domingo, 2 de outubro de 2016

Ultra Trilhos Rocha da Pena no dia mais quente do ano ou...Ultra Rocha da Pena 2- Isa&Vitor 0

Com praticamente 2 meses de atraso (ups!) aqui vai o relato de nova tentativa de concluir o Ultra Trail Rocha da Pena (UTRP).
Agora a sério, eu sei que o blogue tem estado assim para o abandonado mas nós continuamos a correr! E cada vez mais rápido ;)
E fica aqui já escrito e prometido (ai Isa no que te vais meter...) que até ao final do mês no máximo eu fico finalmente com a escrita em dia!

Agora quanto à Rocha da Pena. 
Estávamos inscritos desde Março na esperança de "vingar" a desistência do ano passado mas o tempo e a falta de treinos trocaram-nos as voltas.

Depois de São Mamede desleixámo-nos um bocado, continuámos a treinar inclusive treinos longos e provas de trail com 20 e tal km's mas claramente não chegou. O principal problema é que descurámos o treino de subidas. Andámos mais preocupados com o calor e chegámos mesmo a fazer um longo num dos dias mais quentes do ano, só para terem ideia nesse dia quando iniciámos o treino estavam 35ºC! Seja como for nada nos poderia preparar para o que uns dias antes da prova se encontrava escrito no Facebook do UTRP:

"podem contar com uma sensação térmica na ordem dos 45º / 50º"

PÂNICO!
45ºC?!?!?!
50ºC?!?!?!

Onde raio nos fomos nós meter?
Rapidamente entrámos em modo "ok, vamos lá, damos o nosso melhor mas se aquilo for um calor brutal e se tiver mesmo que ser desistimos..." E teve mesmo que ser...

Não temos falhado esta prova desde a 1ª edição e continuamos fãs. E para o ano queremos voltar :)
Temos aproveitado o facto de ser em Agosto e já agora aproveitamos a altura das férias.
No 1º ano fizemos os 25 km, no 2º ano tentámos fazer os 60 km e desistimos aos 41 km, este ano tentámos fazer os 50 km e ficam já a saber que desistimos aos 29 km. 
Eu+calor extremo=impensável
Por isso estou a rezar a todos os santinhos para que no próximo ano o UTRP não calhe no dia mais quente do ano! Sim, porque 2 ou 3 dias mais tarde saiu uma noticia a dar conta que domingo, dia da prova tinha sido o dia mais quente do ano em Portugal até à data! Olha a nossa sorte, hein?...

Mas adiante.

Sábado, 6 de Agosto, véspera da prova.
Chegámos ao Algarve à hora de almoço e fomos logo a Loulé levantar os nossos dorsais. Aí logo nos alertaram para o calor que se faria sentir no dia seguinte. Aliás bastava ver o calor que já estava nesse sábado. Que brasa! Demasiado calor!

Conversámos sobre a táctica para o dia seguinte e vendo logo o calor extremo que estava prepará-mo-nos para o pior.
O calor era tal que tivemos que dormir de janela aberta e ventoinha ligada! 

Domingo, 7 de Agosto, dia da prova.
A organização sabendo que aquela zona costuma ser quente e como a prova se realiza em pleno Agosto coloca a partida para as 7h. Uma excelente decisão, pois sempre conseguimos correr 2 ou 3 h com uma temperatura aceitável. Mesmo assim às 7h da manhã já estava quente...

Prestes a partir.

Este ano notámos uma maior participação. A prova está aos poucos a tornar-se mais popular e bem o merece.

Iniciada a prova foi aproveitar as sombras e a temperatura ainda não tão quente. 
O percurso pareceu-nos quase igual ao do ano passado, tirando uma zona nova bem gira e em single track.




A tal zona nova em single track e com fotógrafos em cantos escondidos =P
Não larguei os bastões 1 minuto!
Mesmo em zona corrível, corri com eles na mão.
Tornaram-se mesmo os meus melhores amigos em trilhos.
Aqui e à sombra já vamos a escorrer suor...
Mas ainda há sorrisos.


Algures na zona propriamente dita da Rocha da Pena um fotógrafo reconhece-nos (presumo que do ano anterior) e "ameaça-nos" de apedrejamento se não terminarmos este ano...Calma...ele estava a brincar mas foi mesmo algo do género como quem diz "não acabem isto, não...", respondi também na brincadeira que agora íamos mesmo ter que terminar. Nesta altura ainda íamos bem, penso que até melhor que no ano passado, conseguíamos correr melhor nas zonas de corrida e aguentar-nos nas subidas. O problema é que esta prova tem uma zona de subidas brutais mas é só a partir sensivelmente dos 20 km, continuo a achar que não há subidas assim em mais lado nenhum. São tão inclinadas!!!! É de desesperar!


"Apanhados" em pleno abastecimento :)

Aos poucos foi ficando cada vez mais calor. Ainda nem eram 11 da manhã e já tínhamos deitado abaixo mais de 2l de água! Estava um bafo! Nem queria imaginar quando chegássemos às subidas da morte ou do inferno...Sim, a prova tem duas subidas com estes nomes e o problema é que há outras sem nome e que são tão ou mais difíceis que estas...

Oh esta é uma amostrinha de nada...
Podes enganar os leitores com esse sorriso Isa...mas a mim não me enganas...
sei bem o que ias a sofrer com o calor e com as subidas...

Aquela ali também é só uma amostra...
E esta também é uma filha ainda bebé...

Aos poucos (e ainda nem chegámos à Subida da Morte) vamos vendo já alguns atletas encostados a árvores, alguns sentados a descansar junto à sombra da árvore. Está mesmo um calor brutal!

Chegamos à Subida da Morte, ouvimos musica. É um "maluco" que lá em cima está a gritar e a tocar como se fosse um índio. 
À medida que as pessoas avistam a Subida da Morte vão-se ouvindo palavrões e suspiros. Aquela não é mesmo uma subida fácil. É mesmo de se dizer palavrões! Principalmente estando o calor que está! Já não me lembro mas é bastante provável que tenha dito uns quantos.

Chegados lá acima é a separação do trail e da ultra. Seguimos para a ultra mas mais valia termos logo virado ali rumo à meta do trail... O que se segue é uma descida arranca unhas. E depois nova subida onde aproveitamos para olhar para trás e ver se vem alguém atrás na descida. Ainda não se avista ninguém...será que desistiram? Será que já somos os últimos? Para já seguimos completamente sozinhos. Nova subida...agora a do Inferno... TIREM-ME DESTE FILME! Aos poucos estou-me a passar com estas subidas mega inclinadas. Já não me lembrava que isto era TÃO inclinado e começo logo a resmungar que estas são as piores subidas de sempre. O problema é mesmo a inclinação. E aquele calor...aquele calor é demasiado...não sei como ainda não derretemos. Vamos a beber imensa água e ao mesmo tempo a comer bastante e a beber isotónico. Não podemos de modo algum entrar nalgum estado mais perigoso.




São subidas atrás de subidas, o calor está insuportável. Tenho que parar e sentar-me um bocado. Sento-me numa pedra numa zona de sombra, nessa altura digo ao Vitor que vou bem mas que aquele calor é demais e só preciso duns minutos sentada para ganhar alento para mais subidas. Na verdade seria a subida seguinte que nos deixaria KO. O calor era brutal e a subida era muito inclinada. Subíamos uns metros e parávamos junto às sombras das árvores com a banda sonora desta prova sempre como companhia. E que banda sonora foi essa? A das cigarras! Ui o que elas cantaram neste dia de calor extremo! A certa altura tive que me sentar novamente. Depois de sentada e de uma forma super pacífica e tranquila digo ao Vitor que por minha vontade quero desistir. O Vitor concorda de imediato. Estamos na mesma onda. Isto está a ser brutal, o calor é extremo e as subidas...bem são as mesmas de sempre e nós não nos preparámos convenientemente para elas. Desta vez não vai ser nada de dramático, vamos desistir porque não queremos ir ao limite como foi o caso do ano passado onde andei ali a roçar os meus limites. Sabemos que ainda vêm aí mais subidas brutais e o calor provavelmente ainda vai piorar! Não, chega por hoje. Para o ano há mais.

Caminhamos até ao abastecimento seguinte onde assim que chegamos comunicamos a nossa vontade de desistir. São super simpáticos conosco, concordam que mais vale desistir estando "bem" do que ir ao limite. Comentam que o vassoura ainda vem para trás com mais atletas e que já tinha também comunicado informando que eles também queriam desistir ali, por isso aguardamos por eles no abastecimento.
Enquanto isso aqueles 3 voluntários ali presentes fazem-nos sentir o verdadeiro espírito do trail (cada vez mais em vias de extinção) conversando conosco e contando-nos histórias de outros atletas. Informam-nos que só ali já desistiram várias pessoas e que noutros pontos de abastecimento (principalmente no seguinte) também já tinham desistido umas quantas. Contam-nos como uma equipa, daquelas da frente que ganham coisas, tinha chegado ali e um dos atletas tinha gritado com o outro que já ia bastante cansado para se despachar pois já vinha aí outro atleta de outra equipa. É o espírito do trail...

Quanto a nós esperámos ainda uma meia hora mas os últimos atletas nunca mais chegavam e um dos voluntários acabou por tomar a iniciativa de nos levar até à meta. Aí tomámos banho e depois seguimos caminho para a nossa "casinha" em Alte onde aproveitámos para mergulhar as pernas na água fresquinha das piscinas fluviais :)



Foi uma desistência super tranquila, de certa forma já previsível para nós. Foi mais uma experiência e mais um treino. 
O UTRP continua de parabéns por ano após ano continuar a pôr de pé uma prova muito bem organizada e com voluntários muito prestáveis e simpáticos.

Depois do UTRP...FÉRIAS!!! =)
E ainda deu para mais um treino durante as férias. Foram cerca de 7 km de recuperação pós Rocha da Pena e onde misturámos um pouco de estrada com terra batida.







E depois da Rocha da Pena?
Depois tem sido só estrada. 
Estamos a preparar a nossa 7ª maratona, a Maratona do Porto e estamos 100% dedicados à estrada. Confesso que já tenho imensas saudades de correr em trilhos e já estamos inclusive inscritos para um trail pós Maratona do Porto :)

Próximos relatos:
  • Corrida do Avante
  • Meia-maratona das Lampas
  • Meia-maratona do Porto
  • Corrida do Tejo
  • Meia-maratona Vasco da Gama

13 comentários:

  1. Foi uma pontaria em cheio, o dia mais quente! Depois já houve outro que o bateu mas na média nacional, porque na região algarvia esse foi mesmo o mais alto.

    Inferno... morte... olha que ricos nomes! :)

    Beijinhos e... prometeste até final do mês... está prometido... (mas fica descansada que eu sou compreensivo... eh eh eh )

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    1. Tivemos cá uma "sorte"... =P
      A sério, vocês até vão ficar impressionados com a rapidez da minha escrita ;)
      Beijinhos

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    2. Não me espanta. Andas numa de rapidez como hoje vi :)

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  2. Subida ao Inferno não é para todos mas olha que eu já desci ao Paraíso na Serra do Açor há muitos anos!
    Beijinho e abraço.

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    1. Acredito Jorge. Nós nunca corremos na Serra do Açor mas já lá fomos passar um fim-de-semana e realmente parece um paraíso :)
      Beijinhos e abraço

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  3. É uma prova muito boa, mas...fizemos bem em desistir.
    As subidas e o calor, foram adversários fortes demais.
    Temos uma sorte com a escolha de certas provas;)
    Ainda havemos de a acabar.
    E as férias foram fantásticas!!!
    Isso foi o mais importante.

    Beijos gigantes Isa linda

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    1. É verdade, o mais importante é que as férias foram fantásticas. Quero mais!

      Aquela prova é muito dura mas com os treinos que agora andamos a fazer e vamos continuar a fazer, havemos de conseguir terminá-la :)

      Beijos gigantes

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  4. Correr em dias quentes, sol sempre a bater, é do pior! São mesmo valentes por terem chegado onde chegaram. Só mesmo por ser num local tão bonito (e terem férias a seguir ;))!
    Parabéns!
    Agora, vá, à escrita, que há muito para actualizares. :)
    Beijinhos

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  5. É mesmo do pior! Mas nós somos teimosos e para o ano provavelmente lá estaremos de novo ;)

    Estou a escrever, estou a escrever... ;)

    Beijinhos e boas corridas

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  6. Para o ano reduzem a desvantagem! :)
    Venham de lá esses relatos que estão pendentes!

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    1. Sim, há mais para o ano :)
      Já despachei mais um relato :)
      Boas corridas!

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  7. Ufff Que pesadelo! Eu adoro a zona e o pessoal da organização que conheço pessoalmente, mas esta prova é um desafio à parte. Estive lá em Junho e fizemos um best of da Rocha da Pena de 20km, passámos pelas "melhores" subidas. LEvei uma tareia que até andei de lado! E já estava quentinho (30 e poucos graus), nem quero imaginar com 40. É tão mau tão mau que eu tou com vontade de lá ir! eheheh Até ao Porto!

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    1. Eheheh :) É que é mesmo mau! Mas nós lá continuamos a ir ano após ano, é um desafio que terá que ser superado.
      Vemo-nos no Porto!

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