quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Ultra Trail Rocha da Pena ou o dia em que eu não aguentei

Estamos de volta!!!
E estar de volta significa pôr o blogue em dia e as leituras em dia.
Significa contar-vos como foi o Ultra Trail Rocha da Pena. Mais um relato, mais uma aventura, mais uma experiência e sempre a aprender. Não terminou da melhor forma este trail. Felizmente que os dias seguintes de papo para o ar na praia e a passear facilmente fizeram esquecer este dia menos bom.
E como eu costumo dizer, aprendemos muito mais com os erros e com as experiências menos boas do que com as boas. E oh como eu aprendi nesta prova!

Costuma-se dizer que não interessa a queda, interessa sim como recuperamos dessa queda. E como vocês já nos conhecem relativamente bem, não vai ser uma "queda" (mais uma) que nos irá derrubar. Não desistimos por mais precalços que hajam pelo caminho. Continuamos sempre em frente rumo ao objectivo seguinte. E esta queda só serviu para nos deixar definitivamente mais focados e determinados. Nos aguardem! :)

Depois desta pequena introdução é tempo para ralhar convosco! Então essa energia fresquinha? Então essa brisa fresca? Não foi aquilo que combinámos! =P
Pronto ok, alguns de vocês até se esforçaram. Estou agora a lembrar-me que de vez em quando, e apenas às sombras, sentia-se um ventinho ligeiro. Pronto ok obrigada pela brisa.

Partimos na sexta-feira à noite, véspera da prova, para o Algarve. Destino: FÉRIAS! Aleluia!
Mas primeiro ainda havia que passar um dia inteiro a correr no meio dos montes, seriam 60 km. Só precisava de terminar a prova que seria a 3ª no meu escalão....Pois....isto se eu conseguisse terminar a prova.

Só mesmo os malucos é que acordam às 5h30 da manhã no primeiro dia de férias!
A prova começava às 7h por isso teve que ser. 
Lá fomos nós pela segunda vez a Salir. O ano passado fizemos os 25 km e gostámos muito, este ano "Ah e tal já fizemos umas quantas ultras bora lá aos 60 km!" 
Devíamos-nos ter lembrado que no ano passado classificámos as subidas desta prova como as piores que já tínhamos feito! E, inocência, até tínhamos feito as mais "fáceis"...

E depois quem é que se lembra de fazer uma ultra em pleno Agosto? ...

Não ganhem juízo não....

Mas enfim... prossigamos.

Chegados a Salir, tudo nos era familiar e por isso estacionámos facilmente o carro junto ao estádio onde seriam a partida e a chegada. Levantámos os dorsais, fomos à casa de banho, eu fui umas 3 vezes graças à minha bexiga nervosa, e depois fizemos o controlo zero.

Posso já dizer-vos que adorámos a organização desta prova. Depois de tudo o que aconteceu em Óbidos, estávamos a precisar duma prova assim. Organização impecável, notámos ao longo de toda a prova uma genuína preocupação com os atletas.
Controlo zero rigoroso a confirmar que os atletas tinham todo o material obrigatório (já no ano passado foi igual para os 25 km). E junto à pista um fotógrafo a tirar fotos aos atletas.



Pouca gente. Estavam inscritos 50 e poucos atletas mas só apareceram 40 e tal.
Estamos nós por ali na conversa e a tirar fotos ao ambiente quando reparo numa grande câmara de filmar e numa senhora com um microfone...
Não gosto nada destas coisas, não gosto de ser filmada, muito menos entrevistada. Fico toda nervosa.
Virei-me para o Vitor e disse "Só espero que não venham ter conosco...", pois que uns segundos depois...adivinhem! 
"Podemos só fazer-vos umas perguntas?"
MEDO!!!!
Aqui no blogue através da escrita até pode parecer que me sei exprimir bem e que descrevo tudo muito bem, mas a falar não é bem a mesma coisa. 
Resumindo, a senhora entrevistou-me primeiro a mim sozinha, fez-me algumas perguntas relacionadas com a prova e com o desporto, no âmbito de Loulé ser a Capital Europeia do Desporto em 2015. Acho que até me desenrasquei mas só respondia às perguntas da senhora com monossílabos. "É a aventura." "É a experiência." "É o desafio."
Depois foi a vez do Vitor e felizmente ele safou-se melhor que eu, conseguindo construir frases ;)



O senhor a filmar.

Depois fomos para as nossas posições na partida e num instantinho estávamos a partir para mais uma aventura.
E que ninguém se atreva a dizer que o Algarve é só praias!


Lá vão os dois amarelinhos.
Foto da organização.

Começámos a correr, inicialmente num estradão e depois metemos para o meio das árvores e dos montes. Vai começar.

Com tão pouca gente era previsível que ficássemos logo para último e passado um pouco já seguia conosco o atleta vassoura.



A certa altura íamos nós a subir (oh mas a subir uma rampa normal, nada comparado com as paredes de escalada que tínhamos vários km's à frente) quando aparecem uma data de atletas a correr em sentido contrário. Tinham-se enganado, era para virar à esquerda e a malta não reparou. Nós ainda íamos a tempo de virar mas achámos que era melhor deixar passar a malta que seguia à nossa frente e que merecia ir à nossa frente, entre eles estavam a Carla André, muito simpática quando lhe demos força, e a grande Analice. Seguimos atrás da Analice, de vez em quando fazendo conversa. Mas ela com o seu passinho certo dava-nos uma abada e logo a deixámos de ver.
Chegados ao 1º abastecimento a senhora que lá estava virou-se para mim toda entusiasmada "Força! É a quinta mulher!" "Sim, a quinta e última!" Eheheheheh =)

Seguimos caminho, nesta altura ainda frescos. A seguir dava para correr bem e assim o fizemos com a Rocha da Pena já à vista. Sabíamos que iriamos subir até lá acima mas também sabíamos que nesta altura as subidas ainda não eram nada de especial e faziam-se perfeitamente.




A correr ao longo da Rocha da Pena.

A vista lá de cima é simplesmente brutal! O Algarve é tão bonito que é pena as pessoas só falarem nas praias e muitas vezes até menosprezarem o Algarve. "Ah o Algarve, o Algarve é só praias!" 
Não, não é!
Sim, o Algarve tem praias lindas, algumas das mais belas do mundo, mas também tem cidades, vilas e aldeias bem bonitas. Uma gastronomia invejável. E serras bem bonitas como podemos comprovar e com vistas de cortar a respiração.

Lá em cima ia feliz. A correr feliz. A tirar fotos. A viver a aventura como eu gosto de dizer.






Estamos a vários km's da costa mas do cimo da Rocha da Pena
conseguimos avistar o mar e a bonita costa algarvia.




Lá em cima não sei bem como apanhámos a Analice. Ultrapassámos a Analice! Penso que foi o ponto alto da prova ahahah :)
A Analice é simplesmente uma atleta do outro mundo! 
Passámos por ela, metendo conversa e dizendo com todas as certezas que ela já nos apanharia como se viria a verificar poucos km's depois. 

Lembrava-me bem desta zona da prova do ano passado e sabia que estávamos a chegar ao 1º abastecimento e assim foi. Meu querido tomate com sal, minha rica melancia! 
A seguir era quase sempre a descer e a correr. Depois de chegados cá abaixo havia um estradão e era aproveitar para correr. Pela nossa média daria para acabar dentro de 10h. AHAHAHAHAH! Mas sabíamos perfeitamente que aquelas 3h extra iam-nos dar jeito mais à frente. Como é que se perdem 3h extra em tão pouco tempo? Pois....Já lá vamos...

Já estávamos a correr de seguida há vários km's e tive que andar um pouco, o calor já se fazia sentir. Foi aqui que a Analice novamente nos ultrapassou para nunca mais a vermos! Grande senhora! Não me canso de dizer o quanto a admiro.

Ora depois disto seguia-se uma zona de pequenos montes que subíamos e descíamos, subíamos e descíamos e lembrava-me que já não estava longe a "tal" subida. Uma que o ano passado elegemos com a pior de sempre. Este ano a organização decidiu apimentar a coisa e fazer uma prova dentro da prova. O Prémio Montanha Loulé na tal subida a que chamaram sugestivamente de "Subida da Morte". Nesta altura saquei dos meus bastões. Sim, levei-os e que bem fiz eu! Os bastões passaram a ser os meus novos melhores amigos. 

Lembrei-me de fazer um filme e tirámos umas quantas fotos.
Comecei foi a ficar assustada quando o vassoura disse que isto ainda não era nada, esta tal do Prémio Montanha era uma menina ao pé de outras que tínhamos mais à frente...Mau mau Maria!!!! MEDO!!!





Mas ao menos o sofrimento vale a pena :)

Do lado direito o atleta vassoura.

Esta foto dá para ter uma ideia da inclinação.
Vejam bem as pessoas lá em baixo...
Mas esta não era a pior...
Nossa senhora!!!
Vejam-me bem a porra desta inclinação!
E mais uma vez isto ainda não era "nada"...
Quando uma cara diz tudo.
E aqui ainda ia fresca.

Ora foi nestas subidas que me senti a atleta mais naba de sempre. O vassoura basicamente corrigiu tudo o que eu estava a fazer com os bastões e a partir daí tornou-se numa espécie de professor de como usar bastões.
Foi 5*, tudo o que ele disse fazia sentido e realmente a partir dali passei a tomar melhor partido dos bastões e fiquei mesmo fã!

Pequena lição sobre os bastões:
  • Inclinar ligeiramente os bastões para trás como se estiveres a esquiar (nunca esquiei...);
  • Faz força nos braços para poupares as pernas, mas também não faças força em demasia;
  • Qual é a tua altura? Corre e dá cá os bastões que vou pô-los na altura certa para ti. Braço tem que fazer ângulo recto.
  • Isto podes tirar...Só serve para a neve.... (estão a imaginar a minha cara envergonhada, não estão?)
  • E isto quando puderes podes cortar, só serve para atrapalhar.

Resumindo, eu estava a fazer tudo mal! E não estava a tirar o melhor partido dos bastões. Ainda tenho muito que vivenciar com eles mas pelo menos já me sinto um bocadinho menos naba com bastões.

Depois desta pequena pausa no relato para uma pequena lição, podemos retomar no cimo da Subida da Morte.

Meta da Subida da Morte.

Tivemos que parar algumas vezes a meio para descansar mas a coisa fez-se. Cá em cima havia uma senhora a borrifar-nos com água e havia a separação dos 25 km para os 60 km. Mas nesta altura já íamos com cerca de 25 km nos nossos relógios.
Os inocentes mal sabiam que o pior ainda estava para vir. Os inocentes (caso hajam dúvidas estou-me a referir a nós) mal sonhavam que se esta se chamava Subida da Morte, as outras só poderiam chamar-se Subida da Dupla Morte, Subida do Diabo ou Subida do Sofrimento Atroz. Só podia, certo?

Depois da Subida da Morte, a tal que era cronometrada, chegámos a novo abastecimento onde o vassoura nos informou que éramos agora oficialmente os últimos pois o outro senhor que seguia a par conosco tinha desistido. As pessoas que estavam neste abastecimento sabendo que éramos os últimos insistiram para que estivéssemos à vontade pois havia ainda muita comida à disposição. O vassoura e a senhora que aqui estava prepararam-nos mentalmente para o que se seguia. O pior ainda estava para vir, disseram-nos. Agora que era meio-dia e vinha o calor em força...

Lá seguimos caminho e quando a primeira subida do sofrimento atroz surgiu apeteceu-me bater com os bastões em alguém. Ainda bem que o vassoura e o Vitor iam um pouco mais à frente eheheh :)
Estou-me a rir agora mas na altura não teve piada absolutamente nenhuma.
Esta subida, sabe-se lá como era ainda mais inclinada que a outra, a da Morte. Meus ricos bastões! Graças aos deuses que os tinha comigo! Mas com subidas daquelas não há bastões milagrosos.
Subi a custo e, já não sei bem se foi aqui mas se não foi aqui foi pouco depois, comecei com os pensamentos negros. 

"Mas quem raio se inscreve para uma ultra em pleno Agosto?????????????"
"Por alguma razão só estavam inscritas 50 pessoas...."
"Será que não ganho juízo? Não tenho treino para isto, são 60 km sob calor Isa!!!!!"
" Ainda faltam 30 km!!!!!METADE!"
"Já não vamos acabar dentro do limite das 13h! Está a ficar apertado!"
"Quero desistir!!!!!!!!!!!!!!"
"Quero ir de férias!!!!!"

Pois é amigos, pensamentos bem negros. Eu que nunca quero desistir. Eu que até em Óbidos quis seguir apesar de não sermos classificados, aqui só pensava em desistir. A cabeça não estava a aguentar. Já só queria o abastecimento para, pelo menos, descansar um pouco e comer alguma coisa, podia ser que só estivesse com fraqueza. 

O abastecimento tardava em chegar, quando chegou já foi 2 ou 3 km depois do suposto e esse foi outro factor que me foi fazendo pensar. Mais uma vez, mais uma ultra com km's a mais. Não seriam 60, seriam uns 63 ou mais!
No abastecimento aproveitámos para encher as mochilas pois já quase não tínhamos água e comer algumas coisas. Senti-me um pouco melhor, mas estava muito calor. Seguimos caminho, lembro-me pouco das coisas, já foi há mais de duas semanas e a cabeça também já não estava no seu melhor.
Lembro-me de ficar ligeiramente melhor depois do abastecimento, lembro-me do vassoura nos dizer que mesmo que chegássemos depois das 13h deveríamos ser classificados, lembro-me de até irmos a correr nalguns estradões. De vez em quando andava e servia-me dos bastões para caminhar e que jeito me deu!
O vassoura via que eu não ia lá muito bem, o Vitor algures comentou com o vassoura que eu era forte, resistente, que em Sicó tinha feito 67 km com dores no pé, senti-me um pouco melhor pelos elogios mas cada dia é um dia e nesse dia não estava o calor que estava neste. 

A certa altura apareceram uns jipes da organização, querendo saber se estava tudo bem conosco e informaram-nos que estava a dar 61 km na meta...Pois, mas não acreditei. E pelos relatos que já li parece que tinha cerca de 65 km.
Mas nota muito positiva para esta organização. Sempre preocupados com os atletas, tinham walkie talkies e comunicavam entre si. Fiquei mesmo impressionada com algumas coisas.


Ao menos as paisagens valiam a pena.
Mas como podem ver...sombras nem vê-las.
Seco, seco, seco.


Entrámos numa zona de ribeiros secos, só restavam as pedras do fundo dos ribeiros, água nem vê-la. E então surge uma subida horrível daquelas que apetece bater com os bastões em alguém. Eu já não tinha forças, nem mentais nem físicas. Estava farta daquilo, estava a atingir o meu limite com 30 e muitos km's. Quase no cimo daquela coisa com 200% de inclinação deixei cair um bastão que me escorregou e foi parar uns 2 m abaixo. Choraminguei um bocadinho. O bastão cair era o primeiro sinal visível que o meu corpo já não estava bem. O Vitor que já estava uns metros acima, desceu, apanhou o meu bastão e voltou a subir ao meu lado, empurrando-me suavemente as costas. 
Eu NÃO ia aguentar mais 20 km! NÃO IA! Continuava a pensar que queria desistir, não queria estar ali, queria ir de férias, queria estender-me na praia sem fazer nada. Estava FARTA!

Depois desta subida veio outra completamente a descoberto, completamente à torreira do sol, embora não tão inclinada. Mas para mim foi a gota de água.
Estava provavelmente a precisar de comida, estava fraca, bem fraca mas não me apetecia comer nada do que tinha na mochila, estava até um pouco mal disposta. Não sentia forças nas pernas, nos braços, a cabeça não estava bem. Toda eu estava um caco.

E aquilo porque vinha a lutar já há vários km's tive finalmente que dizer em voz alta ao Vitor, numa altura em que o vassoura ia algumas centenas de metros à nossa frente.
E as palavras saíram-me da boca "Quero desistir. Não aguento mais. Só de pensar que ainda faltam 20 km..não consigo. Estou sem forças. Estou farta disto."
O Vitor acedeu logo, disse que sim, que não valia a pena, também ele estava farto. Ainda insisti um pouco com ele para continuar sem mim mas não quis.
Enquanto subíamos super cansados e de mão dada chorei. Eu chorei. Parámos. O Vitor consolou-me, que não valia a pena chorar. Se não estávamos em condições era melhor assim. 

Depois de decidido oficialmente que desistíamos ainda tive que penar mais um pouco. Mas esse "mais um pouco" provou que eu não estava mesmo em condições de fazer mais 20 km. Mal fiz mais 1 km, quanto mais 20! Estava sempre a parar, o Vitor ora me empurrava, ora me dava a mão e puxava-me. Nem víamos o vassoura, nem abastecimento. Queria um helicóptero! Que me viessem buscar de helicóptero, não aguentava mais. O Vitor obrigava-me a beber água e comi dois ou 3 cajus e amendoins. Não consegui comer mais. Estava mesmo preocupado comigo, perguntou-me se eu não ia cair para o lado. Disse-lhe que achava que não, mas quando as pessoas desmaiam só reparam depois de terem acordado do desmaio...Realmente não estava bem.
Mais à frente o vassoura esperava por nós e comunicámos que iríamos desistir. Acho que foi apanhado um pouco de surpresa e vi que ficou com alguma pena, mas concordou que se não nos sentíamos capazes de continuar era melhor assim. Seguiu, pensámos que ia até ao abastecimento para ir preparando a organização para quando chegássemos desistirmos. Só que chegados a um cruzamento, o abastecimento era só de água, um tanque de água. Ligou para a organização, informou-os onde estávamos, falou conosco, perguntou se ficávamos bem, respondemos que sim e ele seguiu caminho para apanhar os atletas que seguiriam à nossa frente. Depois de lhe agradecermos por tudo, foi um bom vassoura, muito simpático e prestável, sentámo-nos na terra à espera. Fizemos um total de 41 km. Quase que chegávamos à maratona =P

Estar sentada à sombra soube-me pela vida. Ali sentada até nem estava mal de todo, mas nunca aguentaria fazer mais 20 km! Queria a praia, queria as férias. Acho que o psicológico teve grande peso na minha desistência. Já há semanas que eu e o Vitor andávamos a sonhar com as férias. Praia, descanso, não fazer nada! Queria lá saber de provas! Fui feliz até aos 20 e tal km's, a partir daí foi só sofrer. E depois a parte física fez descambar de vez a coisa. Não temos preparação suficiente para uma prova destas conjugado com calor e desejo ardente de férias. Também não sei até que ponto os 58 km de Óbidos de apenas duas semanas antes não poderão ter tido algum peso. Duas ultras com cerca de 60 km no espaço de duas semanas é um pouco ambicioso de mais. 
Mas estamos sempre a aprender com os erros e que belas lições tirei desta prova!

Uns 10 ou 15 minutos depois chegou um jipe da organização para nos levar de volta a Salir. Uns queridos! Através dos walkie talkies ficámos a saber onde estavam uma série de atletas, inclusive que ainda só tinha chegado uma mulher! 

Fotos tiradas enquanto estávamos sentados
à espera do jipe.



Até tirei fotos bonitas ali sentada à espera do jipe da desistência....

Chegados a Salir, informaram-nos que tínhamos direito a abastecimento apesar de termos desistido. 
Espectáculo! Aqui sim comecei a recuperar as minhas forças. Dois elementos da organização vieram falar conosco, perguntaram-nos se tínhamos gostado da prova, o que tínhamos achado. Genuína preocupação com o bem estar dos atletas, mas não tivemos nada de mal a apontar. Simplesmente 5* esta organização.

Episódio caricato enquanto comíamos. Vejo uma senhora que vem ter conosco.
"Então, chegaram agora?", ao mesmo tempo que lança um olhar ao meu dorsal.
"Sim, mas desistimos por volta do km 41", respondo.
"Como é que te chamas?", por breves momentos ainda pensei que lia o meu blogue, mas afinal ela estava só a avaliar a "concorrência", como me viu ali, pensou que eu tinha sido a segunda classificada e deve ter pensado, mas quem é esta já aqui? Eheheh :)
"A senhora é a Julia Conceição, não é? Foi você quem ganhou a prova, não foi?", digo eu algo entusiasmada por estar a falar com a vencedora da prova.
"Claaaaaaro!", responde ela. Eheheh :) Quem mais poderia ter ganho, não é? ;)
Ainda trocámos mais umas palavras com ela mas pareceu-nos que ela estava era preocupada que eu pudesse ser alguma ameaça noutras provas.
Oh Júlia, não te preocupes que eu não constituo qualquer ameaça. Eu chego sempre cá pra trás ehehehe =P

Depois disto, se quiséssemos podíamos ter tomado banho, comido duas sandochas e relaxado na piscina do complexo mas só queríamos ver-nos dali pra fora. Ir REALMENTE de férias. E assim foi.

Acho que com esta desistência atingimos um limite. Mas costuma-se dizer que não importa a queda, importa a maneira como nos conseguimos levantar.
E nós vamos voltar à Rocha da Pena com certeza até porque aquela organização merece. 

Depois disto foi praia, passeios, bolas de berlim, descanso, gelados, praia, bolas de berlim, bifes de atum, gelados, praia, passeios, bolas de berlim =P
Basicamente foi uma bola de berlim por dia ;)
Umas férias maravilhosas!!!

Num dos dias insisti com o Vitor para que fossemos conhecer a Fonte Benémola, um dos locais por onde passava a prova mas que infelizmente era após o km 41.
E assim aqui vos presenteio com um recanto escondido em pleno Algarve, a Fonte Benémola. 











É um local bonito, não é? Aconselho a visita. É preciso fazer uma breve caminhada para chegar lá mas como todos os locais bonitos vale bem o esforço.

Não corremos absolutamente nada durante as férias, foram 8 dias parados e acho que estávamos a precisar dumas férias das corridas. Para podermos voltar em força :)

E assim na semana passada já fizemos uns treininhos bons.
Na segunda-feira corremos 5 km a uma média de 6, na quarta fizemos um treino de "duatlo", duas horas de bicicleta e 10 km de corrida, na sexta mais 10 km e no sábado 20 km pelos trilhos de Sintra. 

Voltámos cheios de força, prontos a renascer após a queda.
Os trilhos de Portugal não perdem pela demora ;)

Boas corridas malta!


21 comentários:

  1. Em primeiro lugar, muitos parabéns por todo o vosso esforço.
    Acontece é que podemos ter muita vontade em realizar alguns quantos feitos mas nem sempre o nosso organismo (ou principalmente carola) está para aí virado e reclama descanso. Sucede a todos.
    Mas, como dizes e bem, interessa é como nos levantamos da queda e vocês são fortes, dedicados e empenhados. Muito.
    E era notório, já há uns tempos, que estavas a precisar dum "reset.
    E com esse "reset" feito... :)

    E tens toda a razão, o Algarve tem muito de bom para ver. Basta procurar :)

    Beijinhos e muita força para os próximos desafios. Vocês são grandes!!! :)

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    1. Obrigada João.
      Nós sabemos o quanto estávamos a precisar de descanso e destas férias. E agora estamos de volta e cheios de força :)

      E o próximo desafio demasiado próximo....Mas depois desse é que a coisa vai doer a sério!

      Beijinhos e divirtam-se :)

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  2. Decidiram assim e está muito bem ... mais uma bela de uma aprendizagem, umas belas férias e as baterias carregadas para atacar as próximas aventuras.
    Beijinhos para ti e um abraço para o Vitor (estou fartinho de ler postas no blogue dele, diz-lhe para ter mais calma que assim a malta não aguenta :):):) )

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    1. Estávamos mesmo a precisar de carregar as baterias que já estavam perigosamente baixas :)

      Quanto ao blogue do Vitor está em modo stand by como podes perceber, mas ele está sempre a dizer que um dia destes pega nele e escreve umas coisas...Vamos ver quando ;)

      Beijinhos e abraços

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  3. Há dias em que não dá, certo? E se já não há prazer, gozo, em o fazer e se ainda mais a integridade fisica pode estar compremetida, é parar e respirar.

    Seja o calor, seja a próximidade de Óbidos, seja o chip Férias já ligado, foi o que se arranjou e olha, sabes, uns dias de férias fazem maravilhas ;)

    E essa Fonte é mesmo bonita.

    Bjs e abraços

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    1. Sim, foi melhor assim. Não dava mesmo.

      E olha que os dias de férias fizeram mesmo maravilhas :)
      A Fonte Benémola é um sítio bem bonito e duma paz e tranquilidade que nos fazem esquecer qualquer desistência.

      Beijinhos e abraços

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  4. Como o João Lima disse, acho que já vos fazia falta um 'reset'... Vocês estavam uns autênticos papa-provas!! O que é bom, é positivo. Mas depois há um momento em que seja o corpo ou a mente pede aquele tempinho. Acho que foi o caso, Isa.
    Quanto à técnica de usar bastões recomendo que façam um trail camp com o Armando Teixeira. Aprendem tudo sobre isso (e muito mais). Usar bastões tem muito mais ciência do que parece. Até por uma questão de segurança para com os outros atletas!!

    Beijinhos

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    1. Quer o corpo quer a mente estavam mesmo a precisar dum descanso.
      Adorávamos fazer um trail camp com o Armando Teixeira mas até agora nunca calhou num fim-de-semana que tivéssemos disponibilidade. Talvez para a próxima :)

      Beijocas Anabela

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  5. Bem vindos de volta :)

    Depois desta paragem de certeza que vão voltar em força para os próximos desafios.

    Beijinhos

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    1. Obrigada João :)
      Sim, aos poucos a coisa encaminha-se na direcção certa.
      Beijinhos e vemo-nos nas Lampas?

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  6. A mim o que me interessa saber é quando estás a levar por hora num curso de bastões? :) Nunca tive bastões, não tenho, mas posso vir a necessitar do curso :)
    Beijinhos.

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    1. Eheheh :)
      Não tenho conhecimentos suficientes para dar cursos sobre bastões, só deixei de ser uma naba completa. Mas olha que naquelas subidas horríveis dá imenso jeito.
      Beijinhos

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    2. Nã tem muito a ver, ou tem tudo....de repente lembrei-me das provas de esqui nórdico, ou biatlo nórdico e da maneira como atacam o chão com o bastão...pronto, é só isto, provas de - 15ºC e vocês com 40ºC.

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  7. Parabéns pelo esforço pessoal, foi muito bom o que acabaram por fazer. A vossa descrição da prova vai de encontro exactamente aquilo que pensava que seria. Mas tal como vocês, fico com pena de não ter ido só pela organização! Depois de ter conhecido o Bruno e o Hugo da ATR estou com a melhor impressão possível daquela malta! Tenho pena também de não vos ter visto por Quarteira.. Acho que mesmo estando vocês em licença sabática ainda vos teria arrastado para o monte e iam gostar de certeza ehehe Olha lá, quais são as coisas que ele disse para cortar nos bastões? Foram as fitas para enfiar as mãos? Eu não cortava.. Ponho-as sempre quando as subidas são muito longas, dessa maneira descarrego a força no punho em vez de ser na mão, é bastante mais comodo. É chato enfiar a fita em cada subida, mas nas grandes vais ver que vale a pena!

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    1. Nós gostamos sempre de ir para o monte! :)
      Mas fez-nos bem o descanso, vimos revigorados e com mais força.

      Sim, são essas fitas mas pensei exactamente o mesmo que tu e não cortei. Foi a única coisa que não fiz porque o resto das coisas fazia tudo sentido.

      Para o ano tens que ir a esta prova Filipe. É bastante desafiante e tem paisagens bem bonitas. E a organização é 5*.

      Beijinhos e bons treinos

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  8. Ai queres férias, então toma lá 60 km debaixo de um sol forte!!!:)
    É uma prova bonita e bem organizada, mas aquelas paredes e com aquele calor..naquele dia não dava mesmo, fizemos bem em ficar por ali.
    Mas aprendemos mais um pouco sobre estas coisas do ultra trail.
    E depois...foram umas férias maravilhosas, com muitos erros alimentares;)
    Adorei todos os dias passados lá por baixo!
    E agora venha a ultra seguinte:)

    Beijos ultra gigantes Isa

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    1. Aiai metemo-nos em cada uma!
      Mas estamos sempre a aprender, em cada prova aprendemos mais um pouco e conhecemos mais um recanto do nosso país.
      Férias maravilhosas sim foram :) Mas erros alimentares? Não sei a que te referes...estás a falar das inocentes bolas de berlim?...

      A ultra seguinte....pois...sem comentários...não ganhamos mesmo juízo...eheheh ;)

      Beijos ultra gigantes

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  9. DOIDOS por irem a estas provas em pleno Verão... DOIDOS! :P
    E acabaram por ser 41km que vos deixaram mais fortes e com mais garra, de certeza! Ainda bem que aproveitaram para descansar, que agora ninguém vos pára. ;)
    Beijinhos
    PS: Conheço muito pouco o Algarve e o que conheço, lá está, é a costa. Está em falta um trailturismo por lá... Vou esperar pelo Outono e ver o que há. :)

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    1. Completamente doidos varridos :)

      Eheheh, fazes tu bem. Mas acho que não há grandes opções no Algarve em trail. Já está a fazer falta, tem sítios lindíssimos.

      Beijinhos e boas corridas

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  10. Estes Gauleses do 4 ao Km são doidos! :)
    Fazem ski no sertão algarvio... são uns deuses, por Toutatis! :)

    Parabéns pela aventura, da qual tiraram grandes lições!
    Ainda não desisti de uma prova, mas se desistir vai ser ao estilo Isa.. venham-me buscar de helicóptero! E chorarei também... pois um objetivo é um objetivo e tem de ser cumprido! Não é vergonha nenhuma! Só demonstra a vontade que se tem em cumprir os desideratos! Ena pá.. até estou a usar palavras de 7$50 :)
    E como vontade não vos falta... a próxima vai ser melhor!

    Força!

    Bjs e abraços!

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    1. Eheheh :)
      Obrigada Luis.
      A próxima é bom que seja melhor até porque está demasiado próxima...
      Beijinhos e abraços

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