Há 2 anos atrás estreei-me na maratona num dia de muitas emoções e de grande calor. Mal sabia eu que 2 anos depois estaria a correr novamente aqui, já a fazer a minha 5ª maratona mas com um tempo completamente diferente.
Cinco. Quando olho para este número ainda não consigo interiorizar bem a coisa. Já temos 5 maratonas! Agora já vamos é na contagem decrescente para chegarmos às 10 :) Nunca imaginei.
Depois de há 2 anos atrás a maratona padrinho/afilhada ter ficado por terra por volta do km 15 para o padrinho, uns tempos depois a afilhada decidiu fazer uma surpresa ao padrinho e desafiá-lo a regressarem...para a vingança...para terminarem esta prova em conjunto..e claro...com o Vitor.
O padrinho ficou naturalmente feliz e entusiasmado com a ideia mas sempre receoso. Como correria desta vez?
A afilhada e o namorado Vítor por um lado também estavam super entusiasmados com a conquista da quinta mas por outro também estavam receosos pois não haviam treinado o suficiente em estrada e a forma de ambos não era claramente a mesma de há 2 anos atrás.
Mas os três tinham um denominador comum, o querer, a garra, a determinação.
E assim se juntaram 3 amigos da mesma equipa para, juntos, correrem 42 km cheios de bons momentos.
No dia anterior à maratona o dilúvio, a tempestade. Uma manhã com períodos de chuva forte, mas pior! Muito vento!
O tempo está tão mau que a Marginal está cortada pois encontra-se intrasitável! A Marginal! Onde vai passar a Maratona! Os bombeiros não têm mãos a medir nos concelhos de Lisboa e arredores, a organização da maratona deve estar em polvorosa! E nós estamos os 3 preocupados. Eu até comecei a preparar o João para o caso de cancelarem ou adiarem a prova...Vimos a coisa bem negra. Se a prova tivesse sido no sábado provavelmente era isso que acontecia...no fundo tivemos uma sorte do caraças!!!
Ou então não foi sorte...pois é...se não fosse eu a falar com o São Pedro...falei com jeitinho com ele. Nós já temos um longo historial de conversas e negociações e nestas coisas cada parte tem que ceder um pouco. E assim eu cedi o que tive que ceder. O que sei é que no sábado da parte da tarde o tempo já estava bem melhor...
Calma minha gente. Isto vai correr bem. (Mas no fundo estava a começar a ficar nervosa..é sempre assim, na véspera é que caio em mim. Lá estou eu a meter-me noutra maratona! Mas tu não ganhas juízo Isa??? Não....).
E assim chegou o dia 18 de Outubro, acordámos bem cedo. O tempo parecia melhor que no dia anterior mas estava a chover um pouco.
Fomos ter ao ponto de encontro com o resto dos 4 ao km, no Estádio Universitário de Lisboa. Chegámos lá já lá estava o Orlando dentro do carro porque estava a chover...e pouco depois chegavam o João e a Mafalda.
Todos num carro e lá vamos nós em equipa rumo a Cascais! Ainda é de noite, o tempo está incerto mas comentamos que parece estar a abrir...e de repente cai uma carga de água! Tememos uma prova molhada, o pior não seria isso, seria ficarmos encharcados logo à partida e termos que correr assim 42 km. Mas felizmente as minhas negociações com o São Pedro relevaram-se as melhores negociações de sempre. Obrigada São Pedro!
Chegados a Cascais, juntam-se a nós os filhos do João, a Joana e o Ricky.
O local de partida é junto ao hipódromo e a hora de partida é às 8h30. Parecida com a hora a que tivemos que partir à 2 anos atrás....10h05m...e nesse dia estava imenso calor...Cada vez que penso nisso....vá lá que essa situação foi corrigida para uma partida a horas razoáveis. E felizmente o São Pedro foi amigo e não nos brindou nem com chuva nem com calor. Este ano estava o tempo perfeito :)
Na zona da partida o habitual encontro com pessoal amigo e as habituais filas para as casas de banho.
Quando chego vou logo fazer o primeiro xixi, depois vamos tirar as fotos de equipa e depois vou novamente para a fila....gozem gozem...mas eu vi bem o percurso e sabia bem que o primeiro McDonalds pelo qual passávamos era só em Oeiras, a mais de 10 km de distância =P (se não perceberam vão ler/reler o artigo da Maratona de Paris). Nem pensar que ia partir novamente duma maratona com a bexiga quase a rebentar!
Enquanto estava na fila uma rapariga veio cumprimentar-me, era leitora dos nossos blogues e ia estrear-se na distância. E terminou! Parabéns maratonista Isabel! :)
Como as filas andavam muito devagar, só me despachei para aí uns 10 minutos antes da prova por isso fomos logo direitos para a partida. Só tive pena de não ver o amigo Isaac que neste dia fazia anos e ia correr a sua segunda maratona. Mas o Vitor encontrou-o enquanto eu estava nas filas e deu-lhe os parabéns em nome dos dois :) E parabéns Isaac pela segunda!
Já na zona da partida comecei a ficar cada vez mais nervosa e até um pouco emotiva.
O Orlando já estava mais para a frente visto que vai para outros voos, tendo acabado com 4h e pouco. E nós os 3 ali estávamos nervosos e desejosos de começar a aventura.
E foi dado o tiro de partida. Lá vai a gente para a quinta.
Começamos a correr, vamos bem dispostos. Enquanto eu estava na fila das casas de banho o São Pedro deixou cair umas lágrimas de emoção ao ver tanta gente junta para correr uma maratona, mas depois passou-lhe e à hora da partida o tempo estava perfeito.
Completamos o 1º km, vamos a correr junto ao mar, junto à Boca do Inferno e passa por nós o Owen e a madrasta, Colleen, que o vai a empurrar. Li o livro do Owen e do Haatchi por isso grito por ele, ele acena e a madrasta sorri enquanto empurra o carrinho dele. Fico algo emocionada mas contenho-me e não deixo cair as lágrimas. Aquela mulher irá empurrar o Owen durante mais de 42 km! É impressionante! Ao pensar nisto sinto que não me posso queixar, estou a correr feliz ao lado de um amigo e da pessoa que amo e tenho saúde para o fazer.
Seguimos caminho, passamos na baía de Cascais e vimos o petroleiro que no dia anterior tinha ficado encalhado. Passámos junto à estação e ali estava o meu pai a dar-nos apoio. E este seria o primeiro local de entre muitos onde o meu pai estaria. Um pai incansável! Um super pai :)
Nesta altura estava algum sol, embora estivesse uma temperatura mais ou menos amena. Chuva, vento? Nem vê-los! :)
Passámos pela Claudia da Açoreana, na sua estreia e que haveria também de conseguir tornar-se maratonista :)
Estes km's iniciais passaram super rápido, tal estava a ser agradável correr, chegámos ao km 8 quase sem dar por isso. Estoril, São João, São Pedro, Parede, tudo passou num ápice. Voltámos a passar pelo Owen e por outra criança que ia no carrinho de bebé e iam a acompanhá-los. Gandas miúdos!!! Tão pequenitos e já fizeram uma maratona! :) Não são todas as crianças que se podem gabar de tal feito.
Na Parede estava novamente o meu pai, passámos Carcavelos e chegámos a Oeiras, à minha terra natal. Aqui claro estava novamente o meu pai e também o amigo João Branco veio apoiar-nos.
Mas não eram só eles, havia ainda um número considerável de pessoas a apoiar e a gritar pelos atletas. E muitos eram portugueses!
Já noutros locais tinhamos visto mais pessoas a apoiar e comentei com o João a diferença para a 1ª edição e agora estávamos mesmo impressionados. Cheguei a comentar que quase parecia uma maratona no estrangeiro, vejam bem!
Estávamos a chegar ao km 15,5, o tal! O km do manguito. Aí estavam a Mafalda, a Joana e o Ricky que registaram para a posteridade o momento em que o João quebrou uma barreira :)
Siga que em frente é o caminho. Sempre em alegria e animação chegámos a Paço d'Arcos onde ainda se viam os estragos do dia anterior, um semáforo estava caído no chão! Agora imaginem se a maratona tivesse sido no sábado....
Depois veio Caxias e novamente o meu pai e os rapazes já comentavam se ele não teria um gémeo eheheheh :) Ele estava em todo o lado!
Os km's passavam bem, íamos chegar à meia maratona em menos de 2h30. Chegados ao passeio marítimo entre Caxias e Cruz Quebrada a semelhança era muita com dois anos atrás. Muitas bandeiras de vários países, algumas a serem agitadas por jovens voluntários que gritavam por todos nós.
Cruz Quebrada, cerca de 20 km. Quem aqui estava? Conseguem adivinhar? Sim, o meu pai! :)
Aqui também estava nova apoiante e leitora dos nossos blogues, a Sofia. Obrigada Sofia e força!
Tal como tinha dito anteriormente, nesta maratona notamos mais apoio que o habitual. Mais! Tendo em conta o percurso que é, fora da cidade, acho mesmo que o apoio até foi excelente. E outro episódio fantástico foi irmos a correr e os comboios que passavam por nós irem a apitar. Muito bom! Nós a corrermos e a nosso lado os comboios a buzinarem bem alto. Até os maquinistas da CP nos apoiaram! Acho mesmo que foi a maratona em Portugal onde tivemos mais apoio.
Chegámos a Algés já com uma meia despachada. Agora só falta outra! Nada de especial...
Passámos novamente pela Mafalda, Joana e Ricky, comemos umas laranjas nos abastecimentos e continuámos em frente tal como indica o Vitor :)
Logo a seguir quem vimos nós?
O cão Hattchi, o pai do Owen, família, amigos e apoiantes do Owen e da Colleen.
Parei logo e perguntei se podia tirar uma fotografia. Claro que sim. É este o espírito duma maratona. Festa, emoção, acreditar, lutar, viver!
Foi mais ou menos a partir daqui que a coisa começou a custar. Muscularmente, pois psicologicamente acho que estivemos sempre os 3 muito bem.
Km 22, km 23 e a certa altura já estava a demorar a chegar o 24. Como íamos tão bem, pensei para mim que talvez conseguissemos aguentar até aos 30 sem caminhar e fui lutando contra isso.
Em Belém tinhamos novamente apoio e serviu como energia. A família do João e mais à frente o meu pai que estava ao telefone com a minha mãe. Quando passei por ele, pôs-me o telefone ao ouvido e eu gritei "Olá mãe! Não te preocupes, estou bem!" :)
Veio o km 24, o 25 e o 26. E nesta altura eu ia a dividir os km's um a um até aos 30. Pensava "Vá Isa, agora só até aos 25. Já está. Agora só até aos 26. Já está." E pensei que assim aguentaria até aos 30.
Mas aos 26,5 ou 27,5 já não me recordo bem, o João comentou que já estava a precisar de andar e nem hesitei. De imediato começámos os 3 a andar, os 3 em sintonia. Quebrámos na mesma altura! Eheheh :)
Mas mentalmente estávamos bem, só precisávamos de caminhar um pouco para recuperar e depois voltámos a correr. Encontrámos o André Noronha e a sua companheira de corridas, a Cristiana. Corremos juntos durante alguns km's. Até porque por vezes andavam eles, depois nós. E assim estávamos sempre a passar-nos uns aos outros. Eles são os dois muito simpáticos e animados e são também uma presença assídua em várias provas, sendo que o André corre sempre com a máquina fotográfica na mão, sempre a tirar fotos aos amigos.
Passámos Alcântara, Santos e chegámos ao Cais do Sodré. Km 30!!! E derrubámos o muro. Mas qual muro qual quê??? Siga que o caminho é em frente! =)
Aqui terminou a maratona de comboio do meu pai, só o voltaria a ver na meta, assim como à Mafalda, Joana e Ricky.
Logo a seguir ao Cais do Sodré veio o Terreiro do Paço e depois metemos para dentro pela Rua do Ouro até aos Restauradores onde se fazia uma espécie de retorno e depois na volta já vínhamos pela Rua da Prata e seguíamos para a pior parte da prova. Faltavam agora cerca de 10 km para a meta mas o pior do percurso são aqueles km's finais entre Santa Apolónia e o Parque das Nações. É o deserto completo e é uma zona feia.
Já íamos cansados, mais eu e o João. O Vitor é um orgulho. Se está cansado não o demonstra e é um eterno optimista. Estes km's finais fizeram-se alternando corrida e caminhada rápida sempre entre conversas e sorrisos. Mas realmente os km's já custavam a passar. 34, 35, 36. Imenso tempo entre os km's! E depois o João queria comer banana e quando finalmente chegámos a um abastecimento que ainda a tinha, ele deixou-a cair...eheheh...
Lembro-me de em algumas alturas, apesar de estar já toda partida, ser eu a dar aquele incentivo para recomeçarmos a correr. Eu queria era ver o 40! Quando chegássemos aos números a começar por 4 a coisa estava praticamente feita.
Não queríamos saber de tempos, esta maratona não foi de todo feita com esse objectivo. Só queríamos terminar, ser penta-maratonistas, desfrutar da corrida e sobretudo colocar para trás o episódio que muito marcou o João há dois anos atrás. E estávamos tão perto de o conseguir.
Km 40! Oh yeah!
Falta um danoninho!
Km 41. Mafalda, Joana e Ricky juntamente com os amigos Nuno e Sandra estão à frente do centro comercial Vasco da Gama à espera para nos verem passar. Mais uma vez quase me vêm as lágrimas aos olhos mas controlo-me.
Está quase.
Km 42. Faltam apenas umas centenas de metros. O pórtico já se avista lá ao fundo. Digo logo ao João que ele é que tem que ficar no meio, ele diz que não mas claro que cada um de nós se apressa a ladeá-lo um de cada lado. Damos as mãos, levantamos os braços no ar. Olho para ele e vejo que está a ficar emocionado. Já eu só consigo sorrir de tão feliz estou por estar a atravessar a meta da nossa 5ª maratona. E olhando para a cara do Vitor nas fotos percebe-se o sentimento de orgulho e de "Ah caraças, esta já cá canta!" =)
Está feita! Foram 5h25 m de felicidade.
Agora é tempo de celebrar com a família e amigos. E claro...descansar.
O companheiro Orlando já chegou há mais de 1h. Já está na casa dos 60 mas mesmo assim faz 4h e pouco! Muitos parabéns Orlando!
Foi um dia excelente! Uma manhã de emoções. É sempre um momento único correr uma maratona e foi um prazer poder correr esta com o padrinho e amigo João e claro com o Vitor. Há 2 anos ambos nos estreámos nesta maratona mas ainda não namorávamos, desde aí já são 4 que fazemos como casal. É excelente poder partilhar esta paixão a dois.
Por tudo isto obrigada João e obrigada Vitor pela maravilhosa companhia ao longo da prova.
E obrigada a todos os que torceram por nós aí desse lado. E a todos os que se deslocaram para nos apoiar.
Um obrigada especial aos meus pais. O meu pai fez uma autêntica maratona de comboio só para poder estar em praticamente todo o lado e ainda estava também na meta à minha espera. A minha mãe lá estava como prometido à minha espera na meta com umas deliciosas fatias de bolo :)
Obrigada Mafalda, Joana e Ricky, vocês são uma família 5*.
E obrigada aos amigos Sandra e Nuno. Vocês já estão no meu coração desde aquela primeira maratona :)
Quero terminar dando os parabéns a todos os que se desafiaram.
Muitos parabéns a todos!
O tempo está tão mau que a Marginal está cortada pois encontra-se intrasitável! A Marginal! Onde vai passar a Maratona! Os bombeiros não têm mãos a medir nos concelhos de Lisboa e arredores, a organização da maratona deve estar em polvorosa! E nós estamos os 3 preocupados. Eu até comecei a preparar o João para o caso de cancelarem ou adiarem a prova...Vimos a coisa bem negra. Se a prova tivesse sido no sábado provavelmente era isso que acontecia...no fundo tivemos uma sorte do caraças!!!
Ou então não foi sorte...pois é...se não fosse eu a falar com o São Pedro...falei com jeitinho com ele. Nós já temos um longo historial de conversas e negociações e nestas coisas cada parte tem que ceder um pouco. E assim eu cedi o que tive que ceder. O que sei é que no sábado da parte da tarde o tempo já estava bem melhor...
Calma minha gente. Isto vai correr bem. (Mas no fundo estava a começar a ficar nervosa..é sempre assim, na véspera é que caio em mim. Lá estou eu a meter-me noutra maratona! Mas tu não ganhas juízo Isa??? Não....).
E assim chegou o dia 18 de Outubro, acordámos bem cedo. O tempo parecia melhor que no dia anterior mas estava a chover um pouco.
Fomos ter ao ponto de encontro com o resto dos 4 ao km, no Estádio Universitário de Lisboa. Chegámos lá já lá estava o Orlando dentro do carro porque estava a chover...e pouco depois chegavam o João e a Mafalda.
Todos num carro e lá vamos nós em equipa rumo a Cascais! Ainda é de noite, o tempo está incerto mas comentamos que parece estar a abrir...e de repente cai uma carga de água! Tememos uma prova molhada, o pior não seria isso, seria ficarmos encharcados logo à partida e termos que correr assim 42 km. Mas felizmente as minhas negociações com o São Pedro relevaram-se as melhores negociações de sempre. Obrigada São Pedro!
Chegados a Cascais, juntam-se a nós os filhos do João, a Joana e o Ricky.
O local de partida é junto ao hipódromo e a hora de partida é às 8h30. Parecida com a hora a que tivemos que partir à 2 anos atrás....10h05m...e nesse dia estava imenso calor...Cada vez que penso nisso....vá lá que essa situação foi corrigida para uma partida a horas razoáveis. E felizmente o São Pedro foi amigo e não nos brindou nem com chuva nem com calor. Este ano estava o tempo perfeito :)
Os 4 ao km presentes. Vitor, eu, Orlando e João Lima. |
Nem mais! =) |
Na zona da partida o habitual encontro com pessoal amigo e as habituais filas para as casas de banho.
Quando chego vou logo fazer o primeiro xixi, depois vamos tirar as fotos de equipa e depois vou novamente para a fila....gozem gozem...mas eu vi bem o percurso e sabia bem que o primeiro McDonalds pelo qual passávamos era só em Oeiras, a mais de 10 km de distância =P (se não perceberam vão ler/reler o artigo da Maratona de Paris). Nem pensar que ia partir novamente duma maratona com a bexiga quase a rebentar!
Enquanto estava na fila uma rapariga veio cumprimentar-me, era leitora dos nossos blogues e ia estrear-se na distância. E terminou! Parabéns maratonista Isabel! :)
Como as filas andavam muito devagar, só me despachei para aí uns 10 minutos antes da prova por isso fomos logo direitos para a partida. Só tive pena de não ver o amigo Isaac que neste dia fazia anos e ia correr a sua segunda maratona. Mas o Vitor encontrou-o enquanto eu estava nas filas e deu-lhe os parabéns em nome dos dois :) E parabéns Isaac pela segunda!
Já na zona da partida comecei a ficar cada vez mais nervosa e até um pouco emotiva.
O Orlando já estava mais para a frente visto que vai para outros voos, tendo acabado com 4h e pouco. E nós os 3 ali estávamos nervosos e desejosos de começar a aventura.
E foi dado o tiro de partida. Lá vai a gente para a quinta.
Começamos a correr, vamos bem dispostos. Enquanto eu estava na fila das casas de banho o São Pedro deixou cair umas lágrimas de emoção ao ver tanta gente junta para correr uma maratona, mas depois passou-lhe e à hora da partida o tempo estava perfeito.
Completamos o 1º km, vamos a correr junto ao mar, junto à Boca do Inferno e passa por nós o Owen e a madrasta, Colleen, que o vai a empurrar. Li o livro do Owen e do Haatchi por isso grito por ele, ele acena e a madrasta sorri enquanto empurra o carrinho dele. Fico algo emocionada mas contenho-me e não deixo cair as lágrimas. Aquela mulher irá empurrar o Owen durante mais de 42 km! É impressionante! Ao pensar nisto sinto que não me posso queixar, estou a correr feliz ao lado de um amigo e da pessoa que amo e tenho saúde para o fazer.
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No 1º km. Só faltam 41... |
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Pessoal da Team Haatchi e da Fundação Make a Wish. |
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Lá vai a Colleen a empurrar o Owen e uma senhora a acompanhá-las. |
Nesta altura estava algum sol, embora estivesse uma temperatura mais ou menos amena. Chuva, vento? Nem vê-los! :)
Passámos pela Claudia da Açoreana, na sua estreia e que haveria também de conseguir tornar-se maratonista :)
Estes km's iniciais passaram super rápido, tal estava a ser agradável correr, chegámos ao km 8 quase sem dar por isso. Estoril, São João, São Pedro, Parede, tudo passou num ápice. Voltámos a passar pelo Owen e por outra criança que ia no carrinho de bebé e iam a acompanhá-los. Gandas miúdos!!! Tão pequenitos e já fizeram uma maratona! :) Não são todas as crianças que se podem gabar de tal feito.
Na Parede estava novamente o meu pai, passámos Carcavelos e chegámos a Oeiras, à minha terra natal. Aqui claro estava novamente o meu pai e também o amigo João Branco veio apoiar-nos.
Mas não eram só eles, havia ainda um número considerável de pessoas a apoiar e a gritar pelos atletas. E muitos eram portugueses!
Já noutros locais tinhamos visto mais pessoas a apoiar e comentei com o João a diferença para a 1ª edição e agora estávamos mesmo impressionados. Cheguei a comentar que quase parecia uma maratona no estrangeiro, vejam bem!
Estávamos a chegar ao km 15,5, o tal! O km do manguito. Aí estavam a Mafalda, a Joana e o Ricky que registaram para a posteridade o momento em que o João quebrou uma barreira :)
A celebrarmos a passagem ao tal km que já ninguém quer saber qual é :) |
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O prometido manguito. |
Siga que em frente é o caminho. Sempre em alegria e animação chegámos a Paço d'Arcos onde ainda se viam os estragos do dia anterior, um semáforo estava caído no chão! Agora imaginem se a maratona tivesse sido no sábado....
Depois veio Caxias e novamente o meu pai e os rapazes já comentavam se ele não teria um gémeo eheheheh :) Ele estava em todo o lado!
Os km's passavam bem, íamos chegar à meia maratona em menos de 2h30. Chegados ao passeio marítimo entre Caxias e Cruz Quebrada a semelhança era muita com dois anos atrás. Muitas bandeiras de vários países, algumas a serem agitadas por jovens voluntários que gritavam por todos nós.
Cruz Quebrada, cerca de 20 km. Quem aqui estava? Conseguem adivinhar? Sim, o meu pai! :)
Aqui também estava nova apoiante e leitora dos nossos blogues, a Sofia. Obrigada Sofia e força!
Tal como tinha dito anteriormente, nesta maratona notamos mais apoio que o habitual. Mais! Tendo em conta o percurso que é, fora da cidade, acho mesmo que o apoio até foi excelente. E outro episódio fantástico foi irmos a correr e os comboios que passavam por nós irem a apitar. Muito bom! Nós a corrermos e a nosso lado os comboios a buzinarem bem alto. Até os maquinistas da CP nos apoiaram! Acho mesmo que foi a maratona em Portugal onde tivemos mais apoio.
Chegámos a Algés já com uma meia despachada. Agora só falta outra! Nada de especial...
Passámos novamente pela Mafalda, Joana e Ricky, comemos umas laranjas nos abastecimentos e continuámos em frente tal como indica o Vitor :)
O placard lá atrás diz "Com chuva modere velocidade". Foi só por isso que nós começámos a moderar a velocidade a partir daqui...eheheh |
Siga em frente! |
Logo a seguir quem vimos nós?
O cão Hattchi, o pai do Owen, família, amigos e apoiantes do Owen e da Colleen.
Parei logo e perguntei se podia tirar uma fotografia. Claro que sim. É este o espírito duma maratona. Festa, emoção, acreditar, lutar, viver!
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Haatchi |
Foi mais ou menos a partir daqui que a coisa começou a custar. Muscularmente, pois psicologicamente acho que estivemos sempre os 3 muito bem.
Km 22, km 23 e a certa altura já estava a demorar a chegar o 24. Como íamos tão bem, pensei para mim que talvez conseguissemos aguentar até aos 30 sem caminhar e fui lutando contra isso.
Em Belém tinhamos novamente apoio e serviu como energia. A família do João e mais à frente o meu pai que estava ao telefone com a minha mãe. Quando passei por ele, pôs-me o telefone ao ouvido e eu gritei "Olá mãe! Não te preocupes, estou bem!" :)
A passar mesmo em frente à Torre de Belém. O Vitor indica o caminho caso hajam dúvidas ;) |
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A passar junto ao Padrão dos Descobrimentos. |
Veio o km 24, o 25 e o 26. E nesta altura eu ia a dividir os km's um a um até aos 30. Pensava "Vá Isa, agora só até aos 25. Já está. Agora só até aos 26. Já está." E pensei que assim aguentaria até aos 30.
Mas aos 26,5 ou 27,5 já não me recordo bem, o João comentou que já estava a precisar de andar e nem hesitei. De imediato começámos os 3 a andar, os 3 em sintonia. Quebrámos na mesma altura! Eheheh :)
Mas mentalmente estávamos bem, só precisávamos de caminhar um pouco para recuperar e depois voltámos a correr. Encontrámos o André Noronha e a sua companheira de corridas, a Cristiana. Corremos juntos durante alguns km's. Até porque por vezes andavam eles, depois nós. E assim estávamos sempre a passar-nos uns aos outros. Eles são os dois muito simpáticos e animados e são também uma presença assídua em várias provas, sendo que o André corre sempre com a máquina fotográfica na mão, sempre a tirar fotos aos amigos.
Passámos Alcântara, Santos e chegámos ao Cais do Sodré. Km 30!!! E derrubámos o muro. Mas qual muro qual quê??? Siga que o caminho é em frente! =)
Aqui terminou a maratona de comboio do meu pai, só o voltaria a ver na meta, assim como à Mafalda, Joana e Ricky.
Do lado esquerdo o meu pai a tirar uma foto aos cartazes da Joana. |
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Original cartaz junto ao km 30 :) |
Logo a seguir ao Cais do Sodré veio o Terreiro do Paço e depois metemos para dentro pela Rua do Ouro até aos Restauradores onde se fazia uma espécie de retorno e depois na volta já vínhamos pela Rua da Prata e seguíamos para a pior parte da prova. Faltavam agora cerca de 10 km para a meta mas o pior do percurso são aqueles km's finais entre Santa Apolónia e o Parque das Nações. É o deserto completo e é uma zona feia.
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Teatro D.Maria II |
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Bem dispostos no Terreiro do Paço, por volta do km 32 |
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A corrermos mais uma vez lado a lado com o André e a Cristiana. |
Já íamos cansados, mais eu e o João. O Vitor é um orgulho. Se está cansado não o demonstra e é um eterno optimista. Estes km's finais fizeram-se alternando corrida e caminhada rápida sempre entre conversas e sorrisos. Mas realmente os km's já custavam a passar. 34, 35, 36. Imenso tempo entre os km's! E depois o João queria comer banana e quando finalmente chegámos a um abastecimento que ainda a tinha, ele deixou-a cair...eheheh...
Lembro-me de em algumas alturas, apesar de estar já toda partida, ser eu a dar aquele incentivo para recomeçarmos a correr. Eu queria era ver o 40! Quando chegássemos aos números a começar por 4 a coisa estava praticamente feita.
Não queríamos saber de tempos, esta maratona não foi de todo feita com esse objectivo. Só queríamos terminar, ser penta-maratonistas, desfrutar da corrida e sobretudo colocar para trás o episódio que muito marcou o João há dois anos atrás. E estávamos tão perto de o conseguir.
Km 40! Oh yeah!
Falta um danoninho!
Km 41. Mafalda, Joana e Ricky juntamente com os amigos Nuno e Sandra estão à frente do centro comercial Vasco da Gama à espera para nos verem passar. Mais uma vez quase me vêm as lágrimas aos olhos mas controlo-me.
Já no Parque das Nações, a passarmos junto aos amigos Nuno, Sandra e Mafalda. |
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A passar em frente ao centro comercial Vasco da Gama. Falta um danoninho! |
Está quase.
Km 42. Faltam apenas umas centenas de metros. O pórtico já se avista lá ao fundo. Digo logo ao João que ele é que tem que ficar no meio, ele diz que não mas claro que cada um de nós se apressa a ladeá-lo um de cada lado. Damos as mãos, levantamos os braços no ar. Olho para ele e vejo que está a ficar emocionado. Já eu só consigo sorrir de tão feliz estou por estar a atravessar a meta da nossa 5ª maratona. E olhando para a cara do Vitor nas fotos percebe-se o sentimento de orgulho e de "Ah caraças, esta já cá canta!" =)
Está feita! Foram 5h25 m de felicidade.
Agora é tempo de celebrar com a família e amigos. E claro...descansar.
O companheiro Orlando já chegou há mais de 1h. Já está na casa dos 60 mas mesmo assim faz 4h e pouco! Muitos parabéns Orlando!
Por tudo isto obrigada João e obrigada Vitor pela maravilhosa companhia ao longo da prova.
Estas últimas imagens valem mais que 1000 palavras. |
As nossas medalhas que nos enchem de orgulho.
E obrigada a todos os que torceram por nós aí desse lado. E a todos os que se deslocaram para nos apoiar.
Um obrigada especial aos meus pais. O meu pai fez uma autêntica maratona de comboio só para poder estar em praticamente todo o lado e ainda estava também na meta à minha espera. A minha mãe lá estava como prometido à minha espera na meta com umas deliciosas fatias de bolo :)
Obrigada Mafalda, Joana e Ricky, vocês são uma família 5*.
E obrigada aos amigos Sandra e Nuno. Vocês já estão no meu coração desde aquela primeira maratona :)
Convívio final onde já se encontra a minha mãe do lado esquerdo. |
Quero terminar dando os parabéns a todos os que se desafiaram.
Muitos parabéns a todos!
Os três penta-maratonistas com um grande sorriso. |