sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Encerrado para férias ;)

Amanhã estaremos por terras algarvias a correr 60 km no trail mais quente do ano.
O ano passado foi assim e gostámos tanto dos 25 km que este ano...bora correr a ultra!
Enviem-nos toda a vossa energia positiva e fresquinha que bem vamos precisar.

Se terminar a prova serei 6ª à geral e 3ª no meu escalão!
Não acreditam? Vocês também não acreditam em nada...=P
Há apenas 6 mulheres inscritas para a ultra e apenas 3 no meu escalão. Infelizmente só há prémios para os 3 primeiros classificados à geral, mas isso pouco importa, se terminar vou chegar ao pódio no meu escalão, um pódio imaginário é certo, mas um pódio :)
Mas para isso preciso de terminar (enviem toda a energia positiva que consigam amanhã entre as 7h e as 20h). Obrigada :)

E nos dias seguintes estaremos de papo para o ar na areia :)

Fomos (finalmente) para as nossas merecidas férias!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

UTNLO, últimos esclarecimentos

Amigos, para esclarecer e "enterrar" este assunto e porque depois de todo o vosso apoio acho que merecem todos os esclarecimentos venho aqui escrever pela última vez sobre esta prova.
Na passada quinta-feira responderam ao nosso email/reclamação.
Num extenso email onde apresentaram as suas desculpas e também nos explicaram algumas situações, a informação mais importante que retivemos foi que de facto admitiram alguns erros e mostraram-se arrependidos por isso, assim como se disponibilizaram a enviar-nos os prémios de finishers, que deverão chegar esta semana.
Posto isto e porque não somos pessoas de guardar rancor, nós aceitámos as desculpas.
Para nós agora o caminho é em frente e já pensamos é na próxima aventura, na Rocha da Pena e principalmente nas nossas merecidas férias que estão já ao virar da esquina :)

Não posso deixar de vos agradecer a todos pelo vosso apoio, um obrigado especial ao Fernando Andrade. Deixo aqui o link para o blogue dele onde escreveu umas palavras dedicadas a este casal. 
Está lindíssimo e nem sequer temos palavras suficientes para agradecer o tempo dedicado à escrita de tão belos versos.

Obrigada Fernando, depois de tão belas palavras quem sabe se para o ano estaremos lá.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ultra Trail Nocturno Lagoa de Óbidos, o relato de dois finishers piratas

Tal como sempre cá vai o relato completo de mais uma aventura do casalito. 
Este casalito que desta vez viveu uma aventura vá...diferente...ficaram chateados, irritados, passados da carola mas mesmo assim continuaram em frente. Sabiam que ninguém queria saber, sabiam que as pessoas se estavam nas tintas, sabiam que para o mundo não haveria qualquer prova em como terminaram esta prova mas eles saberiam. Eles saberiam o quanto lhes custou, o quanto lutaram apesar das circunstâncias. 

Somos finishers do UTNLO 2015!!!
Somos.
Piratas é certo, mas somos.
E só somos piratas porque a isso fomos obrigados de forma totalmente injusta.
Mas somos finishers.

No sábado antes de almoço seguimos logo rumo a Óbidos. Almoçamos nas Caldas da Rainha e seguimos para o local onde ficaríamos alojados para dormir...no dia seguinte....eheheh :)
Já havíamos combinado com as pessoas fazer o check-out um pouco mais tardio visto que só nos iríamos deitar de manhã.
Logo de seguida fomos até Óbidos levantar os dorsais. Estava alguma fila mas passado um pouco já tínhamos as nossas bonitas t-shirts e os nossos dorsais.



Regressámos ao acampamento base e fizemos uma sesta. Custou um pouco depois para nos levantarmos, parece que íamos correr 50 e tal km's....acabámos por nos atrasar e o jantar...enfim...já não jantámos...Comemos apenas umas bananas, umas bolachas e comprámos umas queijadas e foi isto o nosso jantar.

Já totalmente equipados atravessámos Óbidos até ao campo da bola, local de reunião de todos os atletas das três provas. Encontrámos logo o Filipe e logo de seguida o nosso colega de equipa João Cravo. Ainda procurámos o elemento que nos faltava, a Rute mas não a encontrámos. Pouco depois ela haveria de me ligar mas com tanta confusão foi impossível vê-la.

Fotos gentilmente tiradas pelo Filipe Torres.


Desejámos boa prova uns aos outros e já com uns minutos de atraso foi dada a partida simbólica.
Estava cheia de pica para passar a noite a correr :)
Corremos pelas ruas de Óbidos, por vezes andámos pois havia demasiada gente nas ruas, maioritariamente atletas. Mais à frente a partida oficial. Seguimos na direcção contrária ao ano passado.

No ano passado tivemos aqui para fazer os 26 km, adorei! Quem diria que este ano o sentimento seria tão diferente? É o que dá quando vemos a verdadeira essência duma organização...

Os dois primeiros km's eram muito corríveis e foram feitos a média de 6 e tal. Cruzámo-nos com o grande Joaquim Adelino que infelizmente não estava nos seus dias e uma dor forte impediu-o de continuar.
Também por nós passou o grande Fernando Andrade com o qual também trocámos desejos de uma boa prova.
Um pouco à frente a primeira fila de trânsito, ainda avistámos a Rute um pouco à frente mas ela nem nos viu. 
Estes primeiros km's foram, no geral, com muita gente e com uma ou outra fila de trânsito nas subidas. Sempre que era plano aproveitávamos para correr. Um pouco à frente o pessoal começou a espalhar-se mais e já íamos mais à larga. Estava a ser divertido, estava feliz por não terem aparecido nem dores nas canelas, nem nos gémeos (é o que dá ir à massagem/tareia no Urbano uns dias antes, impecável!).
Entretanto alguém se aproxima à nossa retaguarda, e quem era? O Pedro Burguette, o nosso companheiro de Sicó :) Vinha com dois colegas e após troca de palavras e desejos de boas provas, eles seguiram o seu caminho um pouco mais rápido, embora os tivéssemos sempre na mira :)
E assim surgiu o 1º abastecimento que era só de líquidos. Era numa vila pequena e o pessoal estava todo animado, havia até um grupo a tocar música. A partir daqui seguimos grande parte do tempo com outro atleta. Íamos dando forças uns aos outros, pois volta e meia apanhávamos o grupo do Burguette. 

A malta animada, ainda era cedo, talvez nem meia noite. Eu ia feliz, satisfeita, tínhamos uma grande folga até aos 39 km onde haveria um barramento inventado 3 dias antes e transmitido via email... Até hoje continua sem constar do regulamento.
Entretanto chegámos a uma das piores subidas de toda a prova, mas que comparada com as que vi no LouzanTrail era uma bebézinha =P
Esta subida já a conhecíamos, fizemo-la no ano passado, ao fim de cerca de 5 km de prova. Depois de superada esta subida deveras técnica já não me recordo bem do percurso, recordo-me sim de ver o Pedro a andar mais à frente e de logo nos ter dito que a coisa estava difícil. A sua lesão ainda não estava bem curada. Mais à frente havíamos de saber que tinha desistido no abastecimento do km 20.

Estive sempre calma até ao km 39....
Já só faltam 42...nada de especial... ;)

Passámos então pelo amigo Pedro, seguindo sempre no encalço do outro companheiro que ia sozinho. Já não estava a ser assim tão corrível, apanhámos algumas zonas com bastante vegetação e tivemos dúvidas num ou noutro sítio, pois as marcações eram minúsculas. Penso que a organização nos sítios onde a pessoa ia num estradão e de repente virava para o meio da vegetação podia ter colocado fitas. As fitas podem não ser reflectoras mas iluminadas sempre se vêm melhor que um quadradinho de 2 cm por 2 cm...

Atravessámos o que pensamos ser um hotel ou spa pois era todo luxuoso e tinha uma bela piscina. Quem nos dera ter ficado por ali ;)
Pouco depois nova piscina. Mau mau Maria...isto já pode ser considerado tortura =P

A noite até estava boa, não estava demasiado calor, embora ao inicio da noite estivesse um pouco abafado. Agora até estava a ser bom para correr, uma aragem que nos fez pensar que mais à frente poderíamos precisar de vestir o corta-vento, mas nunca chegou a acontecer.

Chegados ao primeiro abastecimento com 20 km, íamos com umas 3h20. Enfim, se fosse linear a coisa dava, mas como o pior está sempre para vir não podíamos facilitar. E o nosso companheiro avisou-nos logo que os km's antes do controlo das 7h eram bem complicados pelo meio das arribas.
Para já concentrámo-nos em abastecer e dediquei-me afincadamente a comer melão. Sim, havia melancia mas assim que provei aquele melão já não quis mais nada até ao final :)
Também comi umas batatas fritas, umas bolachitas e bebi coca-cola. Mas aquele melão estava uma delícia.
Logo ali já haviam algumas pessoas a desistir, mas pareceu-me ser maioritariamente por lesões.

Retomámos então o nosso caminho com o nosso novo companheiro (nunca chegámos a saber o seu nome mas obrigada pela companhia), ainda andámos às aranhas numa zona de muito arvoredo. As marcações minúsculas mais uma vez a ajudarem...
Novo abastecimento aos 30 e picos, só de líquidos. Mais uns atletas que por ali ficaram, um deles com um pastor alemão que até luz frontal ao pescoço tinha! Espectáculo! :)

Pouco depois o nosso companheiro haveria de seguir e nós ficaríamos sozinhos. É importante referir que apesar de entretanto sermos os últimos, não vinha qualquer vassoura atrás de nós...
Sim, porque entretanto os companheiros do Pedro passaram por nós. Vassoura nem vê-lo.

Entrámos então na zona das arribas. Ao inicio ainda pensei que íamos só andar cá no cimo das arribas mas não. A zona das arribas era só sobe e desce. E descer arribas...ui ui...à noite...ui ui....sem nenhum elemento da organização a supervisionar....ui ui...
Mas enfim...se calhar é de nós como deu a entender um elemento da organização no barramento das 7h...Sim, quando mandei a boca dizendo que "ter que passar naquelas arribas..." sabem o que me responderam? "Vocês e mais 500 atletas..."
Ui ui....segurem-me! Ainda bem que na altura estava ocupada a comer laranjas...mas enfim...isso são histórias mais para a frente.

Onde íamos nós agora?

Ah já sei! 

Nas arribas totalmente seguras e muito bem supervisionadas pelos bombeiros e elementos da organização....just kidding...

Passámos nalgumas zonas com mil cuidados e mil atenções. Por três ou quatro vezes tivemos que descer as arribas até à praia onde pelo menos por uma vez o mar chegava bem perto de nós, a não ser que por nossa iniciativa fossemos um pouco mais para dentro... Esta brincadeira é coisa para nos fazer perder uns...sei lá...13 minutos!

Depois de descermos as arribas e atravessarmos a areia tínhamos que subir à arriba seguinte para depois voltar a descer. E o mar a bater nas arribas...no escuro...mas claro...é de mim...os outros 500 atletas não se queixaram. 

Já me estava a passar com aquilo. Subíamos, descíamos, subíamos, descíamos, lá em cima  por vezes dava para dar uma corridinha mas nas descidas estamos a falar de zonas arenosas, não dava para acelerar. Mesmo assim ainda tínhamos esperança que desse. Até que o nosso relógio bateu os 39 km...e claro que ainda não tínhamos chegado ao abastecimento onde havia o limite das 7h de prova. Já ouvíamos música aos berros, calculámos que fosse a festa no abastecimento e avistávamos umas luzes. Estávamos perto, as luzes eram já ali. Mas quando lá chegamos afinal as luzes são só de uma carrinha dos bombeiros. Bombeiros aqui? Numa estrada? E nas arribas? E o mais engraçado é que deviam estar plenamente convencidos que éramos os últimos pois foram logo embora assim que chegámos..só que nós ultrapassámos um atleta que vinha a andar...e esse atleta? Pois é...olhem...eu não sei...só espero que os senhores da organização saibam que ele ainda por lá andava, felizmente com telemóvel.

Já estávamos a ver a lagoa, íamos na estrada e de repente "Onde estão as marcações?", lá tivemos que voltar atrás. " Ah era ali, no meio daqueles arbustos." E os minutos a passarem...já passava da hora mas por minutinhos. Não nos iam barrar por tão pouco ou iriam? 
Entretanto novo engano, AI CA NERVOS!

Estava com um mau feeling. Até que começamos a descer uns degraus junto à praia e era ali o abastecimento, segundo o nosso relógio já eram quase 40,5 km...mas enfim...aí admito que os GPS's nem sempre batem certo e nós até andámos perdidos por isso até é possível que aquilo tivesse mesmo aos 39.
Eu mantive-me calada porque vinha stressada e não queria dizer nada de que me viesse a arrepender mais tarde. O Vitor falou. Num tom animado e até em tom de brincadeira disse "Não me digam que não podemos continuar?" ao que um rapaz novo respondeu num tom mais sério "Poder podem mas vão por vossa conta e risco." 

A partir dali a coisa azedou. Eu tive que me agarrar aos gomos de laranja que era para não falar. Mesmo assim ainda mandei a bicada das arribas ao que me responderam da forma descrita mais acima. Também falámos na sinalização. E depois o Vitor falou que o limite não constava do regulamento. Nada responderam. Enquanto nos queixávamos o Sr.Jorge Serrazina e o outro mais novo estavam os dois sentados como se nada fosse. Nenhum se dignou a levantar-se para falar conosco como deve ser, nenhum foi capaz de pedir desculpas pelo limite inventado tão em cima da hora.

Não hesitei um momento, principalmente depois daquela atitude. Vamos continuar! Aí mandei outra boca. Íamos continuar sozinhos, tal e qual como vínhamos até ali, de qualquer maneira não havia vassoura. Aqui responderam que havia, que já vinha aí atrás....Pois...ok...Eu cá nunca o vi e que eu saiba os vassouras vêm sempre com o último atleta mas posso estar enganada.

Estava em polvorosa! Íamos continuar! 

Mais tarde soube que houve pessoas a quem foi permitido continuar após o tempo limite das 7h.
Aliás está à vista de todos nas classificações.
Portanto, continuo à espera que me respondam ao email que enviei e estou desejosa de saber qual foi o critério para uns passarem e outros não passarem. Aguardo mesmo ansiosamente que me expliquem esta situação.

Pois que seguimos! Teimosos. Aceito. Mas também persistentes, lutadores e determinados a terminar uma prova para a qual nos inscrevemos.

A partir daqui entrávamos na famosa ecovia. Praticamente sempre plano. Um aborrecimento. Íamos mega chateados, aquilo só teve uma coisa boa, ajudou a despertar-me. Agora ia bem desperta, bem faladora (e não ia a dizer coisas boas...). Com a conversa toda e de tão desiludidos que íamos por termos sido barrados duma forma tão triste e injusta acabámos por nos distrair e já não íamos completamente concentrados na corrida. Aliás, andámos muito aqui. É certo que as pernas também já não eram as mesmas mas a parte psicológica foi a mais afectada. Íamos terminar uma prova onde não seríamos classificados, ninguém saberia que a tínhamos concluído. E será que íamos ter prémio de finisher? E abastecimento no final? Mal sabíamos nós que a desilusão ainda seria maior quando chegássemos ao castelo de Óbidos.

Seguimos então pela ecovia, maioritariamente a andar e sempre a falar. De vez em quando um de nós lembrava-se que para nós isto ainda era uma prova e lá começávamos a correr, mas com a tagarelice depressa nos distraíamos e voltávamos a caminhar. 

 A lua cheia iluminava o caminho e até já se notava que o dia começava a clarear, deviam ser umas 5 e pouco da manhã. Do outro lado avistávamos luzinhas de frontais, íamos dar a volta toda à lagoa, contornando a mesma pela ecovia. 

Em plena ecovia.
Está escuro mas já se nota alguma claridade.

Vimos muitas tendas e roulotes, muita gente a aproveitar as noites de Verão para acampar junto às margens da lagoa, inclusive alguns pescadores. Ou melhor as canas estavam lá, os pescadores estavam a dormir sentados nas suas cadeiras junto às canas =P
A certa altura metemos pelo meio de uns canaviais junto à lagoa. O suficiente para molharmos um pouco os pés. Confesso que por esta altura ia só a dizer ao Vitor "Espera por mim, espera por mim...", era de noite, íamos num meio de um canavial alto, não se via ninguém...e se de repente alguém viesse atrás de nós...acho que ando a ver muitos filmes....mas sim confesso que ia um bocadinho com medo. Ainda por cima junto a uma lagoa, sei lá se existe um monstro de ObidosNess!
E a ajudar aos meus receios de vez em quando ouviam-se movimentos junto à água mas eram apenas patos e outras aves. Ufa! :)

Após muito tempo na ecovia, tanto que quando avistámos o último abastecimento sólido já estava mesmo o dia a nascer, ficámos muito satisfeitos por percebermos que ainda estavam lá os voluntários.
Com o stress do abastecimento anterior acabámos por não comer quase nada. E assim quando chegámos a nova zona comum ao percurso do ano anterior dos 25 km, eu lembrei ao Vitor que ainda íamos subir uma escadaria e só depois era o abastecimento.

Felizmente, lá chegados, e apesar de já estarem a arrumar as coisas, ainda havia muita comida nas mesas. Os voluntários neste abastecimento foram simplesmente 5*. Não nos perguntaram porque ainda andávamos por ali, simplesmente perceberam o estado em que estávamos e deixaram-nos à vontade a emborcar comida, um rapaz novo até se ofereceu para me encher a caneca com coca-cola e quando já estávamos de partida ofereceu-nos 4 pacotinhos de bolachas para o caminho. Impecável!
Os nossos mais profundos agradecimentos a esta malta, estes sim mostraram o verdadeiro espírito do trail, e provavelmente nem correm. Isto prova que o espírito está nas pessoas em si e não no trail.

Aproveitámos para colocarmos repelente que tínhamos trazido nas mochilas pois de repente dei com uma melga agarrada ao meu pescoço.
Também nos comunicaram que o percurso não era igual ao do ano passado e assim seguimos noutro sentido. Pouco à frente uma placa indicava que ainda faltavam 8 km até Óbidos.

Já de dia.
Pouco depois da lagoa e do último abastecimento.

Apesar de já ser de dia, tínhamos que levar os frontais acesos para que estes reflectissem nas marcações. E aqui julgo estar um erro da organização mas este é fácil de resolver. Nós enfim...somos um caso à parte...mas todo o restante pessoal que ainda foi classificado e que já chegou muito perto do tempo limite já chegou de dia. E isto era fácil de prever. É muito difícil uma pessoa guiar-se por fitas reflectoras de dia! Aquilo praticamente não brilha nada, é ainda mais difícil de ver e se de noite nalgumas zonas já não era fácil, então imaginem de dia!

Vêem o quadradinho amarelo?
E olhem que esta foto foi tirada até de perto e alinhados com a árvore.
Ah agora sim!

Claro que se perdeu ainda mais tempo, claro que o esforço e concentração (após 50 km...) teve que ser ainda maior para não nos perdermos. Praticamente só andávamos e quando corríamos íamos sempre de olhos bem abertos (dentro do possível).
Nesta altura eu ia espantada por apesar de tudo ir bem fisicamente, ia muito cansada, já não me apetecia correr, mas não tinha dores. Entretanto apareceu-me uma dor no joelho mas depois passou. O Vitor queixava-se mas era das plantas dos pés já muito massacradas.
E eu estava completamente assada nas axilas e cintura.

E continuámos a seguir o nosso caminho. Passámos dentro de uma povoação onde fomos seguidos por um cão de aspecto muito simpático e talvez com alucinações (eheheh) o Vitor achou que o cão vinha atrás de nós mas era porque estava com fome ahahahahah :)
Ainda nos seguiu umas boas centenas de metros mas depois desistiu. Entrámos depois disto numa zona de macieiras e pereiras. Quem estava aflito aproveitou para regar a terra junto às pereiras =P

Acho que foi mais ou menos nesta zona que já se avistava o castelo ao longe. Deviam faltar uns 5 ou 6 km e eu disse logo ao Vitor, agora não há hipótese o caminho tem que ser assim, assim e assado. E foi. Mais ou menos.

O castelo lá ao fundinho.
E nós mesmo no meio das árvores.

Íamos no meio de campos e eu ia bem desperta. Estava muito cansada, estoirada mas não me sentia com sono. Comentávamos que ao menos que a organização tivesse esperado para confirmar que chegáramos e tivesse uma sopinha quente à nossa espera. Era o mínimo, pensámos nós.

Dois canitos que nos perseguiram durante umas boas centenas de metros.
Este era o simpático.
Este era o chato que não parava de ladrar.
Reparem bem como ambos viraram o focinho quando os fotografámos...
Humm...se calhar eram espiões...

Entretanto a organização ainda nos tinha reservado umas surpresas. Quando já tínhamos 50 e tal km's nas pernas toca de inventar subidas técnicas e com cordas, zonas cheias de arvoredo e igualmente técnicas. Aliás, esta foi provavelmente a zona mais técnica de toda a prova. E eu ia tão cansada! Íamos tão cansados!

Após o que nos pareceu uma eternidade finalmente chegámos à estrada mesmo em frente ao castelo. Estava quase!

É já ali!!! É já ali!!!!

Sabíamos que só podia ser igual ao ano passado, subir pelo meio da vegetação até à chamada porta da traição (nome apropriado....). E assim, estafados e ainda com esperança que alguém lá estivesse à nossa espera subimos. Subimos a escadaria de madeira até junto às muralhas mas a porta não era logo ali. Toca de correr junto às muralhas e então ei-la! A porta é já ali! É ali a meta!!!!!! YUPI!!!!! Este tormento vai acabar!

Atravessamos a porta para dentro das muralhas e o que vimos é desolador. Nada nem ninguém. Apenas sacos do lixo amontoados.
Foram 11h40m para cobrir cerca de 58 km.
Dizemos cobras e lagartos sobre a organização e depois sentamo-nos de frente para a porta a pensar no nosso feito e no "feito" da organização.
Tiramos uma foto para a posteridade.

Apesar de todas as contrariedades,
duas caras bem dispostas (e cheias de olheiras...)

Passam dois homens, dois atletas já com o banho tomado. Perguntamos se do sítio de onde eles vinham dá para descer até à vila, respondem-nos que sim e depois perguntam-nos a que horas chegámos. Respondo que mesmo agora, fomos barrados mas decidimos continuar. Olham para nós um pouco impressionados e um deles dá-nos os parabéns por termos conseguido. Vê-se que dá valor ao que acabámos de fazer, ao contrário de outras pessoas que até hoje continuam sem responder ao mail que lhes enviei.

Descemos até à vila, estamos esfomeados. Assim que aparece um café entramos lá dentro e pedimos dois sumos, duas tostas mistas e dois croquetes. A rapariga diz-nos que já não tem pão de forma para as tostas ao que rapidamente respondemos que não faz mal, qualquer pão serve, queremos é comer! :)
Quando nos sentamos lá fora numa espécie de esplanada em plena rua principal de Óbidos parece que estamos no paraíso! Sentados e a comer!
Depois de comermos...pedimos outra dose. Mais dois sumos, mais uma tosta e mais um croquete :)
Sim, estávamos mesmo com fome! Aquele pequeno-almoço soube-nos mesmo muito bem.

Ai que bem que aqui se está!
Croquetes deliciosos!!!!
Mhan mhan mhan.



Depois do pequeno-almoço, ainda tínhamos que andar um bom bocado até ao carro. A ultra continuava :)
De repente veio o sono, sem mais nem menos, de repente senti-me cheia de sono, desejosa de chegar à cama e dormir.

Chegados ao nosso alojamento foi tomar banho, dar uns gritinhos quando a água atingia as assaduras e deitar-nos. Acho que adormeci instantaneamente.

E está feito o nosso relato completo da prova.
Não tencionamos lá voltar. A forma como fomos tratados é inadmissível. E ainda por cima quando vimos que fomos tratados de maneira diferente dos outros atletas.

Enviei um mail na segunda de manhã, hoje é quinta e ainda não obtivemos qualquer resposta. Dizem vocês que eles podem ainda não ter visto os mails. Pois...mas nós sabemos que eles já viram e sabem porquê? Porque o amigo Pedro Burguette devido a um mal entendido apareceu classificado e enviou mail a informar e a pedir que retirassem o nome dele da classificação. Pasmem-se! Eles já tiraram o nome dele da classificação, ou seja, já viram os mails! E nem se dignaram a responder à nossa reclamação quanto mais a pedir desculpas. Como diz um grande amigo, errar todos erramos mas é a forma como depois agimos depois de errarmos que define o nosso carácter.

E quanto ao suposto limite das 7h é engraçado como nós fomos logo prontamente desclassificados, mas há pelo menos 5 atletas a quem foi permitido passar após as 7h de tempo limite. Faz todo o sentido facilitar as coisas a uns e a outro sermos tão rigorosos...
E por esta sinto que fomos discriminados por esta organização. Se uns passaram porque não passámos nós?
Continuo à espera de resposta, de um pedido de desculpas que é o mínimo que a organização deveria fazer. Mas já não tenho muitas esperanças, já percebi que são tudo menos humildes e compreensivos.

Depois desta confesso que ficámos muito desiludidos com o trail. Se não adorássemos tanto isto provavelmente esta situação era suficiente para nunca mais pormos os pés num trail.
Mas como temos que ser realistas e admitir que há muito boa organização por aí, iremos continuar a participar em trails e voltaremos sempre aqueles onde formos bem tratados.

Está feita!
Somos finishers do UTNLO!
Foi a nossa 9ª prova com 42 ou mais quilómetros.
Venham as próximas!

Obrigada a todos pelo vosso apoio e continuem a correr felizes tal como nós continuaremos :)

E agora, porque eu sei que vocês caros senhores da organização do TNLO vão ler isto, esta é para vocês. 
Totalmente dedicada a vocês.


You may push me around
But you cannot win
You may throw me down
But I'll rise again
The more you say
The more I defy you
So get out of my face ? Oh Yeah!

You cannot stop us
You cannot bring us down
Never give up
We go on and on!
You'll never break us
Never bring us down
We are alive!

The wind blows
I'll lean into the wind
My anger grows
I'll use it to win
The more you say
The more I defy you
So get out of my way ? Oh Yeah

All my will
All my strength
Rip it out
Start again

You cannot stop us
You cannot bring us down
Never give up
We go on and on!
You'll never break us
Never bring us down
We are alive!

All my will
All my strength
Rip it out
Start again

Can you leave it all behind?
Can you leave it all behind?
Cause you can't go back
You can't go back

You cannot stop us
You cannot bring us down
Never give up
We go on and on!
You'll never break us
Never bring us down
We are alive!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Ultra Trail Nocturno Lagoa de Óbidos, a maior desilusão desde que corro



Começo este artigo com uma foto. Uma foto que marca um momento de enorme orgulho e ao mesmo tempo de enorme desilusão. O momento da chegada à meta após 58 km de prova e de perseverança.

Esta prova foi a maior desilusão da minha vida de corridas. E uma grande desilusão no mundo dos trails. 
Mais uma vez, as organizações de trails fazem o que lhes apetece e dá na real gana, alteram regulamentos como bem entendem e o zé povinho que se lixe!
Muito haverá a dizer sobre esta prova e não vou dizer tudo hoje porque senão ainda expludo. Haverá como sempre uma crónica detalhada da nossa prova daqui e uns dias.

Quem me conhece sabe e quem lê este blogue também o sabe, quando as organizações estão bem, eu sou a primeira a elogiar. Sei elogiar desde os voluntários, aos abastecimentos, ao percurso, à segurança na prova. Eu desfaço-me em elogios quando uma prova o merece. E atenção, esta prova também merece os seus elogios e no relato completo que farei da prova também terá direito a alguns. Mas, se acontece algo grave, triste e que vai completamente contra aquilo que todos consideramos ser o trail então eu também tenho o direito a revoltar-me.

Três dias antes da prova o Vitor recebe um email a informar que existirá um barramento horário ao km 38, às 7h de prova.  3 dias! Algo que nunca constou do regulamento! Como é possível que se mudem regulamentos a torto e a direito? E ainda por cima, tão em cima da prova?
No dia anterior à prova novo email....afinal o barramento será ao km 39 e a prova afinal tem 57 km...(verificou-se mais tarde que seriam 58 km). Simpáticos, pelo menos estenderam o limite de prova para 10h. 

Estas notícias deixaram-me logo em polvorosa.
Como muitos saberão, no ano passado esta prova não tinha qualquer tipo de limites, tendo inclusive várias pessoas chegado após as 10h de prova e até com mais de 11h de prova. E no ano passado eram só 50 km! Todas foram classificadas.
Este ano não só já estavam a impor um limite final, como meros dias antes da prova resolveram apimentar a coisa colocando um limite a meio.

Resumindo agora a coisa, nós chegámos cerca de 13 minutos após o limite intermédio das 7h de prova. 13 minutos! Manifestámos desde logo o nosso desejo em continuar e sabem o que nos responderam? "Se quiserem podem continuar mas será por vossa conta e risco."
Manifestámos o nosso desagrado por sermos desclassificados por um barramento horário inventado apenas dias antes e que NUNCA constou do regulamento, mas não nos ligaram nenhuma. Não sentimos qualquer compreensão ou solidariedade por parte da organização. E logo nesta prova com tanta fama! Mais! Estava lá o grande Jorge Serrazina (fazia parte da organização) um senhor pelo qual sempre nutri enorme admiração! É um enorme atleta, um dos melhores! Mas sabem qual foi a reacção dele perante as nossas reclamações? Permaneceu o tempo todo sentado de braços cruzados e pernas esticadas.
Não houve um único pedido de desculpas por sermos desclassificados por limites que não constavam do regulamento quando nos inscrevemos!
Não houve qualquer preocupação por seguirmos sozinhos. À noite!

Seguimos caminho muito desiludidos com esta situação. Como é natural isso afectou e muito a nossa prestação dali para a frente. Mas nunca desistimos. E quem me conhece sabe que dali para a frente eu só parava na meta. Nem que fossem 100 km mas podem crer que por uma questão de honra íamos terminar aquela treta!

Completamente estoirados chegámos ao local da meta 11h40m após termos começado. Percorremos os 58 km todinhos, porque foi para isso que nos inscrevemos.
Ainda pensámos que a organização teria um pingo de preocupação e sentido de responsabilidade para com os dois atletas que seguiram sozinhos após serem desclassificados por limites que NUNCA constaram do regulamento, mas não! Chegados ao final não havia absolutamente nada nem ninguém à nossa espera. 11h40m em movimento, toda a noite, e nem uma sopinha quente havia à nossa espera. Desprezo total.

E nesse momento a ponta de esperança que ainda tínhamos que esta organização fizesse o correcto foi-se. E esta organização desceu imenso na nossa consideração.

Nunca pensei ser assim tratada por uma organização. Ainda por cima de um trail! Onde supostamente há mais espírito de solidariedade, compreensão e companheirismo.

Nesta nunca mais ponho lá os pés.
Desta não preciso de lá voltar para me vingar pois conseguimos concluí-la. Não aparecemos classificados? Pouco me interessa. 

Com a nossa atitude mostrámos que não estamos nisto para aparecermos classificados. Estamos nisto porque acreditamos em nós, porque adoramos o desafio, adoramos superar-nos. Adoramos as paisagens, os trilhos técnicos, as subidas difíceis, os abastecimentos e a simpatia das pessoas. 

E nunca senti tanto orgulho em nós por completarmos uma prova. Ninguém estava lá para ver, não temos pratinho nem classificação para comprovar mas nós sabemos que o fizemos. Para nós, nós somos finishers, como tal não preciso de lá voltar para "vinganças". 

Está feita. Estão feitos os 58 km do UTNLO.

Segue email que enviei para a organização e que até agora não obtive qualquer resposta.

«Bom dia,

O meu nome é Isadora Costa e fui participante do TNLO versão 55/57 km com o dorsal número 70. Fiz toda a prova juntamente com o meu namorado e companheiro de equipa, Vitor Gonçalves, dorsal número 69.
Infelizmente não fomos classificados por termos sido barrados aos 38/39 km mas já lá vamos.

Venho por este meio participar o meu enorme desagrado e grande tristeza pela forma como esta organização funcionou.
Quando me inscrevi nesta prova li o regulamento e não tinha qualquer informação quanto a limites horários intermédios com 7 horas de prova. Ora, enquanto atletas temos o direito a ter conhecimento das "regras do jogo" assim que nos inscrevemos.
3 dias antes da prova! 3 dias! o Vitor recebeu um email (que eu nunca recebi) informando de um limite de tempo às 7 h de prova e ao km 38. Na véspera novo mail (agora sim, também recebi) informando sobre o dito limite de tempo que afinal já era ao km 39.
Tenho que mostrar o meu mais profundo desagrado por isto. Como é possível que só se informem os participantes sobre um barramento horário na véspera da prova?
É inadmissível.

E sim, fomos barrados e desclassificados nesse controlo que só passou a existir 3 dias antes da prova começar.
Chegámos 13 minutos, apenas 13 minutos após o limite, mostrámos o nosso desejo de continuar, ao que nos responderam que poderíamos continuar mas por nossa conta e risco! 
Mostrámos o nosso descontentamento relativamente a este barramento inexistente aquando da nossa inscrição mas as respostas dadas foram evasivas e não houve qualquer compreensão, humildade ou solidariedade, nada de espírito do trail tão falado e que julgo estar em vias de extinção devido ao boom que o trail está a levar.

Muito descontentes e tristes com a reacção por parte da organização decidimos continuar o nosso caminho, em frente, pois somos lutadores, persistentes e tudo o que queremos é viver estas experiências de aventura e alegria, pois isso sim é o trail. O trail deveria ser feito para todos os atletas, dos mais rápidos aos mais lentos e por todos deveria ser mostrado respeito. Aliás, o trail é precisamente isso, o desafio, a aventura, a amizade, o companheirismo, coisa que não vi por parte da vossa organização.

E assim continuámos o nosso caminho completamente sozinhos, decididos a terminar a prova mesmo sem ser classificados. Acho que merecemos respeito pela nossa decisão.

Continuámos e chegados ao abastecimento seguinte, por volta do km 48, tenho só a dizer coisas boas. Sim, porque sei criticar mas quando as coisas correm bem sei elogiar. E há que agradecer ao pessoal deste abastecimento que até já estava a arrumar as coisas mas que foram 5* conosco e tudo fizeram para nos ajudar e mostraram-se muito disponíveis. Os nossos mais sinceros agradecimentos às pessoas que se encontravam neste abastecimento.

Após este abastecimento continuámos o nosso caminho já o dia começava a clarear. E sim, vivemos todo o desafio, toda a aventura até ao local da meta. Trepámos por cordas já com mais de 50 km nas pernas, corremos junto a macieiras e pereiras, avistámos o castelo ao longe, até que já só faltavam 2 km (dizia a placa) mas para nós pareceu-nos mais que isso. Chegados a Óbidos já sabíamos que ainda havia que trepar pelo meio da vegetação, subir a escadaria e só depois o nosso momento. O momento em que após 11h40 minutos em movimento bem precisávamos de uma sopa quentinha, bem merecíamos o prato de finishers. Mas não. Passada a porta de entrada para as muralhas o vazio. Nada nem ninguém. Apenas sacos do lixo amontoados. 

Apesar de nos terem dito que podíamos continuar mas que era por nossa conta e risco, ainda pensámos que a organização teria o mínimo de respeito e preocupação e que estaria alguém no final, no mínimo para confirmar que chegáramos são e salvos.
Nada. Desprezo total, nem uma ponta de preocupação, nem uma ponta de sentido de responsabilidade para com os dois atletas que decidiram continuar após o barramento inventado 3 dias antes da prova.

Já agora aproveitamos para dizer também que achámos a zona das arribas bastante perigosa. Já fizemos muitas provas de trail e no mínimo aquele local merecia ali alguém da organização ou bombeiros a supervisionar a descida das arribas.
A sinalização é outro factor negativo que temos a apontar, sinalização demasiado pequena e nos cruzamentos por vezes geravam-se dúvidas. Custava colocar fitas maiores nas zonas com mais cruzamentos ou arvoredo?

Estamos por tudo isto muito desiludidos.
Lutámos com todas as nossas forças até ao fim, quando o cansaço acumulado já era muito, nunca desistimos mesmo sabendo que não seríamos classificados. A poucos km's da meta já só pensávamos na sopa quentinha, pelo menos a sopa quentinha. Mas nada.

Resta-nos o enorme sentimento de orgulho por termos conseguido completar todo o percurso que afinal não eram os 55 anunciados, dias antes passou a ser 57 e no final verificou-se que era um pouco mais...

Estamos nisto pelo desafio e quanto a isso conseguimos superar-nos. 

Não tencionamos regressar mais a esta prova.
Para nós está feita, para nós fomos finishers. Nós sabemos que conseguimos e isso basta-nos.
Mas não paguei para ser barrada por limites que nem constavam do regulamento.
Sentimo-nos injustiçados.

Não voltaremos depois da forma como fomos tratados por vós.
Um enorme desrespeito e uma grande falta de humildade e compreensão.

Cumprimentos,

Isadora Costa e Vitor Gonçalves»