Porque os dois treinos que tive com aquelas dores estranhas não foram apenas marcados pelo lado negativo.
Foram ambos treinos muito agradáveis (pronto, tirando a parte dos sustos com as dores, mas até haver mais desenvolvimentos não irei mais falar nisso).
Já há algum tempo que vou correr para Monsanto e apesar de não reconhecer a maioria dos corredores por quem passo, já há algumas pessoas que reconheço e que também me reconhecem a mim.
Há por exemplo um senhor que costuma por lá andar ora a correr, ora a andar e já nos cumprimentamos mutuamente sempre que nos cruzamos.
Também há um casal de idosos muito simpático que costuma andar por lá a fazer caminhadas e que vejo em quase todos os meus treinos. Ao principio cruzávamos só os olhares, mas agora já os cumprimento sempre e a senhora retribui e ainda me lança um sorriso encorajador.
Acho optimo ver pessoas já com alguma idade a passearem e a fazerem algum exercício e, principalmente, a viverem a vida.
Infelizmente a minha avó anda de canadianas já há uns bons anos, mas a médica sempre a aconselhou a não parar e a dar umas voltinhas de vez em quando.
A preguiça fala sempre mais alto e é mais cómodo passar a maior parte do tempo sentada a ver televisão.
Apesar de tudo as coisas podiam ser piores. Ela costuma sair a seguir ao almoço para ir ao café, mas o café é já ali... E de vez em quando sai a meio da tarde, mas também não vai longe.
Eu e a minha mãe de vez em quando lá a convencemos a vir dar uma volta um pouco maior conosco, mas ela também se cansa mais facilmente.
Não estou a dizer que a minha avó andasse por aí aos pulos e a correr, até porque com o problema que ela tem isso não é possível. Mas às vezes parece que ela desistiu de aproveitar a vida e de ser feliz.
E isso deixa-me triste, porque como se costuma dizer "velhos são os trapos".
Na 3ª feira vi um senhor a correr em Monsanto. Um senhor já com uma idade bastante respeitável. Arrisco dizer que devia ter para cima de 70 anos. Ia muito devagarinho, mas ainda assim ia a correr e levava vestida uma t-shirt da Corrida do Tejo de 2010.
Assim é que é!
Gostei muito de ver!
E mais, noto que as pessoas mais velhas costumam quase sempre cumprimentar-me.
Os mais novos (eu incluída) têm sempre alguma tímidez.
Eu às vezes fico na dúvida se cumprimento determinado corredor com quem me cruzo. Às vezes não olham para mim e parece que vão muito concentrados. Nesses casos acabo por também ficar calada.
Posto isto, quero dizer que um dia, quando tiver a idade daquele senhor, também quero continuar a correr ou pelo menos a fazer caminhadas.
Não podemos optar pelo caminho mais fácil. O caminho mais fácil nunca tem piada. O que dá mais gozo é ultrapassar obstáculos, vencer barreiras e olhar para trás com um sorriso na cara e orgulhosos de nós próprios, de tudo o que conseguimos alcançar.