sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Maratona de Sevilha, isto é que é uma maratona!


Há uma palavra que pode descrever muito bem o que foi esta maratona: FESTA!
Esta prova foi uma verdadeira festa, porque os espanhóis fazem a festa, porque os portugueses que lá estão fazem muita festa e porque 11 portugueses em particular fizeram uma grande festa.

Eu sei que tinha dito que o mais importante para mim neste fim-de-semana prolongado era divertir-me com os amigos e aproveitar bem o passeio. A maratona era um extra dizia eu. Bem...que extra!!! Que alegria de extra! E um extra que soube a pouco...Desta felicidade eu queria mais, muito mais!
Mais uma vez digo, se vocês, caros leitores, nunca correram uma maratona, vão JÁ correr uma!!! É uma coisa mesmo espectacular, uma coisa para a qual não há palavras suficientes. Só há é um problema...é que correm o risco de ficarem viciados e depois começarem com ideias malucas de correrem mais e mais maratonas. Depois já não querem parar e só pensam nela! Aquela cujo nome não devia ser pronunciado mas vocês já não querem saber e repetem o nome dela apaixonadamente vezes e vezes sem conta, maratona. Maratona. Maratona. Maratona. Maratona. Maratona. Que palavra tão bela.

Não sei se estão sentados e se estão com algum tempo disponível...Mas se querem ler isto que se segue é melhor disporem de algum tempinho livre. Estou já a avisar com antecedência. Demorem o tempo que quiserem a ler os capítulos que se seguem ;)
Espero que gostem do livro ;)

Capítulo 1 - Preparação

A preparação para esta maratona teve muitos altos e baixos. Para todos.
Primeiro houve uma baixa, o Jaime, ficando apenas a restar um elemento do casal maravilha, a Carla. Depois houve um grande susto com o problema bronco-pulmonar do João. Todos tememos o pior, a sua maratona poderia estar em perigo. Seguiram-se semanas de grandes altos e baixos para ele e nós a acompanhar-mos todos a situação sempre com optimismo mas alguma apreensão.
Já a poucas semanas da maratona e com vários sinais de melhoria, eu acreditei que fosse possível o João terminar. E acreditei que todos iriamos ser felizes em Sevilha.
Quanto à minha preparação foi algo irregular também. Não treinei tanto como para a primeira, fui treinando. O Vitor estava como eu. Resumindo a coisa, íamos e logo víamos como a coisa se desenrolava.

Para correr a maratona seriamos 7 com duas estreantes na distância, a Carla e....a Sandra! =) Por vontade da Sandra não divulgámos que ela iria fazer a sua estreia em Sevilha. Comigo seriamos 3 meninas a correr a maratona. A juntar-se a nós tinhamos o João, o Nuno, o Orlando e o Vitor. O Vitor não tinha dorsal mas o Jaime já lhe tinha dito que ele poderia correr com o dele. Assim estava feito o grupo que iria a Sevilha, João e Mafalda, Sandra e Nuno, Carla e Jaime, Orlando, Nora e Margarida e eu e o Vitor.
A uns dias da prova o João teve a agradável surpresa que os seus filhos também iriam conosco. E assim juntaram-se a nós o Ricardo e a Joana.

Capítulo 2 - A viagem de ida

Combinámos que iriamos cedo para irmos sem pressas e chegarmos a Sevilha com tempo para levantar os dorsais e descansar. Às 6h30 estávamos a encontrar-nos para seguirmos 3 carros juntos. Só a Carla e o Jaime é que optaram por seguir por outro caminho. 

A viagem foi muito agradável, fomos parando e petiscando pelo caminho. Parámos para almoçar em Isla Antilla, levámos tanta coisinha boa mas o melhor de tudo foi o bolo de laranja feito com raspa de meia laranja...Literalmente raspa de meia laranja... ;)
Infelizmente também foi durante a hora de almoço que tivemos uma má notícia que nos deixou um pouco abalados. O carro da Carla e do Jaime tinha avariado no meio de nenhures. Ainda nos oferecemos para ir buscá-los, mas uma série de azares e toda a logística do fim-de-semana dificultava a coisa. Foi o momento mau do nosso fim-de-semana. Para o resto do pessoal correu tudo tão bem, para ser perfeito faltavam lá a Carla e o Jaime. Foi uma dura partida do destino. Mas quero acreditar que a grande estreia está reservada para outra altura e para um momento igualmente especial.

Se durante o caminho já estávamos a apanhar um dia solarengo e quente, a chegada a Sevilha confirmou um dia quente. Sol e cerca de 25ºC. Então o objectivo de fazermos uma maratona em Fevereiro não era apanhar tempo mais fresco?!? O calor persegue-nos para onde quer que a gente vá.

11 pessoas numa selfie!!!
E não vamos ficar por aqui :)
O Guiness espera por nós.

Capítulo 3 - Levantamento dos dorsais

Após deixarmos as coisas no hotel fomos levantar os dorsais.
A feira estava cheia de gente e ainda andámos por lá entretidos a tirar várias fotografias e a ver as várias bancas de várias maratonas. Ideias, ideias...
Já sabia que o meu dorsal teria um 8 e só isso já me deixava mais animada pois eu adoro o número 8 e ter um 8 no dorsal só podia ser um bom sinal.
Depois do levantamento dos dorsais voltámos ao hotel, jantámos e fomos deitar-nos cedinho pois no dia seguinte o ponto de encontro era novamente às 6h30, hora de Espanha.

Os 6 atletas à porta da feira.
Com os nossos dorsais.

Capítulo 4 - Momentos pré-maratona

Após uma noite mal dormida às 6h30 estávamos a tomar o pequeno-almoço. Quando o João chegou...nem vos digo nem vos conto...primeiro andava às voltas em vez de se servir logo da comida, depois sentou-se à minha frente e a cara dele dizia tudo. As palavras confirmaram-no. Estava muito pessimista.

Ao pequeno-almoço.

Apesar de todos estarmos com aquele nervoso miudinho lá tentámos animá-lo, mas só após a chegada a chegada à zona da partida é que ele de repente voltou a ficar optimista. Vá-se lá perceber esta gente! :)

Confesso que também eu comecei a ficar nervosa. Lá estava eu novamente a alinhar numa maratona. Meto-me em cada uma! Não estava ainda bem mentalizada no que me estava a meter, mal sabia eu que ia ser tudo bem mais fácil do que eu pensava. Conforme íamos andando para a partida e íamos tirando os casacos é que comecei a cair em mim. Ia correr novamente uma maratona! AI CA MEDO!

Estava cá um friozinho! Mas o dia estava a nascer e percebia-se que ia estar novamente sol e algum calor.
Havia tanta gente e tantos portugueses pelo meio. Uma grande festa! Pode parecer mentira mas deste grupo de 11 eu fui a única que me lembrei de levar bandeiras de Portugal. Mas depois andavam todos a pedir-me bandeiras ;) Pronto não eram todos, só os nossos apoiantes. Mas eu queria correr com uma, só não sabia onde a haveria de pôr. Até que a Mafalda teve uma ideia! Colocar o lenço na cabeça. E foi assim que corri a maratona com o lenço de Portugal na cabeça. E acreditem que foi muito útil. Vários portugueses ao longo da prova deram-me força graças ao lenço.

Bora lá pessoal!
Vitor e eu.

Os 4 elementos dos 4 ao km presentes, um recorde numa maratona.
Orlando, eu, Vitor e João.

Os 6 malucos/atletas:
Sandra, Orlando, eu, Vitor, João e em baixo o Nuno.
Bora!!!

Após os preparativos todos despedimo-nos dos nossos apoiantes e seguimos para a zona da partida.
Vários pensamentos me passaram pela cabeça. Nem queria acreditar que estava prestes a correr a minha segunda maratona. Ainda há uns meses atrás me estava a estrear e agora ia correr a segunda. Meto-me em cada uma! Ai que felicidade ir correr por Sevilha! Ai que alegria estar ali com amigos! Ai que espectáculo ir correr uma maratona ao lado do Vitor! Mas no fundo no fundo era AI CA MEDO!

Capítulo 5 - Inicio da maratona

E começou!!! Aí vamos nós! Nas primeiras centenas de metros vamos todos juntos menos o Orlando que pertence a outro campeonato e partiu mais à frente. Aos poucos a Sandra e o Nuno distanciam-se um pouco de nós e correm com mais algum pessoal da Açoreana. Sigo com o João e o Vitor. Olho para o relógio, acho que vamos bem, até melhor do que eu pensava. A certa altura o João segue dizendo que tem um ritmo em mente e que vai tentar seguir esse plano. Fico um bocado aparvalhada mas ele lá segue. Depois ultrapassa o Nuno e a Sandra e depois deixamos de o ver...Eu e o Vitor comentamos que o homem só pode estar doido! Então não era melhor ele ir nas calmas? Tinha 6 horas para terminar, havia de conseguir! Mas não! Tinha que começar a correr feito doido e deixar-nos a todos preocupados pois não sabiamos da estratégia que ele tinha.

Capítulo 6 - Até ao km 10

Ia com o Vitor a um ritmo relativamente bom para uma maratona e melhor do que esperava. Havia muita gente a correr e muita gente nas ruas. Cruzá-mo-nos com alguns portugueses, uma senhora disse-me que era a sua estreia. Dei-lhe força, nas calmas fazia-se, disse eu. A certa altura passámos a ponte para o outro lado do rio e fomos sempre junto ao rio. Muito bonito. Passámos junto à Torre del Oro e continuámos em frente até ao km 10 onde sabiamos estar a Mafalda, a Joana, o Ricky, a Nora e a Margarida. Foi uma festa quando os vimos. Perguntei logo pelo João. A Mafalda disse que ele ia bem. Perguntei pela Sandra, também ia bem. Até aqui tudo bem. Nem dei por passarem 10 km sinceramente.

Foi assim que passámos ao km 10.
FESTA!
Está tudo ok.

Capítulo 7 - Do km 10 até à meia-maratona

A partir daqui começámos a correr um nadinha mais depressa. Alguns km's foram feitos a 5 e tal/km, coisa que nunca se passou na minha estreia. O Vitor até achou que eu estava a abusar. Mas eu ia na boa, não ia sequer a esforçar-me por ir aquele ritmo, aquele ritmo estava-me a sair. Porque haveria de abrandar se me estava a sentir bem? Eu sei que devemos poupar-nos para o fim, mas de qualquer maneira eu já estava mentalizada que os últimos km's seriam mais lentos. Ainda é a minha segunda maratona, não consigo ainda fazer maratonas como faço as meias em que começo sempre mais devagar e depois é que vou acelerando. Por isso sou apologista que se vou a sentir-me bem, é melhor aproveitar enquanto a coisa dura. E tal como disse anteriormente, eu não ia em esforço. As pernas até queriam dar mais, acreditem, eu até me controlei.
A certa altura avistámos o Nuno e a Sandra e corremos uns metros ao lado deles, comentamos a loucura do João e partilhamos as nossas preocupações. Acabamos por seguir. Mais à frente eles haveriam de nos ultrapassar.

Passagem ao km 15.
Novamente com o apoio da nossa claque Mafalda, Joana, Ricky, Nora e Margarida.
É só sorrisos.
Foi sempre assim ao longo de toda a prova :)
Corremos ao lado duns palhaços e tudo!Hehehe!
Nem sei bem em que km tirei esta foto, mas pode ter sido
em qualquer um visto que o sorriso foi uma constante.

Quase a chegar à meia-maratona o Vitor avista o João, quando chegamos mais perto dele ele vai a andar. Digo para o Vitor "Ele já estoirou." Mas quando nos aproximamos mais é que vejo que o João está todo sorridente. Digo-lhe "Toca mas é a correr!" e ele descansa-nos dizendo que está bem. Fico completamente convencida pois a felicidade dele percebe-se a léguas.

Capítulo 8 - Da meia-maratona até aos 30

Depois de passarmos a meia-maratona andamos um pouco às voltas ou pelo menos é isso que parece, mas não me importo. Prefiro andar aos esses do que ir numa longa recta sem fim. Há algumas bandas pelo caminho a animar o pessoal. A certa altura entramos numa recta algo longa para o meu gosto. E o calor a fazer-se sentir...Foram estes os únicos km's que fui um pouco abaixo. Nada de especial, mas o ritmo decresceu um pouco. Outro problema eram os abastecimentos e essa é das poucas críticas que tenho a fazer à organização. Garrafas de água só nos dois primeiros abastecimentos, a partir daí eram copos de água. Tentem beber um copo de água enquanto correm e depois digam-me quanta dessa água conseguiram realmente beber... Tentei encher a garrafa que me restava com a água dos copos mas claro que metade da água não acertava no gargalo. Resumindo a coisa ambos íamos com pouca água e já um pouco desesperados por novo abastecimento.
Até ao km 30 fomos correndo mas por uma vez tive que andar. Os abastecimentos deficientes estavam a causar alguns problemas.
Posso já dizer que os km's que mais me custaram foram estes, entre os 20 e muitos e os 30. Nada comparado com a minha primeira maratona! Nada a ver!!! Mas custou um bocadinho.
E eis então que estamos quase a chegar ao km 30.

Capítulo 9 - Do km 30 até aos 40

Avisto o km 30 e de repente sinto uma enorme felicidade. Sorrio. Sorrio feita parva. Estão lá imensas pessoas a apoiar. Sorrio-lhes. Digo qualquer coisa, não me recordo o quê, sei que estava a expressar a minha felicidade e ao mesmo tempo o meu espanto por ter conseguido mais uma vez chegar ao km 30. E sabe-se lá como conseguimos lá chegar em ligeiramente menos tempo que o nosso melhor treino de 30 km.
A partir deste km adoptamos uma estratégia que o Vitor já tinha adoptado na sua estreia na maratona. Andar junto aos abastecimentos. E que excelente ideia!
Finalmente consigo arranjar um método eficiente de abastecimento. Abro a garrafa, apanho logo um copo, despejo-o para dentro da garrafa. Apanho outro copo, também o despejo. Apanho outro copo e bebo-o. A partir deste km irei também nalguns abastecimentos beber um copo de Aquarius. Também neste km comi 1/4 duma barra que o Vitor tinha. Até aqui ia só a geis.

A partir do km 30 entrei quase num estado zen. Primeiro porque os espanhóis sabem fazer uma maratona. A partir do km 30 é que começamos a passar nos locais mais bonitos de Sevilha, a partir do km 30 é que há ainda mais apoio e a partir do 34 então passamos por ruas cheias de gente a apoiar-nos. Assim sim!
Segundo, porque ia mesmo feliz e não me estava a custar quase nada correr. Terceiro, porque ia ao lado do Vitor e só pensava na sorte que tenho por estar a correr uma maratona ao lado dele. Isto já ninguém nos tira. Correr uma maratona a dois é algo muito especial.

Nota-se muito que eu ia feliz?

Entramos no Parque Maria Luísa. Muita gente a passear, à nossa frente vê-se a Praça de Espanha. Faço de guia-turística e vou apontando e contando algumas coisas ao Vitor. Damos uma volta na Praça de Espanha, grande festa! Saímos do Parque Maria Luísa, mais à frente entramos por ruas mais estreitas de Sevilha. Tanta gente nas esplanadas, à espera dos transportes ou simplesmente estavam ali de propósito para nos apoiarem. Todos nos batiam palmas, todos gritavam "Animo! Animo!"
Oh, quantas vezes ouvi a palavra "Animo" durante a prova! E o melhor de tudo é que alguns acrescentavam "Animo Isadora!" Porque o dorsal dizia o nosso nome. Ai que bem que sabe irmos a correr uma maratona e ouvirmos alguém que não nos conhece de lado nenhum mas grita pelo nosso nome. Já o Vitor...teve que se contentar com "Animo Jaime!" Hehehehehehe =) O que a gente se riu!

Acho que fui sempre a sorrir durante estes km's. Não me estava a custar nada. Música, pessoas a gritarem por nós, o facto de estar a correr a minha segunda maratona, era impossível não sorrir.
Recordo-me de algumas músicas que as bandas tocavam, desde a "Highway to hell"....Esta foi bem metida numa recta ;)
Também ouvimos a "Twist and shout", essa cantei e dancei...Íamos com uns 35 km em cima e eu dancei :) É para verem como eu ia.

Passámos junto à belíssima Catedral de Sevilha e após algumas ruas estreitinhas e passado um bocado estávamos sobre a ponte a atravessar o rio. Era o primeiro sinal que o fim estava próximo. Claro que já ia algo cansada, ambos íamos, mas na realidade eu não queria que aquilo acabasse.

Entrámos num jardim, jardim este que já fica ao lado do estádio da Cartuxa onde estava instalada a meta.

Capitulo 10 - Do km 40 até à Meta

km 40, foi aquilo que vocês viram. Estou tão bem, deixa-me cá tirar uma foto :)


O Vitor ia com ameaças de caimbras mas estou convencida que a minha presença as afastou ;)
Mal me lembro do km 41, passou tudo tão rápido no fim.

Lembram-se do tempo que fiz na minha estreia? 5h30. Desta vez os meus objectivos eram os seguintes:

  1. Terminar a maratona (e este será sempre o maior objectivo de todos)
  2. Melhorar o meu tempo (não era assim tão complicado...)
  3. Baixar das 5h (possível, mas os treinos não me deixaram assim tão confiante)
  4. Baixar das 4h50 (isto é que eu gostava mesmo!)
Se por um milagre qualquer eu baixasse das 4h45 ia tudo abaixo disse eu ao Vitor durante a corrida.
À medida que nos aproximávamos do estádio não só comecei a ver que era capaz de dar para baixar das 4h45, como se calhar até dava para baixar das 4h40! Que loucura!!! Mas não seria fácil baixar das 4h40. As ameaças de caimbras do Vitor não estavam a dar descanso e se havia coisa que podia estragar tudo era uma caimbra, por isso fomos correndo devagar. Estávamos quase.
À entrada do estádio oiço alguém gritar "Força Isa!". E não "Animo Isadora!". Agradeço, não reconheço e então ela diz-me "Sou a Fiona!". Ficamos todos contentes por vermos uma cara conhecida. Fiona, muito obrigada pela tua força :)

Ali vamos nós a entrar no estádio.
Foto da Fiona.

Entramos no estádio, o Vitor vai só com ameaças. Digo-lhe "É já ali."
Vejo bem que ele vai à rasca. Mas vamos terminar a nossa maratona juntos! Ai vamos vamos!
Entramos no minuto 39! 39!!!! Vamos claramente terminar abaixo das 4h45! Mas abaixo das 4h40 estou a ver o caso complicado. Mas que interessa? Vamos terminar a nossa segunda maratona!
Está quase! Vou toda sorrisos. Olho para as bancadas mas só avisto a Joana. Vou feliz, feliz, feliz. A meta está mesmo ali. Não há palavras suficientes para descrever a sensação de terminar uma maratona. ESTA maratona. Com o Vitor.

Damos as mãos, levantamos os braços, cruzamos a meta. Muito, muito bom! Beijamo-nos. Conseguimos. Juntos.



O tempo? Espectacular! 4h39m38s. Conseguimos abaixo das 4h40, estou feliz. Muito melhor do que eu sonhei.
Mas o tempo numa maratona é um extra. Porque o tempo é aquele que conseguimos quando cruzamos a meta e uma maratona não é a meta, é tudo aquilo que vivemos entre a partida e a meta. E isso é algo demasiado especial para se poder resumir num número.


Capítulo 11 - Momentos pós-maratona

Dão-nos a bonita medalha.
Sorrio
Tiram-nos fotografias.
Sorrio
Alongamos.
Sorrio.
Alongamos.
Sorrio.

Entramos nas catacumbas do estádio. Depois de correr uma maratona nada como apenas uma laranja...
E esta é a segunda falha da organização. Uma laranja? Só? Depois de 42, 195m? Uma laranja inteira que ainda por cima temos de descascar com as nossas mãozinhas cansadas? Vamos continuando a andar nas catacumbas e muito andámos nós depois de terminada a maratona! Estávamos cheios de esperança de encontrar mais qualquer coisa para comermos, mas quando saímos das catacumbas e voltámos a ver a luz do dia, tudo o que levávamos nas mãos era uma laranja... Muito fraco.

Telefonei para a Mafalda para perguntar como se entrava para o estádio, para ir ter com eles às bancadas mas ela não ouvia nada do que eu dizia. Demos quase uma volta inteira ao estádio do lado de fora até finalmente encontrarmos a entrada. Já estavam a Mafalda, a Joana e o Ricky a sairem.
Não sabiam do resto do pessoal.
Telefono aos meus pais, digo ao meu pai que só estamos à espera do João. A Mafalda diz-me que o João já chegou! Hein? Já? Conseguiu? Ai que alegria! :)

Estamos em pé já há bastante tempo. Sento-me no chão. A Mafalda vai comprar-nos águas e sandes de tortilha. Uma santa!

E de repente o Vitor diz "Vem lá o João." Avisto-o e vou ter com ele. Abraça-se a mim a chorar. Como o percebo. Eu sabia que ele ia conseguir, confesso é que nunca pensei que ele fizesse o tempo que ele fez. Estava mesmo à espera que ele chegasse mais perto das 6h. Estou muito feliz por ele. Seguem-se mais abraços ao Vitor e um muito especial à Mafalda.

Abraço sentido entre o João e a Mafalda.

Estás de parabéns João! Foste grande em Sevilha! Contra ventos e marés tu conseguiste!!!

Vitória!

Fomos andando e conversando. Encontramos os filhos do João. Muita, muita emoção.
Encontramos os restantes companheiros. Abraços, beijinhos, felicitações. Todos conseguimos!
O Orlando conseguiu fazer abaixo das 4h. Espectáculo! A Sandra fez uma brilhante estreia com 4h19! UAU! Grande Sandra! O Nuno fez mais uma maratona, mas desta vez ao lado da sua menina e por isso esta será para sempre especial.
TODOS CONSEGUIMOS! Estamos todos de parabéns!

É só atletas orgulhosos dos seus feitos :)

Senti que para ser mesmo perfeito só faltavam a Carla e o Jaime. Mas o vosso momento vai chegar.

Capítulo 12 - Troféus do Nuno para todos

Após um banho tomado uma surpresa! Do Nuno para todos nós.
A minha e a do Vitor:


Claro que todos adorámos. O Nuno tem imenso jeito para estas coisas. Obrigada Nuno =)

Capítulo 13 - Paella onde estás tu? ou Caminhada de recuperação?

Saímos todos do hotel com as nossas medalhas ao peito. Um bocadinho de orgulho nunca fez mal a ninguém. E afinal de contas tinhamos acabado de correr uma maratona! =)
E após corrermos 42,195m nada como uma bela paella para recuperarmos. O Orlando tinha a referência de um restaurante que servia uma paella muito boa. O João tinha um mapa..."O caminho é por aqui" ouvimos todos dizer e acreditámos...Lá seguimos por aquela longa avenida. Passado um pouco perguntámos a um senhor que nos disse estarmos no caminho correcto. A rua que nós queriamos era a terceira à esquerda...Era, era...Quando lá chegámos não era...Mas com certeza não deveria ser longe...Não que não era! Perguntámos novamente a outra pessoa, disse-nos que era precisamente para o lado contrário. De onde tinhamos vindo... Meia hora de caminho...Não fui a única a rosnar...
Muito andámos nós até chegarmos ao restaurante para almoçar jantar, mais precisamente 1h30!!!!! Mas quem é que anda 1h30 para almoçar após ter corrido uma maratona?!? NÓS!
Na realidade acabou por funcionar como caminhada de recuperação e até nos fez bem.
E sim, a paella estava muita boa! E a taça de gelado também ;)

Capítulo 14 - O dia seguinte

No dia seguinte eu estava toda partidinha, ao contrário de outras pessoas a quem parece ter feito bem a caminhada de recuperação em busca da paella perdida.
Mas apesar de estar toda partida isso não impediu a tão prometida dança...

Aqui está a prova provada que eu e o João dançámos flamenco ;)
Os outros escapuliram-se.

Andámos a passear pela bela cidade de Sevilha e a seguir ao almoço comemos uns cocuruchos gigantes ahahahah =)


Como diz o João, Sevilha nunca mais será a mesma depois de lá termos estado a correr :)

Capítulo 15 - Agradecimentos

Obrigada a todos pela força que sempre transmitiram e por terem acreditado em mim. Lembrei-me de todos vocês enquanto corria e quando cruzei aquela meta de braços no ar e de sorriso na cara :)
Obrigada amigos companheiros sevilhanos. Esta aventura convosco foi um espectáculo!
Obrigada João, Mafalda, Ricky, Joana, Sandra, Nuno, Orlando, Nora e Margarida. Gostei muito destes dias! Inesquecível!
Um obrigada especial à Mafalda, Ricky, Joana, Nora e Margarida pelo apoio ao longo do percurso e por toda a paciência que tiveram ao andarem de um lado para o outro para nos poderem ver e dar força ao longo do percurso.
Um obrigada ainda mais especial ao Vitor. Sem ti não teria sido a mesma coisa. Contigo já bati os meus recordes aos 10 km, à meia-maratona e à maratona. Esta viagem foi muito mais especial por ter sido a teu lado. Se aguentámos correr uma maratona juntos, aguentamos tudo :)

Capítulo 16 - O que guardo desta maratona

Está tudo a pensar "Então mas o livro nunca mais acaba?"
Está quase.

Só quero deixar aqui escrito mais algumas coisas relativas a esta maratona. E sobre a maratona.
Podem ainda não ter percebido...por isso eu quero deixar-vos bem esclarecidos.
EU ADOREI ESTA MARATONA!
Foram 42,195m mágicos. Nunca desfrutei tanto de uma corrida como desta. O mais parecido que tive foi a Meia de Almada. Mas uma maratona é uma maratona e esta foi realmente fantástica. Sevilha recomenda-se e a sua maratona também.
Estou aqui à procura de palavras para descrever as emoções sentidas durante esta corrida mas não há palavras. É preciso sentir. Por isso vão mas é correr uma! ;)

Esta maratona correu tão bem e soube tão bem que umas horas depois de ter terminado já estava com pensamentos alucinados. Eu queria era correr uma maratona todos os meses...
Ok, calma. Ainda só corri duas, tenho muito tempo. E não posso pôr a carroça à frente dos bois. Mas se não pode ser todos os meses talvez possa ser de poucos em poucos meses...Em Novembro irei à Maratona do Porto, naquela que será a minha terceira maratona. Até lá esperam-me/nos grandes aventuras. Já estamos inscritos há algum tempo para uma grande aventura, aventura essa que será em Maio e mais não vou dizer ;)

Capítulo 17 - E agora o que se segue?

O que se segue? Ups, já disse no capítulo anterior. Em Maio vamos a...
Mas até lá temos os 20 km de Cascais, a Corrida das Lezírias (15 km), a Meia-maratona de Lisboa, os Trilhos do Pastor (30 km), os Trilhos de Almourol (25 km), Constância (10 km), Trail de Sesimbra (21 km) etc, etc até.... ;)

FIM (Espero que tenham gostado do livro)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Maratona de Sevilha, muito melhor que um sweet dream

Por volta do km 40.
Palavras para quê?

Fui tão mas tão feliz em Sevilha que nem sei se vou conseguir arranjar palavras para expressar todos os sentimentos sentidos.
Fiz uma corrida que nem sequer sonhava, não só pelo tempo conseguido mas pela alegria vivida. Muito sorri eu. Tive momentos em que só me apetecia congelá-los de tão perfeitos que foram. 

QUE ALEGRIA DE PROVA! 

Que alegria percorrer novamente todos os km's de uma maratona! Que alegria chegar ao fim de braços bem no ar de mão dada com o Vitor! Que alegria saber que os amigos que alinharam à partida desta maravilhosa corrida foram igualmente felizes! 
Fui mesmo muito feliz em Sevilha e fui extraordinariamente feliz a correr esta maratona. 
Claramente estou irremediavelmente apaixonada pela maratona. 
Duas maratonas já estão! Venham pelo menos mais 100!

Só mais uma coisa...não sei se já o disse anteriormente....mas...

FUI MESMO MUITO FELIZ A CORRER EM SEVILHA!

(Relato completo só nos próximos dias, tenho tanta coisa para contar que provavelmente vai dar um livro)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sevilha está a bater à porta

E eu vou abrir a porta e esperar que Sevilha me traga um belo presente.

Mais do que eu terminar a maratona, desejo que os amigos a terminem pois sei o que isto significa para eles.
Será uma óptima aventura entre amigos que começa logo no sábado e só termina na segunda. Penso que já o disse aqui, para mim a maratona será apenas um extra. Para este fim-de-semana espero passar agradáveis momentos com os amigos e namorado, a maratona será apenas o pretexto.

Amigos, sei que serei feliz em Sevilha pois estarei convosco. 
Irei estar presente nalgumas estreias e irei estar presente para ver o padrinho de sempre João cortar aquela meta. Irei adorar o momento em que vos vou felicitar a todos pelo desafio conquistado. Vocês merecem ser todos felizes. 

Quanto a mim irei correr a minha segunda maratona ao lado de alguém muito especial e só por isso já valerá a pena. 
42,195 km a teu lado são muitos km's mas isto é só o começo de muitos km percorridos a dois.

Obrigada por toda a vossa força. Na primeira maratona lembrei-me de vocês e levantei bem os braços ao cruzar a meta. Desta vez quero lembrar-me de vocês e conseguir sorrir ao atravessar aquela meta.

Venha Sevilha! Olé!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O treino de 12 km a uma semana daquela cujo nome não pode ser pronunciado

Já estou como o Fernando, o nosso treino de domingo teve uma grande aderência...foram tantos atletas que nem havia espaço no Passeio Marítimo de Oeiras para nós...Por acaso até estavam lá bastantes atletas, mas nenhum para se juntar a nós. Profundamente desiludida convosco...nunca mais vos convido para nada =P 
O que vos vale é este coraçãozinho de manteiga. Pronto, estão desculpados. Vão haver mais oportunidades :)

Mas por acaso até tivemos uma agradável surpresa, um atleta juntou-se a nós os 3....o filho do João, o Ricky, ainda correu conosco parte do percurso. E cheira-me que qualquer dia começa a dar abadas ao pai.... ;)

A Mafalda também esteve presente e também aproveitou para fazer uma caminhada. Sendo assim fomos 5 numa agradável manhã de sol.

5 numa selfie...Isto já não é nada... ;)
O treino para mim não começou lá muito bem mas depois melhorou. E só com uns 10 km é que me comecei a sentir mesmo bem e a correr como deve ser. 10 km!!!!! E aquele último km...soube-me muito bem. Soube-nos a todos!

E é assim que já falta menos de uma semana para....aquela cujo nome não podemos pronunciar...(espero que tenham lido o Harry Potter, senão não estão a perceber nada...). Como raio o tempo passou tão depressa é que eu gostava que me explicassem!?!?

E dia 23 ou vai ser um sweet dream ou um beautiful nightmare.
E agora foi uma referência a esta música da Beyoncé:


E escolhi a Beyonce por nenhum motivo em particular...Não estou a meter-me com ninguém nem nada...ahahahah ;)

"Turn the lights on!
Every night I rest in my bed
With hopes that maybe
I'll get a chance to see you
When I close my eyes
I'm going out of my head
Lost in a fairytale
Can you hold my hands
And be my guide?
Clouds filled with stars cover your skies
And I hope it rains
You're the perfect lullaby
What kind of dream is this?
You can be a sweet dream
Or a beautiful nightmare
Either way, I don't wanna wake up from you    
(e é isto que sentimos quando corremos uma maratona...)
(Turn the lights on)
Sweet dream or a beautiful nightmare
Somebody pinch me
Your love is too good to be true
(Turn the lights on)
My guilty pleasure
I ain't going nowhere
Baby, long as you're here
I'll be floating on air
Cause you're my
You can be a sweet dream
Or a beautiful nightmare
Either way, I don't wanna wake up from you
(Turn the lights on)
I mention you when I say my prayers
I wrap you around all of my thoughts
Boy, you my temporary high
I wish that when I wake up you're there
So wrap your arms around me for real
And tell me you'll stay by side
Clouds filled with stars cover the skies (cover the skies)
And I hope it rains
You're the perfect lullaby
What kinda dream is this?
You can be a sweet dream
Or a beautiful nightmare
Either way, I don't wanna wake up from you
(Turn the lights on)
Sweet dream or a beautiful nightmare
Somebody pinch me
Your love is too good to be true
My guilty pleasure
I ain't going nowhere
Baby, long as you're here
I'll be floating on air
'Cause you're my
You can be a sweet dream
Or a beautiful nightmare
Either way, I don't wanna wake up from you
(Turn the lights on)
Tattoo your name across my heart
So it will remain
Not even death can make us part
What kind of dream is this?
You can be a sweet dream
Or a beautiful nightmare
Either way, I don't wanna wake up from you
(Turn the lights on)
Sweet dream or a beautiful nightmare
Somebody pinch me
Your love is too good to be true
(Turn the lights on)
My guilty pleasure
I ain't going nowhere
Baby, long as you're here
I'll be floating on air
'Cause you're my
You can be a sweet dream
Or a beautiful nightmare
Either way, I don't wanna wake up from you
(Turn the lights on)
Either way, I don't wanna wake up from you"

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Convites múltiplos para treino com 3 maratonistas ;)

Venho através deste humilde blogue convidar-vos a juntarem-se a mim, ao Vitor e ao João para um treino convívio no próximo domingo, dia 16 de Fevereiro.
(Pensavam que eu estava aqui a oferecer algum convite para treinarem com o Wilson Kipsang, a Paula Radcliff ou a Jéssica Augusto? Desculpem desanimar-vos mas os 3 maratonistas referidos no título são nada mais nada menos que a Isa, o João e o Vitor...)

O treino terá como ponto de encontro o Inatel de Oeiras e terá inicio por volta das 10h30. Serão 12 km a ritmo lento/descontraído feitos pelos passeios marítimos de Oeiras e Carcavelos.

Este treino será o nosso último acima de 10 km antes da Maratona de Sevilha. E tem como único objectivo descomprimir as pernas e conviver :) Por isso convidamos todos aqueles que se queiram juntar a nós num agradável treino de boas-vindas ao sol (parece que ele vai dar um ar da sua graça no domingo) e de "despedida" a estes três maratonistas/pré-maratonistas sevilhanos :)

Estou a contar convosco, ok?

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Um belo banho...ah enganei-me...um belo treino

Caros atletas,

Então vocês não querem que quem não corre nos ache maluquinhos? Mas como não? Se num dia de temporal saímos para a rua para correr?
Desculpem-me lá mas até eu acho que nós não somos bons da cabeça! =P

No passado domingo, tal como alguns de vocês igualmente doidos, eu e o Vitor fomos treinar naquele que já seria um treino mais suave (mas de suave teve pouco) visto estarmos a duas semanas da....(ai que até tenho medo de dizer)...m....a....r....a....t.....o....n.....a.
Ainda estivemos a fazer tempo a ver se o tempo melhorava mas a certa altura lá ganhámos coragem e demos inicio ao nosso treino tempestivo. Chuva??? Vento??? Onde? Não vi nem senti nada! Tudo a olhar para dois maluquinhos a correrem pelas ruas de Lisboa numa manhã tão "bonita"? Nahhhh!

E foi assim que eu e o Vitor nos divertimos a correr pelas ruas de Lisboa com muita chuva e fortes rajadas de vento. Só me lembro de termos o vento a empurrar-nos durante uns metros, nessa altura quase que nem tinhamos de nos esforçar para correr pois o vento fazia o trabalho todo. Mas a ideia geral que levo deste treino é do vento de frente e dos cabelos ao vento.
Mais ou menos a meio do treino tivemos um intervalo da chuva o que soube bem mas a molha já lá estava. Ainda andámos a correr por umas ruas que nenhum de nós conhecia. Ainda vi por ali umas boas rampas...Deixem passar Sevilha e muita rampinha vamos nós treinar...

No final do treino subir a Almirante Reis já custou um bocadinho mas lá conseguimos fazer 18 km.

Inteiros após uma tareia da "Stephanie".

Hoje de manhã lá fui eu para mais um treino no EUL ao nascer do dia e novamente a chuva foi minha companheira de treino. Começo a ficar um bocadinho farta de chuva, mas só um bocadinho...

Falta só um poucochinho para a minha segunda maratona. Estou a começar a ficar com o nervosismo pré-maratona. Por um lado desejosa que chegue o dia, por outro lado nervosa por saber que não treinei tanto e tão bem como para a primeira. Mas as condições são outras e quero acreditar que tudo irá correr pelo melhor. Optimismo, optimismo, optimismo.

E como depois da maratona há vida, nos três domingos seguintes estou inscrita para 3 provas...Depois lá terei um domingo para "descansar" mas nos domingos seguintes terei novamente provas e desta vez em trilhos. Porque depois duma maratona nada como uns meses depois correr...outra maratona...

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sevilha...

Faltam duas semanas para a minha segunda maratona. Isto é irreal! Há uns meses atrás nunca tinha corrido uma maratona e agora já vou correr outra...

Os sentimentos que vão dentro de mim são muitos e muito variados. Desde pensar que só posso ser doidinha para me meter noutra maratona quando só corri uma em Outubro até sentir que sou mesmo maluquinha por já estar inscrita para mais outra(s).
A minha primeira maratona como sabem foi um remoinho de emoções desde o dia em que o João me propôs que eu corresse a Maratona de Lisboa em Outubro de 2013 até ao dia em que a concluí. E no geral as emoções foram muito boas, eu sentia-me muito entusiasmada, imensamente entusiasmada! Andei feliz durante vários meses. Nem tudo foram rosas mas o sentimento geral era de alegria e felicidade. "Apenas" porque ia correr uma maratona. 

Sinto-me uma sortuda por ter descoberto esta paixão pela corrida ainda relativamente cedo e ainda mais sortuda por ter descoberto a paixão pela maratona tão cedo. Acho bonito e com algum significado emocional ter-me estreado na distância mítica com 25 anos e no ano de 2013. O 13, que muitos associam ao azar, para mim é um bom número. Coisas boas aconteceram em 2013, coisas muito boas aconteceram em 2013. Fui muito feliz em 2013, tive corridas em que fui muito feliz, conheci pessoas maravilhosas, as amizades cresceram e o amor surgiu. Praticamente só guardo boas recordações de 2013. Será um ano que nunca mais esquecerei.

2014 começou da melhor maneira. E adivinha-se um grande ano. Curiosamente sempre gostei do número 14, tal como do 13. Neste momento já estou inscrita para várias provas, algumas serão muito especiais. Esperam-me grandes aventuras, quer em distância, quer em dificuldade...

Mas concentremo-nos por enquanto em Sevilha. 
A preparação para esta maratona não foi tão rigorosa como foi para a minha primeira. Aliás, estou para ver no que é que isto vai dar. Sim , fiz longos e um deles até foi um espectáculo (o longo de 30 km). Sim, fiz treinos de séries e exercícios de skipping. Sim, fiz alguns treinos de natação (não tantos como gostaria). Mas fiz poucos treinos de manutenção, ou seja, os treinos semanais de 5 a 10 km foram poucos e algo irregulares. Sei que não me preparei tão bem para esta maratona como para a primeira. Mas também sei que darei o meu melhor e que a meu lado terei um reforço extra, o Vitor, e isso deixa-me mais descansada. 
Será um dia muito especial pois teremos 5 elementos dos 4 ao km a correr uma maratona, algo inédito nesta equipa de amigos! Também será especial por mais outra coisa, mas não posso revelar o que é, não tenho autorização ;) Não é _______? ;)
No fundo tem tudo para correr bem pois o tempo não terá nada a ver com o que se fez sentir na minha estreia, o público não terá mesmo nada a ver com o público presente na minha estreia e a paisagem não terá nada a ver com os últimos 10 km da Maratona de Lisboa...Esta maratona tem muitas coisas a favor, sem dúvida, mas sei que não me preparei tão bem como para a primeira. 

Sinto que....sinto que devo ter um parafuso a menos. Sinto que tenho mesmo uma grande paixão e um enorme fascínio pela maratona. 
Serei maluca por estar desejosa de chegar ao km 30? Aquele a partir do qual começamos a ficar muito cansados, aquele que todos dizem ser onde começa verdadeiramente a maratona. 
Serei alucinada por desejar chegar a esse momento em que as coisas começam a ser mesmo difíceis?
Serei esgroviada por estar desejosa que chegue o momento em que pensarei para mim mesma "Mas que raio fui eu escrever naquele artigo no blogue há duas semanas atrás?"?
Serei doida por ansiar pelo momento em que me passará pela cabeça "Onde raio me vim eu meter?"? 
Ou estarei apenas para todo o sempre e irremediavelmente apaixonada pela maratona?

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Trail de Bucelas ou como me senti uma criança

No passado domingo fui ao Trail de Bucelas. Seriam 25 km por trilhos, a minha prova de trilhos mais longa até agora.
Fui até Bucelas com o Vitor e a Carla. Por lá ainda encontrámos muita gente conhecida como a Rute, a Anabela, o Rui, a Inês ou o grande atleta Joaquim Adelino.

O dia estava bonito, o sol apareceu para nos lembrar a Primavera.
O meu objectivo para esta prova era apenas divertir-me, passar um bom bocado mas ter algum cuidado com quedas e/ou torções visto a maratona de Sevilha estar já aí ao virar da esquina.

3 dos 4 ao km presentes.
Só falta a Rute.
Infelizmente a prova começou mal, as minhas velhas amigas (ou deverei antes dizer inimigas?) voltaram. As dores nas canelas. Ainda por cima voltaram em grande. Se durante as primeiras centenas de metros ainda corri com a Carla e com o Vitor, depressa comecei a ficar para trás. Não queria estar a assustá-los com as minhas dores, mas o Vitor lá foi esperando por mim e quando me perguntou se estava tudo bem, eu não ia mentir. Sofrer novamente com estas dores não foi nada agradável e sinceramente já não percebo nada. Quando penso que já me livrei disto, esta treta acaba por voltar. A única coisa de bom que isto tem é que felizmente passados cerca de 5 km as dores acabam por evaporar-se.

Claro que quando as dores se evaporaram já nós tinhamos perdido bastante tempo com a minha lentidão. Mas já o disse e repito, eu não vou a estas provas para competir nem para fazer tempos, vou para me divertir, tirar fotos e se for preciso até parar de vez em quando para apreciar a paisagem. Se chegar em último chego feliz na mesma. Não sou é lá muito feliz enquanto estou com dores nas canelas...

O Vitor ficou comigo. Eu sei, eu sei, mas já sabes que tenho que agradecer mais uma vez :)

Nesses primeiros km's ainda não sabiamos o que nos esperava. 
Lá foi aparecendo alguma lama e depois muita lama e depois um mar de lama! Rica hora em que comprei estes ténis de trail! Bem me tinham dito que eles eram bons para expulsar a lama. Mas também não há milagres contra tanta lama. Eu e o Vitor ainda tirámos algumas fotos mas nas zonas piores a atenção era tanta que os telemóveis estavam bem guardadinhos dentro das mochilas. Algumas imagens para ilustrar mais ou menos por onde passámos:




Oh e isto não é nada!!!
O pior foram mesmo as descidas e as subidas cheias de lama.
Nas descidas tinhamos que ir com extremo cuidado e extrema lentidão para evitar um bate cú, nas subidas teriam dado jeito umas cordas e acho que isso foi uma falha da organização. Tentar subir certas rampas super inclinadas apenas com o auxílio das perninhas...não foi nada fácil. Houve algumas vezes que tive ou de me agarrar a algum ramo ou de me agarrar ao chão.

Mas no geral para mim foi uma festa. Adorei sujar-me toda, adorei molhar os pés. Parecia uma criança e o Vitor que o diga. Gostei das paisagens (quando consegui parar um bocado para admirá-las), gostei da concentração e atenção que este trail exigia. Ia sempre a pensar "É um milagre se eu chegar ao fim da prova sem uma queda." E os milagres até existem mas é só para alguns...

Fiquem com mais umas fotos. Vou tentar colocá-las por ordem mas a memória já não ajuda.

Aqui por exemplo teria dado jeito uma corda...
Estes paparazzis são uns melgas!
Sempre a tirar fotos... =P
Agora é a minha vez de ser paparazzi!
Uma bela duma rampa cheia de pedregulhos.
Lá em baixo uma das zonas sinalizadas com "Perigo",
mas como podem ver lá no fundinho estão os bombeiros. Just in case.

A partir daqui começamos a descer. Já íamos com mais de 20 km, mentalmente já ia a festejar o milagre de não ter caído com tanta lama. My mistake...
A certa altura, em mais uma descida que mais parecia um lodaçal, o inevitável aconteceu. Escorreguei e caí! A lama amparou a queda e o rabiosque ficou sem mazelas. Dei foi um jeito ao ombro quando me agarrei a um ramo e fiz um cortezinho na mão. Mas nada de grave. Não fiquei com mazelas.

Mais à frente chegámos junto a um rio e o Vitor já me tinha dito que o iríamos atravessar. Eu estava toda empolgada. E lá atravessámos o rio, havia uma corda para auxiliar pois ainda havia alguma corrente. Mas a água só nos dava pelas canelas. Aqui, por uma questão de segurança, haviam bombeiros e pessoal da organização. E é preciso referir também que noutras descidas mais perigosas havia sinalização de perigo em placas para além de voluntários a chamarem a atenção para o perigo de escorregarmos. Sim, que o problema não eram as descidas em si, era a lama nessas descidas. Continuo a considerar um milagre não ter caído nalgumas dessas descidas ;)

Depois de atravessado o ribeiro já estávamos perto do final.
A chegar à meta tivemos o apoio da Anabela e da Carla. Obrigada às meninas e obrigada Carla pelas fotos.


Gostei bastante desta aventura. 
Adorei chapinhar nas poças de lama e sujar-me toda. Adorei ter que me agarrar ao chão e a arbustos para subir algumas rampas. Adorei estar constantemente quase a cair. E até gostei de ter caído, apenas porque não foi nada de grave. Adorei atravessar o ribeiro agarrada a uma corda. Adorei ter terminado a pensar que podia ter continuado. Adorei fazer esta prova com o Vitor.

Obrigada pela tua companhia.
Venham as próximas aventuras!

Já estou inscrita para uma data de provas, umas de estrada outras de trilhos.
Não sei se já tinha dito mas uma dessas provas é a Maratona do Porto. Gostei tanto de correr uma maratona que agora não quero outra coisa :) Mas primeiro ainda temos Sevilha. Uma coisa de cada vez.

Esperam-me grandes aventuras. Esperam-nos! E estou ansiosa por uma em particular mas para já não vou revelar mais. Muito treino nos espera! Vamos a isso!