Depois da Corrida do Monge, em Outubro!, demorou até eu voltar a entrar em nova prova em trilhos. A razão principal prende-se com a falta de ténis adequados e a prova de ontem só veio confirmar isso.
Não sei se isto vos acontece, mas muitas vezes não sei bem como começar o relato de um treino ou de uma corrida. Claro que deveria ser pelo principio, mas como definir onde é o principio? Desde que acordei, desde que cheguei ao local de partida, desde que começou a corrida?
A escrever, tal como a correr, eu demoro a aquecer =P
Fico aqui a olhar para o ecran, escrevo umas palavras e paro. Só passado algum tempo é que as palavras parecem fluir melhor.
Então, o principio...
Após algumas pessoas (entre elas o
João e a
Lígia tiveram um papel mais preponderante) me terem convencido das maravilhas de umas meias de compressão, eu decidi comprar umas. A juntar-se ao facto de ultimamente eu andar sempre a sentir os gémeos meio doridos e pesados, acabei por arranjar um tempinho para as ir comprar na quinta-feira. Nem vos vou descrever a aventura que foi até chegar à loja...mas uma vez lá chegada mediram-me o perímetro dos gémeos e como a minha medida estava mesmo na fronteira entre um tamanho e outro aconselharam-me a levar o tamanho acima e que está perfeito. Uma das minhas dúvidas, não determinante mas ainda assim uma dúvida, era que cor comprar. Acabei por comprar laranja que é uma cor que eu gosto e como as meias são assim para o fluorescente vi logo o potencial que elas teriam para quando eu quisesse correr à noite ou correr em trilhos. Se me perdesse seria fácil para me encontrarem. Hehehe.
Na sexta-feira já fui correr com elas só para ver como seria. Mas a verdade é que essa corrida não correu lá muito bem, não tendo dado para ficar com uma ideia muito clara do que são as meias. Mas eu tinha a Corrida do Guincho no domingo para poder estrear "a sério" as meias de compressão.
Os membros dos 4 ao km presentes foram os seguintes:
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Eberhard, João, Rute, eu e minha mãe (que foi à caminhada) |
Após a minha mãe ter partido para a caminhada, nós seguimos para o local de partida onde encontrámos o
João e o
Vitor. Acabámos por partir todos juntos. Mas eu comecei a ficar para trás graças às minhas maravilhosas canelas que já não davam sinal há algum tempo e ontem voltaram a dar um ar da sua graça...Mau, mau Maria!
Começávamos com uma descida onde basicamente toda a gente se lançou por ali abaixo menos eu. O João (Lima), vendo-me em dificuldades ficou comigo para trás e entretanto fomos ultrapassados por todos os atletas. Sim, todos! Eramos os últimos e foi uma sensação...relaxante. Sinceramente acho que foi o único momento da prova que me senti em verdadeira comunhão com a natureza, porque não se via mais ninguém.
Um pouco mais à frente ultrapassámos duas ou três pessoas e depois parámos numa fila. Um engarrafamento de pessoas. Tudo por causa de um riacho. Lá chegou a nossa vez e lá saltámos para o outro lado. Depois tivemos de passar aqui:
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Parece que haviam umas tochas..e de facto lá se vê uma...
mas iluminavam tanto que eu nem reparei nelas =P |
Apesar da luz ao fundo do túnel, não se deixem enganar, a parte inicial era mesmo escura e não se via onde estávamos a meter os pés, mas sentíamos....lama...Os meus ténis azuis passaram a castanhos =)
Fiquei feliz por saber que as minhas meias de compressão para além de estarem a cumprir com o seu papel, também estavam a cumprir com o seu papel secundário, guiar atletas na escuridão. Hehehe. Pelo menos o João diz que se guiou pelas minhas meias para saber onde colocar os pés e sabe-se lá se os 2 ou 3 atletas que vinham atrás dele também não aproveitaram a "lanterna colocada nas minhas pernas" =P
Depois seguimos por uma zona com muitas árvores e onde por vezes só passava uma pessoa e ainda tinhamos que nos baixar, pelo menos os mais altos como o João e eu.
Continuámos a correr, até que chegámos junto ao Guincho onde o vento se fazia sentir e não era pouco!
A paisagem era linda, mas a verdade é que para apreciar a paisagem tinhamos que levantar os olhos do chão, o que não é muito aconselhável na maior parte das zonas. Mesmo assim deu para apreciar o suficiente e cheirar a maresia.
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É lindo, não é? |
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João Lima correndo no Guincho |
Mesmo que uma pessoa vá com atenção, as coisas podem acontecer...e de repente tropecei e segundo o João levantei voo mas felizmente aterrei em segurança. Não faço a mínima ideia como tropecei, só sei que de repente estava a colocar os pés fora do trilho para logo a seguir voltar ao trilho a dizer "eu estou bem, está tudo bem" para tranquilizar o João e os atletas que vinham mesmo atrás de nós.
Se me tivesse estatelado ali teria sido feio, pois era uma zona com pedras...
Depois disto continuámos junto ao mar, só que de um lado era uma ribanceira...aqui é que tinhamos mesmo de estar com atenção.
Acho que foi a partir desta altura que começamos a subir. Por vezes a andar, por vezes a correr. Acho que ultrapassamos alguns atletas nas subidas, nas descidas todos nos ultrapassavam...
Mais ou menos por esta altura chegámos ao pé do ministro...Estava parado à espera de um amigo, ultrapassámo-lo. O meu objectivo passou a ser chegar à frente do ministro... Toca de acelerar pelas subidas acima. Ganhámos alguma distância dele e de outros atletas.. Pensei que já chegava...esqueci-me de como sou fraquinha nas descidas e de como toda a gente se manda pelas descidas como se não houvesse amanhã. Gabo-vos a coragem. Mas por enquanto íamos com alguma distância já, mas o João a certa altura diz-me "ele vem aí". Oh não! Mas a seguir vinha a parede:
Para variar, as fotografias não mostram o que era aquilo. Só digo que a maioria, eu incluída, subia a andar e todos corcundas...
Quando finalmente acabou o martírio seguiam-se algumas zonas planas que não duravam muito...seguindo-se mais subidas, uma ou outra eu e o João subimos a correr, mas quando veio uma descida mais longa, logo começamos a ser ultrapassados...Previsível. E sim...o ministro ultrapassou-nos a bom ritmo e nunca mais o vimos...
A partir daqui apanhámos algumas zonas planas mas com o vento de frente, o que significa que íamos a fazer um esforço maior para conseguirmos avançar. Depois era só descer e descer e descer. Ah, e ser ultrapassados =P
Aqui comentei com o João que acho que facilmente também nos podemos lesionar em trilhos. O alcatrão e as provas em alcatrão podem ser mais agressivas para as articulações, mas o que dizer das pedrinhas e dos constantes desniveis no chão nos trilhos? E das descidas? Também não são boas para as articulações, pois o meu joelho direito começou logo a dar sinal. Também por várias vezes ia torcendo os pés, pois neste tipo de trilhos é preciso ter muita atenção onde e como colocamos os pés. Acredito que seja mais fácil com uns ténis apropriados, mas não há milagres e acho que tanto em trilhos como em estrada poderemos lesionar-nos. Podem é ser tipos de lesões diferentes.
Claro que posso estar mais "sensível" em relação a lesões por causa da história toda das canelas, mas isto é o que sinto.
Quando já tinhamos descido muito, seguiu-se uma breve subida. Yupi! Fiquei tão contente por estar a subir que até acelerei um bocadinho. Depois era novamente a descer já na recta da meta. Terminámos a sprintar =) e marcámos o tempo de 1h41m.
E terminei a pensar que soube a pouco. Foram 11 km e qualquer coisa, mas apetecia-me mais.
No final tivemos direito a t-shirt, pão com chouriço, sumo, maçã e um chocolatinho. Mhan mhan...
A organização esteve impecável, o percurso esteve muito bem assinalado, não faltaram abastecimentos e pessoas simpáticas.
A próxima prova será de estrada, a Corrida do Oriente. Gosto muito destas provas em trilhos, mas também adoro as de estrada. Têm características diferentes e ambas têm pontos bons e pontos menos bons.
A Corrida do Oriente será especial, pois há 1 ano atrás foi a minha primeira corrida de 10 km. Por isso é a primeira prova que repito e tenho andado muito entusiasmada com isso.
Amanhã volto aos treinos, provavelmente em Monsanto, nuns trilhos que nada têm a ver com os do Guincho ;)
Boa semana!