luís Mota, que é "só" (entre muitas outras coisas) o vencedor de 2 edições dos 100 km de São Mamede, acedeu a tirar uma foto conosco, deu-nos os parabéns pela nossa 1ª ultra, perguntou-nos pela próxima e deu-nos dicas para essa mesma ultra. E ainda nos desejou uma boa prova no Porto onde ele também estará presente :) Uma simpatia e um atleta muito humilde. Grande Luís Mota!!! Ah, e tal como nós, gosta de correr quer em estrada quer em trilhos :)

Foi mais um dia muito bem passado entre amigos e com o meu Vitor.

Esta sopa é MESMO boa!
Nós com os amigos João, Sandra e Nuno.

Agora venha o Porto!!! 

Com chuva ou frio, sol ou calor. Com mais ou menos treinos. Com mais ou menos descanso. O que eu sei é que é para completar mais uma maratona! E é já a nossa terceira!!!

VAMOS SER TRI-MARATONISTAS CARAGO!!! =)

sábado, 18 de outubro de 2014

Meia-Maratona da Moita em dia de tempestade

No passado domingo fomos à Meia-Maratona da Moita. Foi a minha 11ª e a sabe-se lá quantas do Vitor. Ele não sabe bem, mas são seguramente perto de 30 já.
Eu tenho um gostinho especial pela distância. Claro que uma maratona é super especial mas isso é um caso à parte. Para mim uma meia-maratona mistura velocidade com resistência e acho que é por isso que gosto tanto desta distância. Sempre que poder irei sempre a meias-maratonas, duas semanas após Arga pareceu-nos aceitável corrermos uma meia-maratona. Não íamos com objectivos nenhuns, no fundo iria funcionar como um treino para a Maratona do Porto. Combinámos que iríamos começar de forma mais lenta e acelerando se nos sentíssemos bem mas sem abusos!

Chegámos à Moita um pouco em cima da hora, o que não é nada habitual mas desta vez atrasámo-nos. Como tal só houve tempo para uma ida rápida ao wc , um aquecimento rápido, a habitual foto de equipa e estávamos na linha da partida. Quando demos por isso tinhamo-nos esquecido dos geis. Se fosse num dia de calor poderia ter sido desastroso.

Os 4 ao km presentes:
João, eu e Vitor.

Agora já estava 3,2,1, partida...

O tempo estava bastante duvidoso por isso decidimos correr com os nossos impermeáveis mas cedo decidimos tirá-los pois não chovia e faziam calor. Impermeáveis à cintura, toca a correr que a meta ainda vem longe. O João cedo se destacou mas fomos sempre com ele debaixo de olho ;)
Cruzámo-nos com mais amigos, entre eles a Sandra e o Nuno com quem corremos um pouco. Pouco depois começou a cair uma carga de água daquelas! Vestimos os impermeáveis à pressa e a partir daí foram sempre vestidos pois de vez em quando caía uma boa carga de água. E o vento? Nalgumas zonas de repente vinha o vento de frente e não era fácil progredir contra a força do vento mas lá nos aguentámos mantendo sempre um ritmo mais ou menos constante. 
Íamos a correr bastante bem e nem estávamos a forçar muito. 

Por volta do km 18 chegámos a uma povoação que se chamava Sarilhos Pequenos. E de facto vinham aí sarilhos. Mas eram mesmo pequenos :) Uma subida algo longa mas sem ser muito inclinada acabou por se fazer mais ou menos bem apesar do vento de frente. 
Por esta altura comecei a pensar que sem me ter esforçado muito para isso talvez conseguisse novamente fazer o meu terceiro melhor tempo numa meia-maratona. E então de repente lembrei-me, passado 1 mês, que o meu terceiro melhor tempo tinha sido na Meia de Setúbal e não nas Lampas como referi aqui no artigo sobre a Meia das Lampas! Em Setúbal tinha feito 2h03m, portanto as Lampas tinham sido o meu 4º melhor tempo. Ridículo só me ter lembrado disto 1 mês depois e em plena corrida. 
Enfim...toda a maneira ainda ia a tempo de conseguir o meu terceiro melhor tempo (desta vez era a sério) e assim, lutámos contra o vento de frente na subida para depois embalarmos na descida e cortarmos a meta com 2h03m07s. Agora sim o meu terceiro melhor tempo de sempre numa meia-maratona num total de 11 meias :)

Fiquei muito satisfeita por este tempo com as condições adversas que estavam.
O amigo João Lima fez um tempo de loucos como já devem ter lido no seu blogue. Quem é que o apanhava? 

Esta prova estava bem organizada, com abastecimentos mais que suficientes, muitos voluntários, cruzamentos bem cortados, sempre com voluntários ou polícias a cortar o trânsito, os km's todos marcados dos 0 aos 21. O percurso era variado e nalgumas zonas bem bonito, corremos junto ao rio e nalgumas zonas mais rurais com algum verde e animais. No final da prova deram-nos uma bonita camisola e uma maçã deliciosa.
Uma prova a repetir!

Amanhã é a Corrida da Água mas iremos aproveitar para correr mais 10 km para fazer um treino de 20 km, o último "longo" antes da Maratona do Porto. Ai minha nossa senhora das corridas que daqui a duas semanas vamos alinhar à partida da nossa terceira maratona!!!! AI CA MEDO!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Apoiar os amigos na Meia da Vasco da Gama

Depois dos trilhos, a estrada.

Como sabem, a minha paixão é a corrida. Não interessa onde, eu gosto é de correr. Assim, os treinos e provas vão-se dividindo entre a estrada e os trilhos. Depois da missão Arga ter sido cumprida, está na hora de focar na missão Porto.
A Maratona do Porto está quase aí e torna-se imperativo regressar à estrada com calma e paciência para não forçar os músculos ainda massacrados de Arga.
Regressámos aos treinos pós-Arga de uma forma muito calma. O primeiro custou um bocadinho mas o segundo já foi melhor. Ao terceiro já estávamos relativamente bem e a sentir-nos prontos para outra :) Mas ambos sabemos que apesar de nos sentirmos bem, o "massacre" está lá e é preciso ir na mesma com calma, sem forçar demasiado, para evitar lesões.

E que terceiro treino foi este?
Foi um treino especial e que há muito estava planeado ;)

Decidimos ir apoiar os atletas que iriam correr a Meia-Maratona Vasco da Gama e a Maratona de Lisboa, em especial os nossos colegas de equipa Carla, João, Eberhard e Marta que estavam a correr a meia.
Para ser mais giro, não dissemos a ninguém que lá íamos aparecer. Também já tínhamos decidido esperar pela Marta e correr com ela os últimos km's da prova, pois sabíamos como ela precisava do nosso apoio em virtude da lesão que teve e da falta de treinos que tinha ultimamente. Seria uma boa surpresa para ela :)

Esperámos junto à estação de Santa Apolónia e enquanto ninguém conhecido passava, fomos batendo palmas aos atletas que passavam. Mais ninguém batia palmas! 


A primeira atleta da equipa a passar foi a Carla que ia num bom andamento, pouco depois fomos apanhados desprevenidos pelo João que também vinha a bom ritmo. Juntámo-nos a ele durante umas centenas de metros e depois voltámos a parar. Enquanto íamos com o João, vimos o Tiago a passar. Parabéns grande maratonista! :)

Eu a correr com o amigo João.

Depois do João, passou a amiga Sandra, saltei para a estrada só para a cumprimentar :)

Com a amiga Sandra.

Depois da amiga Sandra continuámos à espera da nossa Marta. Entretanto passou o Eberhard que já ia um pouco cansado, também lhe demos força. E pouco depois lá vinha uma amarelinha! É ela, é ela! Comecei a saltitar e a agitar os braços e depois corremos para ela. Percebi que não ia muito bem mas ficou mais animada quando nos viu e lhe dissemos que íamos com ela até ao fim.

A Marta já fez o seu relato aqui. Pode ter-lhe custado e notámos que não estava a ser fácil para ela, mas foi um prazer correr com ela estes últimos 9 km da prova e para nós foi óptimo fazer um treino levezinho de recuperação de Arga.

Quando nos juntámos à Marta
em Santa Apolónia.


Madrinha e afilhada.
Eheheh :)

Portou-se muito bem a minha afilhada, apesar das dificuldades persitiu até ao fim e terminou a sua terceira meia-maratona! Parabéns Marta!

E parabéns a todos os que concluíram a Maratona de Lisboa! Grandes atletas!

E nós fizemos um treino de recuperação de 10 km e sentimo-nos bem a correr.
É uma alegria correr e é uma alegria fazer parte desta maravilhosa equipa que se chama 4 ao km.

Boas corridas!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Grande Trail Serra d'Arga, beleza e dureza de mãos dadas

Quando há menos de 3 anos comecei a correr estava longe de imaginar que chegaria aqui. A uma ultra-maratona. Pelo caminho duas maratonas de estrada e uma em trilhos. Tenho 26 anos. Quero andar nisto por muitos anos, haja saúde para isso.

Desde que comecei a correr conheci muitas pessoas, pessoas fantásticas de todas as idades. 
Conheci o Vitor, na altura mal sabia o que o futuro nos reservava. 
Corri em estrada e em trilhos. Fiz provas de diversas distâncias, umas correram de forma espectacular, outras nem por isso. Mas todas foram especiais.
Tal como um dia descobri que adoro correr, um dia também descobri que existiam provas acima dos 42 km, as ultra-maratonas! Tudo o que seja acima da distância da maratona é uma ultra. 53 km é uma ultra-maratona. E o Grande Trail Serra d'Arga é das ultras mais famosas do nosso país. Que melhor prova para nos tornarmos ultras?

E assim, após mil e uma peripécias, mais do que aquelas que aqui relatámos, no dia 27 de Setembro iniciámos a nossa viagem rumo à Serra d'Arga. Da viagem apenas quero relatar um episódio deveras...interessante...à saída do Porto, pousada em cima duma placa estava...uma águia. Uma águia no Porto. Foi uma imagem bonita ;)

Chegámos a Vila Praia de Âncora ao inicio da tarde e pouco depois estávamos a caminho de Dem para fazermos o reconhecimento da zona. Lá chegados deparámo-nos com uma pacata terra no sopé da serra. Tivemos logo o feeling que iriamos "trepar" aquele "monte"...

Em Vila Praia de Âncora.
Ah amanhã, só para começar, vamos logo ter de subir aquilo....

Depois de nos termos familiarizado com Dem, seguimos para Caminha, local onde se levantavam os dorsais para a prova e onde iríamos assistir a uma palestra dada pelo Carlos Sá.
A entrega dos dorsais estava uma grande confusão, o que vale é que a fila que estava menos confusa ainda era a dos 53 km (não são assim tantos os malucos que se metam numa coisa destas....). E assim levantámos os dorsais 537 e 538 (com a sorte que eu tenho o dorsal com um 8 foi parar ao Vitor =P....) e o material que foi oferecido, camisola de manga curta de compressão e meias de compressão do Carlos Sá Nature Events. Depois fomos então assistir à palestra onde não faltou informação sobre nutrição pré, durante e pós-provas longas. O grande Carlos Sá falou-nos da prova, dos pontos de abastecimento e das subidas ou descidas a ter mais atenção. Ainda houve tempo para um filme sobre a aventura lusa em Badwater, o que só nos fez ter cada vez menos dúvidas que o Carlos Sá é um extraterrestre! É impressionante que depois de ter corrido 200 e tal km's no Vale da Morte na Califórnia e ter ficado em 3 ºlugar, no dia a seguir juntou-se ao vencedor da prova e escalaram o Mount Whtiney. Como se não bastasse no dia a seguir ou nos dias a seguir foram ao Grand Canyon e toca de descer aquilo tudo e depois voltar a subir... Extraterrestre, certo?
A prova da existência de vida extraterrestre ;)



A palestra foi muito interessante e aprendemos coisas muito úteis para futuras provas.
O nervoso miudinho começava-se a sentir.
Eu só pensava "amanhã vamos fazer 53 km, amanhã vamos fazer 53 km, amanhã vamos fazer 53 km."
Para me acalmar tinha esta bonita vista à saída da palestra.


Após uma grande e saborosa pratada de massa era tempo de descansar, no dia seguinte esperava-nos uma grande, enorme aventura. Bons sonhos.

5h45 toca o despertador. É hora de levantar, equipar e entrar em pânico.
7h estacionamos o carro em Dem, ainda está escuro.
Encontramos caras conhecidas, a Rute, o Artur e mais tarde o João Cravo.
Com a Rute somos 3 atletas dos 4 ao km presentes.
Enquanto esperamos pelas 8h vou ficando mais nervosa. E se não conseguirmos? E se chegarmos aos 33 km após as 6h30? Tanto treino para acabarmos com 33 km? 
Estou nervosa sim, mas também entusiasmada com a aventura que estou prestes a viver com o Vitor.

Em Dem, a menos de 1h da partida.
A escassos minutos da partida.
Foto tirada do FB da prova.

Há uma atmosfera de mistério e aventura no ar. O que nos reservam as próximas horas? Que aventuras iremos viver? Que dificuldades iremos ter? Que obstáculos teremos de ultrapassar? Mais importante que tudo, que alegrias e vitórias nos trará Arga?

E assim, em ambiente de festa, numa pequena aldeia chamada Dem, às 8 badaladas da manhã partimos para a nossa aventura.

Após uma primeira volta dentro da aldeia e com algumas pessoas às portas ou janelas das casas a aplaudir-nos começámos inevitavelmente a subir.


Nesta altura tão inicial ainda iam muitos atletas juntos, quer dos 53 km, quer dos que iam fazer a prova de 33 km. Começámos a subir, a subir, a subir, até cerca do km 5 foi sempre a subir. Tanta rocha e tanta pedra!
Como ainda íamos relativamente frescos a subida até se fez mais ou menos bem e conseguimos manter-nos quase até ao fim da subida junto da Célia Azenha. Esta grande atleta faz ultras como se fossem provas de 10 km.
À medida que íamos subindo, as vistas eram cada vez mais soberbas.


Foto tirada do FB da prova.

Foto tirada do FB da prova.
Como podem ver pelas fotografias, estávamos a subir acima das nuvens. A última foto é particularmente elucidativa do que foi esta primeira grande subida, subida esta que até foi a mais fácil de todas. Muita inclinação, muita pedra. Mas eis que chega o final da primeira subida.

O Vitor a chegar ao topo da primeira serra que tivemos que escalar.
Depois disto seguiram-se km's ora a descer ora planos, corria-se relativamente bem não fosse tanta pedra e tanta rocha. Mas íamos bem, felizes e satisfeitos com o tempo que íamos a fazer. Para já a margem era boa para a barreira dos 33 km.

Vejam-me bem estas paisagens.
Foto tirada do FB da prova.
Ó para eles tão animados :)
Foto tirada do FB da prova.

Já não sei precisar quando apareceu o primeiro abastecimento, ou foi ao km 7 ou ao 9. Sei que adoptámos a estratégia simples de não perder mais que 1 minuto em cada abastecimento. Dá cá um gomo de laranja, dá cá umas batatas fritas e siga que em frente é o caminho.
Os km's foram passando, os abastecimentos também e íamos a sentir-nos bem. Olhávamos para o relógio e víamos que tínhamos x tempo para chegar à barreira dos 33 km. Estava tudo controlado, não podíamos era facilitar. Agora, não tirar fotos em tão bonita serra? Desculpem mas não resistimos! Ao longo da prova foram mais de 100 fotos e a maioria até foi antes dos 33 km :)

Olha a selfie!
Ah queres galhofa? =P

Como podem ver, íamos bastante animados. Íamos a dar o nosso melhor mas também íamos a desfrutar e a viver bem a aventura. Para nós não faz sentido ir a estes sítios lindissimos, viver estas aventuras e não trazer estas belas recordações de tão bons momentos.


Até para atravessar rios tivemos que passar por cima de rochas....

Ia tudo muito bem, tudo muito animado, tudo muito lindo quando ouvi um atleta comentar com outro que um amigo seu lhe tinha enviado uma sms a dizer que tinha demorado meia hora para fazer o último km da subida que se seguia. Meia hora para 1 km!!! O pânico instalou-se.

Adoro esta foto! É das minhas preferidas!
Não é para me gabar, pois fui eu que a tirei ;)
Mas reparem na paisagem de montanha lá em baixo e o Vitor a caminhar
junto à ravina.
Eu acho esta foto brutal!


Nesta descida cruzámo-nos com um rapaz que vinha a subir...de mota! Gente, nem vos digo nem vos conto! Impressionante! E a maluca sou eu? De mota a subir com aquela rocha toda! E depois voltou para trás e desceu tudo! A mota saltava no ar durante a descida! Até ficámos todos parados a olhar estupefactos. Repito, e a maluca sou eu? ;)

Chegámos então ao último abastecimento antes dos 33 km. Estava tão stressada com a TAL subida!
Quando ela apareceu, só me apetecia dizer asneiras. Subimos um nadica de nada e eu já estava exausta. Ainda faltava para aí 95% da subida! Nestas alturas penso sempre que devia era ter ficado sossegadinha em casa, não tenho pedalada para estas coisas do trail, muito menos para provas com mais de 50 km! Isa, ganha juízo e deixa-te destas coisas! (claro que isto depressa me passa)
Mas esta subida para mim foi a pior da prova. Juntou-se a dureza da prova, dureza que se sentia no físico, à parte psicológica. O medo, o pânico de não conseguirmos chegar a tempo ao controlo dos 33 km. 

Posso adiantar-vos que aos 23 km tinhamos 2h20 para fazer 10 km. 1h10 para cada 5 km. Pensámos logo que daria à vontade. Pensámos mal!

A subida fazia-se a muito custo. Só nos apetecia parar várias vezes, mas olhávamos para o relógio e um alarme interno começava a soar "Não vai dar, não vai dar, não vai dar"!
Eu sentia-me esgotada, sei lá se era muro ou não, sei que estava muito cansada e a respiração não era fácil. Depois o Vitor perguntou-me se eu ia com dores de cabeça ou tonturas. Respondi que não, mas ele disse que ia a sentir algumas tonturas. Da altitude só podia! Não podíamos facilitar mas também não tínhamos grandes forças para subir. A passada era lenta, muito lenta, mas lá nos fomos arrastando por ali acima. 
A certa altura um atleta disse que já faltava menos de metade para o tormento terminar. Perguntei-lhe se conhecia o percurso e se sabia se depois disto era a descer. Eu estava mesmo preocupada com o tempo-limite dos 33 km. Respondeu-me que depois era plano e a descer e que era corrível. Viríamos a verificar que não era bem assim...

Esta subida era tão brutal que quando um atleta chegou ao seu topo, meteu-se em cima duma rocha e gritou cá para baixo em modo de grito de guerra "F....-se!!!!". Como o compreendi! Disse ao Vitor que quando chegássemos lá acima eu ia gritar todas as asneiras e mais algumas eheheheh :)
Lá continuámos por ali acima a passo de caracol e eu a pensar que era bom que depois disto o caminho fosse de facto "corrível" senão estávamos lixados!
Como que a gozar conosco, quando estávamos quase a chegar ao topo a subida inclinava mais. Raios para isto!!! Só mais um último esforço e...está quase...é só mais uns metros....ESTAMOS CÁ EM CIMA!!!
Que subida horrível! As coisas onde uma pessoa se mete só porque mete na cabeça que consegue! Mas é um facto, conseguimos :)

Chegados lá acima o stress era muito (90% eu, 10% do Vitor)  mas era inevitável parar no abastecimento de água. Depois lá seguimos tentando dar o nosso máximo para chegarmos ao controlo dos 33 km antes das 6h30 de tempo limite. Não seria fácil....
Tal como aquele atleta nos tinha dito o percurso agora era plano embora com alguma lama mas nesta altura o Vitor teve uma quebra de energia e começa-me a andar! Toma um gel para recuperar energia o mais rapidamente possível e lá recomeça a andar. Vou preocupada com ele, vou preocupada conosco, mas ele agora já vai bem. Foi só uma quebra de energia. Vamos tão stressados por causa do controlo que passamos perto de uma manada de vacas e nem lhes tiramos fotos...Nós que tiramos fotos a tudo....

E então iniciámos, finalmente, a descida. A descida era só pedras e rochas misturadas nalgumas zonas com lama...Muito corrível....Foi mais ou menos aqui que o meu stress começou a aumentar. Descíamos mas não víamos o fim à descida, ou melhor, até víamos mas nós estávamos bem cá em cima e os 33 km eram bem lá em baixo no vale...
Seguíamos por ali abaixo e o tempo a apertar. Pelo meio das pedras havia uma espécie de riacho, as pedras estavam escorregadias. Ia com muito cuidado com medo de dar um tralho. AI CA NERVOS! Ia muito nervosa, muito pessimista. A certa altura ia mesmo rabujenta. Não íamos conseguir, tanto treino para fazer só os 33 km. Não íamos conseguir. O Vitor ainda ia optimista e dizia-me que íamos conseguir, ainda dava tempo. Eu ia mesmo stressada e começaram a querer cair-me umas lágrimas. Não cheguei a chorar mas fiquei com os olhos húmidos. Sabia que quando chegasse aos 33 km ia chorar de uma maneira ou de outra. Ou de alegria por termos conseguido, ou de tristeza e frustração por não termos conseguido.
E de repente PUM!!! Caí. Felizmente foi só o susto e o rabiosque aparou a queda pois caí sentada :)
Mais nervos! Toca a levantar rapidamente temos uma missão a cumprir! Entretanto chegámos aos 33 km mas controlo e abastecimento nem vê-los! Comecei outra vez a reclamar que assim não íamos mesmo conseguir. Não me lembro de alguma vez ter estado tão nervosa numa prova. 
E então o Vitor grita "É JÁ ALI!"
Entrámos na aldeia, uma senhora da organização batia palmas e dizia que tínhamos conseguido. E depois acrescentou "E dentro do tempo-limite!". Mas eu ainda não estava convencida, vejam bem o meu stress! Onde estava o controlo? Como sabíamos que tínhamos mesmo conseguido e poderíamos continuar na ultra?
Ok Isa podes acalmar! O controlo está ali, apenas uns metros à frente. Conseguimos!!! Vamos poder continuar! 

Demorei algum tempo a acalmar. Não cheguei a chorar mas estive muito perto. Simplesmente não podia falar pois se falasse as lágrimas iriam jorrar. Aguentei-me e acalmei-me. 
Ah e claro que demos um beijo apaixonado :)
Ainda tínhamos chegado com alguma margem, chegámos com cerca de 6h15/6h20. Mas às 6h30 eles fecharam mesmo o controlo e todo o pessoal que ainda vinha atrás de nós já não conseguiu passar. Imaginem a frustração! Eu nem quero imaginar.

Já há algum tempo que vinha muito aflita para ir fazer um xixizinho. Aproveitámos o abastecimento dos 33 km para alongar, para eu aliviar a minha bexiga e para comer alguma coisa. Fruta, batatas fritas e donuts. Também tinham caldo verde mas achámos melhor não inventar.
Os abastecimentos eram bons, mas houve uma grande falha. Onde estava o tomate com sal? O meu grande amor? Onde estava ele? No próximo ano tenho que dar uma palavrinha ao Carlos Sá ;)

Tivemos para aí uns 10 ou 15 minutos neste abastecimento. Sobretudo a acalmar (mais eu que ele) e a mentalizar-nos para o que ainda aí vinha.
Acabámos por relaxar nesta segunda parte. Mesmo que acabássemos depois das 11h íamos fazer os 53 km e isso é que interessava. Para stress já tinha bastado a primeira parte da prova. 

Seguimos caminho rumo à meta da nossa primeira ultra.
Primeiro fomos a andar e depois retomámos o passo de corrida. Nem 5 minutos passados tivemos de parar para o Vitor tirar umas pedras dos ténis. Pacífico Vitor, estás na boa, agora já não há pressa :)
Seguimos o nosso caminho a correr até chegarmos a uma das zonas mais bonitas de toda a prova. Uma zona mais verde e com uma cascata lindíssima. Claro que parámos para tirar fotos. Claro que quisemos ir lá dentro refrescar as pernas :) Viver a aventura!




O Vitor foi mais aventureiro que eu e foi mesmo molhar as pernas até ao joelho. Eu fiquei-me ali sentada numa rocha a refrescar as pernas. A água era muito transparente, só apetecia ficar ali de molho e não seguir mais caminho mas lá arranjámos força para deixar aquele paraíso para trás. Como perdemos algum tempo aqui na cascata fomos apanhados pelos atletas vassoura que já vinham a acompanhar outros dois atletas. A partir daqui seguimos todos juntos na zona mais verde de toda a prova. Quase sempre junto a riachos, numa zona mais técnica mas que se fez relativamente bem.

Continuámos nesta zona bem mais verde mas a certa altura regressámos às rochas. Só podia!
E depois o último abastecimento antes da meta. O dos 43 km! Mais comidinha boa porque a seguir vinha uma subida brutal! Seguimos novamente caminho com os nossos vassoura. E foi muito bom, pois estes dois atletas eram bastante simpáticos e faladores. O Isaque e o Miranda deram-nos conselhos, contaram-nos histórias. Foi um espectáculo! O Isaque então tem uma história de vida impressionante e ficámos entretidos com a sua história e com a sua incrível evolução.

Já íamos na subida. Nesta altura eu já não tinha energia nenhuma. Ia a andar e não era depressa...
O Vitor dava-me força dizendo que depois íamos comer um grande jantar, mas eu respondia que só queria uma cama para me deitar.
Apesar de tudo posso garantir-vos que ia feliz e satisfeita. Sabia que ia terminar. Podia não conseguir correr, podia ir cheia de dores nas costas, nos gémeos, nas coxas e nos abdominais mas o caminho era em frente. Nunca nos passou pela cabeça desistir. 

Ia tão distraída que quase deixava passar estes meninos lindos:


Conseguem vê-los?
No meio das rochas estavam uns cavalos selvagens.

Continuávamos a subir. De vez em quando o Isaque ou o Miranda diziam "Bora lá Isa, bora lá Vitor, força Isa, força Vitor." Foram incansáveis! Eu ia MUITO cansada mas sorria e de vez em quando também dizia "Bora lá!" para me motivar a mim mas também para que eles percebessem que eu não estava morta, estava bastante viva! E assim continuámos a subir, chegando a uma zona onde o terreno já era menos acidentado. Depois já só faltava a subida ao T0. Muito falavam eles do T0, estávamos curiosos para conhecer esse famoso T0. Mas para lá chegarmos ainda tínhamos que praticamente escalar uma autêntica parede de rochas com os 4 apoios. Curiosamente até fizemos bem esta escalada pois era inclinada mas relativamente curta. E assim chegámos ao famoso T0.

Apresento-vos o T0 :)

Como podem ver o T0 é uma formação rochosa que permite um abrigo das intempéries ou apenas uma paragem para picnicar. Se não fossemos com os vassoura, nunca teríamos conhecido o T0, pois o T0 estava ligeiramente desviado do percurso e poucas pessoas devem saber que ele está ali. Tivemos sorte, o Miranda e o Isaque eram extremamente conhecedores da Serra d'Arga. Vantagens de ir em último lugar, um privilégio ter conhecido o T0 ;)

Depois de feito o pequeno desvio para conhecer o T0, foi a vez de apenas eu fazer um desvio para mais um xixinho. Desta vez tive mesmo de fazer em plena natureza. Lá encontrei umas rochas (coisa muito difícil de encontrar na Serra d'Arga....espero que percebam a ironia....) e lá fiz o que tinha a fazer num mini mini T0 eheheh :) Vinha tão aflita que se não fosse ali...não sei não...



Pois é caros leitores, depois de uma grande subida só podia vir...uma grande descida.
O Isaque e o Miranda já nos tinham dito que a última descida da prova era 5x pior que outra que tínhamos feito. Tinham toda a razão!

Uma descida de 3 ou 4 km cheia de pedras e rochas. Mas porquê? Porquê?
Ainda estávamos a começar a descer quando o Isaque telefona para pessoal da organização que está na meta, olha para o nosso ritmo e diz isto para o outro lado da linha: "Ainda vamos demorar para aí 1 h..."
Eu e o Vitor olhámos automaticamente um para o outro, as nossas expressões diziam tudo. Não precisámos de palavras, ambos pensámos "Uma hora a descer???????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!???????????"

Que remédio tivemos nós se não descer, os dedos dos pés a baterem contra a frente dos ténis, cada músculo do nosso corpo a queixar-se, de vez em quando um pé a escorregar e quase que se torcia um pé. 
O Isaque ia-nos dando força e disse que não queria ter de ligar o frontal. Desafiou-nos a chegar à meta sem ser necessário ele ligar o frontal. Não seria fácil, estava a ficar escuro e o caminho pedregoso não ajudava.

Estávamos tão fartos de descer! Até que finalmente acabou a zona de pedras e chegámos a um sítio onde, imagine-se, dava para correr :)
Com quase 53 km conseguimos arranjar umas forças extra para tentar chegar à meta antes de escurecer completamente. Já estávamos em Dem, já ouvíamos algumas pessoas a aplaudir. Apanhámos outros dois atletas e o Isaque propôs que acabássemos em grupo. A nós juntaram-se mais uns elementos da organização e eu só sorria. Podíamos ser os últimos, podíamos estar bem para lá do tempo limite das 11h mas naquele momento pensei "Não queria que fosse de outra maneira. Assim está perfeito."
Víamos o Carlos Sá e mais elementos da organização na meta à nossa espera. Eu sorria, olhava para os meus companheiros de chegada e sorria. Demos alguns gritos, podíamos ser os últimos mas fizemos a festa.
O Isaque nunca chegou a ter que ligar o seu frontal :). Mas assim que cruzámos a linha da meta era noite. Foi mesmo ao segundo!
Não sabemos ao certo quanto tempo demorámos pois à algum tempo que os nosso relógios tinham ficado sem bateria, mas pela hora de chegada devemos ter demorado por aí umas 11h45. 

O grande Carlos Sá entregou-nos os coletes de finishers e deu-nos os parabéns, nós também lhe demos os parabéns pela organização da prova. Um senhor muito simpático ajudou-me a tirar o chip. Depois de feitos os agradecimentos aos nossos companheiros vassoura eu e o Vitor seguimos até ao carro, eu desejosa de me deitar numa cama, ele desejoso de comer :)
Mas arranjámos um meio-termo, fomos jantar uma pizza enorme e depois fomos dormir :)

Foi uma grande aventura, a nossa maior até à data. Paisagens muito bonitas, um percurso bastante duro e uma boa organização são os ingredientes base para uma boa ultra. São os pormenores que tornam a coisa especial. A cascata, os cavalos selvagens, o T0, os ensinamentos e conselhos recebidos de quem anda nisto há mais tempo que nós. Obrigada Isaque e Miranda. Muito obrigada.

Obrigada a todos vocês pela vossa força e por terem acreditado em nós. Isso foi muito importante para nós, acreditem.

A companhia do Vitor foi imprescindível, poder partilhar 53 km com ele foi mágico.
Vitor, se não fosses tu a acreditar naqueles km's antes dos 33 não sei se eu teria conseguido chegar lá antes do tempo-limite. Mantiveste a cabeça fria quando foi necessário e deste-me palavras de apoio quando precisei.
Até me ajudaste a comer a última fatia de pizza :)
Obrigada por tudo!
Venham as próximas!!!

Somos ultra-maratonistas! 
Conseguimos ultrapassar todas as dificuldades e terminar 53 km na duríssima Serra d'Arga. Foi realmente muito duro mas no dia seguinte já pensávamos "também não foi assim tãooo duro..." e já fazíamos planos para as próximas ;)
O nosso limite ainda não são 53 km. O ser humano consegue ir bem longe se trabalhar para isso. 
E nós vamos trabalhar para continuarmos a superar-nos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

1 ano que me tornei maratonista



Hoje faz 1 ano que corri a minha primeira maratona Foi um dia inesquecível! O dia em que conseguimos correr uma maratona torna-se sempre especial, por isso seria impossível esquecer o dia 6 de Outubro de 2013.
Hoje já tenho 2 maratonas no currículo, uma ultra-maratona e uma maratona de trilhos/ultra-maratona não oficial. Venham mais! Muitas mais!

E não, não me esqueci do artigo sobre Arga, mas está complicado ter tempo para escrever tamanha aventura. Mas vou tentar que seja ainda esta semana. Obrigada pelas vossas felicitações :)