terça-feira, 31 de março de 2015

Menos de duas semanas para Paris....e o longo de 23 km

Parece que foi ontem que fiz a minha primeira maratona. Parece que foi ontem que me inscrevi para a minha quarta maratona. E agora faltam menos de duas semanas para correr a Maratona de Paris!!!
AI CA MEDO!!!! ;)

No passado sábado fomos fazer o último longo para Paris. O mínimo admitido eram 20 km, na melhor das hipóteses queríamos chegar aos 30 km.

O meu pé está curado e a gripe também. Mas por muito optimista que eu queira ser, sei perfeitamente que não treinámos o suficiente para fazer esta maratona de forma mais ou menos confortável. Treinar em trilhos não dá para estrada. Ajuda mas não chega. Corrida contínua é fundamental e todos sabemos que nos trilhos não há cá disso.
Quando no sábado começámos o treino mais tarde do que o inicialmente previsto e ainda por cima com o calor que estava....já se estava a ver que a coisa não ia correr espectacularmente bem, mesmo assim não foi tão mau como pensei.

Começámos em Algés e seguimos na direcção de Carcavelos. Com o decorrer do treino decidimos ir mesmo até ao fim do passeio de Carcavelos e quando lá chegássemos voltávamos para trás. Ora isso foi por volta do km 11,5, o que quer dizer que ida e volta dava 23 km, o que nos pareceu bastante aceitável para último treino longo para Paris. E contam-se pelos dedos de uma mão os treinos longos que fizemos para Paris, todos abaixo dos 26 km....Mas pode ser que esse seja o segredo...treinar pouco para poupar todas as forças para o grande dia...



Com o dia que estava, a praia estava cheia de pessoas a fazer surf, a passear ou simplesmente a apanhar sol. E aqui o casalito a correr um longo, é preciso força de vontade não hajam dúvidas! :)

Por volta do km 16 a coisa começou a custar e por volta do 18 tive que andar um bocado. Estava muito calor e já não estávamos habituados a correr com este calor, ainda por cima sem sombras. Entre os 18 e os 20,5 ora andávamos ora corríamos. E aos 20,5 o Vitor propôs que andássemos o resto do caminho. Ele até estava mais ou menos bem, mas vendo-me já bem cansada achou que não valia a pena forçar. E acho que fizemos bem. Fomos o resto do caminho a andar e assim acabámos com 23 km feitos.

Naturalmente que em Paris não estará este calor, por isso e apesar dos poucos treinos em estrada temos esperança de fazer a maratona sem grande sofrimento. 
Porque acabar sabemos que conseguimos!!! :)

E sinceramente já estou a precisar de férias, a maratona vai ser espectacular claro que vai! Mas estar de férias vai ser ainda melhor :)

quarta-feira, 25 de março de 2015

Meia-Maratona de Lisboa, sim, eu fui!

Choraminguei, choraminguei mas eu lá no fundo sabia que só se estivesse mesmo muito mal é que não ia. 
E na sexta eu estava mesmo mal, o que vale é que a prova foi no domingo :)
Não pensem que andei a choramingar por nada. Não, eu estava mesmo doente. Nem fui trabalhar e é raríssimo eu faltar, mas na sexta teve mesmo que ser.

Sábado estava ligeiramente melhor mas continuava fraca. Mesmo assim pensei que ia à prova mas fazia a mini. Sábado à noite parecia um bocadinho melhor e decidi que ia à prova fazer a mini.

Chegado o dia, um dia bonito com sol, acordo com pouca energia e com nariz entupido e respiração ainda afectada. Ia à Mini e já gozava.

Mas depois começou o poder curativo da corrida. Nunca ouviram falar? É uma cura bem melhor que os medicamentos que existem, uma cura inovadora e quase milagrosa e que durante umas horas como que nos cura. 

Chegamos ao pé dos amigos João e Mafalda já um pouco atrasados (culpa minha) e apanhamos o comboio da ponte já um pouco cheio. Apesar de tudo temos sorte e ainda conseguimos ir sentados.
Já na outra banda encontramos o colega de equipa João Cravo e posteriormente o Eberhard. Seguimos todos juntos na conversa. Muita gente a caminho duma das grandes provas do país. A bateria começa a carregar, começo a sentir-me com mais energia. 
O João também esteve adoentado e continua sem estar a 100%, comentamos que quando chegarmos à separação da Mini com a Meia é que avaliamos como nos sentimos e qual distância iremos fazer.

Começamos a encontrar amigos. Fernando Varela, Rui Soeiro, Sílvio, entre outros.
Ultrapassada a confusão inicial já estamos na zona da partida. Falta 1h mas precisamos de esvaziar as bexigas. Vou para a fila da casa-de-banho portátil...uma fila enorme....os rapazes rapidamente resolvem a coisa atrás dumas árvores. Eu fico ali na fila, de repente aparece o amigo Isaac. E carrega-me mais um bocadinho as baterias. Depois o amigo Pedro Burguette e mais bateria carregada.


A fila para a casa de banho....


A verdade é que antes da prova eu estava assim-assim mas sentir aquele ambiente e estar rodeada de amigos das corridas fez com que aos poucos eu fosse ficando mais alegre e mais optimista. Talvez desse para correr a meia...talvez...

Passados cerca de 45 minutos....sim...finalmente chegou a minha vez de ir à casa de banho fazer o meu xixizinho. Se eu tinha superado aquela prova de resistência com certeza havia de superar a outra que se seguia.

Vitor, eu, João Cravo e João Lima.
Faltam o Eberhard e a Carla da equipa.
Aqui com o amigo Isaac.
Vêem como sorrio? Era o poder curativo da corrida a fazer efeito.

Dirigimo-nos para a partida e às 10h30 estávamos a começar. Boa sorte a todos! E segui com o Vitor.
O ritmo imposto desde cedo foi lento. Só assim teria alguma hipótese de conseguir terminar a prova. Não interessavam tempos, interessava sim conseguir terminar, não ter dores no pé e fazer um treino longo para a maratona. 

Sei que muitos de vocês não gostam nada desta corrida e compreendo o porquê, mas também acho que muitas vezes as pessoas concentram-se nos pontos maus e não conseguem ver os pontos bons. E esta prova tem tantos pontos bons. 
Sim, prefiro a Meia de Almada, a das Lampas ou a da Moita. Claro que sim, mas esta tem os seus atractivos e tem uma festa que se estende a muitas mais pessoas.
No fundo é uma festa mesmo para quem não corre.
E passar a Ponte 25 de Abril é um dos ex-libris. A vista lá de cima sobre Lisboa é fantástica e com o sol que estava percebe-se porque os turistas falam sempre da luz de Lisboa. Que bela cidade a nossa!

Passada a ponte, começámos a descer para Alcântara. Vou-me a sentir tão bem que sei que vou seguir para a meia. Há malta a animar em Alcântara e isso só dá mais forças. Somos ultrapassados pelo Luís Estevão que se apresenta, desejamos uma boa prova uns aos outros e ele segue.

No primeiro abastecimento nota negativa para muitos atletas. Bebem água e depois mandam as garrafas para o chão, mesmo no meio da estrada. Outros mandam para o lado sem se preocupar em olhar ou se acertam em alguém. O Vitor ia sendo atingido por uma garrafa que uns atletas estrangeiros mandaram para o lado. Faz-me confusão estas atitudes e este é um dos pontos maus nestas provas com tanta gente.

Aqui há a separação para a mini e para a meia e seguimos rumo à meia :)
O Vitor pergunta-me se vou bem, digo que sim. Digo que sinto que aquele ritmo estável consigo respirar bem e conseguirei aguentar os 21 km.

Seguimos até Cais do Sodré onde estava o retorno. Cruzámo-nos com malta conhecida, entre os quais os atletas dos 4 ao km, a Carla que entretanto também tinha ido e que seguia a bom ritmo. O João Cravo que também ia bem e o João Lima que ficou tão contente como eu quando viu que eu tinha seguido para a meia. E eu igual quando vi que ele também tinha ido para a meia. E íamos bem que é o que interessa.

Cartazes na zona de Belém!
Espectaculares!
Só consegui tirar fotos a alguns.
Superar as dificuldades....check :)
Check :)
Check :)
Check :)))
Nunca parei de sonhar!
Nem nunca vou parar.
Voltámos para trás, voltámos a passar em Alcântara, passámos junto a Belém onde estava a meta e seguimos em frente rumo a Algés onde estava novo retorno. Mas até lá um episódio bem bonito.
Vinhamos nós a chegar a Algés e vamos a passar ao lado duma rapariga e de um senhor e de repente o senhor para e diz "Ana, faz um favor ao pai e não desistas!", ela fica um pouco perplexa e pergunta se ele vai parar, o pai responde que sim, mas para ela não desistir. E ela lá segue, agora sozinha. 
Meto conversa com ela, pergunto-lhe se é a estreia na distância, responde que sim. Dou-lhe força, digo-lhe que vai bem, que vai conseguir. E fico um pouco emocionada com este momento.

Acabamos por seguir ali sempre perto dela, pois ela vai mais ou menos ao mesmo ritmo que nós. Nos últimos km's deixei de a ver mas ela tinha seguido por isso penso que terminou a sua primeira meia, que emoção não deve ter sido!

Nós lá seguimos e de repente oiço pela segunda vez na prova, uma voz a meter-se conosco. Era o Isaac que vai a acompanhar outro atleta. Estes momentos de conversa sabem bem para distrair. Já me vai a custar um bocado e tenho vindo a aguentar-me a ver se não ando. Por esta altura já vamos no retorno e com uns 16 km. Sei que vou conseguir acabar, só não sei se consigo fazê-lo sem andar. Digo ao Vitor que se conseguir concluir a Meia sempre a correr faço uma festa!

Km 18, já custa. km 19, está quase, falta pouco. km 20 estou cansada, gostei muito mas quero parar. km 21, é já ali, aguenta Isa!!!

E terminámos a prova!!! CONSEGUI!
Sempre a correr concluímos a prova em 2h19m. 
Está óptimo!!!! Estava doente e há umas semanas atrás nem corria por causa do pé. E agora corri 21 km a um ritmo bastante estável e completei a prova sem dores e sem grande sofrimento.

Para isto contribuiu a enorme festa que é esta prova. Muita gente, algumas bandas a animar a prova e a companhia do meu Vitor. 

Um ponto mau é que depois de acabarmos a corrida, temos que ficar na fila para sair dali. É muito mau a pessoa vem a correr e de repente tem de ficar parado em pé. Têm que rever esta situação e alargar a zona de saída. 
Vimos também muita gente a ser assistida durante a prova. E isto é uma coisa que se nota essencialmente neste tipo de provas mais concorridas. Esteve algum calor e isso pode ter sido um factor, mas penso que se calhar algumas pessoas inscrevem-se nestas corridas por serem tão divulgadas e se calhar não estavam suficientemente preparadas ou então até estavam mas não beberam água suficiente ou não comeram nada durante a prova. Não sei, o que sei  é que de facto vimos algumas pessoas a serem assistidas e não é algo bonito de se ver.

Quanto a nós e à nossa corrida, foi bem melhor do que esperava. Soube gerir bem a coisa, se me tivesse entusiasmado de inicio provavelmente não teria conseguido terminar. 
Foi a minha 13ª meia-maratona. Quem diria que a minha meia nº 13 estaria rodeada de tantas dificuldades pré-prova mas que acabaria por correr bem melhor do que outras que já fiz?!?

Orgulhosos das nossas medalhas.

E assim se passou mais uma agradável manhã de domingo.
Faltam menos de 3 semanas para a Maratona de Paris!
Estou mais confiante, mas é preciso esclarecer que nunca deixei de acreditar que consigo correr a minha 4ª maratona, apenas penso que não será da forma que eu imaginei devido às várias circunstâncias que têm vindo a ocorrer. Mas não é por isso que deixo de achar que vamos todos ser muito felizes a correr em Paris! :)

Boa semana a todos!

sexta-feira, 20 de março de 2015

Deixem-me choramingar um bocadinho....

Isto não está fácil.
Vou alinhar à partida da Maratona de Paris daqui a 3 semanas e até agora longos em estrada nem vê-los....Nunca me preparei tão mal para uma maratona.
O pé está melhor mas como tive algum tempo sem correr perdi a forma em que estava.

Domingo fomos correr meros 8 km e no final já ia com pouca energia. O pé está bem melhor, apenas uma ligeira impressão de inicio mas as forças perdi-as todas. Na terça fomos correr mais 8 km, queria ir aos 10 mas não aguentei....E quero eu fazer 42....

E agora para ajudar à festa estou doente. Com febre, dores de garganta e nariz entupido. O pacote completo portanto...
E no domingo estou inscrita para a meia da ponte, mas se estiver assim não consigo ir.
Resumindo a coisa....Na melhor da hipóteses consigo fazer ainda dois longos, a Meia e outro no fim-de-semana seguinte. Na pior das hipóteses vou para Paris com um treino longo feito...As previsões não são muito favoráveis...

Já percebi que a Maratona de Paris não vai ser bem o sonho que imaginámos mas havemos de dar a volta à coisa e nem que seja em 6 ou 7h havemos de terminar aquilo!

Para acabarmos este artigo de forma mais alegre fiquem com umas fotos do treino mega longo de 8 km....que fizemos no  passado domingo.
Fomos estrear a ciclovia entre Algés e a Cruz Quebrada.

Que chatice...enganei-me....não era esta foto... ;)
Isto deve ser da febre...enganei-me outra vez na foto que era para pôr...
Ah agora sim! =P
A estrear as minhas meias novas!
Selfie pré-treino


Um belo dia de sol, ideal para correr junto ao rio/mar.
Selfie pós treino =)

Agora façam para aí umas macumbas para ver se fico boa e consigo ir à meia, nem que seja para terminar em último!

sexta-feira, 13 de março de 2015

Meias de compressão novas vs velhas

Há quase 2 anos atrás comprei as minhas primeiras meias de compressão. Depois de me falarem maravilhas acerca das mesmas nas longas distâncias acabei por me deixar convencer.
As cores à escolha eram várias, acabei por optar pelas laranjas.

No inicio elas eram como as da seguinte foto....



Depois correram muito ao sol, à chuva, em estrada, em trilhos, passaram por água e muita lama. Correram maratonas e ultra-maratonas e ficaram assim...



Chegaram a um ponto em que a sujidade já é crónica. Como ainda estão boas continuarei a usá-las mas só em trilhos. E assim comprei umas novas para usar apenas e só em estrada. 

Descubram as diferenças... ;)
Agora é preciso dizer que o raio das meias são mesmo boas! Já passaram por muito por esses trilhos de Portugal. Roçaram em arbustos, em picos, arrastaram-se pela lama, voltaram a arrastar-se por lama, afogaram-se em lama. Acumularam centenas e centenas de km's, possivelmente milhares e continuam inteirinhas! Tirando a cor...

Falando agora de outras coisas. Ontem tive uma notícia que me deixou triste. A "minha" prova, a minha meia-maratona do coração, a Meia-Maratona de Almada não se vai realizar :(
Coração despedaçado! Era a minha prova! Era a "The special one", aquela em que eu seria totalista por longos anos fora. Triste com isto. Não se parte assim o coração a uma atleta.

A boa notícia é que tenho andado a correr :)
O pé não está melhor mas também não está pior. Na segunda fui correr 1 km! YUPI!....Na quarta corri 3,5 km com o Vitor! YEAH!... E ontem corri 5 km com o meu Vitor e o amigo João. O melhor de tudo é que o treino mais "longo"... foi o que correu melhor, talvez porque corri em relva e sendo o piso mais fofinho praticamente não sentia dores.
Portanto se eu fizer um pedido especial para a Maratona de Paris para colocarem um tapete de relva nos 42 km do percurso não deve haver problema... ;)
Mas pronto, amanhã vamos levar uma coça no Urbano, por isso estou com esperança que ele dê um jeitinho nisto e que no domingo eu consiga bater o meu recorde de 5 km...

Feliz sexta-feira 13! :)

terça-feira, 10 de março de 2015

Ultra Trail de Conímbriga Terras de Sicó, a nossa maior ultra até à data

Estávamos inscritos para esta ultra desde inicio de Dezembro. 
Na altura estávamos em preparação para os Abutres e chegámos a pensar que as duas provas podiam estar um pouco próximas de mais, mas com a aventura Abutres a acabar aos 24 km, as dúvidas desvaneceram-se. A única dúvida seria a distância em si. 65 km são muitos km's! E o máximo que tínhamos feito tinham sido os 53 km de Arga e antes disso os 44 de São Mamede. 

Uns dias antes da prova começam as desgraças. Optei por não vir para aqui choramingar por isto e por aquilo para evitar que começassem a pensar que eu estava só a arranjar desculpas. 
Agora já completámos a prova e posso-me queixar à vontade :)

Tinhamos andado a pensar durante todo o tempo que esta prova não tinha tempos-limite, pois no regulamento só apareciam para os 111 km. Estávamos descansados portanto, íamos descontraídos sem a pressão dos tempos. ERRADO. O amigo João descobriu no Facebook da prova e entretanto no site da prova (mas não no regulamento!) que esta prova tinha os seguintes tempos limite:

  • 25 km -5h
  • 45 km - 9h
  • 53km - 10h30
  • 65 km - 12h 
DETESTO tempos-limites! Principalmente a meio da prova, é um grande stress. Mas como já puderam ler no artigo anterior nós CONSEGUIMOS terminar a prova embora após as 12h. 
Quando olhámos para estes limites, o que mais nos assustou foi o primeiro, o dos 25 km. Pareceu-nos um pouco apertado, tendo em conta que, pelo gráfico, esta parecia ser a pior parte da prova, com mais subidas. O ideal seria chegar a este controlo com margem para irmos ganhando margem progressivamente para os controlos seguintes, mas lá iremos ao relato.

Depois, na quarta-feira (na semana da prova!) apareceu-me uma dorzita junto ao tornozelo. Nada de extraordinário, dava para correr, embora sempre com aquela dorzita ali a chatear...Agora...quando fosse para correr 65 km...não sabia o que iria acontecer.

Apesar destas limitações, não foram cá tempos-limites, não foi cá dor no pé (já vos conto como o meu pé estava depois da prova...) que nos tenha impedido de completar mais uma ULTRA! E graças a uns extras acabaram por ser 67 km!!!! Minha nossa! Quase 70 km!!!

Já estão fartos de ler? Oh amigos, isto ainda vai na introdução... ;)

Apesar de tudo isto, sentia-me confiante para esta prova. Mas não deixava de ter algum receio. Não propriamente pela distância mas pelos tempos-limites intermédios. Não nos estava muito a apetecer voltar a ficar pelo caminho como aconteceu nos Abutres....

Bem...chegou sábado e partimos de manhã para Condeixa. Levantámos os nossos dorsais, o 1080 e o 1081. Tinha um 8 no dorsal, estava safa! (gozem gozem com a minha mania, mas a verdade é que resultou...). Ainda vimos o 2º classificado dos 111 km a chegar. 111 km, e a louca sou eu? (um dia serei...)

Seguimos então para Coimbra onde seria o nosso "acampamento-base", almoçámos bem, passeámos um pouco à chuva, vimos a 2ª parte dos 6-0 do Benfica =), curiosidade das curiosidades o Benfica fazia 111 anos no dia em que se estavam a desenrolar os 111 km de Sicó. Só não vê quem não quer ;)
O João ia-nos enviando sms com o progresso do Filipe Torres e fomos vibrando com cada passagem de controlo, o resto já sabem, o Filipe completou os 111 km (na realidade foram 116 km!!!) muito bem classificado. Parabéns Filipe!

Jantámos massa, preparámos as coisas para o dia seguinte e falámos com o S.Pedro para ele ser um pouco mais simpático com os atletas dos 65 km, visto que tinha brindado os atletas dos 111 km com chuva praticamente o dia todo.

BIP, BIP, BIP, BIP.
Demasiado cedo a um domingo estávamos a acordar para ir correr 65 km. Meto-me em cada uma! Metemo-nos! E geralmente sou eu que tenho as ideias de nos meter nestas coisas...mas depois o Vitor acaba por ter mais resistência que eu.

Tomamos o pequeno-almoço e aí vamos nós para Condeixa-a-Nova.
AI CA MEDO!!!
Pelo menos não está a chover, embora não haja sol e o tempo esteja encoberto.
Encontramos malta conhecida e conversamos um pouco.
Aqui com o Magro e a Anabela. O amigo Magro faz anos! Que maneira doida e fantástica de se comemorar o aniversário :)


Nós.

Com o amigo Magro e Anabela.

Encontramos o amigo Pedro Burguette da equipa "irmã" Açoreana Banif, que já sabíamos vir a esta prova na sua preparação para os 100 km de São Mamede. Diz-nos que gostava de ter companhia pois o colega de equipa é doutra liga (e havia de chegar à meta com 7 h e tal....), dizemos-lhe que somos demasiado lentos para ele pois ambos sabemos que o Pedro corre bem mais depressa que nós, mas ele responde que prefere fazer uma prova bem acompanhado do que ir sozinho.
E assim, estava formado o trio que iria conquistar Sicó! :)
(NOTA: Há uma foto de nós os 3 mas ainda não a temos em nossa posse)
Actualizado!

Os 3 companheiros desta grande aventura!
Pedro, Isa e Vitor

O tempo passou demasiado depressa e rapidamente estava a ser dada a partida.
AI CA MEDO!!!!

Km's iniciais dentro de Condeixa para rapidamente entrarmos em Conímbriga, onde o amigo Joaquim Adelino estava a tirar fotos. Saímos de Conímbriga em direcção ao meio do mato. Agora é que é a sério! E de repente, o Pedro está a verter água. Calma! Não é nada disso!!! =P O recipiente de água dele rompeu-se e assim se foram 2 L de água. Acabou por deixar a bolsa de água rota com uns bombeiros que simpaticamente disponibilizaram-lhe logo uma garrafa de água.
Desde já uma palavra para a organização desta prova: IMPECÁVEL!!! Das melhores de sempre. Bombeiros, voluntários, muita gente e muito boa gente. ADOREI!


A correr junto às ruínas de Conímbriga.


Pouco depois deste precalço chegávamos a uma fila de trânsito. Parados no pára-arranca no meio da serra de Sicó. E depois percebemos porquê. Uma descida muito íngreme em escadaria natural com muita lama. Era necessário muito cuidado para não escorregar. O Pedro tinha bastões mas ainda estava a testá-los e de facto percebemos que ele nestas descidas técnicas tem tanto ou mais cuidado que nós. Esta zona se bem me lembro chamava-se Trilho da Cascata e foi das mais bonitas de toda a prova. Começámos bem :)

É uma pena que a foto não mostre melhor a beleza única deste lugar.
Mas imaginem uma zona verde e uma água super transparente.

Neste km demorámos mais de 20 minutos tal o trânsito e a tecnicidade mas mais à frente havíamos de recuperar. Sempre que dava para correr lá metíamos o serratrote ;)


Aqui ia a dançar :)
A sério!



E assim chegámos ao 1º abastecimento, por volta do km 10.
Os meus olhos rapidamente se focaram em algo vermelhinho. SIM, ERA ELE!!!!!!
TOMATE COM SAL!!!!!! THE SPECIAL ONE!!!! =)
Depois, lá olhei mais para o resto da mesa/banquete e começaria aqui um belo enamoramento pelo queijo. Nunca comi tanto queijo na minha vida como nestas 13h. TÃO BOM!!!!

Seguimos na converseta os três, a companhia do Pedro estava a ser muito boa. Foi bom, para variar, irmos com outra pessoa a viver esta aventura.



Nestes km's iniciais eu já ia com a tal dor junto ao tornozelo e ia um pouco apreensiva a pensar nos km's que ainda faltavam...Optei por não comentar nada com o Vitor até ao controlo dos 25 km, primeiro tinhamos que conseguir lá chegar.
Siga para o controlo dos 25 km!
Mas antes ainda tinhamos duas senhoras subidas!

Uma das subidas era das mais inclinadas que já apanhámos, possivelmente a mais inclinada. Não estou a exagerar quando digo que aquilo era quase vertical! O Pedro ia umas centenas de metros à nossa frente nesta fase e quando chegámos a esta subida rimo-nos tanto! O Pedro estava de gatas a meio da subida e não conseguia sair dali. E porquê? Porque a subida para além de ser quase vertical estava cheia de lama! Ainda começámos a tentar subir aquilo mas o Vitor rapidamente inventou um atalho pelas ervas.

"Oh Burguette! Sai daí, vai pelas ervas!" gritámos nós.
"Isso queria eu! Mas se me mexo escorrego por aqui abaixo!" respondeu ele.

A tal subida onde o Burguette ficou de gatas eheheh :)

Lá está ele :)

Olhem, sempre que me lembro desta cena desmancho-me a rir. Epá, só visto!
Entretanto, apareceram uns voluntários de bicicleta que nos aconselharam a fazer o que pelos vistos a maioria dos atletas tinha feito, seguir por um trilhozinho que ia dar mais ao lado mas que não era tão inclinado nem tão escorregadio. Eventualmente o Burguette lá conseguiu sair dali eheheheh e lá atingimos o topo daquele monte. UFA!!!

Pensei para mim "Isto é corrível uma ova!!!"

Depois disto havia uma ligeira descida e nova subida mas muito mais fácil que a anterior. A partir daqui o Pedro ganhou-nos algum avanço e pensámos que ele tinha seguido à sua vida mas acabaríamos por apanhá-lo mais à frente.

Eu? Cansada de subir? Ora essa!!!
Vejam-me bem esta paisagem!





Entretanto seguíamos os dois juntos em mais uma subida. As vistas eram espectaculares! Mas eu ia só a olhar para o relógio a controlar o tempo e ao mesmo tempo a pensar que não tinha sido feita para estas coisas. Oh mulher, deixa-te disso!!! Que já fizeste 2 ultras!

Entretanto depois desta subida, continuámos a subir mas já não era tão inclinado a até íamos a subir a um bom ritmo. Tinhamos deixado vários atletas para trás, estávamos longe de ser os últimos...
E assim chegámos à última grande subida antes do primeiro controlo. Mais uma longa subida até às antenas. E mais uma vez tivemos que inventar caminho pelo meio das ervas senão escorregávamos por ali abaixo. E é assim que se vão acrescentando metros aos km's finais....


Bora lá subir isto!
"Corrível...." pensei eu... :)

Ufa!
Deixem-me só descansar aqui um bocado.

Nesta subida apanhámos de novo o Pedro e depois era plano e estávamos a chegar aos 25 km!
ÍAMOS CONSEGUIR! Não só íamos conseguir como íamos fazê-lo com alguma margem. Mas chegados ao km 25 abastecimento nem vê-lo....Mas ainda tinhamos uma boa margem. Íamos com menos de 4h30, tranquilo.

O abastecimento/controlo lá apareceu por volta do km 27 e mesmo assim chegámos lá com uns 20 minutos de margem.

UFA!!!! QUE ALÍVIO!!!

Deixa cá acalmar-me com vários bocadinhos de queijo e mais tomate com sal ;)

Enviámos sms ao João, pois ele tinha-nos pedido uma sms em cada controlo que conseguíssemos passar. E pouco depois recebíamos uma sms eufórica da parte dele e a dar-nos força.
Obrigada por toda a tua força ao longo da prova João!

Depois deste primeiro controlo passado, descontraímos um pouco. Seguimos os três e corremos muito. A seguir ao primeiro controlo estava a zona mais corrível de toda a prova. Corremos vários km's sem parar. E o pé a dar sinal...Mas nada impeditivo de correr por isso continuei.
Autênticas autoestradas de terra batida ou erva. Muito bom! Começámos a recuperar tempo.


A melhor "auto-estrada" que já encontrámos em trilhos.

Corremos tanto que já estávamos a ficar fartos de correr e eu já vinha a desejar uma subida! Passámos por uma zona lindissima com muitas rochas e avistámos alguém a fazer escalada. O nosso primeiro pensamento foi "Não....não me digas que....". Mas não. Não fazia parte da prova. Eram mesmo outras pessoas que estavam por ali a fazer escalada. Por esta altura juntou-se a nós outra atleta com quem seguimos na conversa.

Zonas verdes lindíssimas!
Autênticos túneis no meio das árvores.
Lá está a malta a escalar a rocha.

E mais à frente iríamos chegar ao abastecimento ao km 37 "No Limits", ou pelo menos era o que dizia no edifício onde se localizava este abastecimento ;)
Os abastecimentos nesta prova eram simplesmente espectaculares. Para quem não gosta de trilhos, se as paisagens não vos convencerem (como seria tal coisa possível?), se o desafio não vos convencer, com certeza que as coisinhas boas que costumamos comer nestas provas vos irão convencer =P
Ora aqui tínhamos:

  • bananas
  • laranjas
  • batatas-fritas
  • tomate (por favor nem devia ter que dizer mais nada!)
  • sal
  • pão
  • mel (também adorei o mel nesta prova)
  • biscoitos
  • queijo (comi tanto nas 13h que não sei como é que não me caiu mal)
  • canja 
  • café
Sinceramente, o que é que podíamos pedir mais?
Talvez leitão no abastecimento seguinte...

Neste abastecimento, como escrevi, havia canja. A canja nem é a minha sopa favorita mas o Vitor adora e o Burguette também comeu. Lá provei um bocadinho da do Vitor e também me soube bem. Não estava frio mas sopa quentinha sabe sempre bem. O Vitor ainda aproveitou para beber um cafézinho. Mais um bocadinho e quase que estávamos na esplanada....

O amigo Burguette a comer canja.
O Vitor a comer canja.
E a Isa come tomate com sal ;)


A seguir e esta abastecimento havia uma subida até a uma capela. Era a subida até à Sra. da Estrela e até se fez bem. Depois havia nova zona para corrermos. Festejámos o km 40 e corremos rumo ao segundo controlo mas íamos com muito boa folga. Estávamos a ganhar uma boa margem nesta fase da prova mas também foi mais ou menos por esta altura que comecei a sentir-me mais cansada. 40 e poucos km's já é muita fruta. E depois o pé....Sentia o pé a piorar de km para km. Já coxeava ligeiramente a correr...E ainda faltavam mais de 20 km. Só tinha um foco: passar todos os controlos e completar a prova.

A chegar à Sra. da Estrela na companhia da tal atleta.
Uns degraus para dar mais piada à coisa...
E agora um pouco de auto-estrada de alcatrão.
Também soube bem :)

Completámos 45 km mas ainda não se avistava o abastecimento,embora já se avistasse Tapéus. Vinha aflitinha já há algum tempo e tinhamos quase 1h de margem para chegar a este 2º controlo por isso parei junto a uns arbustos e aliviei-me :) 
Passado cerca de 1 km chegámos então ao abastecimento que segundo os nossos GPS estava ao km 46. Aqui ficámos a saber que o colega de equipa do Burguette já tinha terminado a prova com cerca de 7h50, tendo ficado nos primeiros 30! 

Num abastecimento que, mais uma vez, estava bem recheado, alguém perguntou "Querem sandes de leitão?" UI!!! O Pedro agarrou-se à sandes e adorou! Aquilo soube-lhe mesmo bem pois vinha a falar disso. Eu e o Vitor aproveitámos para encher as nossas mochilas que já vinham sem água.
E assim, depois de mais um abastecimento seguimos rumo ao último controlo que estava ao km 53. Apesar de estarmos com quase 1h de margem não podíamos facilitar pois a seguir vinha uma zona com muitos km' sempre a subir.

Lá começámos a subir, a vista era deslumbrante mas ninguém lhe apeteceu tirar fotos, íamos concentrados na prova. Aliás, tendo em conta a distância da prova nem tirámos assim tantas fotos pois íamos concentrados na mesma e distraídos na conversa. 

Assim que apanhámos ligeira descida lá fomos nós todos contentes sempre em frente até encontrarmos nova subida. Depois de chegarmos ao cimo desta subida um dos rapazes disse "Onde estão as fitas?". Olhámos para um lado, olhámos para o outro e fitas nem vê-las. 
Acho que todos pensámos "Acabámos de subir esta porra toda e afinal se calhar não era preciso!!!".
O Vitor voltou para trás para tentar descobrir onde nos tinhamos enganado. O Pedro aproveitou para vestir o corta-vento e eu comecei também a descer. O Vitor nunca mais voltava. Gritei por ele. Nada. Será que nos tínhamos enganado assim tanto? Toca o meu telemóvel, era o Vitor, tinha encontrado um cruzamento com fitas. Lá voltámos para trás.
O Vitor fica sempre chateado quando nos enganamos. São km's desnecessários (e neste caso foram a subir!...) e ainda por cima tínhamos a pressão do tempo por causa do controlo que ainda nos faltava.
Este engano valeu-nos talvez 1 km a mais, o que em trilhos e ainda por cima a subir ainda significa uns bons minutos a mais, mas eu mantive-me calma. Estava optimista que íamos conseguir. 

Bem, mas depois de encontrado o cruzamento do engano surgiu uma dúvida. De onde tínhamos vindo? Qual a direcção correcta? Tínhamos quase a certeza que tínhamos vindo dali...mas e se fosse do outro lado?  Lá seguimos pelo caminho que achávamos o correcto mas os rapazes mantiveram-se sempre na dúvida. "Não passámos por aquele tronco à bocado, pois não?", "Não passámos neste trilho à pouco, pois não?" NÃO SENHORES!!!! Estamos no caminho certo! E para o comprovar surgiu um atleta atrás de nós que nos confirmou irmos na direcção certa e que nos disse que o último atleta vinha aí atrás com os vassouras. Ora bolas, quase 50 km sem sermos os últimos, vinham tantos atletas atrás de nós e agora éramos os últimos? Ao que parece ainda houve algumas desistências e também alguns atletas barrados nos controlos. Pode-se dizer que tivemos muita sorte! 

Lá fomos alcançados pelo último atleta e a partir daqui iríamos seguir todos juntos até à meta. Um grupo de 6 muito animado :) 

Já começava a ficar escuro mas queríamos chegar ao último controlo para só aí colocar os frontais. O tempo a passar e nunca mais lá chegávamos. E o meu pé....o meu pé esquerdo doía de lado junto ao tornozelo e já tinha alastrado para a planta do pé. Cada vez que tocava com o pé no chão doía-me. Não era uma dor horrível, se não teria sido impossível continuar. Mas estava a doer-me consideravelmente. Tinha que tentar abstrair-me da dor e continuar. Foco Isa. Foco. Vais terminar isto! Esquece a dor!

Com o tempo a passar, a margem que tínhamos foi-se desvanecendo e comecei a ver a coisa mais preta. Até que a certa altura os vassouras disseram que faltava menos de 1 km para o controlo. Foi dar corda aos sapatos. Só acreditava que íamos concluir os 65 km quando visse o abastecimento.

E então ei-lo!!!! GLORIOSO MOMENTO!

Com cerca de 15/20 minutos de margem! CONSEGUIMOS! VAMOS CONSEGUIR!

Aqui havia caldo verde que aceitei de bom grado e que me soube mesmo muito bem. Havia também gente muito simpática neste abastecimento. 
Se pudesse hoje daria um beijinho a cada uma destes voluntários. Uma simpatia todos eles!
Havia também um cão muito simpático e todo molhado porque entretanto começara a cair alguma chuva.

Aqui o outro atleta que vinha conosco disse que achava que ia ficar por ali, ia desistir. Dissemos-lhe para não desistir, já tinha chegado ali, agora era "só" terminar, vinha conosco, íamos todos juntos até à meta. Mas ele disse que estava muito mal disposto, nem conseguia comer nada. Demos-lhe força para continuar mas quando decidimos seguir caminho, ele lá continuava sentado. 

Depois de colocados os frontais seguimos caminho já de noite. 
E passado um bocado fomos agradavelmente surpreendidos por 3 luzinhas que vinham atrás de nós. O outro senhor ia continuar! Juntou-se a nós e seguimos os 6 todos juntos. Depois de beber uns copos de água e de se ter sentado a descansar diz que se sentiu melhor e que decidiu continuar. A partir daqui decidimos mesmo até por segurança seguirmos todos juntos.

É interessante passarmos nos locais à noite. Só vimos aquilo que está mesmo à nossa frente. Podiam haver montes à volta, árvores e arbustos, escarpas pontiagudas, autênticas ribanceiras que nós não sabíamos. Mas na minha cabeça imaginei uma zona com pouco arvoredo e com montes à volta. Para saber temos que lá voltar no próximo ano e acabar de dia....

Íamos na converseta todos. O Vitor ia à frente com um dos "vassouras". Ele vai dizer que não, mas o que eu sei é que eu e o Burguette vinhamos cá atrás com os outros dois e ele ia todo acelerado lá à frente, íamos com perto de 60 km nas pernas. E depois ainda se vira para uma pessoa em plena prova (todo resmungão) e balbucia qualquer coisa sobre os 100 km de São Mamede. Oh minha nossa senhora! Nem eu quero saber dos 100 km de São Mamede para nada neste momento. Vai pra aqui uma pessoa toda partida e a mancar e vêm falar destas coisas. Claro que os 100 km de São Mamede não são para fazer...este ano... ;) Mas em 2016 a gente já fala ;)

Até aqui o Burguette vinha a sonhar com os janquinzinhos com arroz de tomate que ia comer ao jantar. Falei-lhe disso nesta altura e ele respondeu-me que já tinha passado essa fase...agora já estava noutra dimensão eheheh. 60 km é muita fruta e mexe muito com a nossa cabeça. No meu caso mexeu mais com o meu pé....

Seguíamos por uns trilhos algo técnicos e que se tornavam piores por ser de noite. Já fazia algum frio e chuviscava. Mas nada a ver com os Abutres! Mesmo assim ainda havia alguma lama e o vassoura da frente ia sempre a avisar-nos para termos muito cuidado, mesmo assim houve alguém que foi com o rabo ao chão. Esse alguém depois que se acuse... =P

Estava já esgotada, só queria chegar à meta, o meu pé já latejava. Nem sei como aguentei tanto km assim. Ainda por cima percebemos que íamos fazer mais que os 65 km e que íamos chegar após as 12h de tempo-limite final. Mas já não fazia mal, tinhamos conseguido passar todos os controlos intermédios, ESTA JÁ CÁ CANTAVA!

Mas cada passo já custava. Quando? Mas quando chegaríamos à estrada? Sabíamos pelos atletas vassoura que quando chegássemos à estrada já não faltaria muito, entrávamos em Condeixa-a-Velha e depois em Condeixa-a-Nova onde estava instalada a meta. Mas quando senhores???  Ouvíamos o barulho de carros mas nunca mais chegávamos à estrada. Ah como eu queria o asfalto! Piso lisinho para rolar um pouco à velocidade de tartaruga que o pé não dava para mais.
E enfim ei-la! A ESTRADA!!! YEAH!!!!

Aqui tivemos duas surpresas. A primeira é que havia um carro dos bombeiros à nossa espera para nos fazer escolta. Espectáculo! Assim sim! Uma pessoa sabe que alguma coisa que precise estão logo ali bombeiros prontos a ajudar. 5*!
A segunda surpresa foi ainda melhor. Um abastecimento surpresa!
GANDA FESTA! MAIS QUEIJINHO!!! EHEHEH :)
Mais uma vez pessoal super simpático. Eu, o Vitor e o Narciso, o outro atleta que vinha agora conosco, tivemos que chamar pelo Burguette porque senão ele ficava ali a noite toda na conversa eheheh :)
Para terminar ainda metemos por mais uns trilhozitos. Aqui havia concorrência, umas rãs a saltarem à nossa frente. Foi muito engraçado, nós a iluminarmos o chão e víamos as rãs a saltarem para fora do trilho.

Nesta altura nós os 3 já tinhamos batido os 65 km. Entrámos em Condeixa-a-Velha. O Pedro ainda lançou o desafio de chegarmos antes das 13h. LOUCO! Eu já me ia a arrastar mas lá me esforçei para acompanhar a malta. Entrámos em Condeixa-a-Nova. Um dos vassouras disse-nos tintin por tintim o que ainda nos faltava percorrer até à meta. Em 67 km, umas centenas de metros não é nada...mas na altura ainda me pareceu IMENSO!

E então avistámos uma série de pórticos uns a seguir aos outros. ÓBVIO, que a meta era no último pórtico. Demos os quatro as mãos. Eu, Vitor, Pedro Burguette e o Narciso. Gritámos e assobiámos nos apitos enquanto cortávamos a meta. GRANDE FESTA que 3 homens e uma senhora fizeram!
TINHAMOS CONSEGUIDO! 13h depois cortávamos a meta do Ultra Trail de Conímbriga Terras de Sicó. Abraçámo-nos, eu e o Vitor beijámo-nos, agradecemos aos 2 atletas vassouras. Mas a euforia depressa deu lugar ao cansaço. Aliás, foi sempre uma mistura de euforia mental mas para fora transparecia era mais o cansaço. Foram 67 km senhores! É MUITA km!

Mais uma vez a organização manteve-se excelente. Confirmámos que os nossos chips tinham dado sinal e poucos minutos depois o amigo João já nos informava que já aparecíamos classificados na net.
Foi tempo de comer mais qualquer coisa. Mais um pedaço de queijo, mais umas batatas fritas e ainda nos queriam dar cerveja preta! Gente maravilhosa, super prestável e amável!

Despedimo-nos do amigo Burguette, agradecemos a sua excelente companhia e seguimos para o carro, eu a coxear...
Telefonei aos pais e depois ao amigo e companheiro de equipa João. O João foi incansável ao longo da prova. Em cada controlo enviávamos uma sms muito rápida e de seguida recebíamos uma sms de incentivo.

Quando finalmente me descalcei e vi o meu pé é que comecei a tomar noção das proporções da coisa.
Não podia esperar que, depois de 67 km percorridos com uma dor que se foi tornando cada vez pior e que até me fazia coxear, estivesse com o pé normal...
Pois é amigos, tinha o pé inchado abaixo do tornozelo e todo inflamado. Uma bola inchada e bem vermelha. Mas consegui terminar! =)

Nos dias seguintes eu e o Vitor recuperámos bastante bem. Dores musculares aceitáveis. Ninguém diria que tínhamos corrido tanto. O problema é mesmo o pé. Após telefonema para o famoso Urbano fomos até lá para ele analisar o meu pé e para me dar uma carga de porrada no pé, ai enganei-me...fazer-me uma massagem no pé.... ;)
Disse logo que era inflamação para tomar anti-inflamatório, continuar a pôr gelo e a massajar o pé com bola. É o que tenho andado a fazer e tenho melhorado mas ainda não estou a 100% e como tal, desde que comecei a correr há mais de 3 anos, esta é a vez que estou há mais dias sem correr. Foram 7 dias!!! Mas ontem não resisti e fui dar uns passitos de corrida. Foi só 1 km :( e tive ligeiras dores por isso optei por não abusar.
Ainda por cima com uma maratona daqui a pouco mais de 1 mês...
AH MAS EU VOU CORRER A MARATONA DE PARIS! NEM QUE VÁ AO PÉ COXINHO!

Para terminar, que isto já vai longo (é o habitual...), quero deixar aqui alguns agradecimentos.

Primeiro é fundamental agradecer a todas as pessoas que estiveram envolvidas na organização desta prova. Tudo funcionou de forma perfeita, os abastecimentos, a marcação do percurso, a entrega dos dorsais, o percurso corrível mas com subidas qb, paisagens deslumbrantes e zonas mais técnicas lindíssimas, bombeiros e outros voluntários sempre amáveis e prestáveis. Maravilhoso! Estão todos de parabéns!

E no final ainda fomos brindados com...vinho, queijo, mel, doce regional e azulejo.



O único ponto negativo que encontro são os tempos-limite. Continuo sem perceber porque se colocam tempos-limites tão apertados em alguns trails e que eventualmente vão deixar de fora pessoas que pagaram a totalidade da inscrição e que treinaram para percorrer a totalidade da distância. Mas este tema fica para outro artigo.

Quero também agradecer ao companheiro Pedro Burguette pela companhia ao longo de toda a prova.
Pelas risadas e conversa animada e toda a companhia que muito contribuiu para que vários km's passassem sem que déssemos por eles.

Obrigada também aos atletas vassoura e ao companheiro Narciso pela companhia nos km's finais. Formámos um grupo ainda mais animado e fizemos uma grande festa à chegada.

Obrigada ao amigo e "chefe" de equipa João Lima que sempre nos apoiou ao longo da prova e muita força nos transmitiu. As tuas sms foram fundamentais!

E obrigada a ti Vitor por tudo. Por mais uma aventura partilhada, por estares sempre preocupado com o meu pé, por aturares as minhas resmunguices nos km's finais e por seres...o Vitor :)

Foi uma grande aventura! E claro que já só penso nas próximas. E se puderem ter ainda mais km's....melhor :)