terça-feira, 17 de maio de 2016

UTSM, a desilusão

Amigos,

Como todos sabem no passado sábado fomos até Portalegre para a grande aventura do ano, os 100 km do UTSM. Infelizmente, como muitos já sabem, fomos impedidos de continuar em prova aos 97/98 km, no PAC10, após termos conseguido passar todos os PAC's onde haviam cortes oficiais descritos no regulamento. Ora segundo o regulamento e de facto o limite final eram 24h. Aceitamos. Mas esse limite era na meta! Já fizemos umas quantas ultras, umas onde fomos barrados, outras não, mas lembro-me por exemplo dos Abutres onde chegámos a um abastecimento já após as horas de corte onde deveríamos era estar já no abastecimento seguinte! E lembro-me bem do que nos disseram "Podem continuar pois aqui oficialmente não vos podemos barrar, mas serão barrados no próximo abastecimento." Isto sim é cumprir o regulamento! 
Sim, no UTSM havia um limite de 24h mas esse limite é na meta! Mesmo assim, acho deveras irónico que se defendam com essa, e depois classifiquem atletas com mais de 24h todos os anos! Inclusive que coloquem em destaque no Facebook da prova um filme com uma chegada à meta com mais de 25h!

Mais, nós não pedíamos sequer que nos classificassem, pedíamos sim que nos deixassem terminar. Custava muito que o permitissem? Mais, nós estávamos em condições de continuar e os senhores da organização viram-no. Claro que estávamos estoirados! São quase 98 km nas pernas! Mas apesar disso estávamos bem, ninguém estava a cair para o lado, e estávamos com uma vontade férrea de terminar. Nós e a atleta que conosco seguia, a Maria.

Agora, o pior de tudo!!! A arrogância por parte do director da prova! Uma coisa como eu nunca vi igual. E provavelmente se não o tivesse testemunhado também me custava a acreditar. Mas acreditem que é verdade, até o João que estava ao telefone com o Vitor nesse momento ouviu as palavras deste senhor.

Chegados ao PAC 10 onde oficialmente no regulamento não havia nenhum barramento e estando já com quase 98 km nas pernas, apesar de supostamente ali ser o km 95, somos informados pelos voluntários que não poderíamos continuar. A atleta que seguia conosco pediu de imediato para falar com o director da prova, colocaram-nos ao telefone com ele, segundo nos disse, ele desligou-lhe o telefone na cara...
Quis eu falar com o director da prova, atendem-me dizendo que o director não pode falar porque vai a conduzir a caminho do PAC onde nos encontrávamos. E para quem não conhece o UTSM, esta prova começa e acaba em Portalegre, o quão mau é sermos barrados já em Portalegre, onde já se situa o PAC 10!!! Damos a volta toda à serra e acabamos por ser barrados às portas da meta. 

Quando o director da prova chegou, pensam que foi cordial conosco? Pensam que nos explicou porque estávamos a ser barrados? Nada disso amigos, simplesmente mostrou-se sempre altivo e arrogante e a primeira frase que saiu da sua boca foi "Estou aqui para transportar os atletas até ao estádio". Começa bem...A isto respondemos os três que queremos continuar, queremos terminar, vai daí responde novamente arrogante "Se quiserem continuar vão por vossa conta e risco." Continuamos a tentar que nos deixem prosseguir, alegamos que este barramento não constava do regulamento, pelo menos que nos deixassem chegar à meta. A Maria referiu, e nós também, que tinham escarrapachado no FB deles o tempo do último atleta do ano passado, mais de 25h! Nós estávamos no PAC 10, a menos de 5 km da meta, pelo que já ouvimos dizer de atletas amigos, 5 km até relativamente fáceis! 
Referimos também que isto era gozar com o nosso sofrimento e com a nossa superação, praticamente ignoraram-nos, não foram nada compreensivos, nem uma palavra de conforto. Zero. E depois veio a melhor parte....
Quase ao mesmo tempo eu e a Maria dissemos que iríamos apresentar uma reclamação. O director da prova respondeu-nos com um gesto de desprezo com a mão e disse "Epá, façam como quiserem!" numa atitude claramente arrogante e de quem se está bem a lixar para nós. Foi duma insensibilidade incrível e duma falta de respeito que nem há palavras para definir. Não pensem que estou a exagerar, pois felizmente há várias testemunhas, estavam lá vários voluntários e inclusive nesse momento o Vitor estava a falar com o João ao telefone que ouviu tudo.

Isto para nós foi o pior de tudo! Não basta sermos barrados a meros 5 km da meta quando até demonstramos estar em condições de prosseguir e num PAC em que oficialmente não poderia haver nenhum corte, mas somos tratados de forma desumana, sem qualquer respeito pelo nosso esforço das ultimas 24h e 98 km de prova.

E é incrível que a organização respeite tão rigoriosamente os limites mas não respeite a distância..Sim, porque já ouvi falar em 102 e 103 km, se calhar se a prova tivesse mesmo os 100 km até tinhamos terminado antes das 24h...mas isso nunca saberemos.

Só sabemos que vivemos uma grande aventura que nunca esqueceremos, infelizmente terminou mal e pelos piores motivos.
Agora há mais provas, há mais corridas e sobretudo há uma certeza, não voltaremos ao UTSM.
Já fomos muito felizes no UTSM em anos anteriores e este ano até ao PAC10, mas depois da forma como fomos tratados, podem ter a certeza que não voltamos a meter lá os pés.


Abaixo o email enviado por nós à organização (se calhar demasiado respeitoso dirão alguns...pela forma como fomos tratados...mas somos nós, a Isa e o Vitor, o casal que só quer correr feliz e que nunca falta ao respeito a ninguém...é pena que nem todos sejam assim):

"Boa noite,

O meu nome é Isadora Costa, dorsal 1060 no UTSM 100 km. Participei na prova com o meu namorado Vitor Gonçalves, dorsal 1059 e vimos por este meio demonstrar o nosso profundo desagrado pela forma como fomos tratados no PAC10 do UTSM pelo director do UTSM.

Somos dois atletas que apesar de lentos já andam nisto há algum tempo, não partimos para os 100 km de ânimo leve. Já corremos umas quantas ultras, entre as quais Serra d'Arga (53 km), Sicó (65 km), Óbidos (57 km) só para dar alguns exemplos. Já fomos a São Mamede duas vezes participar na distância dos 42 km e adorámos a prova, fomos sempre bem recebidos e nunca tivemos nada a apontar à organização.

Sonho com os 100 km há pelo menos dois anos e pelo carinho especial que sentimos por esta prova sempre dissemos que gostaríamos de nos estrear nos 3 dígitos nesta prova.
Este foi o ano.
Sabíamos que seria duro. Para quem não é? Afinal de contas são 100 km, mas também sabíamos que tínhamos capacidade para a terminar. Sabemos que somos lentos, mas o desporto não é para todos? Na minha opinião o bonito de uma maratona ou de uma ultra é precisamente pessoas "normais" conseguirem concluir tamanha façanha. É necessário treino e muito espírito de sacrifício. 

Este ano partimos rumo ao sonho e tudo correu bem. 
Tudo impecável, bons abastecimentos, percurso bem marcado e voluntários 5*.

Óbvio que não foi fácil, a partir de certa altura começam a haver pequenas dores, pequenos entorses e a coisa vai custando cada vez mais. Mas fomos controlando os tempos limites e conseguindo passá-los a todos, o 1º, no PAC 3 aos 30 km passámos com cerca de 1h15m de avanço. O segundo, no PAC 6 que já surgiu aos 61 km e pouco, foi passado com cerca de 45 minutos de avanço e o últimocontrolo (segundo o regulamento), no PAC 9 que já surgiu aos 91 km, ao contrário dos 89 anunciados já foi passado com pouco menos de meia hora de avanço.
Aqui fomos apanhados pelo atleta vassoura que acompanhava a última atleta, a partir daqui seguimos todos juntos.
Chegados ao PAC10 somos informados que não poderíamos continuar pois essa era a ordem que tinham. Manifestámos de imediato a nossa vontade de continuar.
A atleta que seguia conosco pediu de imediato para falar com o director de prova. Segundo nos disse o director desligou-lhe o telefone na cara.
Entretanto tentei eu (Isadora Costa) ligar para o director ao que meu foi respondido que nesse momento não podia atender pois ia a conduzir e seguia em direcção ao PAC 10. Até aqui tudo bem.

Entretanto assim que o director de prova chegou junto de nós a primeira coisa que disse foi apenas uma declaração "Estou aqui para transportar os atletas até ao estádio" ao que de imediato respondemos que queríamos continuar, queríamos terminar a grande epopeia. Respondeu-nos sempre de forma arrogante dizendo que se quiséssemos podíamos seguir por nossa conta e risco, quando dissemos que não nos podiam barrar pois ali oficialmente não era nenhum barramento e que queríamos apresentar uma reclamação, a isto o director respondeu de forma extremamente rude "Epá, façam o que quiserem!". Isto não é forma de um director de prova falar com os seus atletas, ainda por cima tendo nós acabado de fazer 97 km.

A nossa reclamação vai precisamente nesse sentido, na forma como fomos tratados. Não faltámos ao respeito a ninguém, apenas manifestámos o nosso interesse em continuar, pois estávamos em condições de o fazer, o que até deveria ser motivo de orgulho para a organização. E o que recebemos em troca? Palavras arrogantes, rudes e um director que não olhava sequer nos nossos olhos enquanto falava conosco

Falando no barramento em si, podem alegar que o tempo limite da prova eram 24h, mas segundo o regulamento só existem 3 barramentos antes da meta, logo, a única coisa que seria admissível era deixarem-nos continuar até à meta, completando assim a distância, e nessa altura se nos informassem que não seríamos classificados pois havíamos chegado após as 24h mencionadas no regulamento, aí sim teríamos de aceitar. Mas ao menos teríamos completado a distância e os senhores estariam aí sim a seguir o regulamento.

Também não percebemos porque foram tão rigorosos este ano quando nos anos anteriores foram tão benevolentes e não só deixaram passar como até classificaram atletas com mais de 24h de prova. Então mas eles não terminaram após as 24h?...
Portanto...apesar de terem terminado após o limite até foram classificadas...logo cai logo por terra o vosso argumento das 24h.
Mais, porque têm até um vídeo em destaque no Facebook da prova onde mostram um tempo de chegada de 25:14:02 no ano passado?...
Mais, este ano há atletas classificados após as 24h...então mas em que ficamos? 

Nós não pedimos para sermos classificados, nós só queríamos terminar. Nem a medalha pedíamos. E estávamos em condições de terminar! Quem está 24h sem dormir, sempre em movimento, merece mais consideração e mais respeito por parte do director de prova.

Não está em causa, nem nunca esteve a organização geral da prova! É o terceiro ano que participamos e até este momento não tínhamos razões de queixa.
Mas a atitude e forma de estar do director de prova foram más demais e não podemos aceitar as respostas dadas, os "Epá, façam o que quiserem". Isto é uma resposta inaceitável vinda de uma pessoa com tamanha responsabilidade e supostamente com conhecimentos do que é ser atleta e do sofrimento porque passam os atletas.
Na nossa opinião gozaram com o nosso sofrimento.
E relembro que quem "faz" as provas são principalmente os atletas de pelotão, os de cá de trás. São esses que muitas vezes têm grandes histórias de vida.

O que aconteceu foi mau demais. Para nós manchou completamente o sentimento de carinho que tínhamos com esta prova. Tudo isto poderia ter sido facilmente evitado com alguma sensibilidade e bom senso.

Gostaríamos de obter uma resposta vossa.

Cumprimentos,

Isadora Costa e Vitor Gonçalves"

quinta-feira, 12 de maio de 2016

UTSM, faltam menos de 48h...AI CA MEDO!

Ai inscreveram-se para uma prova com 100 km? Agora desenrasquem-se!!!!!!!

Nossa senhora das carmelitas, onde raio nos fomos meter?
São Pedro, porquê? PORQUÊ??? Eu pedi-te tanto que no dia 14 de Maio não chovesse e não fizesse frio e tu pregas-nos esta partida :(

Pois é amigos, a menos de 48 h da grande aventura, a maior até hoje, as previsões não são muito favoráveis. Sim, não vai chover torrencialmente, mas há previsões de aguaceiros...
E vai estar frio...muito frio na serra à noite. PORQUÊ SÃO PEDRO?
Andei este tempo todo a dizer que apesar de tudo preferia calor, porque bem sei o que temos sofrido com frio e chuva. E agora o São Pedro brinda-nos com isto.

Claro que vamos preparados e bem preparados para o frio, mas mesmo assim...não será fácil. Mas como se costuma dizer se fosse fácil também não dava gozo nenhum. Mas a mim parece-me que tentar fazer 100 km só por si já é assim para o difícil...escusava de haver mais coisas a dificultar.

Mas pronto chega de lamurias! Nós vamos alinhar à partida, nós vamos dar o nosso melhor e depois logo se vê. Vamos pensar na coisa de abastecimento em abastecimento, se pensarmos no total da coisa acho que será demasiado assustador.

Uma palavra de agradecimento especial ao casal João e Mafalda Lima que vão deslocar-se a Portalegre como equipa de apoio. Os 4 ao km são mesmo uma equipa de amigos :)

VENHA O SONHO!
VENHA A LOUCURA!
VENHAM OS 100!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Trail Nabantino, bonitos trilhos nas margens do Nabão

No passado dia 1 de Maio fomos até Tomar para fazer 30 km, o último ensaio longo antes do UTSM.
Acabou por ser mais duro do que esperávamos, em parte porque não era tão corrível como esperávamos, mas principalmente devido ao calor que se fez sentir.
Esta prova foi o oposto do Gerês. No Gerês foi um prazer, aqui foi um sofrimento.

Após levantarmos os dorsais encontrámos um colega do Vítor, o Paulo Santos.

Paulo Santos, eu e Vitor

Após um briefing, foi dada a partida não oficial na pista do estádio do União de Tomar e corremos pelas ruas de Tomar até à entrada da Mata Nacional dos Sete Montes.

Briefing


Já na Mata Nacional dos Sete Montes.
Ainda agora íamos a começar e eu já ia a resmungar com o calor e com as mini subidas...


Depois de corrermos pela mata e subirmos em direcção ao Convento de Cristo, seguimos em direcção ao Aqueduto de Pegões.


Aqueduto de Pegões



Aos poucos começo a sentir as pernas mais soltas, toda a maneira com o calor que se fazia sentir não se pode dizer que alguma vez me tenha sentido mesmo bem.

Apanhados por um fotógrafo da organização.


Tipo...já chegávamos ao abastecimento...

Depois do abastecimento fiquei a sentir-me melhor apesar de não terem melão ou melancia. Sim, porque eu vinha os km's anteriores só a sonhar com fruta fresca e vinha mesmo com desejos de melão ou melancia. Havia muita coisa boa mas não havia os frutos desejados.
Prosseguimos caminho, agora até era a descer e até havia umas zonas corríveis.
Aqui o Vitor cometeu o erro de dizer que isto até podia ser considerado corrível...óbvio que um pouco à frente haviam umas subidas que o fizeram arrepender-se do que tinha dito.




Olha uma delas...
Eu a arrastar-me rampa acima...e a pensar "Mas porquê?"

O calor não ajudou absolutamente nada. As subidas já não eram fáceis, curtas mas inclinadas. E inclinação com aquele calor...



Finalmente chegámos às margens do rio, uma zona plana mas algo técnica, continuava sem dar para correr muito. E depois passa este pessoal a divertir-se no fresquinho...




Quase a chegar ao abastecimento começamos a subir, uma subida inclinada técnica no meio de arvoredo. Disse algumas asneiras, o calor não estava a ser nada agradável e já me estava a irritar com as subidas. O que vale é que pouco depois chegámos ao abastecimento na Praia Fluvial do Agroal, bem bonita.
Este abastecimento soube que nem ginjas e os voluntários foram todos bastante simpáticos.

Praia fluvial do Agroal

Depois do abastecimento seguimos novamente junto ao rio mas agora na outra margem, por sinal bem mais corrível que a outra.
Um pouco à frente passámos junto a uma fábrica abandonada que mais tarde viemos a saber ser a antiga fábrica de papel. Um cenário algo estranho, o bonito rio Nabão e a feia fábrica abandonada.





Entretanto chegámos ao último abastecimento onde mais uma vez foram extremamente amáveis conosco, disseram-nos que a partir daí sim, seria corrível. E assim foi, mas com aquele calor a quem é que apetece correr? Mas lá nos esforçámos, intercalando com alguma caminhada. Ia completamente esgotada, só comentava com o Vitor que os 42 do Gerês com muito mais desnível tinham custado bem menos. 
Já com uns 30 km (a prova devia ter 30...) cruzámo-nos com um rapaz de bicicleta e perguntámos se faltava muito para Tomar ao que ele respondeu "Não, não é longe...mas ainda falta um bocadinho..."

Esses quilómetros finais foram algo sofridos.
Quando finalmente avistámos Tomar e o pavilhão da meta foi um alívio!

Assim que acabámos tivemos direito a uma bebida e uma bifana. Juro que me pareceu a melhor bifana que já comi! Estava deliciosa!
Tive que me sentar a comê-la pois estava um pouco tonta do calor. Nada que uma bifana e posteriormente um duche não resolvam :)

No final várias pessoas da organização vieram ter conosco enquanto comíamos a perguntar se tínhamos gostado da prova.
A prova está mais que aprovada, muito bem organizada, bons abastecimentos, bons trilhos a alternar entre zonas mais corríveis e zonas mais técnicas e com umas boas subidas pelo meio. Foi pena o calor que realmente não nos deixou desfrutar da prova como ela merecia.

Sofremos mas terminámos :)
Foram 33 km desde a partida não oficial, por isso foi mais um treino para São Mamede. E foi principalmente um excelente treino mental.

Venha São Mamede!
AI CA MEDO!

domingo, 8 de maio de 2016

Maratona PGTA, que maravilhoso foi correr no Gerês



Escolhi estas duas fotos para começar este relato porque representam aquilo que foi a prova de trail mais linda que já fizemos. O Gerês é mesmo um sítio lindíssimo, arrisco a dizer que é a zona mais bonita do nosso país.
A primeira foi tirada a meio da prova no cimo da serra depois de vários quilómetros a subir, a vista é tão linda e brutal que só sorrio.
A segunda é tirada já perto do final da prova, na travessia de um rio mais bonita que já fizemos e aquela que melhor soube ao corpo. Água 100% límpida, num dia de calor soube tão bem atravessar este rio e molhar-nos até à cintura. 

42 km passaram num instante, demasiado rápidos. Só apetecia ficar lá a semana toda. Passei a semana cheia de inveja da malta que por lá ficou a fazer o PGTA 8 dias.

Mas vamos então ao relato daquela que para mim e penso que para o Vítor também foi a prova mais bonita que alguma vez fizemos.

=)

Fim-de-semana prolongado graças ao 25 de Abril é para aproveitar.
Assim que vimos que o Peneda Gerês Trail Adventure tinha uma versão de 1 dia, que eram 42 km corremos a inscrever-nos. E uma prova organizada pelo campeão Carlos Sá é uma prova bem organizada.

Por isso sábado fizemos a nossa viagem para cima rumo à bonita vila de Arcos de Valdevez.
Levantámos os dorsais e as nossas sweat-shirts com capuz. Lindas! E podíamos escolher a cor :) Eu escolhi cinzenta, o Vitor escolheu azul escura. Ainda tivemos direito a um buff do PGTA :) 
Depois passeámos pela vila.
No local onde ficámos alojados estava outro atleta que nos reconheceu de outras provas e do blogue.
Aqui vão as fotos tal como prometido :)

Arcos de Valdevez.
Partida e chegada da Maratona PGTA.
Lindo, não é?



Um amigo que eu fiz :)

O dia da prova amanheceu solarengo e a adivinhar-se mais quente que o previsto.
A partida foi dada na ponte sobre o rio.
Venha mais uma aventura!

Selfie pré-prova :)

Houve uma volta inicial por dentro da vila e depois seguimos rumo à serra. E cedo começámos a subir. Tínhamos olhado para o gráfico de altimetria da prova e sabíamos que até aos 20 e poucos seria praticamente sempre a subir...
Não sabíamos é que cedo teríamos a companhia do vassoura e muito menos sabíamos que teríamos a honra de ter como vassoura o grande Quim Sampaio.

Com o atleta vassoura, o grande Quim Sampaio.

Ainda nos 1ºs km's e já lá vem uma subida...


Estes primeiros km's foram feitos ainda em modo aquecimento, com algumas dores nos gémeos mas nada que não se aguentasse e nada que não tenha passado.
Até ao abastecimento, ao km 8, fomos sempre na conversa com o Quim Sampaio, ficámos a saber que também já conhecia a Anabela e o Paulo :) e falámos um pouco sobre o seu percurso, sobre a sua vida e o grande sonho que ele tem do Tour des Geants.
Um senhor!
Chegados ao abastecimento disse-nos que podíamos seguir que ele iria atrás a recolher as fitas, a partir daí nunca mais o vimos.

Um pequeno filme feito no 1º abastecimento :)



Seguíamos agora os dois sozinhos. Apesar de termos gostado muito da companhia do Quim, também era bom seguirmos só os dois.

Alguma água e lama também estiveram presentes ao longo do percurso.
Os meus novos melhores amigos, os bastões.



Por esta altura começávamos a avistar as primeiras montanhas mais altas e começava a meter algum respeito. Ao mesmo tempo estava a ficar calor e tivemos que despir as camisolas de manga comprida e ficar só com as t-shirts.
Estávamos a entrar no Parque Nacional Peneda Gerês pela Porta do Mezio, onde se encontrava o segundo abastecimento. Nesta altura aproveitei para comer também algum sal pois o dia estava a ficar mesmo quente.



Depois da Porta do Mezio adivinha-se a pior parte da subida. Agora é que ia ser! Isto foi o que nós pensámos e fomos a pensar durante muito tempo... Subíamos, subíamos, subíamos mas a acharmos sempre que não estava a ser nada de especial...Não de certeza que a pior subida ia aparecer a qualquer momento...Nunca apareceu =) Ou então estamos mesmo em boa forma... =P




As pequenas cascatas e os riachos foram uma constante.


Amigos.
Outro amigo :)



O que eu sei é que à medida que nós subíamos a paisagem ia ficando cada vez mais bonita. 
Íamos deslumbrados com a beleza e grandeza do Gerês. A natureza no seu estado mais puro, os animais, os riachos, o verde.
Nem tenho palavras. Apreciem.



Que cores minha nossa!!!!!








Entretanto tivemos um encontro com estes amigos e olhem que eles estavam mesmo ali ao pé...alguns a atravessarem o caminho uns metros à nossa frente.

Este estava com ar de poucos amigos...
Isa a pensar "És muito lindo mas deixa cá pirar-me
 que esses cornos metem muito respeitinho..."

E depois do encontro com os bois, vinha o encontro com os cavalos.
Mais uma vez gostava mas não encontro palavras suficientes para descrever os sentimentos que tive quando nos vimos naquele prado no cimo da montanha, só nós e os cavalos selvagens.
Foi um momento mágico.



Se repararem ao fundo no canto direito apanhei (e só mais tarde reparei) um cavalo a rebolar-se.
A natureza no seu melhor.
Foi simplesmente lindo!



Aquele que ainda agora estava sentado na erva, rebola-se agora.


Bebé lindo!

Passámos por eles o mais silenciosamente possível e até nos desviámos um pouco do caminho para não os perturbar.
Para quem como eu adora animais foi um momento mesmo lindo.



Estávamos a chegar ao terceiro abastecimento onde aproveitámos para encher as mochilas. Este abastecimento era só de líquidos e nesta altura foi o que bastou pois precisávamos mesmo de encher as quase vazias mochilas e o calor estava a apertar. Uns quilómetros à frente haveria o quarto e último abastecimento, aí aproveitámos para comer algumas coisas boas, entre as quais um doce típico da zona e um bolo bem bom. Este abastecimento situava-se junto a um restaurante com vista panorâmica. Faço ideia as pessoas a verem os atletas a passarem e a enfardarem junto à tenda :)
E então uma família sai do restaurante, uma senhora aproxima-se da tenda e comenta "Deixa cá ver o que esta gente come..."...MUITO BOM! "Esta gente" não foi dito de forma alguma em tom depreciativo, foi mais num tom de "deixa cá ver o que estes malucos que andam a correr nos montes comem" :) Foi uma cena bastante engraçada.

Depois deste abastecimento o percurso começava a descer e até era bastante corrível mas continuava a ser lindíssimo e com muito verde.

Olá cachena!
(ainda bem que estás desse lado do muro...) ;)





Íamos nós com 30 e muitos km's e chegamos junto a este rio:

A sério!?!
Já viram água mais transparente que esta?
Mesmo apetecível!

Com uma água tão transparente apetecia mesmo dar um mergulho...
E de repente vemos um homem vestido com um fato de mergulho e a indicar-nos o caminho da prova...

YUPI!!!
Ah assim sim!
Tão boa e tão fresquinha!
Isa nas sete quintas :)

Vocês nem imaginam o quão bem nos soube atravessar aquele rio com aquela água e tão fresquinha!
Foi tão bom que saí de lá a sorrir e continuei a sorrir. Estava a ser a prova mais espectacular de sempre!

Estávamos já perto de Arcos de Valdevez e da meta mas ainda passámos pelo monumento do Paço da Giela.

Paço da Giela.
Arcos de Valdevez.

Estávamos a chegar e nem queríamos acreditar no tempo que íamos fazer.
8h27m, o mesmo tempo (até foi menos 3 minutos) que os Trilhos de Almourol, só que a Maratona PGTA tinha o dobro do D+ de Almourol! =)
Ao mesmo tempo aquilo soube-me a pouco. Já ia acabar? Eu queria mais! =)

No final aproveitámos para molhar as pernas no rio Vez. Tão bom!

Foi uma prova fantástica! Nunca sonhámos que fosse tão linda! Nem nunca imaginámos que iríamos acabar tão bem.
Passei a semana toda a pensar nos atletas que lá ficaram para os 5 ou os 8 dias do PGTA. Deve ser mesmo brutal fazer o PGTA todo! Um dia :)

Após 42 km prontos para a banhoca :)
Após um dia fantástico a correr pelo Gerês =)
Em suma foi uma prova brutal, sinto-me mesmo compelida a dizer que foi a mais fantástica que fizemos até hoje. Duma beleza pura como poucas.
A três semanas da maluquice de São Mamede não podíamos pedir melhor.

Corram felizes.