terça-feira, 4 de agosto de 2015

Ultra Trail Nocturno Lagoa de Óbidos, a maior desilusão desde que corro



Começo este artigo com uma foto. Uma foto que marca um momento de enorme orgulho e ao mesmo tempo de enorme desilusão. O momento da chegada à meta após 58 km de prova e de perseverança.

Esta prova foi a maior desilusão da minha vida de corridas. E uma grande desilusão no mundo dos trails. 
Mais uma vez, as organizações de trails fazem o que lhes apetece e dá na real gana, alteram regulamentos como bem entendem e o zé povinho que se lixe!
Muito haverá a dizer sobre esta prova e não vou dizer tudo hoje porque senão ainda expludo. Haverá como sempre uma crónica detalhada da nossa prova daqui e uns dias.

Quem me conhece sabe e quem lê este blogue também o sabe, quando as organizações estão bem, eu sou a primeira a elogiar. Sei elogiar desde os voluntários, aos abastecimentos, ao percurso, à segurança na prova. Eu desfaço-me em elogios quando uma prova o merece. E atenção, esta prova também merece os seus elogios e no relato completo que farei da prova também terá direito a alguns. Mas, se acontece algo grave, triste e que vai completamente contra aquilo que todos consideramos ser o trail então eu também tenho o direito a revoltar-me.

Três dias antes da prova o Vitor recebe um email a informar que existirá um barramento horário ao km 38, às 7h de prova.  3 dias! Algo que nunca constou do regulamento! Como é possível que se mudem regulamentos a torto e a direito? E ainda por cima, tão em cima da prova?
No dia anterior à prova novo email....afinal o barramento será ao km 39 e a prova afinal tem 57 km...(verificou-se mais tarde que seriam 58 km). Simpáticos, pelo menos estenderam o limite de prova para 10h. 

Estas notícias deixaram-me logo em polvorosa.
Como muitos saberão, no ano passado esta prova não tinha qualquer tipo de limites, tendo inclusive várias pessoas chegado após as 10h de prova e até com mais de 11h de prova. E no ano passado eram só 50 km! Todas foram classificadas.
Este ano não só já estavam a impor um limite final, como meros dias antes da prova resolveram apimentar a coisa colocando um limite a meio.

Resumindo agora a coisa, nós chegámos cerca de 13 minutos após o limite intermédio das 7h de prova. 13 minutos! Manifestámos desde logo o nosso desejo em continuar e sabem o que nos responderam? "Se quiserem podem continuar mas será por vossa conta e risco."
Manifestámos o nosso desagrado por sermos desclassificados por um barramento horário inventado apenas dias antes e que NUNCA constou do regulamento, mas não nos ligaram nenhuma. Não sentimos qualquer compreensão ou solidariedade por parte da organização. E logo nesta prova com tanta fama! Mais! Estava lá o grande Jorge Serrazina (fazia parte da organização) um senhor pelo qual sempre nutri enorme admiração! É um enorme atleta, um dos melhores! Mas sabem qual foi a reacção dele perante as nossas reclamações? Permaneceu o tempo todo sentado de braços cruzados e pernas esticadas.
Não houve um único pedido de desculpas por sermos desclassificados por limites que não constavam do regulamento quando nos inscrevemos!
Não houve qualquer preocupação por seguirmos sozinhos. À noite!

Seguimos caminho muito desiludidos com esta situação. Como é natural isso afectou e muito a nossa prestação dali para a frente. Mas nunca desistimos. E quem me conhece sabe que dali para a frente eu só parava na meta. Nem que fossem 100 km mas podem crer que por uma questão de honra íamos terminar aquela treta!

Completamente estoirados chegámos ao local da meta 11h40m após termos começado. Percorremos os 58 km todinhos, porque foi para isso que nos inscrevemos.
Ainda pensámos que a organização teria um pingo de preocupação e sentido de responsabilidade para com os dois atletas que seguiram sozinhos após serem desclassificados por limites que NUNCA constaram do regulamento, mas não! Chegados ao final não havia absolutamente nada nem ninguém à nossa espera. 11h40m em movimento, toda a noite, e nem uma sopinha quente havia à nossa espera. Desprezo total.

E nesse momento a ponta de esperança que ainda tínhamos que esta organização fizesse o correcto foi-se. E esta organização desceu imenso na nossa consideração.

Nunca pensei ser assim tratada por uma organização. Ainda por cima de um trail! Onde supostamente há mais espírito de solidariedade, compreensão e companheirismo.

Nesta nunca mais ponho lá os pés.
Desta não preciso de lá voltar para me vingar pois conseguimos concluí-la. Não aparecemos classificados? Pouco me interessa. 

Com a nossa atitude mostrámos que não estamos nisto para aparecermos classificados. Estamos nisto porque acreditamos em nós, porque adoramos o desafio, adoramos superar-nos. Adoramos as paisagens, os trilhos técnicos, as subidas difíceis, os abastecimentos e a simpatia das pessoas. 

E nunca senti tanto orgulho em nós por completarmos uma prova. Ninguém estava lá para ver, não temos pratinho nem classificação para comprovar mas nós sabemos que o fizemos. Para nós, nós somos finishers, como tal não preciso de lá voltar para "vinganças". 

Está feita. Estão feitos os 58 km do UTNLO.

Segue email que enviei para a organização e que até agora não obtive qualquer resposta.

«Bom dia,

O meu nome é Isadora Costa e fui participante do TNLO versão 55/57 km com o dorsal número 70. Fiz toda a prova juntamente com o meu namorado e companheiro de equipa, Vitor Gonçalves, dorsal número 69.
Infelizmente não fomos classificados por termos sido barrados aos 38/39 km mas já lá vamos.

Venho por este meio participar o meu enorme desagrado e grande tristeza pela forma como esta organização funcionou.
Quando me inscrevi nesta prova li o regulamento e não tinha qualquer informação quanto a limites horários intermédios com 7 horas de prova. Ora, enquanto atletas temos o direito a ter conhecimento das "regras do jogo" assim que nos inscrevemos.
3 dias antes da prova! 3 dias! o Vitor recebeu um email (que eu nunca recebi) informando de um limite de tempo às 7 h de prova e ao km 38. Na véspera novo mail (agora sim, também recebi) informando sobre o dito limite de tempo que afinal já era ao km 39.
Tenho que mostrar o meu mais profundo desagrado por isto. Como é possível que só se informem os participantes sobre um barramento horário na véspera da prova?
É inadmissível.

E sim, fomos barrados e desclassificados nesse controlo que só passou a existir 3 dias antes da prova começar.
Chegámos 13 minutos, apenas 13 minutos após o limite, mostrámos o nosso desejo de continuar, ao que nos responderam que poderíamos continuar mas por nossa conta e risco! 
Mostrámos o nosso descontentamento relativamente a este barramento inexistente aquando da nossa inscrição mas as respostas dadas foram evasivas e não houve qualquer compreensão, humildade ou solidariedade, nada de espírito do trail tão falado e que julgo estar em vias de extinção devido ao boom que o trail está a levar.

Muito descontentes e tristes com a reacção por parte da organização decidimos continuar o nosso caminho, em frente, pois somos lutadores, persistentes e tudo o que queremos é viver estas experiências de aventura e alegria, pois isso sim é o trail. O trail deveria ser feito para todos os atletas, dos mais rápidos aos mais lentos e por todos deveria ser mostrado respeito. Aliás, o trail é precisamente isso, o desafio, a aventura, a amizade, o companheirismo, coisa que não vi por parte da vossa organização.

E assim continuámos o nosso caminho completamente sozinhos, decididos a terminar a prova mesmo sem ser classificados. Acho que merecemos respeito pela nossa decisão.

Continuámos e chegados ao abastecimento seguinte, por volta do km 48, tenho só a dizer coisas boas. Sim, porque sei criticar mas quando as coisas correm bem sei elogiar. E há que agradecer ao pessoal deste abastecimento que até já estava a arrumar as coisas mas que foram 5* conosco e tudo fizeram para nos ajudar e mostraram-se muito disponíveis. Os nossos mais sinceros agradecimentos às pessoas que se encontravam neste abastecimento.

Após este abastecimento continuámos o nosso caminho já o dia começava a clarear. E sim, vivemos todo o desafio, toda a aventura até ao local da meta. Trepámos por cordas já com mais de 50 km nas pernas, corremos junto a macieiras e pereiras, avistámos o castelo ao longe, até que já só faltavam 2 km (dizia a placa) mas para nós pareceu-nos mais que isso. Chegados a Óbidos já sabíamos que ainda havia que trepar pelo meio da vegetação, subir a escadaria e só depois o nosso momento. O momento em que após 11h40 minutos em movimento bem precisávamos de uma sopa quentinha, bem merecíamos o prato de finishers. Mas não. Passada a porta de entrada para as muralhas o vazio. Nada nem ninguém. Apenas sacos do lixo amontoados. 

Apesar de nos terem dito que podíamos continuar mas que era por nossa conta e risco, ainda pensámos que a organização teria o mínimo de respeito e preocupação e que estaria alguém no final, no mínimo para confirmar que chegáramos são e salvos.
Nada. Desprezo total, nem uma ponta de preocupação, nem uma ponta de sentido de responsabilidade para com os dois atletas que decidiram continuar após o barramento inventado 3 dias antes da prova.

Já agora aproveitamos para dizer também que achámos a zona das arribas bastante perigosa. Já fizemos muitas provas de trail e no mínimo aquele local merecia ali alguém da organização ou bombeiros a supervisionar a descida das arribas.
A sinalização é outro factor negativo que temos a apontar, sinalização demasiado pequena e nos cruzamentos por vezes geravam-se dúvidas. Custava colocar fitas maiores nas zonas com mais cruzamentos ou arvoredo?

Estamos por tudo isto muito desiludidos.
Lutámos com todas as nossas forças até ao fim, quando o cansaço acumulado já era muito, nunca desistimos mesmo sabendo que não seríamos classificados. A poucos km's da meta já só pensávamos na sopa quentinha, pelo menos a sopa quentinha. Mas nada.

Resta-nos o enorme sentimento de orgulho por termos conseguido completar todo o percurso que afinal não eram os 55 anunciados, dias antes passou a ser 57 e no final verificou-se que era um pouco mais...

Estamos nisto pelo desafio e quanto a isso conseguimos superar-nos. 

Não tencionamos regressar mais a esta prova.
Para nós está feita, para nós fomos finishers. Nós sabemos que conseguimos e isso basta-nos.
Mas não paguei para ser barrada por limites que nem constavam do regulamento.
Sentimo-nos injustiçados.

Não voltaremos depois da forma como fomos tratados por vós.
Um enorme desrespeito e uma grande falta de humildade e compreensão.

Cumprimentos,

Isadora Costa e Vitor Gonçalves»

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Parabéns...ao meu blogue

Pois é amigos, no passado dia 18 de Julho este blogue fez 3 anos! Três!!!!!!!!!!!!
Como é possível que o tempo passe rápido? 
Já escrevo sobre as minhas corridas e aventuras vão 3 anos e corro há cerca de 3 anos e meio.

Quando escrevi o meu primeiro artigo fi-lo após a minha segunda prova de 10 km, o Memorial Francisco Lázaro. Desde esse dia já corri dezenas de provas de 10 km, umas quantas de 15. Corri 13 meias-maratonas! Três anos, treze meias, humm soa-me bem :) E completei 4 maratonas! Ufa! Pensando bem na coisa corri que ma fartei em três anos! Eheheheh ;)

E depois há os trilhos, dezenas de provas de trilhos, 4 ultras concluídas.

Se comparar com há 1 ano atrás...há 1 ano tinha 9 meias, 2 maratonas e 1 ultra.
Ou seja no espaço de 1 ano adicionei mais 4 meias, 2 maratonas e 3 ultras ao meu currículo. 

Sim, é um orgulho! :)
E devemos todos os dias ter orgulho dos nossos feitos nas corridas. Vocês devem orgulhar-se igualmente dos vossos feitos pois eu também me orgulho de vocês quando sei que conseguiram completar mais uma corrida, quando leio que sobreviveram a mais uma aventura :)

Quanto a mim, foram precisos 3 anos de corridas mas consegui! Finalmente ultrapassei o Carlos Lopes! Sim, esse mesmo! O campeão olímpico! Não acreditam? Olhem que tenho duas testemunhas, o João e o Vitor que igualmente também ultrapassaram o Carlos Lopes em corrida....
Pronto....ok....apanharam-me....ele ia a andar e nós a correr....Mas não deixa de ser um feito histórico! Ultrapassar o grande campeão Carlos Lopes :)

quarta-feira, 22 de julho de 2015

20 km de treino em estrada ou como precisamos MESMO de longos em estrada

A 3 meses da Maratona de Lisboa convém começar a meter alguns longos em estrada. Os trilhos são muito bons, as ultras muito lindas mas não dá para treinar para uma maratona de estrada.
Por isso planeámos o nosso primeiro treino longo em estrada com o amigo João Lima que está 10x em melhor forma que nós para estrada.

Encontrámo-nos junto ao INATEL de Oeiras e seguimos pelos passeios marítimos até ao fim da Praia de Carcavelos. Depois metemos para dentro e fomos pelo interior de Carcavelos, Parede, S.Pedro e até S.João do Estoril onde daríamos a volta. 
Logo nos km's iniciais eu ia com dores nos gémeos mas por volta dos 5 km (o habitual) a coisa passou. Depois deixei de ter dores mas ia a arrastar-me, sem forças. Chegámos aos 10 km apesar de me sentir sem forças senti que conseguiria aguentar os 20 km. Voltámos para trás em São João e viemos junto ao mar até à zona da Parede onde voltámos a meter para o interior e mais à frente voltaríamos aos passeios marítimos.
Por volta do km 13 não aguentei e tive que andar. O Vitor solidário comigo foi andando comigo, o João seguia a correr mas voltava sempre. Ele diz que nós fomos uma boa companhia...mas nós sentimos que fomos um pouco um estorvo. Neste momento ele está em bem melhor forma que nós. Mas vamos treinar que nem loucos para podermos acompanhá-lo no dia 18 de Outubro :) E VAMOS CONSEGUIR!

Ora, tive que andar ao km 13 a sentir-me completamente derrotada e pensei mesmo que já não voltaria a correr mas depois pensei bem e o Vitor ajudou-me com umas palavras de força e decidi "É para fazer os 20 km porra!".

E fiz :)
Fizemos os 20 km embora ainda tenhamos andado mais duas ou três vezes mas completámos os 20 km previstos.

Depois da confirmação que não estamos lá muito bem em estrada organizámos um novo plano de treinos e agora.....agora nos aguardem! (dizer com sotaque brasileiro) ;)

Com os meus companheiros de luta, João e Vitor.

Obrigada João pela companhia e por levares a reboque duas tartarugas. Ok, uma tartaruga...(eu) e uma lebre solidária com a tartaruga :) Sim Vitor, a lebre és tu! Obrigada por estares lá sempre comigo e por aturares as minhas resmunguices (estou cada vez mais parecida com o Spike ahahahahah =P )

Pessoal, bons treinos, boas corridas!
E mesmo quando custa sejam teimosos e terminem o treino! ;)

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Maratona

Ultimamente praticamente só escrevo sobre as provas a que vamos e mesmo assim o tempo já é escasso para relatar as nossas aventuras.

Mas hoje vim aqui falar um pouco sobre o dia 18 de Outubro.
Eu sei que ultimamente andamos mais virados para o trail, há tanta prova gira, tanto sítio bonito para conhecer. Mas a estrada não foi renegada. Em Outubro temos a nossa 5ª maratona, a Maratona de Lisboa. Voltaremos ao local da nossa estreia, na altura ainda não namorávamos. Na altura estava destinado correr a minha 1ª com o amigo e padrinho João Lima mas por infelicidades da vida ele teve que desistir. Mas este ano temos uma vingança! Uma enorme vingança! Não é só no trail que há vinganças pendentes =P
A 18 de Outubro teremos uma maratona a 3! Isa vai finalmente fazer uma maratona ao lado do seu padrinho e querido amigo João e claro que a acompanhar-nos estará o meu companheiro de todas as aventuras.

Apesar de até lá ainda termos 3 grandes aventuras (leia-se 3 ultras), nada mete mais medo e respeito que a aventura de dia 18 de Outubro. Apesar de todas as dificuldades por que passamos nos trilhos e em ultras, apesar da dureza extrema de algumas, continuo a ter muito mais medo da maratona (mesmo sendo toda ela plana!). Correr continuamente durante 42 km e mais uns pozinhos é algo mágico e muito muito duro. Até hoje, demorámos sempre mais tempo a recuperar duma maratona do que duma ultra. E porquê? Só pode ser porque uma maratona é mesmo algo de muito desgastante para o corpo. E para a mente.

Temos que começar a treinar para estrada. À séria. E é se não queremos sofrer como sofremos na Maratona de Paris. Já vamos para a quinta! 5ª maratona! Nunca pensei algum dia chegar aqui. E provavelmente daqui a 2 ou 3 anos quando tiver 10 ou mais maratonas e mais não sei quantas ultras vou achar que dei mesmo em louca :)

E depois há os 100 km. 100! 3 dígitos! É já em Maio do próximo ano e é por isso também que temos feito reforço muscular dentro e fora de ginásio (mais informações noutro artigo) e natação 1x/semana.
Tudo a pensar nos 100. Para que nada falhe. 

É só aventuras planeadas quer em trilhos quer em estrada. Haja alegria e saúde para continuarmos a correr mais e melhor.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Sunset Trail São Pedro de Moel, experiências na areia e uma prova muito feliz

Em Abril do ano passado passámos uns dias em São Pedro de Moel, aproveitámos para descansar mas também para dar as nossas habituais corridas e inclusive pedalar um pouco. O artigo desses dias está aqui. Foram dias maravilhosos e sabíamos que havíamos de voltar.
Se no ano passado já tinhamos ficado de olho nesta prova, este ano ela não nos podia escapar. E em boa hora decidimos participar, pois foi a última edição :(

E assim no sábado, dia 11 lá fomos nós bem cedinho até São Pedro de Moel esperançados de ainda fazermos alguma praia da parte da manhã...

Pois...não havia sol e até estava algum frio...
mas não faz mal :)
Por volta das 17h equipámo-nos e seguimos para a zona da partida. A praça junto à praia. Muita cor e muita animação numa prova organizada pelos Offtel Runners.



Após controlo dos chips, que eram umas pulseiras que iam no pulso, entrámos todos para uma área fechada e depois seguimos para o pórtico da partida que estava mesmo junto à praia. Já nos tinham avisado que a prova começaria pela praia....e assim foi...


Vitor de cabeça baixa provavelmente a pensar
"Mas onde é que eu me vim meter?".

Pois é amigos, correr na areia não é pêra doce, pelo contrário, é mesmo péssimo! Os pés enterram-se todos, os gémeos ardem como se fossemos na pior das subidas. Nos primeiros metros ainda me ri, mas depois já não estava a achar piada, o Vitor ia com uma cara e só dizia "Isto é muito mau."...
E eu derrotada logo com umas centenas de metros disse que fazia uma vénia a todos os que vão ao Melides Tróia! Vénia a todos os que correm na areia! Admiro-vos a todos! 
Não tardou muito a que estivesse muita gente a andar, nós incluídos. No total foi 1 km a correr na praia. 1 km de terror!

Quando vi as filas das fotos seguintes pensei logo "Aleluia! Vamos sair da areia!". Puro engano claro, saímos da praia mas o pinhal é todo ele areia. E assim passei a encarar aquilo como mais um desafio, uma nova experiência. E a experiência acabou por ser bem melhor do que eu esperava, e não sei se esta prova não saltou para o meu top 10, quiçá top 5.



Após sairmos da praia havia uma zona ou outra de terra batida ou de areia mais rija mas no geral a areia continuou.

Ora aí está. Uma zona plana que até da para correr, mas...
com alguma areia.
Na foto acima se repararem com atenção podem ver uma caravana ao longe. E aqui vimos uma imagem idílica. Um senhor montou uma mesa e umas cadeiras junto à falésia e sentou-se a olhar o mar e a beber vinho. Aquela imagem permaneceu conosco, uma imagem de relaxamento e de contemplar e viver a natureza.

Mas lá tivemos que seguir o nosso caminho, agora mesmo no meio do pinhal e do verde.
Ao longe ouvíamos muitos carros a buzinar. A minha suspeita confirmou-se, a prova atravessava a estrada e filas intermináveis de carros a regressar duma tarde de praia buzinavam. É o que dá o povo português...em vez de sairem dos carros e apoiarem ou em vez de irem mas é correr que só lhes fazia bem ao stress...não...é isto! Mas se calhar houve falta de divulgação da prova, se duas estradas iam ser cortadas temporariamente se calhar podiam-se ter colocado cartazes a informar do corte de trânsito, é uma ideia para minimizar tanta refilice.

Chegámos ao 1º abastecimento, aos 5 km, que era só de água. Ainda não era aqui que tínhamos direito aos divulgados pasteis de nata. E durante a prova comecei a duvidar da existência dos mesmos...se calhar tinham sido só boatos...

Após o abastecimento continuámos em zonas mais ou menos planas e com a areia sempre presente.
Logo após a separação da prova mais curta da mais longa esperava-nos isto:

Uma subida curta mas inclinada e o piso era este...
Apesar dos pés se enterrarem a cada passo a boa disposição entre este casal impera sempre :)

Seguíamos por sítios bem bonitos e bem verdes. A areia era o tipo de piso maioritário mas nas descidas era brutal! Descer a correr na areia é uma experiência super divertida. Adorei! A pior parte é que quando acabávamos a descida tínhamos os ténis de tal maneira cheios de areia que incomodava. No abastecimento (para mal dos pecados dos voluntários....eheheh) tivemos que nos descalçar para tirar a areia. No caso do Vitor tinha muita areia acumulada debaixo da planta do pé a pressionar-lhe a fáscia. No meu caso tinha muita areia acumulada à frente dos dedos dos pés o que fazia com que os pés batessem à frente. Tínhamos mesmo que tirar os kilos de areia que estavam dentro dos ténis.
A malta nos abastecimentos era animada e uma menina escuteira até brincou que a partir dali era sempre sobe e desce até à meta.

A descer.
YUPI!!!!
Bora lá descer isto à maluca! =)

Depois deste segundo abastecimento por volta dos 10 km e sensivelmente a meio da prova pensámos mesmo que os pasteis de nata seriam uma miragem. Se não era a meio da prova quando seria?
Continuámos o nosso caminho sempre por trilhos no Pinhal de Leiria e até ultrapassámos a Patricia Carreira, grande atleta que ganha muitas provas de trilhos! Pronto ok....ela estava parada...era voluntária na prova...pormenores....se ela estava num sítio e nós passámos para a frente dela ultrapassámo-la, certo? =P


Numa das piores subidas da prova.
Curta mas bem inclinada e técnica e ainda por cima...
adivinhem...
areia!

Num túnel :)
O Vitor a jogar às escondidas ;)

Olho para as imagens e elas não mostram os tons de verde deste pinhal. Tão bonito. Adoro provas de trilhos em montanha mas para variar foi excelente fazer uma na areia e num pinhal. E provavelmente foi das provas com tons de verde mais bonito que eu já alguma vez fiz. Lindo, lindo, lindo!

Entretanto começamos a cruzar-nos com alguns atletas que vinham em sentido contrário, duas disseram-nos que para chegarmos ali ainda faltavam mais 5 km...E o abastecimento mesmo ali ao lado...Lá tivemos que ir dar a tal volta que não foram 5 km mas foram uns 3 ou 4. 

Nesta zona lembrei-me de fazer um mini-vídeo para vocês.




É pequeno mas dá para terem uma ideia dos single tracks cheios de areia e verdissimos por onde corremos.

Após mais uma subidita foi quase sempre a correr até ao abastecimento....e....EI-LOS!!! OS PASTEIS DE NATA!!!
Mais uma vez os voluntários eram 5*, perguntaram se estávamos a gostar, eu disse que sim, que era muito bonito, muito verde. 
Mas menos conversa e vamos ao que interessa, o abastecimento tinha: melancia, laranjas, chocolate, bolachas, batatas fritas, coca-cola, água e claro os pasteis de nata que estavam simplesmente deliciosos! Mesmo bons e fresquinhos!

Apesar de já ter sido um pouco tardio foi um excelente abastecimento para enfrentarmos a subida que se seguia. Uma parede de areia! Vá lá que um voluntário disse-nos que aquela era a ultima subida da prova, tirando as escadas já junto ao farol. Mas...amigos, que subida!!!! A cada passo os pés enterravam-se todos, víamos duas atletas a enterrarem-se mais acima. Enfim. Aquela subida já não seria fácil pela sua inclinação mas com areia! Estava a ver que escorregava por ali abaixo eheheh :)
Mas lá superámos esta última subida e depois foi dar corda aos sapatos e aproveitar para ultrapassar mais duas atletas. Entretanto lá tivemos novamente que tirar mais areia dos ténis (ainda bem que levámos os ténis antigos).

No regulamento da prova estava escrito que o tempo-limite eram 4h mas que só colocavam o tempo do chip até às 3h30. Assim tínhamos como objectivo pessoal acabar antes das 3h30. Mas a parte final precisava mesmo de ser corrível para ganharmos algum tempo. Felizmente assim foi. E foi muito bonito chegar à zona das praias quando o sol se estava a pôr.

A passar junto ao farol, o ex-libris de São Pedro de Moel.

Ainda havia uma última surpresa. Nesta altura já íamos a correr na ciclovia que vai dar a São Pedro de Moel e que tão bem conhecemos mas claro que os matreiros tinham que arranjar um último "divertimento", descer uma escadaria de madeira até à Praia da Concha, correr mais uns metros na areia e voltar a subir a escadaria. Depois sim era sempre em frente até São Pedro de Moel. 3h15. A não ser que inventem alguma coisa vamos conseguir terminar antes das 3h30. Ainda havia um breve desvio por entre umas árvores e arbustos mas logo de seguida era a meta que cortámos com 3h24m =) O nosso relógio deu 21,5 km. Uma prova de trail com 500 m a menos que o anunciado, MEGA ESTRANHO! =P

Mais um abastecimento e ainda com direito a jantar, duas bifanas e uma bebida à escolha.
Sim senhor, prova mais que aprovada!

Foi um grande desafio e um belo passeio. E mais um fim-de-semana excelente!
Corremos num piso completamente diferente aos vários a que estamos habituados e numa zona diferente da habitual, num meio de um pinhal e em praias. 
Adorámos a experiência e tenho pena de não repetir visto que esta foi a última edição. Mas é certo que voltaremos a São Pedro de Moel, um sítio tão calmo e simpático e junto a um pinhal tão bonito.
E quiça para a próxima descubramos os mistérios que rondam São Pedro de Moel, não é Vitor? ;)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Trail do Almonda, a desejada vingança

Há um ano atrás desistimos pela primeira e única vez numa prova. Nunca devíamos ter começado mas a teimosia foi mais forte. Tinha estado doente durante a semana e no domingo, dia do Trail do Almonda, julguei ter melhorado o suficiente para fazer os 30 km da prova. Erro. No estado em que me encontrava não devia ter ido correr, quanto mais subir a serras.

Ultrapassada a tristeza da desistência, aceitei que tinhamos feito a melhor coisa, zelar pela nossa saúde, mas fica sempre aquele desejo de um dia voltar e acabar aquilo, um desejo de vingança saudável.

O Trail do Almonda tem as suas dificuldades mas não são nada de especial. Há dois anos o Vitor apanhou aqui um calor extremo, de 40 e tal graus, que tornou a prova num inferno. Este ano estava calor mas nada comparado com os 40ºC de há duas semanas no LouzanTrail, muito menos com os 40 e muitos graus de há 2 anos que ele e a Rute apanharam aqui.

Lá fomos nós então para a nossa vingança. 
Chegados a Pedrogão, local da partida, levantámos os dorsais 12 e 13 e analisámos logo a concorrência ;), uma cadelinha bem pequena ladrava para o dono parecendo dizer-lhe "Despacha-te lá a equipar-te que eu quero ir o mais depressa possível para a serra!". Adianto já que quando nós acabámos a prova o dono e a cadelita já estavam de banho tomado e a almoçar junto à meta....Patinhas curtas mas despachou aquilo num ápice!


A pequena grande atleta

Alinhámos então à partida e após troca de beijo seguimos para o meio da Serra d'Aire. Tinham alterado o percurso e sabíamos que a subida mais complicada era logo de inicio. Mesmo dentro da povoação de Pedrogão já íamos ligeiramente a subir. Vamos lá a isso!

Cedo comecei com dores nos gémeos...o habitual...eram dores fortes que me fizeram abrandar. Seguiamos perto de um casal e de uma rapariga e passado cerca de 3 km, estava um rapaz da organização que nos informou que a partir dali era sempre a subir em single track. O ano passado havíamos feito esta subida mais para meio da prova e custou-me horrores, mal conseguia respirar. Este ano a subida pareceu quase fácil. Foram 4 km sempre a subir e a coisa até se fez. Ainda por cima ainda temos as subidas do LouzanTrail bem na memória e depois daquilo tudo parece fácil. Fizemos esta subida a bom ritmo, com uma ou outra paragem para tirar fotos mas chegámos lá acima num instante quando comparado com um ano atrás. 
Entretanto a rapariga penso que desistiu pois ia com tonturas e perguntei-lhe se queria uma marmelada ou uma barra mas respondeu-me que não, acabou por ficar para trás quando havia a separação do trail para o mini-trail.




Autênticos túneis de arvoredo.


Em plena subida há boa-disposição e
a certeza que é para acabar.

Selfie em plena selva =P

Alcançada a primeira meta, o primeiro abastecimento que se encontrava no topo da subida, aos 7 km, aproveitámos para comer muita laranjinha e muita melancia. Ai que estava tão boa a melancia!!! Mhan mhanm mhan :)

Após o abastecimento dava para correr e corremos bem durante uns bons km's, algumas descidas com pedra pelo meio mas a coisa fazia-se. Estava sol mas algum vento o que ajudava a refrescar.
Num instante chegámos ao segundo abastecimento, por volta do km 13. Seguíamos com outro atleta que comentava conosco que os da frente não apreciavam a paisagem como nós :)
Após este abastecimento havia nova subida até a um marco geodésico onde o vento forte se fazia sentir.
Íamos bem, a controlar mais ou menos o tempo para acabarmos com 5 h e tal.








Após esta subida havia uma descida bem técnica e em single track. Os ténis novos travam bem, o único problema é que as meias que levei eram curtas e escorregavam, o que fazia com que os ténis me aleijassem um pouco nos calcanhares, mas não foi nada de especial, para a próxima tenho que levar meias mais altas.
Após esta descida bem no meio do arvoredo, de tal forma que fiquei com as pernas todas arranhadas, chegámos à "Sauna do Javali". E de facto esta zona estava mais exposta ao sol e menos exposta ao vento, o que fez com que sentissemos bem mais o calor. Nova subida e depois terreno plano para correr. Ía-me esbardalhando toda quando tropecei numa pedra e tive literalmente a cara a cm do chão mas não sei bem como consegui evitar a queda. Só não conseguimos foi evitar as asneiras =P

Após nova subida (mas tudo subidas fazíveis...) chegávamos a novo abastecimento onde aproveitámos para encher garrafas de água, comer mais fruta e batatas fritas. E a partir daqui seria praticamente sempre a descer ou plano.




Selfies atrás de selfies.
Não me lembro de termos tirado tantas.
Mas agora que as vejo, só vejo sorrisos e isso espelha bem o que foi esta prova para nós.

Depois de descermos chegámos a uma zona plana e a cerca de 5 km da meta íamos quase sempre a correr. Estava algum calor nesta altura e as poucas subidas que ainda haviam, curtas e pouco inclinadas, já não apetecia correr e íamos a caminhar.

Chegámos ao último abastecimento, ao km 26, comi mais melancia (não sei se já disse, mas estava a saber-me mesmo bem) e depois era sempre a correr em estradões no meio de árvores. Comecei a ficar um pouco refilona pois já estávamos a correr de seguida há alguns km's, o km 30 a aproximar-se e nem se viam casas...Mas eventualmente de repente guinámos para o lado e ali estavam elas, as casas. Caraças, ia fazer-se justiça! Ia terminar uma prova até relativamente fácil mas que no ano passado não nos foi possível terminar.

E lá chegámos à meta com 30,5km percorridos e 5h38m de prova. Isto sim é aceitável. Uma prova de trail que tem apenas 500m a mais...

Cheguei cansada naturalmente mas muito satisfeita. Como disse o Vitor logo após chegarmos, agora só faltam duas vinganças, os Abutres e o LouzanTrail :)

Até lá temos mais aventuras e a próxima é já no sábado. Serão 20 km numa zona bem bonita ;)

quinta-feira, 2 de julho de 2015

No Jamor com os nossos novos ténis de trail

Tenho andado um pouco afastada destas andanças dos blogues e peço desde já desculpa a todos os leitores.
Para escrever o artigo sobre a aventura da Lousã foram quase duas semanas e ler os vossos blogues tem sido mais complicado, vou tentando comentar um aqui outro ali mas o tempo é escasso. Vou tentar andar mais em cima do acontecimento. 
O Vitor nem se fala....mas já sabem que as aventuras de um são as aventuras do outro por isso podem sempre acompanhar as aventuras do casalito neste canto da blogosfera.

Depois da grande aventura da Lousã e de um fim-de-semana fantástico, segunda-feira foi dia de regresso aos trabalhos. Foi um dia horrível para mim, fiquei mesmo deprimida. Cada vez gosto menos do ambiente da cidade, do stress que se vive no dia-a-dia em trabalhos da treta em que se valoriza é as coisas materiais e depois vai-se a ver e ao final do mês recebem-se salários da treta.
Andei um pouco desmotivada, só me apetecia voltar à Lousã e ficar por lá a viver. Quem sabe um dia.

Por agora resta-nos voltar aos nossos treinos de forma um pouco mais afincada pois vêm aí mais ultras e não me apetece nada voltar a ficar pelo caminho.

Já há algum tempo que andava a precisar de trocar os ténis de trail mas fui adiando a coisa até que decidi que tinha que ser no fim-de-semana a seguir à Lousã. O Vitor também estava a precisar de trocar os dele e assim decidimos que íriamos à Casa Sena na Baixa ver uns da La Sportiva.
Só foi pena que a despedida dos meus Adidas Voltaren, João esta foi para ti ;), enganei-me Adidas Response Trail, tenha sido logo numa prova em que não chegámos ao fim. Em contrapartida espero que a estreia dos novos seja numa prova em que nos iremos vingar da nossa única desistência até à data, Almonda (é já no próximo domingo).
O Vitor também comprou uns novos, são também La Sportiva, só que ele já tinha uns. Agora tem uns ainda mais lindos, são vermelhinhos :)

E aqui estão eles, os meus novos meninos:


Desculpem, eu nem ligo muito a estas coisas
mas digam lá se não são super fashion? 

La Sportiva Ultra Raptor, têm mesmo nome de dinossauro feroz :)
E são mesmo lindos, não são? 

No domingo fomos estreá-los para o Jamor. 
O Jamor é um local muito bom para treinar, tem zonas em terra batida e tem trilhos dos lados. Trilhos até bastante bons, não dá é para fazer muitos km's. Mas como nós só queríamos estrear os ténis e pôr-lhes alguns km's em cima, foram 12 km com bastante calor mas foi um treino bem agradável onde ainda vimos um coelho. 

Jamor do lado do Parque Aventura
O Estádio Nacional lá ao fundo.
No Parque Aventura.


Obstáculos :)


Entretanto durante a semana voltei a correr duas vezes com eles, 6 km em Monsanto e 10 km na Quinta das Conchas e estou-me a adaptar bastante bem a eles. São mais leves e mais confortáveis que os Adidas. E com um nome de dinossauro tenho a certeza que faremos muitos e felizes km's :)

Boas corridas malta!
E sejam felizes a correr! Não se chateiem que nós andamos nisto é para descontrair e ser felizes :)

Ora bem, vêem?
É por isto que eu corro! É por isto que nós corremos!
Para vivermos momentos felizes :)