terça-feira, 4 de agosto de 2015

Ultra Trail Nocturno Lagoa de Óbidos, a maior desilusão desde que corro



Começo este artigo com uma foto. Uma foto que marca um momento de enorme orgulho e ao mesmo tempo de enorme desilusão. O momento da chegada à meta após 58 km de prova e de perseverança.

Esta prova foi a maior desilusão da minha vida de corridas. E uma grande desilusão no mundo dos trails. 
Mais uma vez, as organizações de trails fazem o que lhes apetece e dá na real gana, alteram regulamentos como bem entendem e o zé povinho que se lixe!
Muito haverá a dizer sobre esta prova e não vou dizer tudo hoje porque senão ainda expludo. Haverá como sempre uma crónica detalhada da nossa prova daqui e uns dias.

Quem me conhece sabe e quem lê este blogue também o sabe, quando as organizações estão bem, eu sou a primeira a elogiar. Sei elogiar desde os voluntários, aos abastecimentos, ao percurso, à segurança na prova. Eu desfaço-me em elogios quando uma prova o merece. E atenção, esta prova também merece os seus elogios e no relato completo que farei da prova também terá direito a alguns. Mas, se acontece algo grave, triste e que vai completamente contra aquilo que todos consideramos ser o trail então eu também tenho o direito a revoltar-me.

Três dias antes da prova o Vitor recebe um email a informar que existirá um barramento horário ao km 38, às 7h de prova.  3 dias! Algo que nunca constou do regulamento! Como é possível que se mudem regulamentos a torto e a direito? E ainda por cima, tão em cima da prova?
No dia anterior à prova novo email....afinal o barramento será ao km 39 e a prova afinal tem 57 km...(verificou-se mais tarde que seriam 58 km). Simpáticos, pelo menos estenderam o limite de prova para 10h. 

Estas notícias deixaram-me logo em polvorosa.
Como muitos saberão, no ano passado esta prova não tinha qualquer tipo de limites, tendo inclusive várias pessoas chegado após as 10h de prova e até com mais de 11h de prova. E no ano passado eram só 50 km! Todas foram classificadas.
Este ano não só já estavam a impor um limite final, como meros dias antes da prova resolveram apimentar a coisa colocando um limite a meio.

Resumindo agora a coisa, nós chegámos cerca de 13 minutos após o limite intermédio das 7h de prova. 13 minutos! Manifestámos desde logo o nosso desejo em continuar e sabem o que nos responderam? "Se quiserem podem continuar mas será por vossa conta e risco."
Manifestámos o nosso desagrado por sermos desclassificados por um barramento horário inventado apenas dias antes e que NUNCA constou do regulamento, mas não nos ligaram nenhuma. Não sentimos qualquer compreensão ou solidariedade por parte da organização. E logo nesta prova com tanta fama! Mais! Estava lá o grande Jorge Serrazina (fazia parte da organização) um senhor pelo qual sempre nutri enorme admiração! É um enorme atleta, um dos melhores! Mas sabem qual foi a reacção dele perante as nossas reclamações? Permaneceu o tempo todo sentado de braços cruzados e pernas esticadas.
Não houve um único pedido de desculpas por sermos desclassificados por limites que não constavam do regulamento quando nos inscrevemos!
Não houve qualquer preocupação por seguirmos sozinhos. À noite!

Seguimos caminho muito desiludidos com esta situação. Como é natural isso afectou e muito a nossa prestação dali para a frente. Mas nunca desistimos. E quem me conhece sabe que dali para a frente eu só parava na meta. Nem que fossem 100 km mas podem crer que por uma questão de honra íamos terminar aquela treta!

Completamente estoirados chegámos ao local da meta 11h40m após termos começado. Percorremos os 58 km todinhos, porque foi para isso que nos inscrevemos.
Ainda pensámos que a organização teria um pingo de preocupação e sentido de responsabilidade para com os dois atletas que seguiram sozinhos após serem desclassificados por limites que NUNCA constaram do regulamento, mas não! Chegados ao final não havia absolutamente nada nem ninguém à nossa espera. 11h40m em movimento, toda a noite, e nem uma sopinha quente havia à nossa espera. Desprezo total.

E nesse momento a ponta de esperança que ainda tínhamos que esta organização fizesse o correcto foi-se. E esta organização desceu imenso na nossa consideração.

Nunca pensei ser assim tratada por uma organização. Ainda por cima de um trail! Onde supostamente há mais espírito de solidariedade, compreensão e companheirismo.

Nesta nunca mais ponho lá os pés.
Desta não preciso de lá voltar para me vingar pois conseguimos concluí-la. Não aparecemos classificados? Pouco me interessa. 

Com a nossa atitude mostrámos que não estamos nisto para aparecermos classificados. Estamos nisto porque acreditamos em nós, porque adoramos o desafio, adoramos superar-nos. Adoramos as paisagens, os trilhos técnicos, as subidas difíceis, os abastecimentos e a simpatia das pessoas. 

E nunca senti tanto orgulho em nós por completarmos uma prova. Ninguém estava lá para ver, não temos pratinho nem classificação para comprovar mas nós sabemos que o fizemos. Para nós, nós somos finishers, como tal não preciso de lá voltar para "vinganças". 

Está feita. Estão feitos os 58 km do UTNLO.

Segue email que enviei para a organização e que até agora não obtive qualquer resposta.

«Bom dia,

O meu nome é Isadora Costa e fui participante do TNLO versão 55/57 km com o dorsal número 70. Fiz toda a prova juntamente com o meu namorado e companheiro de equipa, Vitor Gonçalves, dorsal número 69.
Infelizmente não fomos classificados por termos sido barrados aos 38/39 km mas já lá vamos.

Venho por este meio participar o meu enorme desagrado e grande tristeza pela forma como esta organização funcionou.
Quando me inscrevi nesta prova li o regulamento e não tinha qualquer informação quanto a limites horários intermédios com 7 horas de prova. Ora, enquanto atletas temos o direito a ter conhecimento das "regras do jogo" assim que nos inscrevemos.
3 dias antes da prova! 3 dias! o Vitor recebeu um email (que eu nunca recebi) informando de um limite de tempo às 7 h de prova e ao km 38. Na véspera novo mail (agora sim, também recebi) informando sobre o dito limite de tempo que afinal já era ao km 39.
Tenho que mostrar o meu mais profundo desagrado por isto. Como é possível que só se informem os participantes sobre um barramento horário na véspera da prova?
É inadmissível.

E sim, fomos barrados e desclassificados nesse controlo que só passou a existir 3 dias antes da prova começar.
Chegámos 13 minutos, apenas 13 minutos após o limite, mostrámos o nosso desejo de continuar, ao que nos responderam que poderíamos continuar mas por nossa conta e risco! 
Mostrámos o nosso descontentamento relativamente a este barramento inexistente aquando da nossa inscrição mas as respostas dadas foram evasivas e não houve qualquer compreensão, humildade ou solidariedade, nada de espírito do trail tão falado e que julgo estar em vias de extinção devido ao boom que o trail está a levar.

Muito descontentes e tristes com a reacção por parte da organização decidimos continuar o nosso caminho, em frente, pois somos lutadores, persistentes e tudo o que queremos é viver estas experiências de aventura e alegria, pois isso sim é o trail. O trail deveria ser feito para todos os atletas, dos mais rápidos aos mais lentos e por todos deveria ser mostrado respeito. Aliás, o trail é precisamente isso, o desafio, a aventura, a amizade, o companheirismo, coisa que não vi por parte da vossa organização.

E assim continuámos o nosso caminho completamente sozinhos, decididos a terminar a prova mesmo sem ser classificados. Acho que merecemos respeito pela nossa decisão.

Continuámos e chegados ao abastecimento seguinte, por volta do km 48, tenho só a dizer coisas boas. Sim, porque sei criticar mas quando as coisas correm bem sei elogiar. E há que agradecer ao pessoal deste abastecimento que até já estava a arrumar as coisas mas que foram 5* conosco e tudo fizeram para nos ajudar e mostraram-se muito disponíveis. Os nossos mais sinceros agradecimentos às pessoas que se encontravam neste abastecimento.

Após este abastecimento continuámos o nosso caminho já o dia começava a clarear. E sim, vivemos todo o desafio, toda a aventura até ao local da meta. Trepámos por cordas já com mais de 50 km nas pernas, corremos junto a macieiras e pereiras, avistámos o castelo ao longe, até que já só faltavam 2 km (dizia a placa) mas para nós pareceu-nos mais que isso. Chegados a Óbidos já sabíamos que ainda havia que trepar pelo meio da vegetação, subir a escadaria e só depois o nosso momento. O momento em que após 11h40 minutos em movimento bem precisávamos de uma sopa quentinha, bem merecíamos o prato de finishers. Mas não. Passada a porta de entrada para as muralhas o vazio. Nada nem ninguém. Apenas sacos do lixo amontoados. 

Apesar de nos terem dito que podíamos continuar mas que era por nossa conta e risco, ainda pensámos que a organização teria o mínimo de respeito e preocupação e que estaria alguém no final, no mínimo para confirmar que chegáramos são e salvos.
Nada. Desprezo total, nem uma ponta de preocupação, nem uma ponta de sentido de responsabilidade para com os dois atletas que decidiram continuar após o barramento inventado 3 dias antes da prova.

Já agora aproveitamos para dizer também que achámos a zona das arribas bastante perigosa. Já fizemos muitas provas de trail e no mínimo aquele local merecia ali alguém da organização ou bombeiros a supervisionar a descida das arribas.
A sinalização é outro factor negativo que temos a apontar, sinalização demasiado pequena e nos cruzamentos por vezes geravam-se dúvidas. Custava colocar fitas maiores nas zonas com mais cruzamentos ou arvoredo?

Estamos por tudo isto muito desiludidos.
Lutámos com todas as nossas forças até ao fim, quando o cansaço acumulado já era muito, nunca desistimos mesmo sabendo que não seríamos classificados. A poucos km's da meta já só pensávamos na sopa quentinha, pelo menos a sopa quentinha. Mas nada.

Resta-nos o enorme sentimento de orgulho por termos conseguido completar todo o percurso que afinal não eram os 55 anunciados, dias antes passou a ser 57 e no final verificou-se que era um pouco mais...

Estamos nisto pelo desafio e quanto a isso conseguimos superar-nos. 

Não tencionamos regressar mais a esta prova.
Para nós está feita, para nós fomos finishers. Nós sabemos que conseguimos e isso basta-nos.
Mas não paguei para ser barrada por limites que nem constavam do regulamento.
Sentimo-nos injustiçados.

Não voltaremos depois da forma como fomos tratados por vós.
Um enorme desrespeito e uma grande falta de humildade e compreensão.

Cumprimentos,

Isadora Costa e Vitor Gonçalves»

31 comentários:

  1. Muitos parabéns pela prova concluída e pela vossa coragem em terem seguido.

    Muitos parabéns pela vossa coragem de darem a cara neste assunto.

    Muitos parabéns pelo fantástico texto da carta enviada à organização.

    As coisas têm que ser moralizadas. Já na Lousã, foram barrados por um controlo inexistente no regulamento, nunca anunciado e que apenas vos foi comunicado a 15 minutos da hora limite (e quando seguiam com um tempo que daria para cortarem a meta dentro do tempo estipulado se... a prova tivesse a distância constante no regulamento).

    O que é um regulamento? É aquilo pelo qual os organizadores se compromotem a cumprir e o que os atletas têm que cumprir. Um regulamento nunca pode ser usado apenas para pemalizar os atletas em caso de alguma falha, mas também a organização. E há algumas que se estão a esquecer desta relação biunívoca.

    Na altura da inscrição, tem que se saber com que linhas se vai coser. Para isso existe o regulamento. E o atleta, ao consultá-lo, afere da sua disposição e capacidades para o desafio proposto.
    E não pode ser alterado com excepção de motivos de força maior, nomeadamente a nível de segurança, o que não me parece ter sido o caso nem numa prova nem na outra (se foi, cabia à organização justificar, invocando esses mesmos casos).

    As organizações não podem ocultar alguns dados do regulamento e apenas divulgá-los a escassos dias do evento, quando todos estão inscritos e preparados para o desafio. Não se mudam as regras a meio dum campeonato! (com a devida excepção de casos de força maior o que, repito, não terá sido o caso).

    Claro que se estivesse definido á partida esse limite, nem que fosse por um minuto, não poderiam alegar nada pois eram conhecedores do facto. Agora andarem a tirar coelhos da cartola e, surpresa das surpresas, apresentarem-no assim, não. Não se brinca com o esforço alheio.

    E estou perfeitamente convencido que os VERDADEIROS puristas do trail compreenderão estas palavras.

    Uma última e lamentável palavra. As provas têm um director de prova para a dirigir e intervir quando necessário. Não para fazer orelhas moucas quando está a ser levantada uma questão. Aí, com o director presente, tinha que intervir. E não deixa de ser curioso que se tenha sido tão intransigente neste controlo (não constante no regulamento), e tão mãos largas no de chegada (uma hora mais!). Ou há moralidade...

    Beijinhos e força!

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  2. Antes de mais muitos parabéns pela vossa determinação e ENORME força de vontade. É preciso um grande querer para terminar a prova nessas condições.

    Espero que vos seja dada uma resposta ao mail enviado. Para alem da alteração do regulamento não me parece normal que pessoas da organização estejam presentes e não intervenham quando levantaram o tema do limite.

    Beijos e Abraços

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    1. Esqueci-me de referir essa parte no meu comentário! Concordo contigo! O Director de prova ou alguém na sua representação teria a obrigação de ir falar com os atletas, desclassificados ou não, participaram e mereciam ser esclarecidos.

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  3. Olá.

    Lamento saber, a sério, acabei de leo o relato do Filipe e realmente, a sensação, é diferente (tirando a sinalização).

    Mas percebo, compreendo e concordo com o que escreves, é inaceitável, depois de pago e sem reembolso, avisarem que afinal vamos dar um jeitinho ao regulamento, não são oa caso omissos, esses sim, resolvidos como a direção da prova entender, mas sim alterar o regulamento.

    Quanto à postura do membro da organização também ficou percebido...

    Enfim, é como escreves, é não pôr lá os pés, provas é o que não falta!

    Bjs

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  4. Olá Isa e Vítor,
    Em primeiro lugar, o mais importante: parabéns por concluírem mais um desafio!
    Digo-te sinceramente: neste momento no nosso país, e falando em ultras, só faço duas ou três. Apenas as que me merecem total confiança da parte da organização. Estou a falar dos eventos organizados pelo Carlos Sá e pelo Armando Teixeira. São eles também atletas e sabem bem o que é estar “nas mãos” de uma organização (sobretudo, em termos de segurança, alimentação). Provas ditas “grandes” só mesmo com muita confiança na organização. Coisas mais pequenas (+- até 30km) faz-se muito bem em autossuficiência, não precisando da organização para nada, apenas que me marque o trilho para eu fazer o meu treino. Vou lá e pago para treinar. Apenas isso.

    Beijinhos

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  5. Compreendo a frustração... Mas pelo vistos há dois pesos e duas medidas... http://cidadaodecorrida.blogspot.pt/2015/08/vii-utnlo.html

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  6. Parabéns por terem terminado a vossa prova!

    No que respeita ao barramento, desconheço as "razões" da organização para alterarem o regulamento tão em cima do acontecimento, mas não invalida o mesmo!

    Compreendo perfeitamente a vossa frustração, a sério que compreendo! Mas reparem no seguinte, vocês passaram a tal barreira imposta pela organização, pelo que já sabiam que iam por conta e risco.

    Compreendo perfeitamente o desabafo, e especialmente a parte da sopa no final. Sei que nessas alturas precisamos de repor energias, pelo que compreendo....

    Mas a sopa ou não terem ninguém a vossa espera, é secundário!!!!! Não minimizando o menosprezando os vossos sentimentos.

    Mas reparem, passaram a barreira (a tal que foi criada 3 dias antes da prova), que pelos vistos, constava no novo regulamento. Felizmente não vos aconteceu nada, mas tenham presente que em caso de algum acidente o seguro, provavelmente não iria cobrir nada... Afinal para os devidos efeitos a prova tinha terminado. Mais ainda, estaria alguém para vos socorrer?

    Espero que não fiques chateada, não estou a pôr do lado da organização, até porque nem os conheço, não faço a minima ideia de quem sejam, mas esta é a minha perspectiva!

    Que a organização teve mal em alterar regulamentos tão em cima da data (teve sim!) Mas regulamentos, independentemente de quando surjam, são para se cumprir.

    Beijinhos

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    1. Olá Sérgio

      Desculpa intervir aqui no teu comentário mas deixa-me só dar uma achega. Os regulamentos são, como dizes e bem, para se cumprirem, mas é para se cumprirem dum lado e doutro. Ora o compromisso da organização era aquele regulamento que modificaram a seu bel-prazer em cima da hora e sem que haja uma razão válida conhecida.
      E aliás, não houve um novo regulamento, houve sim uma informação dada por mail sem constar do dito regulamento.
      E se houve tanta rigidez ali, transcrevo o que o Fernando Andrade escreveu no seu blogue quando passou 6 minutos antes do limite: "Por sorte, encontrámos ali o grande Jorge Serrazina, Director da Prova, que nos tranquilizou dizendo que não havia problema em ultrapassar as 10 horas".
      2 pesos 2 medidas?!? Um, inventado em cima da hora a ser cumprido com rigidez e outro regulamentado mas sem ser para cumprir?

      Por isso, concordo contigo quando afirmas que os regulamentos são cumprir mas acrescentando que é pelos dois lados. E a ser cumprido este regulamento, a Isa e o Vítor não eram barrados nem tinham que continuar por sua conta e risco.

      Um abraço

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    2. X2 ;)

      Acabei de me inscrever num certo evento, de estrada, lá para o quase fim do ano e sei que terei 6 horas para o terminar, se não DNF ou DQ, mas JÁ O SEI quando pago e completo a inscrição, não daqui a 3 meses e por um mail que pode ou não chegar, ser lido ou não...

      É que a questão do corte horário pode significar inscrever-me ou não, ou seja, a organização é desonesta neste ponto ao não dar a informação toda ou pior, ao alterar a seu bel-prazer as condições iniciais.

      Claro que compreendo a parte do "conta e risco" posterior da organização, após o corte horário, a questão é que não deveria acontecer porque no acto de inscrição esse corte era inexistente!

      É que se nos Abutres poderia estar em causa a seguraça (já muito se escreveu sobre isto, siga) neste caso, qual o motivo?

      Abraços (e bjs, afinal o blogue é de uma menina :))

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    3. João, escrevi isto assim que li este post, de seguida li os comentários e através deles cheguei ao blog onde li o post do Fernando Andrade.

      Entretanto voltei cá e até já comentei aqui abaixo (à cerca de 1 hora atrás).

      A ser como o descrito, a organização para mim, perdeu TODO o mérito e credibilidade!

      Dois pesos e duas medidas não! Nunca...

      Por isso estou de acordo com o que escrevestes!

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    4. Viva João, entretanto estive agora a ver os restantes comentários, a resposta que falei no anterior que fiz e que estará visível logo que a Isa o aprove, foi o que escrevi as 12:31, cerca de 10 minutos antes do teu...

      ... entretanto fui almoçar!

      Realmente, e volto agora a referir, para mim só isto diz absolutamente tudo da prova ENQUANTO COMPETIÇÃO DESPORTIVA, ou seja:

      O director da prova a dizer que não faz mal desrespeitar o regulamento!!

      Se isto pega moda, qualquer dia temos as direcções desportivas das maratonas de estrada a dizer aos Quénianos, corte ali naquela rua, assim vai conseguir bater o record do mundo...

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    5. João e Sérgio: creio que neste tipo de situações só haverá uma saída:
      se após a inscrição o regulamento mudar, o atleta deve ter direito a pedir a devolução da inscrição (se assim o entender). Caso contrário, se participa aceita as condições impostas pela organização. O que me parece gravíssimo é a situação referida noutro blogue onde, alegadamente, :))) o director da prova ajuizou de forma diferente situações idênticas.

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    6. Ia escrever qualquer coisa parecida com o que a Anabela escreveu. O atleta inscreve-se, tendo à altura da inscrição um regulamento que aceita com a inscrição - se as regras de jogo são alteradas pela organização, o atleta deveria ter no mínimo a opção/direito de não participar e receber o valor da inscrição de volta.

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  7. Bolas... :\ Tenho mesmo pena que tenhas tido que escrever este post, juro que durante o percurso me lembrei que esta prova seria muito boa para vocês e achei que iam gostar. Bem, o problema nem foi esse, acredito que até tenham gostado. Realmente o barramento não faz grande sentido. Acho que faz sentido em provas que corram o risco de acabar de noite e que entrem em zonas muito dificeis perto do final, mas não foi nada disso. Até se tornava mais rolante a partir daí! De tudo o que contaste o que me chocou mais foi a desolação no final e a (não) reacção do Serrazina. Mesmo estando fora de prova sabiam que lá andavam pessoas, não faz sentido que vos tenham deixado entregues à vossa sorte! Enfim, tenho mesmo pena... Até me sinto um bocado culpado por me ter corrido tão bem a mim, sei bem o que é estar do vosso lado.. De qualquer maneira foi uma grande conquista. Beijinhos e até daqui a duas semanas!

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  8. Olha no blog http://cidadaodecorrida.blogspot.pt/ encontrei um post sobre a prova, onde o autor escreve o seguinte:

    "Outra preocupação era a do tempo limite para concluir a prova. Falava-se em 10h, mas eu não tinha essa noção. Por sorte, encontrámos ali o grande Jorge Serrazina, Director da Prova, que nos tranquilizou dizendo que não havia problema em ultrapassar as 10 horas."

    É pahhhhhhh!

    O director da prova a dizer que não faz mal desrespeitar o regulamento?????

    Bem, já nem digo mais nada, senão ainda dizem que tenho mau feitio!!!!!!!!

    E por estas e por outras, que para mim, competir é em estrada, e com regulamentos claros e organizações que de facto sabem organizar...

    Mas isto é o meu ponto de vista!

    Um abraço a todos

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    1. Em trail há organizações com regulamentos claros e que sabem organizar, tal como em estrada há más organizações. A discussão não é essa, Sérgio!

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    2. De facto, eu acho que parte exactamente por ai!

      Ou seja, agora que li ambos as perspectivas dos dois blogs que li, o que se passou foi:

      A organização a 3 dias da prova resolveu mudar o regulamento, o motivo pelo qual o fez desconheço, e pelos vistos foi através de um email que poderá ter chegado ou não aos destinatários, no caso da Isa chegou-lhe ao conhecimento através do mail que o namorado recebeu. Portanto visto de fundo, nem sequer se trata de um novo regulamento, mas mais "uma regra criada à pressa" (aqui neste ponto a organização pecou muito)

      - Tendo a Isa e o seu colega de equipa conhecimento do barramento e falhado o mesmo por 13 minutos, decidiram em plena consciência irem para a frente com a sua prestação da prova. Se a prova terminou, não seria expectável encontrarem abastecimentos, publico, prémio de participação, mas acima de tudo (no meu entender) o principal, ou seja as condições de segurança! Felizmente ninguém se aleijou, mas se tivesse acontecido, o seguro limpava as mãos e provavelmente talvez nem houvesse ninguém para socorrer - neste ponto aqui, eu considero muito mais importante do que qualquer sopa ou outro abastecimento no final, e no meu entender a decisão da Isa e o Vitor (apesar de a compreender) acho-a imprudente. Primeiro a segurança, sempre!

      - Outro Ponto, no outro blog, existe relato de uns atletas que passaram esse mesmo "PSEUDO" bloqueio com 6 ou 7 minutos depois do mesmo, com a CONCORDÂNCIA do Director Desportivo - no meu entender, a organização falha gravemente aqui! Pois, em duas situações idênticas, separadas ambas por minutos, a organização fez o que se costuma chamar de "dois pesos e duas medidas"!

      Por ultimo (acho que não me estou a esquecer de mais nenhum ponto), eles chegam à meta e vão tentar falar com o director desportivo do evento, que nem se quer se digna a levantar da cadeira e ir falar com os participantes da prova??

      É a minha opinião, eu sei que tenho algum mau feitio, mas isto lembra a alguém??????

      PS: Há regulamentos claros sim, em trail e em estrada, mas por norma
      tendo a assistir a mais "atropelos" das regras no mundo dos trilhos... Ou são as provas que são perigosas em excesso, ou anunciam 40 kms e aparecem 60 kms (exagero propositado), ou chegam e a comida ou não é suficiente ou já acabou (estou-me a lembrar de uma situação que o Filipe relatou numa prova onde se bem me recordo já só havia bananas), etc, etc...

      Na estrada, também há grande atropelos é verdade, desde percursos mal marcados, a estradas não cortadas, a chicos espertos a encurtarem caminho... É uma alegria, há de tudo no mundo do chico-espertismo!

      Um abraço a todos :)

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  9. Fiquei triste com o sucedido, ainda mais que no primeiro Km passei pela Isa e pelo Vitor, bem dispostos, para enfrentar o que aí vinha. Confesso que não li o regulamento e não posso alegar o seu desconhecimento pois ao inscrever-me, implicitamente, aceitei-o. De facto, foi-me enviado um mail pelo director da nossa equipa, a ACB, informando das 7h. Das 10 no final, não me apercebi. Talvez um excessivo à vontade me tivesse feito encarar a prova como mais uma edição, no sítio do costume, a que tinham sido acrescentados alguns kms. Abordarei o tema num texto, que não cabe neste comentário, em que apenas pretendo prestar solidariedade ao simpático casal e exaltar a sua determinação em concluir a distância a que se propuseram.

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    1. Li o teu comentário antes de retirares, e deixa-me dizer-te que fiquei aliviado por mais alguém pensar como eu ;)

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  11. A revolta tem que ser grande, ainda para mais quando consultadas as classificações, se constata que deixaram prosseguir alguns atletas para lá das 7h00 (contei 6...) aos 39 kms.
    Infelizmente, isto está transformado num grande negócio e interessa garantir o máximo de inscrições à partida (nem que para isso, se tenham que omitir normas importantes do regulamento que, depois, "miraculosamente" aparecem; mas como já pagaste, aguenta!!). Fica a minha solidariedade para convosco e um sonoro apupo para a organização!!
    Luís

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  12. Pois é Isa, fomos bem enganados pelo Sr. Serrazina e companhia!
    Primeiro, no regulamento não estava aquele limite intermédio, depois...então não é que deixaram passar 5 atletas depois das 7 horas de prova!!!
    4 ou 5 minutos depois, está bem, mas 13 minutos já não dá!!!
    Parece que ali para aquelas bandas é conforme a disposição no momento.
    Aguardemos a resposta ao teu mail.
    Vamos continuar a correr por este Portugal fora, temos é de escolher bem as provas.

    Beijos gigantes

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  13. Não será pelos melhores motivos que escrevo pela primeira vez neste blog (já tive oportunidade de escrever antes por bem bons melhores motivos... Azar!). Mas faço-o agora porque acho que existe (sempre, a não ser - ainda - para a morte) uma solução para um problema (assim como a história de um testo para um tacho) e acho que devo humildemente expô-la.
    Não vou "falar"do caso (a não ser dizer que será necessário "ouvir" a contraparte, princípio básico da justiça e de quem a defende. De certo compreenderão. Se bem que acredito ser tarefa muito difícil, a da organização, de contra-argumentar perante tantas inacreditáveis evidências) mas sim do que no futuro podemos evoluir para evitar mais casos como este.
    E a solução passa, acho, por REGULAMENTAR. E como para todo o regulamento tem de existir CONTROLE, esse papel terá de ser assumido pela Associação de Trail Running de Portugal - ATRP (quem mais?...).
    Não se trata de um solução ideológica (ou talvez seja...) mas com o advento da literal explosão da prática do trail, os bons princípios meramente anunciados à boca grande já não são suficientes para garantir qualidade, sentido ético e (porque também é disso que se trata) profissionalismo na organização de eventos com esta crescente complexidade.
    Os regulamentos, controle e consequentes penalizações/bonificações também servem para nos defendermos (na medida do possível) do bom (mau!) senso e disposição dos "todo-poderosos" organizadores. Seria o "reequilibrar da balança", por assim dizer.
    A ideia da regulamentação passaria por primeiramente definir um conjunto de regras - direitos e deveres, ponderados de forma equilibrada - a serem cumpridas pelos putativos (gosto da palavra...) organizadores.
    Cumprindo estas regras, a prova teria a chancela de qualidade da ATRP, assim como as pizzarias que se querem distiguir pela qualidade, em Nápoles (coisa que faz significativa diferença se considerarmos a terra em questão), são agraciadas pela distinção da Associação Verace Pizza Napoletana, nem mais.
    O controlo de qualidade (cumprimentos das normas) seria feito durante a prova por elementos da Associação ou, na impossibilidade, pelo feedback dos participantes. Essa avaliação determinaria uma notação, baseada numa escala de qualidade (a criar pela ATRP) atribuída a cada organização (tipo, booking.com).
    Para os critérios para a definição das regras (REGULAMENTAR) e determinação da avaliação (CONTROLE) todos teremos ideias e opiniões e, também por isso, não será difícil encontrá-las. A ATRP encarregar-se-ia de estruturá-las.
    Tenho a ATRP como uma organização muito competente e claramente 'acima da média' - basta passar as vistas pelo site e temos desde logo essa percepção - e tenho a certeza que estarão ávidos de contributos para melhorar as regras de um desporto a sofrer uma verdadeira metamorfose.
    Sem me alongar mais (tenho uma história passada com o Carlos Sá, bem a propósito, mas deixo para depois...): Quem estiver de acordo que levante o braço!... Ou então que escreva construtivamente à ATRP.
    Eu o farei porque o trail é nosso, dos que se inscrevem e participam nele e que, em primeira e última instância, são a razão da sua existência.
    Olhemos para o problema como uma oportunidade para uma solução "da árvore para a floresta" e não nos fixemos, em demasia, a alimentar emocionalmente o problema (é uma frase demasiado fria mas é por aí que acho, humildemente, que devemos seguir... Desculpem qq coisinha!...:/)
    Parabéns Isa e Vitor pelos 57/58 e mais do que tudo... pela coragem e perseverança só ao alcance de alguns. (Já os vi numas provas mas ainda não nos conhecemos. Um dia apresento-me! ;D). Obrigado pela oportunidade para o contributo. Bons treinos, bons trails!

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  14. Amigos,

    Obrigada a todos pelo vosso contributo, opinião e solidariedade.

    Por motivos práticos vou responder a todos num único comentário.
    Espero esclarecer melhor algumas coisas, até porque entretanto tivemos conhecimento de coisas que só nos dão mais razão.

    O principal problema de que nos queixamos é dum tempo limite completamente inexistente no regulamento da prova, não existe nem nunca existiu. Apenas foi informado aos atletas através de email meros dias antes da prova.
    Ora, entretanto tive conhecimento e qualquer um o pode comprovar consultando as classificações que houve atletas que passaram no tal controlo das 7h, alguns minutos após o limite. Ora, posto isto, sentimo-nos completamente injustiçados e mesmo discriminados por a coisa ter sido facilitada para alguns atletas e para nós já não. Ainda por cima a atitude tida para conosco foi de total desprezo. “Se quiserem seguir podem fazê-lo mas por vossa conta e risco.”
    Houve claramente aqui um facilitismo e compreensão para com alguns atletas e para conosco foi precisamente o contrário. Porquê?

    Concordo que é algo arriscado seguirmos por nossa conta e risco e aí a decisão foi nossa. Só o fizemos porque somos dois. Nunca teria seguido sozinha. Mas, mesmo assim acho que uma organização que tenha o mínimo de consciência não nos deixaria por nossa conta e risco. Se fosse eu não ficaria bem com a minha consciência, mas isto já é da personalidade de cada um.

    Depois há outras questões que abordarei no artigo completo sobre a prova.

    Obrigada a todos pelas vossas opiniões e sobretudo pelo apoio demonstrado.
    Como podem comprovar pela foto, não foi isto que nos impediu de esboçar um grande sorriso após 58 km, embora agora que penso nisso esta organização merecia era que tivessemos tirado uma foto com as línguas de fora, "tomem e embrulhem!" =P

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    Respostas
    1. Acho que seria merecido, uma foto com a lingua de fora!

      Sabes, não podia estar mais de acordo contigo nestas tuas palavras:

      "Ora, entretanto tive conhecimento e qualquer um o pode comprovar consultando as classificações que houve atletas que passaram no tal controlo das 7h, alguns minutos após o limite. Ora, posto isto, sentimo-nos completamente injustiçados e mesmo discriminados por a coisa ter sido facilitada para alguns atletas e para nós já não. Ainda por cima a atitude tida para conosco foi de total desprezo. “Se quiserem seguir podem fazê-lo mas por vossa conta e risco.”
      Houve claramente aqui um facilitismo e compreensão para com alguns atletas e para conosco foi precisamente o contrário. Porquê?"

      Confesso que gostava de saber a resposta dessa (des)Organização

      Beijinho

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    2. Sabes Sérgio, eu também gostava muito de saber a resposta mas cheira-me que nunca a vou ter. E sabes porque digo isto?
      Porque um conhecido nosso, por engano, apareceu classificado mas desistiu ao km 20, ora ele enviou um mail para a organização a pedir a rectificação...e não é que já tiraram o nome dele da classificação?
      Ou seja, já leram os mails!!!

      Vergonhoso que nem sequer nos respondam.
      Nunca vi uma organização assim.
      Nem sequer devem saber o que dizer pois sabem que temos razão.

      Beijinhos

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    3. Infelizmente está a tornar-se frequente, tanto em trilhos como em estrada, há provas a granel, todos os fins-de-semana é uma planoplia à escolhia e à disposição do "freguês", e a qualidade, bem....

      ... nem digo mais nada, senão qualquer dia pensam que tenho mal-feitio

      Beijinho

      PS: Voltem a insistir, escrevam novamente, pagaram a inscrição, tem direito a ser tratados como os restante demais participantes!

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    4. Isa, manda essa carta para conhecimento à ATRP.

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  15. Vocês foram um espectáculo, em continuar, isso sim! E tens razão, não precisam de voltar para provar nada.
    Eu, sendo a favor de tempos de corte e barragem, por questões de segurança ou até de próprio desafio para o atleta (há provas que sei que ainda estão fora do meu alcance exactamente pelos cortes apertados), acho essas "adendas" posteriores ao regulamento, sem motivos de força maior (tempestades, condições meteorológicas extremas que eram imprevistas na altura do regulamento, etc) um completo desrespeito. Se a pessoa decidisse desistir depois dessa informação, será que seria reembolsada? A 3 dias do evento? Pois...
    De qualquer forma e, mais uma vez, parabéns aos dois!
    Beijinhos e venha a próxima!

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  16. Isa e Vitor, antes de mais os meus parabéns pela perseverança, pela força de vontade em concluir o percurso até ao fim ... foi arriscado? Foi ... mas vocês são maiores e vacinados e tomaram essa decisão, então está bem assim. Quanto à situação descrita, já foi tudo dito mais acima ... é incompreensível, e muito me estranha vindo da organização que é, encabeçada pelo Jorge Serrazina, que mesmo não conhecendo pessoalmente (duas ou três vezes nos cruzamos em prova, mas isso não conta) fui sempre admirando à distância. É pena ... esperemos que se dignem a responder, a dizer de sua justiça ... vamos ver.
    Beijinhos e muita força para os próximos desafios ... quanto a provas, existem muitas e boas.

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  17. Obrigada Rute e Carlos.
    Nós cá continuamos à espera duma resposta...até agora nada.
    Já estamos é focados no próximo desafio e é como dizem, provas há muitas e boas.
    Beijinhos

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